Decisão judicial transfere ao IEF propriedade de área de preservação ambiental na Serra São José, em Tiradentes (MG)

Terreno, com quase 10 mil hectares, é um dos cartões-postais da cidade colonial

A Justiça Estadual acolheu os argumentos da Advocacia-Geral do Estado de Minas Gerais (AGE-MG) e adjudicou (ato judicial que concede a posse e a propriedade de determinado bem a alguém) uma importante área de preservação ambiental na Serra São José, no município histórico de Tiradentes, ao Instituto Estadual de Florestas (IEF).

A decisão judicial ocorreu após reuniões entre procuradores do estado e técnicos do IEF junto à comunidade local e gestores do município para o alinhamento de solução para o destino do terreno.

A área adjudicada ao IEF tem quase 10 mil hectares e é conhecida como Maria Joana, sendo próxima à Cachoeira Bom Despacho. O IEF estuda a viabilidade de construir uma base no local, o que possibilitará ao estado reforçar a proteção ao meio ambiente.

“A adjudicação ocorreu como forma de quitar parte de uma dívida ambiental de uma associação, que era proprietária do terreno, com o IEF”, informou o advogado regional do estado em Juiz de Fora, na Zona da Mata, procurador do estado Lucas Pinheiro de Oliveira Sena. A unidade da AGE em Juiz de Fora é a responsável pelos processos judiciais em Tiradentes.

A área em questão foi alvo de uma intensa polêmica quando chegou a ser colocada a venda.

Decisão judicial transfere ao IEF propriedade de área de preservação ambiental na Serra São José, em Tiradentes (MG)

Terreno, com quase 10 mil hectares, é um dos cartões-postais da cidade colonial

A Justiça Estadual acolheu os argumentos da Advocacia-Geral do Estado de Minas Gerais (AGE-MG) e adjudicou (ato judicial que concede a posse e a propriedade de determinado bem a alguém) uma importante área de preservação ambiental na Serra São José, no município histórico de Tiradentes, ao Instituto Estadual de Florestas (IEF).

A decisão judicial ocorreu após reuniões entre procuradores do estado e técnicos do IEF junto à comunidade local e gestores do município para o alinhamento de solução para o destino do terreno.

A área adjudicada ao IEF tem quase 10 mil hectares e é conhecida como Maria Joana, sendo próxima à Cachoeira Bom Despacho. O IEF estuda a viabilidade de construir uma base no local, o que possibilitará ao estado reforçar a proteção ao meio ambiente.

“A adjudicação ocorreu como forma de quitar parte de uma dívida ambiental de uma associação, que era proprietária do terreno, com o IEF”, informou o advogado regional do estado em Juiz de Fora, na Zona da Mata, procurador do estado Lucas Pinheiro de Oliveira Sena. A unidade da AGE em Juiz de Fora é a responsável pelos processos judiciais em Tiradentes.

A área em questão foi alvo de uma intensa polêmica quando chegou a ser colocada a venda.

Incêndio de grandes proporções destrói 3 hectares de santuário ecológico e ameaça pousada

O Corpo de Bombeiros foi acionado na tarde desta sexta-feira (25), para combater um incêndio de grandes proporções que atingia a área a APA de São José, em Tiradentes (MG), refúgio e zona de amortecimento do refúgio. No local já se faziam presentes uma equipe da Defesa Civil e o IEF. Após análise da situação e com a utilização de abafadores, bomba costal e sopradores foi dado o início ao combate.

Após algumas horas de trabalho, foi debelado o incêndio. Durante o retorno da guarnição foi feito novamente um contato via 193 informando que o fogo havia voltado e estaria ameaçando uma pousada. Imediatamente os militares retornaram e deparam com um novo grande incêndio perto da residência. Com o auxílio da Defesa Civil, foi iniciado um novo combate onde foi extinto por completo o risco. Foram queimados, aproximadamente, 3 hectares na área da APA e 6 hectares em seu entorno, na zona de amortecimento e refúgio.

Incêndio de grandes proporções destrói 3 hectares de santuário ecológico e ameaça pousada

O Corpo de Bombeiros foi acionado na tarde desta sexta-feira (25), para combater um incêndio de grandes proporções que atingia a área a APA de São José, em Tiradentes (MG), refúgio e zona de amortecimento do refúgio. No local já se faziam presentes uma equipe da Defesa Civil e o IEF. Após análise da situação e com a utilização de abafadores, bomba costal e sopradores foi dado o início ao combate.

Após algumas horas de trabalho, foi debelado o incêndio. Durante o retorno da guarnição foi feito novamente um contato via 193 informando que o fogo havia voltado e estaria ameaçando uma pousada. Imediatamente os militares retornaram e deparam com um novo grande incêndio perto da residência. Com o auxílio da Defesa Civil, foi iniciado um novo combate onde foi extinto por completo o risco. Foram queimados, aproximadamente, 3 hectares na área da APA e 6 hectares em seu entorno, na zona de amortecimento e refúgio.

UFSJ desenvolve projeto de conservação de peixes em um mais importantes refúgios naturais de MG

Motivo de polêmica recente, a Serra de São José é um dos mais importantes refúgios naturais da região do Campo das Vertentes. Desde 2016, uma equipe de pesquisadores do Laboratório de Ecologia Molecular e Ictiologia da UFSJ (LEMI) investiga a ecologia e conservação de peixes de riachos altitudinais e de cabeceiras. O Laboratório é coordenado pelo professor Andrey Castro (DCNAT) e a equipe desenvolve também outra linha de pesquisa, sobre os impactos na ictiofauna, pela construção de hidroelétricas e geração de energia.

Na Serra de São José, o LEMI estuda o conjunto de peixes existentes nos riachos das duas Unidades de Conservação da Serra do local: a APA da Serra de São José e a Refúgio de Vida Silvestre Libélulas da Serra de São José. O objetivo é identificar as espécies de peixes que ocorrem nos diferentes córregos, avaliando diferentes aspectos ecológicos – como as variações altitudinais na distribuição, o efeito de eventos como chuvas torrenciais, cabeças-d’água e períodos de estiagem – que influem na distribuição das espécies, padrões de movimentação e uso do hábitat pelas mesmas, além de analisar a efetividade das unidades de conservação para a preservação daquela fauna. “Não menos importante, temos avaliado a utilização de metodologias não-invasivas para estudar peixes de riacho. Tais metodologias permitem determinar a composição de espécies desses ambientes, sem a necessidade do uso de técnicas de captura. Técnicas tradicionais de captura podem incorrer em perturbações no ambiente durante as coletas, alterações no comportamento das espécies, ou mesmo provocar injúrias nos indivíduos capturados”, esclarece Andrey.

Até o momento, foram elaboradas três dissertações de mestrado defendidas junto ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFSJ (PGE), que estudaram a ictiofauna da Serra. Outras duas estão em curso, como a tese de doutorado encabeçada por aluna egressa da UFSJ, em parceria com pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Biologia Comparada da USP. O LEMI conta ainda com um  grupo de alunos da graduação que auxiliam nas pesquisas em andamento, ao mesmo tempo em que elaboram ou executam seus próprios projetos.

Água doce

De acordo com o professor Andrey, os riachos da Serra de São José apresentam uma relevante ictiofauna de pequeno porte, que contribui para a megadiversidade do Brasil, conhecido por possuir o maior número de espécies de peixes de água doce do planeta. “De modo geral, a sociedade tende a perceber como importantes apenas espécies de peixe de grande porte, com potencial para consumo e exploração econômica. Entretanto, a maioria da nossa megafauna é constituída de peixinhos de pequeno porte que, apesar de muito parecidos fisicamente (e conhecidos como piabas ou lambaris), escondem uma rica variedade de espécies”, destaca o pesquisador. Os “lambaris” que ocorrem em um dado riacho da Serra, não necessariamente são iguais aos que existem em um outro riacho da mesma Serra. “Ao se somar todos aos córregos que drenam a Serra de São José, temos nos deparado com uma importante fatia da diversidade de peixes da nossa região”, explica. 

Aspectos ecológicos

Conhecer a composição dessa ictiofauna se mostra vital para a construção do Plano de Manejo das Unidades de Conservação da Serra de São José, que vai permitir classificar sua importância na preservação da nossa biodiversidade. Os estudos do LEMI têm registrado importantes aspectos ecológicos e comportamentais ainda não bem descritos para as espécies que lá ocorrem. A equipe tem conseguido acompanhar, por exemplo, indivíduos marcados por um período de quase dois anos, e desse modo identificar como os peixes se distribuem pelos trechos de um riacho. Mais importante, ressalta Andrey, é saber como esses indivíduos se movimentam ao longo dos trechos de determinado riacho. “Pode parecer simples nadar de um lado para o outro em um riacho, mas vale lembrar que muitos trechos são separados por quedas d’águas verticais e com grandes desníveis, que funcionam como potenciais obstáculos para essa movimentação.”

O uso das técnicas de filmagem tem permitido também registrar e cuidadosamente estimar diversos comportamentos dessas espécies nunca observados no ambiente natural, como os comportamentos de predação de um predador bastante conhecido, a traíra. “Temos registros de alta qualidade de momentos de predação, algo muito raro, mas fascinante. Tais registros propiciam não só identificar as presas dessa espécie, como as estratégias de captura por ela utilizadas”, afirma.

Metodologia e observação

Um aspecto importante nos estudos ictiofaunísticos da UFSJ na Serra de São José tem sido o uso de métodos não-letais para a obtenção de dados sobre os peixes. Um dos métodos avaliados durante a dissertação da mestranda Nathalia Melo, defendida em 2018, foi o uso de censos visuais. Por esse método, o pesquisador mergulha nos riachos e faz registros de imagens das espécies estudadas.


Outro procedimento que se destaca como inovador, segundo Andrey, é o uso de BRUVs para determinar a composição da ictiofauna (quais espécies ocorrem no riacho e em que quantidade). O termo BRUV vem do inglês Baited Remote Underwater Video e significa estações de vídeos remotos subaquáticos e iscados. Essa metodologia vem sendo utilizada em ambientes marinhos, mas pouco explorada em ambientes ribeirinhos brasileiros. Com essa técnica, o pesquisador distribui estações de vídeo ao longo dos trechos do riacho, a fim de captar o registro das espécies de peixes ali presentes. Dessa forma, é possível identificar as espécies que ocorrem nesses trechos, sua abundância e os diferentes tipos de comportamento, raramente conhecidos em estudos com técnicas tradicionais de coleta (redes, peneiras e armadilhas). Os vídeos registrados desde 2016 permitem o monitoramento das espécies de peixes da Serra de São José e de suas flutuações populacionais.

Recentemente, os pesquisadores passaram a utilizar marcas subcutâneas coloridas para auxiliar na identificação da movimentação dos peixes. Assim, o peixe é capturado uma única vez, anestesiado para a implantação da marca e liberado. Em cada localidade e período os peixes recebem uma marca com cores diferentes, implantadas em partes diferentes do corpo. Os registros pelas BRUVs dos peixes “tatuados” possibilitam saber se esses animais permanecem em um mesmo local do riacho ou se movimentam. Esse estudo teve início em 2021, e até hoje registram animais marcados nas primeiras campanhas, indicando a ausência de impacto da marca sobre os peixes.

Outro avanço nessa pesquisa é a utilização das “stereo BRUVs”, que têm duas câmeras que gravam em paralelo, favorecendo análises tridimensionais das imagens que, em consequência, trazem informações mais precisas sobre o tamanho dos peixes e sua orientação espacial.

Megadiversidade

O Brasil é o país da megadiversidade de peixes. Sempre que se fala sobre isso, pensamos em locais como a Amazônia, o Pantanal ou outros biomas incríveis de nosso país. Entretanto, de acordo o professor Andrey, é importante lembrar que uma boa parte dessa diversidade de espécies não está apenas em áreas remotas desses importantes biomas, mas sim em nosso quintal. “Nossa região é conhecida como Campo das Vertentes porque daqui vertem tributários de importantes bacias hidrográficas brasileiras, como as do Alto Paraná, do São Francisco e Bacias do Leste. Cada riacho na nossa região está contribuindo para uma dessas bacias hidrográficas. Do mesmo modo, as espécies lá presentes contribuem para nossa megadiversidade, que nos dá muito orgulho, mas demanda intensa proteção.”

Os ambientes de riachos são frágeis, não sustentam as massivas alterações que nós, humanos, impomos a eles. Em vários momentos, os pesquisadores eram abordados por visitantes na Serra, espantados com o fato de estarem estudando peixes de riachos. “Mas aqui não tem peixe, só tem lambari!”

A preocupação com os riachos da região, enfatiza o coordenador do LEMI, deveria se sustentar igualmente na necessidade de se proteger aquilo que não reconhecemos como comercialmente relevante, caso das diversas espécies de “lambaris”. “Cada espécie importa, independente do seu tamanho. Cada e todo riacho importa. Ao passar por uma ponte, saiba que ali debaixo corre um riacho precisando da sua ajuda e uma fauna clamando por proteção.” 

Equipe

Quem são e o que estudam os pesquisadores do LEMI na Serra de São José:

Coordenador – Professor Andrey Castro (DCNAT)
Doutoranda – Nathalia Melo (Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal da USP-Ribeirão Preto), pesquisa os Padrões de distribuição, uso do habitat e movimentação de espécies de riachos nas drenagens da Serra de São José

Mestrandos – Sarah Fonseca (Programa de Pós-Graduação em Ecologia/Instituto Estadual de Floresta) investiga o Uso de BRUVs para avaliar a importância das Unidades de Conservação da Serra de São José para a proteção de peixes de riacho; Kessin Cabral  (Programa de Pós-Graduação em Ecologia) examina o Uso de stereo-BRUVs para avaliar a estrutura da população do lambari dentudo, Oligosarcus paranensis, em um riacho da Serra de São José; e Johnny Pierre (Programa de Pós-Graduação em Ecologia/intercambista do Haiti) analisa Uso de stereo-BRUV para avaliar os padrões de distribuição espacial do lambari-limão (Hyphesobrycon bifasciatus), em um riacho da Serra de São José.

UFSJ desenvolve projeto de conservação de peixes em um mais importantes refúgios naturais de MG

Motivo de polêmica recente, a Serra de São José é um dos mais importantes refúgios naturais da região do Campo das Vertentes. Desde 2016, uma equipe de pesquisadores do Laboratório de Ecologia Molecular e Ictiologia da UFSJ (LEMI) investiga a ecologia e conservação de peixes de riachos altitudinais e de cabeceiras. O Laboratório é coordenado pelo professor Andrey Castro (DCNAT) e a equipe desenvolve também outra linha de pesquisa, sobre os impactos na ictiofauna, pela construção de hidroelétricas e geração de energia.

Na Serra de São José, o LEMI estuda o conjunto de peixes existentes nos riachos das duas Unidades de Conservação da Serra do local: a APA da Serra de São José e a Refúgio de Vida Silvestre Libélulas da Serra de São José. O objetivo é identificar as espécies de peixes que ocorrem nos diferentes córregos, avaliando diferentes aspectos ecológicos – como as variações altitudinais na distribuição, o efeito de eventos como chuvas torrenciais, cabeças-d’água e períodos de estiagem – que influem na distribuição das espécies, padrões de movimentação e uso do hábitat pelas mesmas, além de analisar a efetividade das unidades de conservação para a preservação daquela fauna. “Não menos importante, temos avaliado a utilização de metodologias não-invasivas para estudar peixes de riacho. Tais metodologias permitem determinar a composição de espécies desses ambientes, sem a necessidade do uso de técnicas de captura. Técnicas tradicionais de captura podem incorrer em perturbações no ambiente durante as coletas, alterações no comportamento das espécies, ou mesmo provocar injúrias nos indivíduos capturados”, esclarece Andrey.

Até o momento, foram elaboradas três dissertações de mestrado defendidas junto ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFSJ (PGE), que estudaram a ictiofauna da Serra. Outras duas estão em curso, como a tese de doutorado encabeçada por aluna egressa da UFSJ, em parceria com pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Biologia Comparada da USP. O LEMI conta ainda com um  grupo de alunos da graduação que auxiliam nas pesquisas em andamento, ao mesmo tempo em que elaboram ou executam seus próprios projetos.

Água doce

De acordo com o professor Andrey, os riachos da Serra de São José apresentam uma relevante ictiofauna de pequeno porte, que contribui para a megadiversidade do Brasil, conhecido por possuir o maior número de espécies de peixes de água doce do planeta. “De modo geral, a sociedade tende a perceber como importantes apenas espécies de peixe de grande porte, com potencial para consumo e exploração econômica. Entretanto, a maioria da nossa megafauna é constituída de peixinhos de pequeno porte que, apesar de muito parecidos fisicamente (e conhecidos como piabas ou lambaris), escondem uma rica variedade de espécies”, destaca o pesquisador. Os “lambaris” que ocorrem em um dado riacho da Serra, não necessariamente são iguais aos que existem em um outro riacho da mesma Serra. “Ao se somar todos aos córregos que drenam a Serra de São José, temos nos deparado com uma importante fatia da diversidade de peixes da nossa região”, explica. 

Aspectos ecológicos

Conhecer a composição dessa ictiofauna se mostra vital para a construção do Plano de Manejo das Unidades de Conservação da Serra de São José, que vai permitir classificar sua importância na preservação da nossa biodiversidade. Os estudos do LEMI têm registrado importantes aspectos ecológicos e comportamentais ainda não bem descritos para as espécies que lá ocorrem. A equipe tem conseguido acompanhar, por exemplo, indivíduos marcados por um período de quase dois anos, e desse modo identificar como os peixes se distribuem pelos trechos de um riacho. Mais importante, ressalta Andrey, é saber como esses indivíduos se movimentam ao longo dos trechos de determinado riacho. “Pode parecer simples nadar de um lado para o outro em um riacho, mas vale lembrar que muitos trechos são separados por quedas d’águas verticais e com grandes desníveis, que funcionam como potenciais obstáculos para essa movimentação.”

O uso das técnicas de filmagem tem permitido também registrar e cuidadosamente estimar diversos comportamentos dessas espécies nunca observados no ambiente natural, como os comportamentos de predação de um predador bastante conhecido, a traíra. “Temos registros de alta qualidade de momentos de predação, algo muito raro, mas fascinante. Tais registros propiciam não só identificar as presas dessa espécie, como as estratégias de captura por ela utilizadas”, afirma.

Metodologia e observação

Um aspecto importante nos estudos ictiofaunísticos da UFSJ na Serra de São José tem sido o uso de métodos não-letais para a obtenção de dados sobre os peixes. Um dos métodos avaliados durante a dissertação da mestranda Nathalia Melo, defendida em 2018, foi o uso de censos visuais. Por esse método, o pesquisador mergulha nos riachos e faz registros de imagens das espécies estudadas.


Outro procedimento que se destaca como inovador, segundo Andrey, é o uso de BRUVs para determinar a composição da ictiofauna (quais espécies ocorrem no riacho e em que quantidade). O termo BRUV vem do inglês Baited Remote Underwater Video e significa estações de vídeos remotos subaquáticos e iscados. Essa metodologia vem sendo utilizada em ambientes marinhos, mas pouco explorada em ambientes ribeirinhos brasileiros. Com essa técnica, o pesquisador distribui estações de vídeo ao longo dos trechos do riacho, a fim de captar o registro das espécies de peixes ali presentes. Dessa forma, é possível identificar as espécies que ocorrem nesses trechos, sua abundância e os diferentes tipos de comportamento, raramente conhecidos em estudos com técnicas tradicionais de coleta (redes, peneiras e armadilhas). Os vídeos registrados desde 2016 permitem o monitoramento das espécies de peixes da Serra de São José e de suas flutuações populacionais.

Recentemente, os pesquisadores passaram a utilizar marcas subcutâneas coloridas para auxiliar na identificação da movimentação dos peixes. Assim, o peixe é capturado uma única vez, anestesiado para a implantação da marca e liberado. Em cada localidade e período os peixes recebem uma marca com cores diferentes, implantadas em partes diferentes do corpo. Os registros pelas BRUVs dos peixes “tatuados” possibilitam saber se esses animais permanecem em um mesmo local do riacho ou se movimentam. Esse estudo teve início em 2021, e até hoje registram animais marcados nas primeiras campanhas, indicando a ausência de impacto da marca sobre os peixes.

Outro avanço nessa pesquisa é a utilização das “stereo BRUVs”, que têm duas câmeras que gravam em paralelo, favorecendo análises tridimensionais das imagens que, em consequência, trazem informações mais precisas sobre o tamanho dos peixes e sua orientação espacial.

Megadiversidade

O Brasil é o país da megadiversidade de peixes. Sempre que se fala sobre isso, pensamos em locais como a Amazônia, o Pantanal ou outros biomas incríveis de nosso país. Entretanto, de acordo o professor Andrey, é importante lembrar que uma boa parte dessa diversidade de espécies não está apenas em áreas remotas desses importantes biomas, mas sim em nosso quintal. “Nossa região é conhecida como Campo das Vertentes porque daqui vertem tributários de importantes bacias hidrográficas brasileiras, como as do Alto Paraná, do São Francisco e Bacias do Leste. Cada riacho na nossa região está contribuindo para uma dessas bacias hidrográficas. Do mesmo modo, as espécies lá presentes contribuem para nossa megadiversidade, que nos dá muito orgulho, mas demanda intensa proteção.”

Os ambientes de riachos são frágeis, não sustentam as massivas alterações que nós, humanos, impomos a eles. Em vários momentos, os pesquisadores eram abordados por visitantes na Serra, espantados com o fato de estarem estudando peixes de riachos. “Mas aqui não tem peixe, só tem lambari!”

A preocupação com os riachos da região, enfatiza o coordenador do LEMI, deveria se sustentar igualmente na necessidade de se proteger aquilo que não reconhecemos como comercialmente relevante, caso das diversas espécies de “lambaris”. “Cada espécie importa, independente do seu tamanho. Cada e todo riacho importa. Ao passar por uma ponte, saiba que ali debaixo corre um riacho precisando da sua ajuda e uma fauna clamando por proteção.” 

Equipe

Quem são e o que estudam os pesquisadores do LEMI na Serra de São José:

Coordenador – Professor Andrey Castro (DCNAT)
Doutoranda – Nathalia Melo (Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal da USP-Ribeirão Preto), pesquisa os Padrões de distribuição, uso do habitat e movimentação de espécies de riachos nas drenagens da Serra de São José

Mestrandos – Sarah Fonseca (Programa de Pós-Graduação em Ecologia/Instituto Estadual de Floresta) investiga o Uso de BRUVs para avaliar a importância das Unidades de Conservação da Serra de São José para a proteção de peixes de riacho; Kessin Cabral  (Programa de Pós-Graduação em Ecologia) examina o Uso de stereo-BRUVs para avaliar a estrutura da população do lambari dentudo, Oligosarcus paranensis, em um riacho da Serra de São José; e Johnny Pierre (Programa de Pós-Graduação em Ecologia/intercambista do Haiti) analisa Uso de stereo-BRUV para avaliar os padrões de distribuição espacial do lambari-limão (Hyphesobrycon bifasciatus), em um riacho da Serra de São José.

Ato reivindica o tombamento federal da Serra de São José

10 de junho de 2023 – Movimento Salve a Serra de São José, em Tiradentes (MG) Tombamento Federal já! Foi uma manhã linda e memorável, com a presença da ARTE e dos integrantes do movimento ambiental da região. Contamos com a participação da Batucada das Minas, Banda Ramalho, Congado de Nossa Senhora do Rosário e Escrava Anastácia, Grupo de Escoteiro Porto Real – Santa Cruz de Minas, Teatro de Bonecos Companhia de Inventos, Equipe de Corredores Tirarunners, Pernas de Paus – Lucas e Benvinda, Oficina de Teatro Entre & Vista. Estiveram presentes os representantes da Prefeitura de Tiradentes, Instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes, Instituto Cultural Biblioteca do Ó, Instituto Cayapiá, Conselho Municipal de Políticas Culturais e Patrimônio, Centro Cultural Yves Alves, ainda pesquisadores, admiradores da serra vindos das cidades vizinhas, tiradentinos e turistas. Todos vocês contribuíram para o sucesso da nossa caminhada do Movimento Salve a Serra de São José. Agora, estaremos atentos e na vigilância pela proteção da nossa amada Serra de São José, até a aprovação do seu tombamento federal. Gratidão a todos, Aline Garcia, Marisol Jotta e Luiz Cruz.

Fotos e texto: Luiz Cruz/ Foto: Kati Lombardi

Moção de apoio à preservação da Serra de São José e da Serra do Lenheiro

O Conselho Universitário da Universidade Federal de São João del-Rei (CONSU/UFSJ), reunido na tarde de 5 de junho de 2023, vem manifestar preocupação e repudiar a tentativa de privatização de parte da Serra de São José, por meio de leilão da área conhecida como área de mangue, ocorrido no último dia 22 de maio de 2023 e suspenso no último momento por liminar concedida à Prefeitura Municipal de Tiradentes.

A Serra de São José, que está no entorno da cidade de Tiradentes e se estende a outros municípios, como Santa Cruz de Minas, São João del-Rei, Prados e Coronel Xavier Chaves, é parte importante de um bioma que compreende também a Serra do Lenheiro. Esse conjunto possui interesse biológico, arqueológico, geomorfológico, entre outros. Faz parte do patrimônio histórico, natural e turístico da região. Há populações, localizadas nos municípios vizinhos, que podem ter sua vida diretamente afetada por qualquer alteração nesse bioma, área também de mananciais.

O CONSU apoia ainda a criação de grupos de trabalho, visando à criação de Observatório do Meio-Ambiente, de caráter multidisciplinar, a ser composta por professores, pesquisadores, técnicos e outras pessoas interessadas na preservação do meio-ambiente. É desta forma que a UFSJ se propõe a dar sua contribuição ao Dia Mundial do Meio-Ambiente, celebrado na data de hoje.

Tiradentes: após pressão popular, área ambiental na Serra de São José não será mais leiloada

Uma área de dez hectares, equivalente a 100 mil metros quadrados ou dez campos de futebol, na Serra de São José corria o risco de ser vendida para uma mineradora e empresas interessadas em construir resorts e hotéis no local. A área liga as cidades de Santa Cruz de Minas e Tiradentes, na Região do Campo das Vertentes. 

Diante da pressão popular contra o leilão, a Prefeitura de Tiradentes, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e o Instituto Estadual de Florestas (IEF) entraram em um acordo para que não aconteça mais a venda da área. O acordo foi firmado na tarde desta quarta-feira (31/5), segundo o conforme o secretário de Governo da Prefeitura de Tiradentes, Rogério de Almeida.

O pregão já havia sido iniciado, na segunda-feira (22/5), com três lances de empresas interessadas, chegando ao valor de R$ 131.321,26. Os nomes delas não foram divulgados. 

Mas, na terça-feira (23/5), o Tribunal de Justiça de Minas Gerais suspendeu por 30 dias a realização do leilão, que agora foi barrado definitivamente.

Os principais atrativos para turistas, pesquisadores, praticantes de esportes e até para os moradores da região são as cachoeiras do Bom Despacho e do Mangue. Além da paisagem natural e propícia para esportes radicais, o terreno tem vestígios arqueológicos e muita biodiversidade, sendo a Serra considerada como o “berço das libélulas”.

Abraço simbólico em Tiradentes

Mesmo com a decisão que impede o leilão da área, aproveitando a ocasião do feriado de Corpus Christi, no sábado (8/6), quando a cidade recebe muitos turistas, o Fórum dos Trabalhadores da Cultura de Tiradentes vai promover um cortejo para o abraço simbólico, com o objetivo de pedir agora o tombamento federal da Serra de São José. De acordo com Aline Garcia, integrante do Fórum, é preciso, ainda, reforçar a proteção da serra, caminhar com o tombamento e fazer o plano de manejo. “Essa é a luta que segue”,  diz.

A concentração do cortejo será às 10h, em frente à Igreja da Matriz. Às 11h, está programada a saída em direção à praça principal da cidade, no Largo das Forras. Os manifestantes podem levar cartazes, faixas e estandartes. 

Haverá apresentações artísticas com a Banda Ramalho, o Congado Nossa Senhora do Rosário e Escrava Anastácia e o Batucada das Minas. Além disso, o evento recebe a oficina de teatro Entre & Vista, o teatro Casa de Boneco (Companhia de Inventos), o grupo Teatro da Pedra e os Pernas de Pau Lucas e Benvinda.

Parte de serra, cartão-postal de Tiradentes, pode ser leiloada para mineração; ato pela preservação acontece no domingo (28)

A Justiça suspendeu por 30 dias o leilão de um terreno de quase 10 hectares dentro de uma Área de Preservação Ambiental (APA) repleta de cachoeiras, represas e animais silvestres, na serra de São José, que emoldura a cidade de Tiradentes, na região do Campo das Vertentes. O pregão, que estava marcado para acontecer na última segunda-feira (22 de maio) a pedido do Instituto Estadual de Florestas (IEF), chegou a receber propostas de pouco mais de R$ 120 mil de uma mineradora e de empresas interessadas em construir resorts e hotéis no local.

A situação foi descoberta pelo professor, historiador e ambientalista da cidade Luiz Cruz, de 74 anos. Após receber ligações de pessoas interessadas no leilão da área, ele denunciou que a venda estava prestes a acontecer à Prefeitura de Tiradentes, que acabou se mobilizando e conseguiu impedir na Justiça a venda do local. Segundo ele, a região conhecida como “Mangue” foi adquirida anos atrás pela Sociedade Amigos de Tiradentes (SAT), porém, em 2009, um incêndio atingiu o local e a entidade acabou sendo multada pelo IEF e denunciada pelo Ministério Público (MPMG).

“A sociedade foi autuada, mas não recorreu, não pagou, e o processo foi correndo na Justiça. Quando eu descobri, o leilão judicial já estava prestes a acontecer. Essa é uma área muito importante para a recreação da população, para o turismo, mas, também, para a preservação da biodiversidade. Ali existe uma grande concentração de libélulas, espécie que inclusive dá nome ao Refúgio Estadual da Serra de São José, do próprio IEF”, detalhou o ambientalista.

Segundo Cruz, uma das pessoas interessadas no terreno, inclusive, teria entrado em contato com ele e falado que, se adquirisse o local, pretendia “fechar tudo”, uma vez que se tornaria uma área privada. “Se isso acontece, a cidade perderia uma área muito rica e com relação à nossa memória, à afetividade dos moradores. É uma questão muito importante”, completou o ambientalista.

O Governo de Minas e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) foram procurados, mas, até a publicação da matéria, ainda não haviam explicado o porquê de o IEF ter autorizado o leilão de um terreno em uma APA.

Manifestação

No próximo domingo (28), ambientalistas e a população da região vão às ruas pela preservação da área ambiental. O Movimento SOS MANGUE (PARTE DA SERRA DE SÃO JOSÉ), repudiou os planos de leiloar a Cachoeira do Mangue para uma iniciativa privada, com o objetivo de transformá-la em uma pedreira.

“A Cachoeira do Mangue é um patrimônio natural de valor inestimável. Sua beleza cênica, suas águas cristalinas e sua biodiversidade exuberante são fontes de encantamento e um refúgio para a fauna e a flora locais. Entendemos que a preservação desse tesouro é de responsabilidade coletiva e um compromisso inegociável com as gerações presentes e futuras.

Diante disso, solicitamos veementemente que as autoridades competentes intervenham e tomem as medidas necessárias para garantir a proteção e a preservação da Cachoeira do Mangue. Exigimos a revogação imediata do plano de leilão e a adoção de ações concretas para a conservação desse importante ecossistema”.

Como signatários deste abaixo-assinado, pedimos:

  • A realização de estudos ambientais abrangentes para avaliar os impactos que a exploração da pedreira teria sobre a Cachoeira do Mangue, considerando a biodiversidade, a qualidade da água, a paisagem e outros fatores relevantes.
  • A criação de uma área de proteção ambiental ou de um parque natural que inclua a Cachoeira do Mangue, com medidas de preservação efetivas e um plano de manejo sustentável.
  • A destinação de recursos para a fiscalização e monitoramento contínuo do local, a fim de garantir a aplicação das medidas de proteção e prevenir qualquer atividade prejudicial ao ecossistema.
  • O engajamento da comunidade local, das organizações não governamentais e dos especialistas em meio ambiente na tomada de decisões relacionadas à Cachoeira do Mangue, de forma a garantir transparência, participação e diálogo constante.
  • O fortalecimento da educação ambiental, por meio de campanhas de conscientização e programas educativos, para promover a importância da conservação da natureza e da valorização de nossos recursos naturais.

about

Be informed with the hottest news from all over the world! We monitor what is happenning every day and every minute. Read and enjoy our articles and news and explore this world with Powedris!

Instagram
© 2019 – Powedris. Made by Crocoblock.