Segurança restaurada: Barragem B3/B4, em Macacos, Nova Lima (MG), é 100% descaracterizada

Essa é a primeira barragem da Vale a ser eliminada após entrar em nível máximo de emergência; processo foi possível com o uso de tecnologias inovadoras e foco em segurança 

A Vale acaba de dar um importante passo para garantir a segurança da comunidade de Macacos, em Nova Lima (MG). A mineradora concluiu, neste mês de maio, as obras de descaracterização da barragem B3/B4, da Mina de Mar Azul, que foi classificada com o nível máximo de emergência em 2019, quando mais de 100 famílias precisaram deixar suas casas preventivamente.

Desde então, a Vale não tem medido esforços no sentido de reparar e compensar, de maneira definitiva, os transtornos causados. Além da descaracterização da barragem, a empresa firmou acordo, em dezembro de 2022, no valor de R$ 500 milhões para ações de reparação no distrito, tendo como foco transferência de renda, requalificação do comércio e turismo e fortalecimento do serviço público municipal, além de demandas das comunidades atingidas. O acordo foi firmado em audiência no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, com a participação do Ministério Público de Minas Gerais, Defensoria Pública do Estado, Município de Nova Lima e Ministério Público Federal.

Barragem B3/B4 em 2019 e em 2024: 3,3 milhões de metros cúbicos de rejeito foram removidos da estrutura. Foto: Divulgação/Vale

Paralelamente às ações destinadas à comunidade local, a empresa investiu mais de R$ 80 milhões no desenvolvimento de tecnologias para garantir que as obras de descaracterização da barragem B3/B4 ocorressem com a máxima segurança para as pessoas e o meio ambiente. Quase todo o processo de remoção de rejeitos da B3/B4, principal etapa do processo de descaracterização, foi realizado por equipamentos operados remotamente.

“No processo de descaracterização, utilizamos em larga escala equipamentos não tripulados controlados por um centro de operações localizado a cerca de 15 quilômetros da barragem, resultando na remoção de um volume de rejeitos de 3,3 milhões de metros cúbicos. Essa estratégia operacional inovadora foi essencial para eliminar a presença de trabalhadores na barragem até que as condições de segurança adequadas fossem alcançadas”, informou Alexandre Pereira, Vice-Presidente Executivo de Projetos da Vale.

Quase todo o processo de remoção de rejeitos da B3/B4 foi realizado remotamente por um centro de operações localizado a cerca de 15 quilômetros da barragem. Imagem: Divulgação/Vale

A B3/B4 ainda receberá obras complementares de reconformação do terreno, implantação de sistema de drenagem e revegetação, mas, com a conclusão da descaracterização, não existem mais riscos associados à barragem, que teve seus 3,3 milhões de metros cúbicos de rejeito removidos.

A eliminação de estruturas construídas a montante é um compromisso assumido pela Vale logo após o rompimento da barragem B1, em Brumadinho, além de atender às legislações federal e estadual vigentes sobre segurança de barragens.

“Vamos continuar avançando com a execução de nosso Programa de Descaracterização, com segurança e transparência, e de medidas efetivas para a melhoria das condições de segurança até a eliminação de todas as barragens a montante no Brasil. Já completamos 46% do programa, com desembolsos de US$ 1,7 bilhão, e esperamos concluir outros 2 projetos ainda em 2024, alcançando cerca de 70% até o final de 2026. Essa medida é fundamental para garantirmos a não repetição e tornarmos a Vale ainda mais segura”, afirmou Eduardo Bartolomeo, Presidente da Vale.

Evolução da descaracterização da barragem B3/B4 entre 2019 e 2024. Imagens: Divulgação/Vale

Todas as estruturas a montante da Vale no Brasil estão inativas e são monitoradas permanentemente pelos Centros de Monitoramento Geotécnico (CMGs) da empresa. As soluções são customizadas para cada estrutura e estão sendo realizadas de forma cautelosa, tendo como prioridade, sempre, a segurança das pessoas, a redução dos riscos e os cuidados com o meio ambiente. As ações implementadas para descaracterização dessas estruturas são objeto de avaliação e acompanhamento contínuo de auditorias independentes, bem como pelos órgãos reguladores competentes. Informações sobre a gestão de barragens da Vale estão disponíveis em www.vale.com/barragem.

Atividades para a retirada da contenção em Macacos serão iniciadas 

Com a conclusão da descaracterização da barragem B3/B4, a empresa iniciará as atividades para retirada da Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ) construída no Ribeirão Macacos, no distrito de Macacos, em Nova Lima (MG). O objetivo, com a retirada da ECJ, é reintegrar a área ao seu entorno e diminuir o impacto visual, recompondo, o máximo possível, a topografia original da área.

O projeto escolhido para descaracterizar a ECJ priorizou a solução com menos impacto para a comunidade e o meio ambiente e com maior viabilidade técnica, contemplando o aproveitamento de todo o material e evitando o tráfego de equipamentos pesados nas estradas e rodovias do entorno.

A Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ) começou a ser construída em 2019, de forma emergencial, e foi concluída em 2020. Ela teve um papel importante para descaracterização da barragem B3/B4, garantindo que o meio ambiente e as pessoas a jusante da estrutura estivessem seguros em caso de acidente durante as atividades de eliminação da barragem.

Desde o início, a ECJ em Macacos foi construída para ser uma estrutura temporária, uma vez que a eliminação dos riscos representados pela barragem B3/B4 tornam a contenção desnecessária. Além disso, a retirada da contenção é importante para garantir a reintegração do local ao meio ambiente.

As Estruturas de Contenção a Jusante (ECJs) das barragens da Vale fazem parte do Programa de Descaracterização de Barragens a Montante da empresa e seguem as normas vigentes no que se refere à adoção de medidas para reduzir possíveis impactos em caso de eventual rompimento. Nesse cenário, as ECJs cumprem o papel de conter os rejeitos. Elas foram concebidas e construídas de forma emergencial e acompanhadas pelas empresas de auditoria independentes que fazem parte dos Termos de Compromisso firmados com o Ministério Público do Estado de Minas Gerais. As contenções são descomissionáveis, ou seja, podem ser desmontadas quando não forem mais necessárias.

Moradores de Macacos esperam retomada do turismo com fim do risco de rompimento de barragem da Vale

Mais de 100 famílias foram retiradas de suas casas em 2019 por risco de serem atingidas por 3,3 milhões de metros cúbicos de rejeitos de barragem em nível 3 de emergência

Mais de cinco anos desde a evacuação de 200 pessoas no distrito de São Sebastião das Águas Claras, também conhecido como Macacos, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, moradores e comerciantes da localidade vivem o sentimento de alívio e expectativa de aquecimento do turismo, após o anúncio da conclusão da descaracterização da barragem B3/B4, na Mina Mar Azul. Desde 2019, quando sirenes tocaram e mudaram a vida dos moradores, a comunidade convivia com o risco de parte da comunidade ser engolida pela lama de rejeitos da mineradora e com a queda do turismo na região – marcada por trilhas, cachoeiras e pousadas com uma vista inesquecível – que registrou redução de até 80% no número de visitantes. Com o fim da ameaça, a população espera agora reafirmar o local como ponto turístico.

Conforme informou a Vale nessa segunda-feira (13 de maio), o local da barragem está em processo de validação pelos órgãos competentes e ainda passará por obras complementares, com implantação de drenagem e revegetação. Depois disso, será determinada pela Defesa Civil de Nova Lima a liberação da Zona de Auto Salvamento (ZAS), até então evacuada, e as 27 famílias que seguem em moradias temporárias poderão voltar aos seus imóveis de origem. Porém, já não existe mais risco associado ao local, já que foram removidos os 3,3 milhões de metros cúbicos de rejeitos que estavam armazenados na barragem.

Presidente da Associação Comunitária de Macacos (ACM), Marcelo Bonfanti conta que o fim do risco trouxe alívio e esperança à comunidade. “Quando recebemos essa notificação, o que sentimos é que a comunidade ficou aliviada por não ter mais essa barragem aqui em cima. Essa barragem trouxe transtornos, em 2019, para a comunidade e sofrimento”, afirma. Segundo Bonfanti, a população agora aguarda a retomada do turismo na cidade, que recebia média de 5 mil turistas todos os fins de semana antes da evacuação. Atualmente, a média de visitantes no período é de pouco mais de mil pessoas, o que representa uma redução de até 80% em alguns casos.

“Hoje a população se sente aliviada e pede que retorne ao que era antigamente, na área do turismo e gastronomia. O sofrimento psicológico não passa, para muitos moradores virou um trauma, a repercussão negativa na área do turismo foi grande para os comerciantes, que fecharam. Os que resistiram hoje estão felizes por não ter mais a barragem e ansiosos com a retomada do turismo”, conta. Para isso, Bonfanti cobra investimentos e revitalização do distrito. “Nós aguardamos que Macacos seja reconstruída, que o acesso ao distrito, por meio da AMG-160, seja revitalizado. Esperamos que os cinco mil turistas voltem a frequentar a área de cachoeiras, pousadas e restaurantes de São Sebastião das Águas Claras”, pontua.

Questionada, a Vale afirmou que para a requalificação do comércio e turismo e fortalecimento do serviço público municipal, transferência de renda, além de demandas das comunidades atingidas, em dezembro de 2022, foi assinado um acordo no valor de R$ 500 milhões para ações de reparação no distrito de Macacos. O acordo foi firmado em audiência no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, com a participação do Ministério Público de Minas Gerais, Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais, com interveniência e anuência do Município de Nova Lima e do Ministério Público Federal.

A reportagem também questionou a Prefeitura de Nova Lima sobre as ações para revitalização e impulsionamento do distrito de São Sebastião das Águas Claras e aguarda retorno. A matéria será atualizada tão logo em posicionamento seja enviado.

Medo ainda assombra

Apesar do alívio, para muitos, o som da sirene, mesmo que em cenário de testes, se tornou sinônimo de “gatilho para angústia” dos momentos vividos em 16 de fevereiro de 2019. Passava das 22 horas do dia e a chuva caia sobre o distrito de São Sebastião das Águas Claras, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, quando o som de uma sirene perturbou o silêncio dos moradores. O barulho levava uma mensagem jamais esquecida por quem mora na região: “Atenção, atenção. Essa é uma situação real de emergência de rompimento de barragem. Abandonem imediatamente suas residências, siga pela rota de fuga até o ponto de encontro e permaneçam até que sejam repassadas novas instruções”.

O relato é de Daniela Costa, de 44 anos. Moradora do distrito, ela foi indenizada pela mineradora e teve que deixar sua residência meses após a sirene por risco do imóvel ser atingido em caso de rompimento. Apesar do alívio com a notícia da conclusão da descaracterização da barragem B3/B4, ela afirma que é impossível esquecer os momentos de pânico. “Todo mundo que está em Macacos convive com um fantasma. Dá um alívio, mas parece algo irreal. A gente acaba descrente por conta do que ocorreu, ninguém sabe o quão seguro está”, afirma.

Daniela ainda relata a tristeza de ter perdido amigos e vizinhos, que acabaram deixando suas casas por medo. “A Vale comprou muitas propriedades depois do que aconteceu. A gente anda pelas ruas e vê dezenas de placas de ‘propriedade privada da Vale’. Não tem como esquecer, ali era onde moravam amigos, parentes e vizinhos que deixaram suas propriedades após a sirene”, conta.

Segundo a Vale, após o toque das sirenes, cerca de 1,3 mil pessoas assinaram acordos com a empresa, totalizando mais de R$ 200 milhões pagos. A mineradora afirma que todas essas indenizações individuais seguiram parâmetros e critérios estabelecidos no Termo de Compromisso firmado entre a Vale e a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais. Com relação aos imóveis adquiridos pela Vale, a empresa garante que está sendo elaborado um plano de destinação que levará em consideração a particularidade de cada propriedade.

A expectativa agora é que 27 famílias que seguem em moradias temporárias possam voltar aos seus imóveis de origem nas próximas semanas após cronograma elaborado pela mineradora Segundo a Prefeitura de Nova Lima, seguindo a legislação vigente, o processo depende agora da validação dos órgãos fiscalizadores e a Agência Nacional de Mineração deve notificar o município nos próximos dias sobre a completa descaracterização da estrutura. A Defesa Civil fará vistoria na área onde existia a barragem a fim de acompanhar o andamento da fase de reintegração ao meio ambiente.
FONTE O TEMPO

Sem turistas na pandemia, macacos têm comportamento inédito na Tailândia

Durante a pandemia de Covid-19, macacos na Ilha de Koh Ped, Tailândia, desenvolveram a habilidade de usar ferramentas de pedra

Um grupo de macacos-rhesus (Macaca fascicularis fascicularis) da Ilha de Koh Ped, no Golfo da Tailândia, foi flagrado realizando uma atividade inédita para essa espécie: utilizar ferramentas de pedra para abrir ostras-rocha (Saccostrea forskali).

Durante mais de 10 anos, esses macacos foram observados, mas somente durante a pandemia global de Covid-19, em julho de 2022, foi registrado o uso de ferramentas de pedra por esses primatas. Os pesquisadores acreditam que esses eventos estão diretamente relacionados ao impacto da pandemia.

A ilha, conhecida como um ponto turístico, era frequentemente visitada por turistas que alimentavam os macacos durante suas estadias. Contudo, com as restrições de viagem impostas pela pandemia, nenhum turista teve acesso à ilha, forçando os macacos a buscar novas estratégias para compensar a falta de alimento proveniente dos humanos.

Essa observação, publicada no American Journal of Primatology, marca a sexta ocorrência de primatas selvagens utilizando ferramentas de pedra para forragear alimentos. Apenas uma outra espécie de macaco, o macaco-rhesus-de-cauda-longa-birmanês (Macaca fascicularis aurea), faz parte desse seleto grupo.

Uso de ferramentas pelos macacos tailandeses

  • Em março de 2023, a equipe de pesquisadores notou os macacos arremessando pedras, comportamento conhecido como precursor do uso de pedras para acessar alimentos, denominado pela equipe como “martelar-como-machado”.
  • Durante as observações, 17 adultos e subadultos foram vistos utilizando as ferramentas de pedra, sendo que 15 deles eram machos.
  • Além disso, os pesquisadores observaram que os macacos tendiam a agir de forma solitária ao realizar esse comportamento.
  • Com o relaxamento das restrições de viagem e a retomada do turismo, a equipe acredita que o uso das ferramentas pode diminuir à medida que mais alimentos se tornam disponíveis para os macacos.
  • Esse fenômeno evidencia como a interação humana, ou a sua ausência, pode influenciar significativamente o comportamento e as habilidades adaptativas de outras espécies no reino animal.

FONTE OLHAR DIGITAL

Varíola dos macacos: sete mistérios que a ciência ainda tem que desvendar sobre o surto

Com número crescente de casos em países de diferentes continentes, autoridades de saúde direcionam esforços para entender por que o vírus passou a apresentar um comportamento inesperado

Desde o início de maio, a varíola dos macacos, causada pelo vírus monkeypox, tem se tornado uma preocupação mundial enquanto ao menos 16 países fora das regiões da África Central e Ocidental – onde o vírus é endêmico – registraram casos da doença. O patógeno, semelhante à varíola que foi erradicada em 1980, embora mais raro e com quadros mais leves, costumava ser identificado nesses locais apenas em diagnósticos pontuais de pessoas que haviam viajado para o continente africano. Porém, pela primeira vez, uma série de nações relatam casos decorrentes de transmissão local, em um surto inesperado que não foi totalmente compreendido pela ciência ainda.

Os principais pontos que intrigam os especialistas são em relação à transmissão da doença, que até então era considerada limitada entre pessoas, e à identificação repentina de casos em todo o mundo, ao mesmo tempo. O cenário acende o alerta de autoridades de saúde, que monitoram de perto os casos que se multiplicam dia a dia. Ainda assim, especialistas ressaltam que a vacina para a varíola tradicional é até 85% eficaz para prevenir os casos da nova versão e que a doença não deve provocar uma situação como a da Covid-19.

Entenda em sete pontos os mistérios que envolvem o surto da doença:

1 – Mutação do vírus

Pesquisadores buscam se houve mutação do vírus da varíola dos macacos. — Foto: André Mello / Arte O Globo

Pesquisadores buscam se houve mutação do vírus da varíola dos macacos. — Foto: André Mello / Arte O Globo

A principal pergunta que intriga os especialistas é por que o vírus está se comportando de maneira diferente daquela esperada. Isso porque, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a transmissão acontecia de forma esporádica em regiões específicas da África, e de animais para pessoas. A contaminação entre seres humanos, embora possível, era considerada “limitada” pela instituição.

— Só que agora, nestes países, está havendo a confirmação de casos secundários, ou seja, em pessoas que não viajaram a áreas endêmicas se contaminando por outras pessoas. O que é um comportamento altamente inusitado para esse vírus, é a primeira vez que isso é relatado nesses lugares — explica o doutor em doenças infecciosas e parasitárias Marcelo Burattini, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Alguns especialistas sugerem que pode ter ocorrido uma mutação no vírus que teria afetado o seu comportamento. Pesquisadores de Portugal, onde já são mais de 30 casos detectados da varíola dos macacos, sequenciaram genomas de nove casos da doença. Os resultados, divulgados ontem, indicaram trocas de 50 bases nitrogenadas no código genético dos vírus, em comparação a amostras de 2018 e 2019. Embora seja pouca diferença em termos de genética, é “muito mais do que se esperaria considerando a taxa de substituição estimada para Orthopoxviruses”, dizem os cientistas.

— Talvez não tenham sido sequenciadas amostras suficientes em 2018 e essa variabilidade só não tinha sido detectada. Ou foram de fato mudanças e que aconteceram de forma rápida, em apenas quatro anos. Nesse caso seria muito surpreendente porque esse vírus tem DNA como material genético e, por isso, uma baixa taxa de mutação. A questão é entender se isso trouxe alguma consequência para o comportamento do vírus, o que não sabemos — explica o médico geneticista Salmo Raskin, diretor do laboratório Genetika, em Curitiba.

Ainda assim, ontem, um executivo sênior da OMS afirmou que a organização não tem evidências de que o vírus da varíola de macacos tenha sofrido mutação e que são necessários mais sequenciamentos genômicos para compreender a doença.

2 – Velocidade na disseminação

A velocidade na disseminação dos novos casos intriga especialistas. — Foto: André Mello  / Arte O Globo
A velocidade na disseminação dos novos casos intriga especialistas. — Foto: André Mello / Arte O Globo

Um índice utilizado para medir a velocidade de transmissão de determinado vírus é o R0. Ele indica quantas pessoas devem ser infectadas por cada paciente contaminado. Se está acima de 1, portanto, mostra que a doença está em crescimento naquela população. Porém, ainda não se sabe qual é R0 durante o surto que está sendo registrado em diversos países do mundo, uma vez que os casos ainda são muito recentes.

— Esse é um dos maiores mistérios, o número inesperado de casos e a dispersão rápida por diferentes países e continentes. Essa é uma doença que não deveria ter esse comportamento — explica Burattini.

3 – Tempo de contaminação

Pesquisadores ainda buscam entender exatamente qual é o tempo que a pessoa transmite o vírus. — Foto: André Mello  / Arte O Globo
Pesquisadores ainda buscam entender exatamente qual é o tempo que a pessoa transmite o vírus. — Foto: André Mello / Arte O Globo

As informações sobre o tempo em que uma pessoa permanece infectada e contaminando outras pessoas também não são definitivas. Embora estimativas sugerem que a infecção pode durar de 2 até 6 semanas, contando com o tempo de incubação do vírus, não se sabe exatamente em que momentos desse período a pessoa pode infectar outras.

— O problema é que o tempo de incubação (período entre infecção e surgimento de sintomas) pode durar até três semanas. Nesse tempo, a pessoa estaria transmitindo? É o caso também de pessoas infectadas que têm quadros clínicos muito leves ou até mesmo assintomáticos, não sabemos se elas poderiam transmitir — pontua Raskin.

Ainda assim, a Bélgica estipulou uma quarentena obrigatória de 21 dias para os contaminados, tempo também considerado pelo Reino Unido em sua recomendação de isolamento para infectados.

4 –Transmissão pelo ar

Uma das questões é se a transmissão pelo ar pode estar ocorrendo de forma mais fácil. — Foto: André Mello  / Arte O Globo

Uma das questões é se a transmissão pelo ar pode estar ocorrendo de forma mais fácil. — Foto: André Mello / Arte O Globo

Até então, se sabia que o vírus poderia ser transmitido por gotículas, mas era necessário um contato muito próximo, cara a cara, com uma carga viral muito alta e por bastante tempo, o que torna esse meio de contaminação ainda mais raro.

Porém, o aumento repentino no número de casos entre pessoas que não se conheciam pode estar ligado a uma maior facilidade nas formas de infecção. Não se sabe ainda se é o caso de uma transmissão por vias respiratórias como acontece com a Covid-19, mas autoridades de saúde pelo mundo investigam a possibilidade.

— Em tese, isso seria possível no caso de uma mutação, mas o que estamos observando são casos que pessoas que contraíram pelo contato físico muito próximo. Não há relatos, por exemplo, de pessoas que se infectaram por estarem num mesmo avião, que teria a circulação pelo ar — diz Raskin.

5 – Transmissão sexual

O perfil de últimos casos indica que a transmissão pode estar sendo facilitada por relações sexuais, mas não se sabe ainda se seria o sexo ou o apenas o contato próximo na ocasião.; — Foto: André Mello / Arte O Globo

O perfil de últimos casos indica que a transmissão pode estar sendo facilitada por relações sexuais, mas não se sabe ainda se seria o sexo ou o apenas o contato próximo na ocasião.; — Foto: André Mello / Arte O Globo

Na Espanha, a maioria dos casos foram ligados a um estabelecimento destinado a relações sexuais. Em outros países, relatos também indicam que a grande maioria dos diagnósticos está ocorrendo em homens gays, bissexuais e homens que fazem sexo com outros homens (HSH).

Apesar de as informações indicarem uma transmissão via sexo, não se sabe ainda se o vírus está presente em locais do corpo como fluidos genitais e no sêmen. Apenas nesse caso ele seria caracterizado como uma infecção sexualmente transmissível, explica Burattini. No entanto, o perfil de contaminação intriga cientistas.

— As investigações estão em andamento. Isso é compatível com uma doença que é transmissível por secreção corporal, mas nunca foi relatado esse tipo de comportamento, então ainda tem muitas interrogações a respeito — diz o infectologista.

6 – Quem é o caso zero

Ainda não se sabe qual é a origem do surto nos países fora de lugares onde o vírus é endêmico. — Foto: André Mello / Arte O Globo
Ainda não se sabe qual é a origem do surto nos países fora de lugares onde o vírus é endêmico. — Foto: André Mello / Arte O Globo

Embora o primeiro caso registrado pelo Reino Unido, no início do mês, tenha sido em um homem que viajou à Nigéria, os demais diagnósticos, todos por transmissão local, não apresentaram relação com o paciente. Além disso, um dos casos identificados em Portugal foi em uma amostra coletada anteriormente ao relato britânico. Por isso, apesar de os países terem começado a anunciar registros da doença no mesmo período, não se sabe ainda se há de fato relação entre eles e qual é a origem exata do surto.

Raskin explica que a expectativa é de que a infecção nos diferentes países sejam sim relacionadas, devido à extrema coincidência, mas que isso só vai ser confirmado com o sequenciamento genômico dos diagnósticos.

— Eventualmente é possível mapear esse ponto de origem por meio da genética. Com uma comparação desses sequenciamentos dos genomas de todos os casos, em breve vamos conseguir descobrir a relação entre eles, se de fato vieram todos do mesmo lugar — explica o geneticista.

7 – Quem se infecta

Ainda não se sabe qual foi a origem exata do surto. — Foto: André Mello / Arte O Globo

Ainda não se sabe qual foi a origem exata do surto. — Foto: André Mello / Arte O Globo

O perfil dos infectados nos países tem sido majoritariamente de homens jovens que fazem sexo com outros homens. Porém, não se sabe ainda se há algum fator atípico influenciando esse comportamento, uma vez que o contato íntimo é uma via de transmissão conhecida que pode afetar a todos.

— A transmissão é fundamentalmente por contato direto, por meio da secreção das vesículas, que são essas espécies de bolhas que surgem na pele, ou por contato muito próximo — explica Burattini.

Ainda assim, o perfil dos infectados levou o diretor-geral adjunto da OMS para intervenções de emergência, Ibrahima Socé Fall, a afirmar que se trata de “uma nova informação que devemos estudar adequadamente para compreender melhor a dinâmica (do contágio)”. Isso porque, embora reconhecida, a transmissão entre pessoas não era comum, especialmente ligada ao ato sexual.

Outro ponto relacionado à população que passa por investigação é saber se quem recebeu a vacina da varíola tradicional há mais de 40 anos, que é eficaz para essa versão, estaria protegido. Isso porque a ciência não sabe por quanto tempo essa imunidade dura, e ela deixou de ser aplicada após a erradicação em 1980.

— Existem estudos que indicam pelo menos 20 anos de proteção, outros menos. Como a varíola foi extinta, deixou-se de investir nesse tipo de estudo. Até porque sem a doença, não tem como averiguar a eficácia na prática. É uma das perguntas que precisa ser respondida — afirma Raskin.

FONTE O GLOBO

Alunos, pais e professores da Escola Meridional visitam Macacos

Alunos, pais e professores da Escola Municipal Meridional, em Lafaiete, visitaram o distrito de São Sebastião das Águas Claras, também conhecido como Macacos, em Nova Lima (MG).
O grupo esteve na escola Ruben Costa Lima e a exemplo de Lafaiete a unidade também foi erguida pela mineradora Vale.
Eles foram conhecer de perto a realidade e funcionamento da escola já visando a abertura preparada para o início de 2023.
A escola Rubem Costa Lima funciona desde 2021de maneira auto-sustentável em energia e aproveitamento de água como também no tratamento dos resíduos sólidos.
A visita foi uma iniciativa já nos preparativos de funcionamento da Escola Meridional.

https://youtu.be/R5sdhGfmZkE
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