Casal é preso em flagrante após trabalhador denunciar condições análogas à escravidão em carvoaria de MG; dono da propriedade é procurado

Uma carvoariafoi denunciada por manter trabalhadores em situação análoga à escravidão na zona rural de São João del Rei. Um casal foi preso em flagrante, e um homem é procurado.

Segundo a Polícia Militar do Meio Ambiente, a denúncia foi feita por um dos trabalhadores, que veio do norte de Minas Gerais junto com dois amigos. O casal teria oferecido o emprego e moradia aos três, que começaram a trabalhar em um terreno rural na localidade conhecida como Povoado de Carvoeiro.

Conforme o trabalhador, eles não tiveram a carteira assinada e recebiam por produção, sendo descontado alimentação e bebidas do valor.

As atividades eram relacionadas à produção e exportação de carvão para o estado do Rio de Janeiro. De acordo com o funcionário, o material era vendido para churrascarias e outros estabelecimentos.

Condições degradantes de trabalho

A PM informou que no local não havia banheiro nem abrigo adequados, e os três estariam dormindo em um cômodo pequeno. Usavam fogão à lenha para fazer comida e, do lado de fora, uma fogueira para esquentar a água e tomarem banho.

A vítima ainda contou à polícia que teria sido agredida e presa pela recrutadora, que seria esposa do dono da fazenda.

O casal que fazia o recrutamento foi preso em flagrante, e o dono do local está sendo procurado. Os outros dois homens que trabalhavam no local não quiseram fazer denúncias, por medo de perderem o emprego.

As investigações seguem a cargo da Polícia Civil.

FONTE G1

OB cria Lei contra comercialização de produtos roubados e contra o trabalho escravo ou infantil

OB cria Lei contra comercialização de produtos roubados e contra o trabalho escravo ou infantil

Foi assinada pelo Prefeito em Exercício, Vice-prefeito, Dr Celso Vaz, nessa sexta-feira, dia 05/01/2024 a Lei de autouria do presidente da Câmara, vereador Neymar Meireles, que cria a Lei 2772/2024.

A nova Lei dispõe sobre a cassação de alvará de funcionamento de estabelecimento que comercializar, adquirir, transportar, estocar ou revender produtos oriundos de furto ou roubo, bem como em estabelecimentos  que explorem o trabalho escravo ou infantil.  

Cemitério dos Enforcados – Conheça a saga de Fortunato, o escravo carrasco do Brasil Império

Os enforcamentos no Brasil passou a ser regulamentado a partir de 1833, depois da Revolta dos Escravos em Carrancas. Em Minas,um negro escravo chamado Fortunato ganhou notoriedade como carrasco. É dele que vamos falar numa matéria publicada pelo EM em 2015.

                    Parte 3 – Conheça a saga de Fortunato, o escravo carrasco do Brasil Império

Após matar proprietária de terras, o jovem negro escravo de 22 anos  tem a pena de morte trocada por prestação de serviço de algoz no Brasil Império. Ele enforcou 87 pessoas e não obteve o sonhado perdão

Por João Vicente


A história é manchada de sangue, mas é a nossa história. Corria algum dia de 1884 quando o homem de 73 anos que estava atrás das grades na cadeia de Ouro Preto, onde hoje funciona o Museu da Inconfidência, fechou os olhos para sempre. Seu último suspiro levou consigo as lembranças das 87 vidas que ele executou, a mando de autoridades do Brasil Império (1822-1889), em forcas espalhadas por 29 cidades de Minas Gerais e em duas do Rio de Janeiro. Essa foi a saga do negro Fortunato José, o escravo que virou um dos principais carrascos do país.

Foto de  Fortunato na sua cama enfermo na cadeia de Ouro Preto em 1884
Cadeia de Ouro Preto, século XIX

Fortunato nasceu num lugarejo que hoje é a cidade de Lavras, no Sul do estado. Aos 22 anos, viciado em bebida e jogatina, foi advertido por dona Custódia, a viúva do fazendeiro João de Paiva, dono da propriedade onde o então jovem veio ao mundo. Irritado com a repreensão, tirou a vida da senhora com uma porretada na cabeça. O crime ganhou repercussão e o rapaz foi condenado à morte. Sua vida seria ceifada na forca.

Por ironia, o algoz que deveria cumprir a ordem havia morrido. E as autoridades fizeram uma proposta a Fortunato: sua pena seria comutada para a de prisão perpétua em troca de ele virar “o dono” da forca. Quem explica é o pesquisador Marco Antônio Faria: “Teve a pena comutada com a condição de exercer a função de carrasco, pois o ‘titular’ havia falecido”.

E foi assim que o então jovem, ávido por álcool, começou a percorrer o estado para ceifar a vida dos condenados. O carrasco tinha a expectativa de um dia receber o perdão do governo e se tornar um homem livre. Sua primeira execução ocorreu no Natal de 1833. Tirou a vida de um escravo. Na mesma data, enforcou o segundo. Na lista de mortos, há negros e brancos, homens e mulheres.

Historiadores contam que a imagem de pessoas dependuradas no laço o perseguiu até a própria morte. Talvez fosse para amenizar essa dor que Fortunato costumava dizer que era funcionário público. “Ele falava sempre, em seu linguajar sem cultura, da sua ‘profissão’, à qual ele denominava de emprego público mal remunerado”, completou Barrica, pesquisador-membro do Instituto Histórico de Pitangui (IHP), onde o carrasco levou dois homens à forca.

Também foi nessa cidade do Centro-Oeste mineiro, elevada à condição de vila em 1715 e a 130 quilômetros de Belo Horizonte, que o algoz, por pouco, não foi assassinado. Fortunato tinha o hábito de dormir a noite anterior à execução na mesma cela que o condenado à forca. Em 21 de setembro de 1838, ele adormeceu ao lado do escravo Ignácio Cassange, cuja pena de morte estava prevista para a manhã seguinte.

A morte programada do condenado era aguardada por uma multidão, pois seria a inauguração da forca, erguida no Morro das Cavalhadas, atrás da atual capela de São Francisco de Assis, erguida no século 19. A execução deveria ocorrer às 9h de 22 de setembro de 1938. Na noite anterior, o algoz decidiu cumprir o ritual de dormir na mesma cela que a vítima. Na madrugada, porém, Fortunato acordou com o corpo ensanguentado. O escravo havia lhe desferido golpes de navalha em todo o corpo. Socorrido, o carrasco foi internado.

Passou dias num leito. Sobreviveu para continuar sua saga, mas não executou Ignácio, que foi enforcado por outro algoz na vila de Sabarabuçu, atual Sabará. A partir de então, descartou a possibilidade de pernoitar ao lado de condenados. As cicatrizes pelo corpo o faziam lembrar-se   daquela noite.

“Foi alvo do espírito revoltoso de um pitanguiense, que, dono de instinto assassino, se valeu da oportunidade para impedir – ou pelo menos postergar – seu triste fim. Em outras vilas, a prática de se confinar vítima e executor num único espaço se mostrou desprovida de maiores consequências. Já em Pitangui, terra de ‘matadores insignes’ e ‘homens régulos’, como definiu o governador da época, os papéis não se inverteram por pouco. Quase que o algoz passa a ser vítima de sua presa”, disse o pesquisador Vandeir Santos, também do IHP.

A fama de Fortunato – embora triste – foi tamanha, que ele foi fotografado numa época em que poucas personalidades tiveram a imagem registrada por uma câmera. O algoz foi registrado, já enfraquecido, numa cama na cela de Ouro Preto. Ele também foi tema de reportagem do extinto periódico Mosaico Ouro-Pretano.

A matéria foi publicada em 17 de julho de 1877. O veículo informou que Fortunato, “admoestado (repreendido) frequentemente, mas com brandura, por sua senhora (dona Custódia, a viúva do fazendeiro), criou-lhe ódio e, um dia, enfurecido, prostrou-a morta com uma bordoada certeira. Foi isto em 1833: tinha então 22 anos o miserável, predestinado a vida medonha e abominável”.

A última execução do carrasco ocorreu em 1874, quando a pena de morte na forca foi extinta no Brasil. Fortunato não obteve o sonhado perdão pela morte de dona Custódia. Passou os últimos anos de sua vida na cela em Ouro Preto

Fortunato José, o maior carrasco brasileiro, em uma fotografia no ano de 1877, agonizando a morte dentro de uma cela em Ouro Preto.

Fortunato foi condenado à pena de morte por ter matado a porretadas sua proprietária. No dia da execução o carrasco que realizaria a pena, faleceu.

O Escravo recebeu o convite para trabalhar no lugar do falecido, pois teria sua pena comutada e seria perdoado após algumas execuções.

Ao longo da sua vida enforcou 87 pessoas a mando do Estado. Nunca teve sua pena perdoada.

Realizou execuções públicas em mais de 20 cidades de MG e 2 no Rio de Janeiro.

Morreu repetindo que era um “funcionário público” mal remunerado.

Sumidoiro’s Blog

01/05/2016

FORTUNATO ALGOZ

Filed under: Uncategorized — sumidoiro @ 8:10 am

Matador profissional

                    Parte 3 – Conheça a saga de Fortunato, o escravo carrasco do Brasil Império

Único do gênero no Brasil, Museu do Escravo é revitalizado

Fachada do Museu do Escravo em estilo colonial / Foto: Tarcísio Martins

Comemorando-se os 130 anos da Abolição da Escravatura, a Prefeitura Municipal de Belo Vale entregou à comunidade no dia 19 de maio, o “Museu Municipal do Escravo Padre Dr. José Luciano Jacques Penido”, um dos mais expressivos espaços culturais do país com referências à cultura negra. O prédio projetado com tipologia em estilo colonial, concluído em 1983 e inaugurado, oficialmente, como “Museu do Escravo” em 1988, recebeu um eficiente projeto de revitalização.

O evento teve a presença do prefeito municipal, José Lapa dos Santos, e contou com Missa Afro celebrada por Padre Ivan Alves da Silva, que em brilhante homilia, chamou atenção pela igualdade das raças, e alertou que não se repitam preconceitos e fatos desumanos acontecidos contra os negros. A Secretaria Municipal de Cultura foi eficiente na programação, que contou com presenças de grupos tradicionais e populares: Guarda de Moçambique Nossa Senhora do Rosário, Coral Cantantes da Boa Morte e grupo de cantorias da Chacrinha dos Pretos.

Faz-se necessário rediscutir a história, confrontar e apresentar novos conceitos que possam contribuir e justificar a importância do representativo e vigoroso Museu do Escravo.  Não se deve pensar o negro apenas como um elemento que foi subjugado, mas algo que expresse e contemple seu Ser, sua força, seu trabalho, sua grande contribuição, e todo o esplendor da rica cultura regional africanizada que proporcionou ao país.

O Governo local investiu na recuperação de seus patrimônios culturais que há anos estavam esquecidos. Entregou à comunidade belíssimos espaços de interação com a memória da cidade, o que a colocam, não só no roteiro cultural de Minas, mas, definitivamente, como um dos municípios que mais têm investido em cultura no estado. Visitar o “Museu do Escravo” é obrigatório.

Tarcísio Martins

 

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