Estudo que previu desastre gaúcho faz alerta sobre MS

Relatório publicado em 2015 apontava aumento da chuva no Rio Grande do Sul e fala da estiagem aqui no Estado

Um estudo amplo encomendado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, divulgado em 2015, já apontava o aumento expressivo no volume de chuvas na região Sul do Brasil. Mas mostrou também como a região de Mato Grosso do Sul poderá ser gravemente afetada pelo aumento de temperatura nas próximas décadas.

O projeto denominado “BRASIL 2040” encomendou a instituições nacionais de excelência simulações a partir de modelos climáticos globais, que previram de forma relativamente clara a possibilidade de chuvas fortes do Rio Grande do Sul, estado que passa por uma das maiores tragédias humanitárias de sua história, justamente por conta de inundações causadas pelas chuvas incessantes.

Essa simulação foi chamada de modelo “ETA”, que aponta como o aquecimento climático, denominado no estudo de “anomalia de temperatura” e também de precipitação, pode se comportar no intervalo de 2010 a 2099. Esse período de quase 90 anos é dividido em três: período “a” de 2010 a 2040, período “b” de 2041 a 2070 e período “c” de 2071 a 2099.

Mancha vermelha mostra aumento na temperatura ao longo dos três períodos (Foto: Reprodução/BRASIL 2040)
Mancha vermelha mostra aumento na temperatura ao longo dos três períodos (Foto: Reprodução/BRASIL 2040)

E a notícia não é nada boa. Para os três períodos, as simulações mostram justamente o Centro-Oeste como a região com maior aumento de temperatura, sendo no primeiro período um aquecimento de 2,5 °C estimado, no segundo período de 4,5 °C e no terceiro de 6 °C, ou seja, o estudo aponta uma aceleração no aquecimento da região Centro-Oeste, como aponta mapa abaixo.

Aumento no volume de chuva

Proporcional ao aumento da temperatura é o aumento de chuva na região Sul e o abrandamento dessa na região Centro-Oeste. No caso da chuva, o modelo também foi dividido em três, e no mesmo intervalo. Para os três períodos, as simulações mostram o extremo sul do Brasil com “anomalias positivas” (mais chuvas) e as demais regiões do país com anomalias negativas (menos chuvas), como também aponta o mapa a seguir.

Mancha vermelha mostra aumento das chuvas no Sul ao longo dos três períodos (Foto: Reprodução/BRASIL 2040)
Mancha vermelha mostra aumento das chuvas no Sul ao longo dos três períodos (Foto: Reprodução/BRASIL 2040)

Agropecuária de MS terá de se adaptar

O estudo também traz sugestões de adaptações que setor agropecuário brasileiro terá de passar. As análises mostram que poderá haver redução, não só a produção, mas nas áreas de produção.

Em Mato Grosso do Sul, especificamente, o cultivo da soja sofrerá maior adaptação. Ela precisará “promover a implantação de tecnologias já existentes e desenvolver e/ou adaptar tecnologias para a conservação do solo e da água no sistema de produção para evitar perdas por eventos mais frequentes de chuvas intensas, especialmente as tecnologias que permitem a redução de evaporação, maior infiltração de água do solo, maximizar o aproveitamento e armazenamento de água, adoção de sistemas de irrigação eficientes”.

Monitoramento atual

Mas não é preciso se basear apenas no levantamento “BRASIL 2040” para ver como Mato Grosso do Sul, diferente do Rio Grande do Sul, tem como principal problema a seca e não as chuvas.

O Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) mantém um relatório mensal de monitoramento de seca e impacto no Brasil. O último divulgado, do mês de abril, traz alertas para Mato Grosso do Sul.

“O Índice Integrado de Seca (IIS3) previsto para o mês de maio indica que a situação de seca pode se intensificar, especialmente no norte de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, sul do Pará e no interior de São Paulo. Isso pode ocorrer devido às chuvas abaixo da média registradas nos últimos meses, associadas às chuvas previstas abaixo do esperado nessas regiões para o mês de maio”, aponta o relatório.

Confira abaixo as páginas no estudo que apontam aumento da temperatura em Mato Grosso do Sul:

Resumo_

 

FONTE CAMPO GRANDE NEWS

O sul e seus quilombos ancestrais submersos

A catástrofe que deixou de atingir os de sempre, para chegar a todo mundo

Quando alguém pronuncia a palavra “gaúcho”, o imaginário nacional voa para um homem de bombachas, botas, tomando chimarrão, com um laço na cintura. Um homem branco.

Embora o censo aponte que o sul tenha 78% de pessoas que se autodeclaram brancas, esta região também abriga uma população negra e um contingente se reúne em quilombos que estão literalmente submersos.

Luís Rogério Machado, liderança no Quilombo dos Machado e da Frente Quilombola do Rio Grande do Sul, um dos oito no perímetro urbano da cidade de Porto Alegre, em entrevista ao portal Terra foi categórico: Em 97% da área é perda total”.

O estado todo abriga mais de sete mil famílias quilombolas, além de 344 famílias de ciganos e cerca de 1.300 comunidades de terreiros. Porto Alegre tem oito quilombos em sua área urbana.

O Quilombo dos Machados e também a Vila Respeito são dois destes lugares onde a carência de poder público faz com que falte o básico muito antes da tragédia anunciada do momento.

Em dezembro de 2020, as lideranças da comunidade imploravam por auxílio para reconstruir as casas afetadas pela chuva. São 265 casas, com cerca de 250 crianças residentes no local ocupado há 70 anos pelo casal Laura e Eugênio Machado.

Há quatro anos o apelo no jornal Correio do Povo era Queremos neste final de ano tocar o coração solidário dos gaúchos, pra tornar mais felizes estas famílias que estão desabrigadas”.

O apelo no final daquele ano, que também era assolado por uma pandemia, prova o que já falamos em várias ocasiões neste mesmo espaço: a população preta e pobre está na vanguarda do problema.

O que antes bate lá, cedo ou tarde se expandirá e os corações que não apenas não são solidários, mas negam este fato são comandados por cérebros pouco inteligentes. As mudanças climáticas estão aí para todos e todas.

O produtor musical Jay-Gueto, da Vila Respeito, também em entrevista na mídia constatou o óbvio, Eles estavam em situação vulnerável antes mesmo da enchente. Desde que me conheço por gente as chuvas fortes causam enchentes e o saneamento básico é precário.

Quem está preso nas definições limitadas do que seja um quilombo ou da visão construída apenas por obras que falam de pessoas egressas da escravidão, não alcança que um quilombo é, antes de qualquer coisa, um lugar de proteção.

Pessoas reunidas para resgatar pertencimentos e acolhimento contra um entorno nada amigável, em uma sociedade violenta e opressora. “Aquilombar” se torna urgente em um lugar onde se é minoria numérica e também na precarização da vida.

Cerca de 8 mil indígenas, de 80 comunidades no Rio Grande do Sul também perderam tudo e estão isolados, em aldeias completamente debaixo d’água. A destruição é total. Assim como acontece com os quilombolas, os indígenas são afetados por catástrofes que se sobrepõem.

O cacique Helio Fernandes, da aldeia guarani Guyra Nhendu, em Muquié, no litoral norte, conta que um mês antes outra enchente levou as casas, pois elas estão em áreas não demarcadas e as populações vivem em construções muito precárias e vulneráveis aos males provocados pela natureza e, principalmente, pela ação humana.

A ausência de poder público nestes locais apenas comprova o que a história conta sobre como o estado brasileiro trata indígenas, quilombolas e o povo mais pobre. Como diz o também o líder quilombola Jamaica, do Quilombo dos Machado, são perdas que vão além do material, atingem a ancestralidade porque vêm de séculos. São “perdas ancestrais”.

O momento é de aquilombar, no mais profundo sentido desta expressão. A catástrofe se democratizou e deixou de atingir os de sempre, para atingir mais de um milhão e quatrocentas mil pessoas em todo o Rio Grande Sul. São mais de 300 municípios arrasados.

Se existe um momento ideal para os que gostam de afirmar que “somos todos iguais” colocarem isto realmente em prática, esta hora é agora.

Para quem deseja ajudar:

  • Quilombo dos Machado: Chave Pix: quilombodosmachado@gmail.com/ Responsável: Vanda Tamires.
  • Federação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Rio Grande do Sul: Chave Pix: 46829258/001-04 (CNPJ).
  • Retomada GÃH RÉ Kaigang: Chave Pix: 349.022.360-87/ Responsável: Iracema Nascimento.
  • Retomada Xokleng Konglui: Chave Pix: culungteie@gmail.com/ Responsável: @xoklengsaochico.

 

FONTE ICL NOTÍCIAS

Por que a viagem mais longa do mundo não é feita em linha reta?

O voo de Nova York para Cingapura dura cerca de 18 horas, tornando-se a viagem de aviação comercial mais longa do mundo. Agora, você pode olhar para o trajeto do voo e se perguntar: “Por que ele se aproxima do Polo Norte em vez de seguir direto para Cingapura?” Bem, acontece que esta rota é, na verdade, mais curta. Sim, realmente.

Quando você olha a jornada em um mapa plano, é bastante estranho ver a aeronave se dirigir quase ao Polo Norte antes de mergulhar ao sul até Cingapura. Esta rota parece um desvio, mas a dinâmica do globo diz o contrário. Lembre-se, nosso planeta é uma esfera e mapas planos não fazem justiça às distâncias reais.

Essa trajetória curva peculiar, especialmente sobre o Oceano Pacífico — o maior e mais profundo oceano da Terra — evita um caminho direto através da enorme massa de água. Frequentemente, os voos comerciais evitam a travessia direta do Pacífico em favor de uma rota curva pelo norte.

Você pode pensar que esse desvio pelo norte é tudo sobre segurança, oferecendo muitos pontos de pouso de emergência. Embora isso seja parcialmente verdade, o quadro maior é sobre economia de tempo e, por extensão, de combustível. Assim, quando um avião voa dos Estados Unidos para a Ásia, ele geralmente segue essa trajetória curva, voando sobre mais terra, mas na verdade percorrendo menos quilômetros.

Imagine segurar um globo com um fio. Estique o fio entre Nova York e Cingapura diretamente, depois tente uma rota curva pelo hemisfério norte. Você encontrará que o caminho curvo usa menos fio. Essa mesma lógica se aplica às viagens aéreas — menos distância significa voos mais rápidos e maior eficiência de combustível.

Essa rota incomum ganhou destaque quando um planejador de viagens postou sobre ela em uma conta popular do TikTok. O vídeo gerou muito burburinho à medida que os espectadores tentavam entender como uma rota aparentemente mais longa poderia ser um atalho. A razão está na nossa perspectiva de visualização — o que parece mais longo em um mapa plano é mais curto em dimensões do mundo real.

Então, da próxima vez que você estiver rastreando um voo dos EUA para a Ásia e vê-lo fazendo um desvio polar, lembre-se: não está apenas pegando a rota panorâmica para apreciar as vistas do Ártico!

FONTE MISTÉRIOS DO MUNDO

Esse é o principal benefício da cerveja e você pode comemorar, diz estudo

Uma bebida tão querida mas cheia de tabus em seu entorno, pode sim ter benefícios à saúde, aponta estudo

O Brasil é um grande amante de cervejas em geral, mas você sabia que nosso país ocupa a terceira posição no ranking mundial de maiores consumidores desta bebida? É o que diz um relatório da Kirin Holdings Company, publicado em dezembro de 2022, que analisou o consumo mundial em 2021. Uma bebida tão querida mas cheia de tabus em seu entorno, pode sim ter benefícios à saúde.

Uma pesquisa conduzida por uma universidade alemã trouxe uma boa notícia para quem aprecia aquela cerveja gelada e de quebra destrói tabus atrelados a ela. Segundo a análise dos cientistas, a bebida pode ser muito melhor que muitos alimentos probióticos.

O que são probióticos?

Probióticos são alimentos (ou produtos) que contêm microrganismos vivos que trazem benefícios para a saúde. Eles são essenciais para o equilíbrio da microbiota intestinal (também conhecida como flora intestinal). A boa saúde do intestino, mantida por bactérias “boas”, está relacionada à manutenção da saúde de todo o organismo.

Detalhes do estudo

De acordo com os responsáveis pelo o estudo, a cerveja é rica em muitos aminoácidos essenciais, vitaminas, oligoelementos e substâncias bioativas que participam na regulação de funções fisiológicas humanas. “É bem sabido que a cerveja, como bebida alcoólica, pode causar sérios danos aos tecidos e órgãos”, afirmam.

“No entanto, quando o consumo de álcool é controlado dentro de limites seguros, os nutrientes da cerveja e os efeitos combinados na microbiota intestinal têm um efeito positivo na regulação da função imunológica humana”, pontuam.

Eles ainda asseguram que “seus metabólitos inibem bactérias patogênicas, estimulam a proliferação e atividade da flora saudável como lactobacilos e bifidobactérias e regulam a microbiota intestinal”Ou seja, este estudo esclarece que a cerveja, sem exagero, faz bem à saúde.

Cerveja pode abrir portas no futuro

Além disso, os autores afirmam que a cerveja poderá ser utilizada no futuro como regulador microbiológico ou mesmo como terapia alternativa para doenças crônicas como hipertensão, diabetes e obesidade. Eles defendem que essa é uma questão que merece mais investigação.

A bebida milenar é – por mais incrível que pareça – fonte de nutrientes. Ela contém aminoácidos essenciais, vitaminas, oligoelementos e substâncias bioativas como polifenóis e flavonóides. Também é rica em minerais como cálcio, magnésio e zinco. Ademais, possui ainda fibra alimentar graças aos beta-glucanos e arabinose-oligossacarídeos do cereal.

 

FONTE EM OFF CORREIO BRAZILIENSE

Coração de bananeira: o que é e quais os benefícios?

Veja qual é essa iguaria desconhecida que oferece inúmeros benefícios para a saúde

 

FONTE MINHA SAUDE

Homem cuja mão direita está no ar há 50 anos explica por que fez isso todo esse tempo

Amar Bharati não é um homem comum com uma missão. Em 1973, ele decidiu levantar seu braço direito para o ar e não o baixou desde então. Isso mesmo—quase cinco décadas com o braço erguido, tudo em nome da paz mundial. Esse ato incomum de resistência começou três anos depois de Bharati dedicar sua vida a Shiva, uma figura significativa do hinduísmo. Anteriormente um homem de família residente em Nova Deli, ele deixou sua esposa e três filhos para seguir uma vida de devoção espiritual.

A inspiração para manter seu braço permanentemente levantado veio como um sinal dramático de seu compromisso em lutar contra as guerras e promover a harmonia global (convenhamos que não deu muito certo). Esta forma extrema de penitência, enraizada nas crenças dos sadhus indianos, é vista como um caminho para Moksha, ou libertação e iluminação através de intensa autodisciplina. Para Bharati, a agonia física foi implacável nos primeiros dois anos até que seu braço perdeu a sensação e seus músculos atrofiaram.

Agora, mais de 50 anos depois, a transformação física é evidente. Seu braço, perpetuamente mantido erguido, não pode mais dobrar no cotovelo, e sua mão está permanentemente curvada para dentro. Apesar da alteração física irreversível e das décadas de desconforto, a resolução de Bharati permanece inabalável. Ele é citado dizendo: “Não peço muito. Por que estamos lutando contra nossos filhos entre nós mesmos? Por que há tanto ódio e inimizade entre nós? Eu só quero que todos os indianos e o mundo inteiro vivam em paz uns com os outros.”

A extraordinária história de Amar Bharati foi destacada recentemente em uma publicação da conta Morbid Knowledge no X, atraindo uma mistura de admiração, ceticismo e humor dos espectadores. Os comentários variaram de elogiosos a críticos, com um usuário declarando, “Bem, parabéns para ele, mas é totalmente sem sentido,” enquanto outro especulava, “O braço dele não se fundiu nessa posição? Então agora está simplesmente preso assim, eu acredito. Então tecnicamente ele está em modo de trapaça agora.” Outro simplesmente adicionou uma sugestão bem-humorada de que Bharati talvez pudesse desfrutar de um Double Double do In N Out.

Bharati, no entanto, não se deixa abalar pela opinião pública. Seu compromisso é até seu último suspiro, na esperança de que seu sacrifício de vida um dia contribua para a paz mundial. Sua história continua a circular nas redes sociais, provocando discussões sobre a natureza do sacrifício e os diversos caminhos para promover a paz. Seja visto como um símbolo profundo ou um ato extremo, o braço erguido de Bharati inegavelmente incita conversas sobre os limites que alguém pode ir por suas crenças.

FONTE MISTÉRIOS DO MUNDO

País das américas se torna o primeiro a perder todas as suas geleiras

Há um pouco mais de 100 anos a Venezuela possuía cerca de 1000 metros quadrados de cobertura de gelo, mas agora não resta quase nada

A Venezuela acabou de se tornar o primeiro país a perder suas geleiras. Há pouco mais de 100 anos, o país ostentava uma área de cerca de 1000 quilômetros quadrados de cobertura de gelo e agora atingiu esse marco sombrio na luta contra as mudanças climáticas.

  • A Venezuela já chegou a possuir uma grande área de cobertura de gelo há cerca de 100 anos;
  • No entanto, em pouco mais de 60 anos o país perdeu sua cobertura de gelo em cerca de 98%;
  • Desde 2011, o que restava era um último glaciar, mas agora ele foi rebaixado apenas para um campo de gelo.

Em 1910, a Venezuela possuía 6 glaciares, cinco deles desapareceram já em 2011, deixando para trás apenas a geleira de La Corona, localizada no Parque Nacional Sierra Nevada. Durante seu auge, a cobertura de gelo cobriu uma área de 4,5 quilômetros quadrados, mas agora, ela encolheu tanto que foi reclassificada como um campo de gelo.

O laciar La Corona foi rebaixado para cobertura de gelo (Crédito: Leonel Delgado/ Wikimedia Commons)

Atualmente o La Corona ocupa uma área de 0,02 quilômetros quadrados, representando 0,4% do seu tamanho original. Para ser considerado uma geleira é preciso que a cobertura de gelo se estenda por pelo menos 0,1 quilômetros quadrados.

Perda dos glaciares na Venezuela

Uma investigação realizada nos últimos cinco anos revelou que entre 1953 e 2019 a Venezuela havia perdido cerca de 98% da sua cobertura de gelo, tendo a perda se acelerado depois de 1998. A partir de 2016, o derretimento foi de cerca de 17% ao ano.

A La Corona, em 1998, possuía apenas 0,6 quilômetros quadrados e encolheu tanto depois disso que esteve quase perdendo sua condição de glaciar em 2015. Apesar disso não ter acontecido naquela época, ocorreu agora. Em resposta ao The Guardian, o pesquisador Luis Daniel Llambi, da Universidade dos Andes (ULA), relatou que esteve presente na última expedição à geleira e que ela havia perdido metade da área desde a última visita, em 2019.

A nossa última expedição à área foi em dezembro de 2023 e observamos que o glaciar tinha perdido cerca de 0,02 km² desde a visita anterior em 2019, [de 0,04 km²] para menos da metade agora.

Luis Daniel Llambi

Como medida de tentar salvar o pouco que resta dos glaciares do páis, o governo venezuelano tomou medidas emergenciais em dezembro de 2023. Para proteger a geleira Humboldt, foi usada uma manta geotêxtil na esperança de isolar o gelo. A medida não resolveu o problema e acabou recebendo críticas quanto ao uso do material que pode contaminar a região com microplásticos à medida que se decompõe ao longo do tempo.

Cobertura de gelo Humboldt (Crédito: andresmfs/Shutterstock)
Cobertura de gelo Humboldt (Crédito: andresmfs/Shutterstock)

É bastante trágico que a Venezuela tenha perdido seu último glaciar, mas ainda é possível fazer algo pelas geleiras que restam pelo mundo.

FONTE OLHAR DIGITAL

Buraco no gelo da Antártida se abre há 50 anos, e só agora a ciência descobriu o verdadeiro motivo

Tem cerca de 80 mil quilômetros quadrados.

Um buraco se abre no gelo da Antártida, há pelo menos 50 anos. Esses fenômenos se chamam polínias (Polynyas), mas este em particular sempre foi diferente e agora a ciência sabe o motivo de ele ter surgido.

Um buraco no meio da Antártida

Polínias são aberturas nas camadas de gelo próximas dos oceanos polares. Elas são normais na zona costeira, onde os ventos empurram o gelo que cobre a água criando assim uma lacuna por onde emerge o oceano.

No entanto, a Maud Rise polynya (como se chama) fica bem longe destas regiões e não sabia como foi formada, até agora. Ela tem a extensão de cerca de 80 mil quilômetros quadrados e ocorreu por uma sucessão de fatores.

Ela está localizada à quilômetros da costa, então como aconteceu? De acordo com um estudo publicado na Science, o mistério já foi resolvido e agora não existem mais dúvidas.

Entendendo como aconteceu

As correntes ao redor do Mar de Weddell (onde está localizado o buraco) se intensificaram. Elas trouxeram água mais quente e salina do fundo para a superfície, misturando-a com a as superiores. Desta forma o gelo na superfície derrete.

O gelo derretido é composto principalmente por água doce e deveria reduzir a salinidade e encerrar o processo. No entanto, um fenômeno chamado Transporte de Ekman, qual a água se move num ângulo de 90º na direção do vento de superfície, afetou a salinidade da água e fez o buraco surgir.

“A marca das polínias pode permanecer na água por vários anos após a formação. Elas podem mudar a forma como a água se move e como as correntes transportam o calor para o continente. As águas densas que se formam aqui podem se espalhar por todo o oceano global”, explicou Sarah Gille, coautora do estudo, em um comunicado de imprensa.

 

FONTE IGN

Novo DPVAT custará 10 vezes mais que o antigo? Entenda os valores

A volta do seguro obrigatório de Danos Pessoais por Veículos Automotores Terrestres (DPVAT), foi aprovada pelo plenário do Senado nesta quarta-feira (8) por 41 votos a 28. A proposta agora segue para a sanção da Presidência da República e a cobrança deve voltar já em 2025. Além da mudança de nome, que pode virar Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito (SPVAT), o preço também pode ser bem mais alto do que foi na última cobrança, em 2020.

Segundo o líder do Governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), a estimativa é que o valor do novo seguro fique entre R$ 50 e R$ 60 por ano, de acordo cálculo do Ministério da Fazenda. Wagner afirma que quando a gestão do seguro estava na holding de seguradoras (grupo Líder), o valor era anual era superior a R$ 100 (para carro) e superior a R$ 200 para a moto.

Analisando o histórico de cobranças do DPVAT nos últimos anos para automóveis, a realidade é bem diferente do que disse o senador. Na comparação com 2020, o valor pode representar um aumento de até dez vezes. Veja no gráfico com os valores ano a ano desde 2016:

Em 2016, o valor foi de R$ 105,65 para automóveis e caiu para R$ 68,10 em 2017. Dali em diante o preço foi caindo ano após anos: R$ 45,72 (2018), R$ 16,21 (2019) e R$ 5,23 (2020).

DPVAT é usado para financiar acidentes e mortes no trânsito — Foto: André Schaun/Autoesporte
DPVAT é usado para financiar acidentes e mortes no trânsito — Foto: André Schaun/Autoesporte

O Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), vinculado ao Ministério da Economia, aprovou em 29 de dezembro de 2020 a isenção do DPVAT para 2021. Como informado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) na época, o seguro não foi cobrado porque o DPVAT tinha recursos em caixa suficientes para a operação no próximo ano. No caso, dispunha de R$ 4,3 bilhões em caixa, segundo o governo do então presidente Jair Bolsonaro. Desde então, o DPVAT que era cobrado todo mês de janeiro, não foi mais cobrado.

Para o que serve o DPVAT

O DPVAT é usado para indenizar vítimas de acidentes de trânsito e financiar o Sistema Único de Saúde (SUS). No modelo anterior, a indenização para morte e invalidez era de R$ 13,5 mil; reembolso para despesas médicas era de até R$ 2,7 mil. Nas novas regras, o valor da indenização ou reembolso será estabelecido pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP). O órgão também vai definir os percentuais de cobertura para cada tipo de incapacidade parcial.

Como solicitar o DPVAT

Para solicitar o seguro, a vítima deve apresentar o pedido com uma prova simples do acidente de trânsito e do dano causado. Em caso de morte, alguém ligado à vítima precisa apresentar uma certidão de autópsia emitida pelo Instituto Médico Legal (IML) caso não seja comprovado a conexão da morte com o acidente apenas com a certidão de óbito.

Mais mudanças em 2025

Seguro DPVAT vai ficar mais caro para os motoristas — Foto: Ulisses Cavalcante/Autoesporte
Seguro DPVAT vai ficar mais caro para os motoristas — Foto: Ulisses Cavalcante/Autoesporte

Outra mudança é que não haverá mais distinção entre motos e automóveis. Pelo novo projeto, a gestão do seguro ficará com a Caixa Econômica Federal. Cabe dizer que o licenciamento do veículo só será liberado a partir do pagamento do SPVAT, assim como a transferência em caso de venda. O texto aprovado prevê que o não pagamento resultará em penalidade no CTB (Código de Trânsito Brasileiro), equivalente a uma multa por infração grave com preço de R$ 195,23.

O projeto prevê ainda que o tributo será cobrado dos proprietários de automóveis novos e usados para pagar as indenizações por acidentes, agora vai para sanção ou veto presidencial.

Além de criar o SPVAT, o PLP 233/2023 também aumenta em R$ 15,7 bilhões o limite para as despesas da União. Durante o plenário, uma emenda que pretendia revogar a liberação do montante foi rejeitada em votação após a aprovação do texto. Outras emendas que visavam desobrigar o pagamento do SPVAT para motoristas que já têm seguros particulares também foram negadas.

FONTE AUTO ESPORTE

“A conta chegou. E não chega só no Rio Grande do Sul”, crava ambientalista

Em conversa sobre o Pampa, Juliano Bueno falou sobre o desafio de conservação em um estado quase todo antropizado. Discussão sobre biomas marcou 2º dia do seminário organizado pelo IDS

Nesta terça (7) foi realizado o segundo dia dos “Seminários Bússola para a Construção de Cidades Resilientes”, evento organizado pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS). Após o primeiro dia tratar do tema Água e Alimentos, desta vez os palestrantes falaram sobre Biodiversidade e Biomas. Nas exposições, eles abordaram o papel dos municípios na conservação da fauna e da flora, visando o bem-estar das comunidades urbanas e rurais. As transmissões são feitas no canal do IDS no YouTube, sempre das 18h às 20h.

Foram chamados 6 representantes de organizações que atuam em cada um dos biomas brasileiros. Da Amazônia, falou Sila Apurinã, presidente do Grupo de Trabalho Amazônico. Na sequência, foi a vez Juliano Bueno, do Instituto Arayara, falando sobre o Pampa e especialmente sobre os impactos, causas e responsabilidades pela atual tragédia climática vivida pelo Rio Grande do Sul. Em seguida vieram Fabio Bolzan, da SOS Pantanal; Malu Ribeiro, da SOS Mata Atlântica; Francisco Campello, da Fundação Araripe, falando sobre a Caatinga; e Marcos Woortmann, do próprio IDS, abordando o Cerrado.

Após os seminários de segunda e terça-feira, os Seminários Bússola trarão os temas “Clima, Cidades e Comunidades”, nesta quarta; “Democracia, Diversidade e Dados”, na quinta; e, fechando a semana, “Economia Verde, Equidade e Empregos”, na sexta-feira.

Amazônia

Abrindo o evento, a teóloga Sila Apurinã, presidente da rede Grupo de Trabalho Amazônico, frisou a importância da preservação de todos os biomas brasileiros. “A Amazônia não vive sozinha, ela precisa de outros biomas. É importante a gente enfatizar isso: apesar de termos a maior floresta tropical, só a floresta tropical da Amazônia não se sustenta. Nós precisamos que todos os outros biomas estejam preservados”.

“Para a gente ter um novo olhar, para a cidade ser sustentável e preservarmos a biodiversidade do território, nós precisamos ter algumas questões que precisam ser resolvidas. Uma é a questão da própria governança municipal. A gente precisa ter governos comprometidos com a pauta socioambiental. Se não, nós não vamos ter êxito, não vamos ter um município chamado sustentável”, alertou a palestrante.

Segundo ela, muitas secretarias municipais têm seu trabalho engessado pelo acúmulo de atribuições, inclusive de temas bastante diferentes. “É secretaria de meio ambiente, de agricultura, de pesca e de turismo. Uma pessoa pra trabalhar 4 temas é impossível. Esse acúmulo de pastas para uma só pessoa… ela não sabe se derruba, se planta, se proíbe, se fiscaliza. Isso é muito preocupante, e por isso, por falta dessa governança, os municípios começam a ter grande desmatamento, grandes queimadas”, avaliou.

Para Sila, superar o cenário de “perdas irreparáveis” pela perda de biodiversidade e vidas humanas por conta do descaso com o meio ambiente e as mudanças climáticas depende de diálogo entre a sociedade civil e o poder público. Mas isso só seria possível com uma mudança de postura da classe política. “Se nós continuarmos elegendo pessoas que não tem responsabilidade socioambiental, nós vamos chorar cada dia mais. E a pecuária vai aumentar, o garimpo vai aumentar, os poços de petróleo vão aumentar, o gás vai aumentar, a pobreza vai aumentar, tudo isso vai aumentar”, disse.

“Se não for por política partidária, política de governança que tenha esse compromisso socioambiental, nós vamos avançar muito pouco. É a realidade que nós estamos vivendo nas cidades amazônicas, a realidade que estamos vivendo no nosso território. É o total descaso e o total descompromisso com a vida. E não é só a vida de povos e comunidades tradicionais, é a vida como um todo. Tanto no interior quanto na cidade”, disparou.

Pampa

A imagem clássica do Pampa, próximo a Quaraí (RS). Foto: Fabio Olmos.

Em seguida, o engenheiro ambiental Juliano Bueno, diretor do Instituto Arayara lembrou a destruição vivida pelo bioma gaúcho, o que ajuda a explicar as causas de tragédias ambientais como a que acontece atualmente no estado. “Esse é o bioma mais antropizado e destruído do país. Nessas últimas décadas, nós tivemos uma perda de 32% de todo o território”, afirmou.

“E agora, nesses últimos anos, houve, infelizmente, a destruição de políticas públicas e de marcos regulatórios sobre a proteção do bioma Pampa no estado do Rio Grande do Sul. E a gente está assistindo exatamente um pedaço desse caos climático. Nesse momento a gente passa por uma dor agigantada, de ter centenas de pessoas que deixaram de ter as suas vidas. São mais de 350 cidades atingidas no Rio Grande do Sul, fruto também de políticas ambientais e climáticas que foram destroçadas nos últimos anos, e também pelo governo do estado do Rio Grande do Sul, que fez mais de 400 flexibilizações e mudanças na legislação para proteção dos biomas”, relembrou.

“Ao falar do bioma pampa, hoje, a gente não consegue falar só disso. A gente tem que falar da consequência, da destruição desse bioma, o que isso significa, hoje, na vida das pessoas. O que isso significa enquanto desafio climático para todos nós brasileiros. O que isso significa em relação a quando destruímos qualquer bioma, seja Cerrado, bioma Amazônico, Mata Atlântica”, disse Bueno, citando a morte de uma familiar no que classificou como “desastre, crime ambiental, porque parte dele foi fabricado por aqueles que destruíram esses biomas”.

“Quando a gente fala de crise climática, quando nós falamos dessa crise que se estabelece, eu falo de outra crise, que é a crise de políticas públicas ambientais do nosso país e dos nossos estados. Essa conta chega duramente para todos nós. Para alguns mais. É como aquelas imagens que parecem de ficção científica, em que cidades inteiras desapareceram”, afirmou. “Essas políticas mal feitas geraram todos esses contornos de dor e de sofrimento que se estabelecem hoje no Rio Grande do Sul, mas para não deixar de falar, para todos nós brasileiros, que estamos assistindo aquilo que há décadas falamos”, apontou.

“Nós cobramos das autoridades públicas nas últimas décadas, mas infelizmente a surdez e a incoerência tomou conta de muitos. E a conta chegou. E não chega só no Rio Grande do Sul”, resumiu o palestrante.

Pantanal

Fabio Bolzan, coordenador técnico-científico da ONG SOS Pantanal, iniciou alertando para o aumento de ondas de calor no bioma, apontando a forte correlação disso com o aumento no número de queimadas na região. Mostrando dados e gráficos, o ecólogo afirmou que “invariavelmente, e independente do modelo que se utilize para projetar as ondas de calor, a gente aqui no Pantanal vai sofrer mais do que já estamos sofrendo com as ondas de calor, e as consequências dessas ondas de calor” para a biodiversidade e populações humanas.

Para os espaços urbanos, Bolzan sugeriu a criação e fortalecimento de planos de arborização urbana, com áreas verdes e parques. Ele apontou que os municípios “mais estruturados” costumam ter esses planos, mas que “são planos rasos, que muitas vezes não saem do papel”. “Pensando em ondas de calor, a vegetação urbana, os espaços verdes e parques, além da arborização nas margens de vias, são extremamente importantes para amortecer essas ondas”, apontou.

Ele apontou ainda a necessidade de um planejamento urbano “inteligente”, pensando em situações como o “alinhamento de ruas com a posição do sol” e outras medidas que costumam ser “ignoradas ou pouco trabalhadas“ nos planos diretores ou de urbanização. “Isso precisa ser trabalhado de forma mais técnica, com capacidade mais elevada de aterrissar o conhecimento que já existe em políticas públicas, e isso passa também por quem está sentado nas cadeiras, que tomam as decisões”.

“O Pantanal vai sofrer. Esse evento ocorrido em 2019/20/21 muito provavelmente vai se repetir. Nós estamos numa situação alarmante de seca, que está só começando. O que era pra chover não choveu. E isso ainda tem uma correlação com outros biomas, como a Amazônia. Os rios voadores da Amazônia fazem chover no Pantanal. O Pantanal é um bioma com baixíssima quantidade de chuvas, depende de águas de fora dele”, alertou.

Mata Atlântica

A jornalista Malu Ribeiro, diretora de políticas públicas da ONG SOS Mata Atlântica, alertou para os impactos da expansão urbana para a biodiversidade e as populações humanas que vivem no bioma. Lembrando as chuvas torrenciais que atingiram São Sebastião (SP), no ano passado, Ribeiro afirmou que a tragédia poderia ter sido ainda pior se não fossem as florestas preservadas nas cercanias da cidade. “Por sorte nós tínhamos o Parque Estadual da Serra do Mar, uma área protegida de Mata Atlântica, o que impediu que essa tragédia fosse ainda maior do que o registrado”, disse.

“É importante ressaltar que um estudo feito sobre a resiliência que a floresta em pé traz para as áreas suscetíveis a deslizamento de encosta, enchentes e assoreamento de rios, analisando áreas da região Serrana do Rio de Janeiro, 80% das áreas que não tiveram óbitos, perdas econômicas, de vidas humanas, de atividades, enfim, estavam em áreas protegidas”, apontou, frisando a importância da queda do desmatamento no bioma.

Ela alertou, porém, para o avanço das monoculturas e atividades econômicas prejudiciais ao meio ambiente sobre zonas de transição entre a Mata Atlântica e outros biomas, áreas que “detém grande biodiversidade”. Segundo ela, são setores econômicos que “infelizmente usam a bandeira do segundo setor, de ESG, de uma visibilidade de investimentos na agenda ambiental, mas que no bastidor atuam para flexibilizar a legislação ambiental brasileira”.

Mata Atlântica apresenta a maior concentração de carbono orgânico por hectare de solo, estima levantamento inédito do MapBiomas. Foto: Marcelino Dias/CC 2.0

“A gente ouve muito que ‘falar do desmatamento na Mata Atlântica é obrigação’. Mas essa não é a realidade quando nossos municípios passam a fazer licenciamento ambiental. Quando a lei geral do licenciamento ambiental entra na agenda política. E quando, na agenda política do Congresso Nacional, a área que é mais prejudicada nas trocas, negociações e acordos para votações é a nossa área ambiental e de clima”, resumiu.

“A gente ouve muito que ‘falar do desmatamento na Mata Atlântica é obrigação’. Mas essa não é a realidade quando nossos municípios passam a fazer licenciamento ambiental. Quando a lei geral do licenciamento ambiental entra na agenda política. E quando, na agenda política do Congresso Nacional, a área que é mais prejudicada nas trocas, negociações e acordos para votações é a nossa área ambiental e de clima”, resumiu.

“Nós precisamos, agora nessa agenda eleitoral, qual é o real valor da nossa biodiversidade. O que significa quando a gente faz a restauração florestal e devolve uma mata, para área de preservação permanente, inferior à necessidade que os ecossistemas e os ambientes precisam, e que é uma floresta silenciosa”, disse, alertando também para as zonas urbanas “sem uma área verde” espalhadas pelo Brasil, gerando problemas sérios, como as ondas de calor e até problemas psicológicos causados pela falta de arborização nas cidades.

“A gente precisa internalizar a criação de unidades de conservação, parques lineares, áreas verdes, arborização urbana e soluções baseadas na natureza para minimizar esses impactos do clima e ter alguma condição de não termos uma falência do modelo de megametrópoles, que depende de outras regiões para ter água, que exporta poluição, exporta problemas”, concluiu Ribeiro.

Caatinga

O engenheiro florestal Francisco Campello, diretor-técnico da Fundação Araripe, alertou para a importância do manejo adequado e sustentável dos recursos naturais para a preservação ambiental. “O medo do uso dos nossos biomas fez com que a gente começasse a se afastar deles. E a natureza, quando ela se manifesta, a gente vê que nós somos totalmente incapazes”. “Todos os reflexos de comportamentos que nós temos, sejam positivos ou negativos, são frutos da nossa ação sobre o meio ambiente”, disse.

“O nosso grande desafio é saber usar. No caso da Caatinga – isso é muito parecido com a questão do Pampa –, são ambientes mais frágeis do ponto de vista do processo de restauração. A Caatinga e o Cerrado, especialmente, exigem muito esforço de restauração. Para a gente ter uma ideia, um custo aproximado de recuperação por hectare da Caatinga está entre R$ 25 mil a R$ 40 mil, dependendo da condição do ambiente, do solo e da precipitação. Então é um custo extremamente oneroso para o Estado ou para a própria sociedade. Então o que a gente precisa fazer é saber usar para evitar esse custo”, avaliou.

“A Caatinga está presente na matriz energética. Infelizmente está presente de forma inadequada, irresponsável, oportunista. Mas poderia estar presente de uma forma propositiva, racional, sustentável, inclusiva, de baixo custo e renovável, através das técnicas de uso sustentável que são tão conhecidas e presentes no nosso marco legal. Mas a gente insiste no oportunismo, nas fragilidades institucionais, e quando a gente quer promover o uso. E a ação de comando e controle é maior por conta dos medos. E a gente não avança no uso sustentável, mas não consegue controlar o desmatamento”, exemplificou.

“Quando a gente não olha para o papel que a nossa biodiversidade exerce sobre a nossa economia, essa demanda é atendida de forma marginal, de forma negativa”, apontou o palestrante. “Em vez de eu ter uma matriz energética inclusiva, sustentável, renovável e de baixo custo, eu tenho uma agressão ambiental para fazer com que 40% do parque industrial do Nordeste continue funcionando à base de biomassa florestal, e somente 4% de toda essa demanda de aproximadamente 30 milhões de metros de lenha vem de base sustentável”, criticou.

Cerrado

Marcos Woortmann, coordenador de políticas socioambientais do IDS, lembrou que o bioma já perdeu 51% de sua área, um dado que classificou como “muito grave”. Segundo ele, por ser um bioma geologicamente mais antigo, o Cerrado tem muitas “microadaptações” específicas, que vão se perdendo com seu encolhimento. “O nível de endemismo do Cerrado é gigantesco. Tem espécies que existem num único vale de um único riacho do Cerrado brasileiro. Isso é um patrimônio inestimável para os próximos séculos da humanidade. E não é só um patrimônio em termos de fármacos ou de usos que se possa dar, mas em termos de vida”, apontou.

Nesse cenário de perdas irreparáveis, o palestrante criticou a falta de proteção ao bioma. “Hoje o Cerrado é profundamente ameaçado. Porque quando nós falamos de combate ao desmatamento, combate aos incêndios, uma coisa é combater aquilo que é ilegal. Outra coisa é vermos um cenário, cientificamente, e falarmos ‘olha, isso aqui é impossível continuar da forma como está’. Porém a legislação atual permite que continue. O Cerrado é uma das áreas menos protegidas de todos os biomas brasileiros. Apenas 2,09% do Cerrado – são dados oficiais – são protegidos em Unidades de Conservação. Uma quantidade ínfima”, alertou.

Woortmann frisou a importância do Cerrado como conector de todos os biomas brasileiros, à exceção do Pampa. É por ele que passam os rios voadores amazônicos, antes de chegar a outras regiões, e também dele que nascem 1/3 das águas que chegam à Amazônia. “Espero que pelo menos agora os representantes políticos abram seus olhos. Porque enquanto as consequências eram pagas apenas pelas populações periféricas, por exemplo, e não pela quebra de safra, era possível ainda adotar posturas negacionistas. Só que agora até mesmo os produtores rurais têm dificuldade em securitizar suas safras, por exemplo, e isso envolve todo o equilíbrio macroeconômico do Brasil”, criticou.

“Ou seja, o Cerrado é uma peça-chave de todas as décadas pela frente, do que o Brasil vai ser ou não vai ser. Se o Brasil vai se tornar um país justo, equitativo, sustentável e com uma mínima qualidade de vida, isso passa pelo Cerrado. Ou se o Brasil vai, infelizmente, tornar-se um país árido, seco, improdutivo e cheio de refugiados ambientais por áreas que não vão ser mais habitáveis, isso passa pelo Cerrado”, apontou o palestrante, falando da importância do Cerrado para evitar a formação de desertos no país, como acontece em outras regiões do mundo cruzadas pelo Trópico de Capricórnio. “Ou o Cerrado será preservado, ou São Paulo pode se tornar um deserto em 100 anos”, alertou Woortmann.

Para alcançar essa preservação, o palestrante apontou a importância de se banir os incêndios, especialmente criminosos, e da restauração de nascentes em parceria com a população e os pequenos produtores da região. “Esse tipo de gestão comunitária tem um papel muito importante, porque ela gera pertencimento, identidade e, o mais importante de tudo: por ela ser feita com baixíssimo recurso, o valor de fato engajado nesse tipo de atividade, quando a gente fez na calculadora, deu 3% do valor empenhado em compensações florestais” realizadas pelo poder público, que segundo o dirigente do ICS, chegam a 98% de perda das espécies plantadas, um gasto que ele classificou como “ineficiente” e “queimar dinheiro”.

“Quando a gente fala em racismo climático, não adianta a gente defender algo enquanto princípio e não trazermos políticas públicas nítidas e claras para poder endereçar esse problema. E quando a gente fala em requalificação urbana, fazer jardim de infiltração, ciclovias, todas essas coisas, tudo isso é muito importante. Mas todas essas são políticas pensadas primeiro, geralmente, para as áreas do centro, e não da periferia”, afirmou.

“Quando a gente pensa em hortas urbanas, viveiros comunitários, quando a gente pensa no encontro do mundo rural com o mundo urbano, nós estamos falando de periferias sempre. E isso é muito importante ser sempre, no nosso olhar de sociedade civil, uma prioridade. Inclusive porque a cidade vai sentir aquilo que está presente no bioma onde ela está inserida, e é partir sobretudo da área periurbana [encontro do rural com o urbano] que esse bioma chega na cidade”, explicou.

 

FONTE O ECO

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