29 de março de 2024 10:04

20ª Mostra de Cinema de Tiradentes

Entre os dias 20 e 28 de janeiro, a cidade histórica mineira se transforma no centro do audiovisual brasileiro,  celebra a diversidade e a presença da mulher na produção nacional, exibe
longas e curtas inéditos e promove mesas de debate, shows e lançamentos de livros

A Mostra de Cinema de Tiradentes celebra duas décadas de história, de 20 a 28 de janeiro, e reúne todas as manifestações da arte numa programação abrangente e gratuita. Exibe de 108 filmes brasileiros em pré-estreias nacionais, realiza o 20º Seminário do Cinema Brasileiro que inclui debates, mesas temáticas, diálogos audiovisuais e a série Encontro com a Crítica, o diretor e o público, promove 10 oficinas com oferta de 240 vagas, a Mostrinha de Cinema para o público infantojuvenil, exposições, cortejo da arte e atrações artísticas, beneficiando um público estimado em mais de 35 mil pessoas.

 “A Mostra de Cinema de Tiradentes celebra seus 20 anos como principal fonte de inovação e projeção do cinema brasileiro no país. No decorrer de sua trajetória, testemunhou o surgimento de uma nova geração de realizadores e favoreceu a visão de conjunto. Permitiu visualizar novos rumos, cresceu e renovou-se. A cada edição, imprime sua identidade e faz proposições consolidando-se como um espaço enriquecedor de exibição e discussão do cinema brasileiro contemporâneo, que a tornou única e desejada”, registra Raquel Hallak, diretora da Universo Produção e coordenadora da Mostra Tiradentes.

ABERTURA E HOMENAGENS

A cidade histórica de Tiradentes recebe a instalação de três espaços de exibição: Cine-Tenda, Cine-Teatro e Cine-Praça e abre a programação, no dia 20, às 21h, no Cine-Tenda prestando homenagens às atrizes, produtoras e diretoras Helena Ignez e Leandra Leal, duas das mais importantes intérpretes e criadoras do audiovisual brasileiro nos últimos anos, que receberão o Troféu Barroco. Na sequência, será exibido o documentário Divinas Divas, estreia de Leandra Leal na direção. O tributo se estende ao longo do fim de semana, com a exibição dos filmes da Mostra Homenagem e o debate “O percurso de Helena Ignez e Leandra Leal”, que vai reunir as duas no centro de um bate-papo com a plateia, críticos e pesquisadores convidados. O encerramento será no dia 28, com exibição do filme mineiro A Cidade onde Envelheço, de Marília Rocha.

A temática central da Mostra em 2017 é “Cinema em Reação, Cinema em Reinvenção”. A proposta, desenvolvida pelo curador Cleber Eduardo, é colocar em debate um cinema que reage a seu espaço e a seu tempo histórico. O mote foi a efervescência social e política ao longo de 2016, no intuito de estimular uma reflexão sobre as maneiras como o cinema e a arte se movem neste contexto. “A discussão a se propor é que a reação aos recentes acontecimentos políticos ou sociais, através do cinema, só terá força se o cinema for colocado como carro-chefe, e não como palanque, megafone, hashtag ou militância”, diz o curador. “Se a militância estiver à frente dos filmes, o efeito será limitado. Para um cinema verdadeiramente político, a estética deve estar ao lado ou à frente do político”, diz o curador.

 O BRASIL NAS TELAS DE TIRADENTES

A programação da 20ª Mostra de Cinema de Tiradentes exibirá 108 filmes – sendo 34 longas, dois médias,  e 72 curtas-metragens, oriundos de 13 Estados do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Pernambuco, Paraná, Maranhão, Espírito Santo, Distrito Federal, Goiás, Paraíba, Bahia e Rio Grande do Sul. A seleção de longas está dividida em nove mostras temáticas (Aurora, Homenagem, Olhos Livres, Cinema em Reação, Horizonte, Praça, Bendita, Sessão-Debate e Mostrinha), enquanto a de curtas está em dez seções (Foco, Panorama, Homenagem, Praça, Cena Mineira, Cena Regional, Experimentos, Formação, Jovem e Mostrinha).

O curador de longas, Cléber Eduardo, conta que boa parte dos filmes parte de reações do cinema ao atual estado das coisas no Brasil, em aspectos políticos e sociais, e também seguem caminhos de risco e ousadia no trato com a estética. Uma marca inédita deste ano é a de longas dirigidos por mulheres: entre os 29 novos títulos selecionados, 12 são de realizadoras, 41% dos selecionados. A força feminina no audiovisual será reconhecida com o Troféu Helena Ignez, criado este ano e que será entregue durante a Mostra a alguma profissional que tenha se destacado em qualquer área na feitura de algum dos filmes em exibição.

Chegando à sua 10ª edição, a Mostra Aurora – dedicada a novos realizadores que proponham novas formas de estética – conta com sete participantes a serem avaliados pelo Júri da Crítica. O ganhador leva o Troféu Barroco e prêmios de parceiros do evento. Estão na programação: “Baronesa” (MG), de Juliana Antunes; “Corpo Delito” (CE), de Pedro Rocha; “Eu não Sou Daqui” (MG), de Luiz Felipe Fernandes e Alexandre Baxter; “Histórias que nosso Cinema (não) Contava” (SP), de Fernanda Pessoa; “Sem Raiz” (SP), de Renan Rovida; “Subybaya” (MG), de Leo Pyrata; e “Um Filme de Cinema” (SP), de Thiago B. Mendonça.

Para refletir sobre a primeira década da Aurora e o impacto da mostra no cenário do cinema brasileiro independente, acontece, durante o evento, a mesa “Mostra Aurora 10 Anos: Percurso e Reflexão”, com a presença de diretores cujos filmes foram premiados. Entre eles Allan Ribeiro (“Mais do que Eu Possa me Reconhecer”, 2015), Adirley Queirós (“A Cidade é uma Só?”, 2012), Pedro Diógenes (“Estrada para Ythaca”, 2010), Tiago B. Mendonça (“Jovens Infelizes ou um Homem que Grita não é um Urso que Dança”, 2016) e Tiago Mata Machado (“Os Residentes”, 2011).

Nos curtas-metragens deste ano, a curadoria ficou a cargo de Francis Vogner, Pedro Maciel Guimarães e Lila Foster.  Uma novidade em 2017 é a mostra Experimentos, que reúne filmes com novas proposições nas relações entre som e imagem, casos de A propósito de Willer, de Priscyla Bettim e Renato Coelho (SP); Confidente, de Karen Akerman e Miguel Seabra Lopes (RJ); Gozo/Gozar, de Luiz Rosemberg Filho (RJ); e Sem Título # 3: E para que Poetas em Tempo de Pobreza?, de Carlos Adriano (SP).

Para Lila Foster, integrante da curadoria, o experimental chamou atenção no processo de seleção. “Teve uma quantidade expressiva de filmes com essas propostas e um desejo potente de tomar o cinema como arte autorreferencial e em ligação direta com o trabalho de poetas literários e cinematográficos”, diz ela. “A experiência com os aspectos plásticos e o registro do mundo natural condensaram um olhar para a matéria-prima do mundo artístico e da natureza, ressaltando que nossos olhos e ouvidos precisam existir, antes de tudo, de forma livre”.

 DEBATES, ENCONTROS E OFICINAS

No centro dos debates do 20º Seminário do Cinema Brasileiro estão mais de 60 profissionais do audiovisual – críticos, jornalistas, pesquisadores, cineastas, professores e curadores para reflexões sobre a programação de filmes, políticas e estéticas do audiovisual brasileiro.  O Seminário acontece no Cine-Teatro do Centro Cultural Yves Alves Sesiminas e inclui os debates da série “Encontros com Diretor, Crítica e Público”, em que um profissional convidado apresenta sua visão sobre determinado filme exibido na Mostra, o realizador comenta seu trabalho e a plateia participa com perguntas e observações. Compõem as mesas os longas das mostras Aurora, Olhos Livres, Horizontes e os curtas da Mostra Foco. Já a temática central do evento, Cinema em Reação, Cinema em Reinvenção, será refletida em duas mesas dedicadas a analisar dois aspectos principais: “Questões de representatividade e proposta estética” e “Circulação e Visibilidade”.

Para além dos filmes e encontros, a Mostra Tiradentes promove temporada intensa de ações culturais, entre elas 10 oficinas com 240 vagas (como direção e atuação, noções de montagem e edição, trilha sonora e realização em curta digital), exposições, lançamentos de livros, cortejos, teatro de rua, performances audiovisuais e intervenções artísticas, para públicos diversos e de todas as idades.

CINEMA (ARTE) DE REAÇÃO

 A temática “Cinema em reação, Cinema em reinvenção”, proposta para esta edição, também estará refletida no palco do SESC Cine Lounge – espaço interativo instalado no Complexo de Tendas que promove o encontro de todas as artes com o cinema. O espaço ganha uma programação que vai privilegiar o trabalho autoral e independente a partir de uma proposta curatorial desenvolvida pela equipe do Sesc, que assina a parceria cultural do evento.

A curadoria artística definiu quatro temas para nortear a escolha das atrações desta edição – a Identidade como processo, o Território como matéria-prima (em detrimento da representação), a Arte entre a política e a micropolítica e a Hibridização de linguagens. As apresentações acontecem no Sesc Cine Lounge e no Largo das Fôrras (praça principal da cidade).

Performances, Vídeo-arte, intervenções artísticas, rodas de conversa representam o momento atual da produção artística contemporânea e mostram como os artistas têm reagido a este momento. O público poderá conferir a atuação dos artistas e grupos “As Bahias e a Cozinha Mineira”, “Constantina”, “Djalma Não Entende de Política”, “Siba”, “Coutto Orchestra”, “Barulhista”, “Opavivará”, “Miro Soares”, “David Maurity”.

O tradicional “Cortejo das Artes”, que acontece no dia 21, sábado, às 16h30, com saída da Igreja do Rosário, irá percorrer as ruas de Tiradentes com inúmeras atrações ligadas à cultura popular e tradicional, desde congados e folias de reis, passando por blocos carnavalescos e envolvendo palhaçaria, teatro de rua, bonecos, entre outros.

Destaque para os blocos “Samba do Queixinho” e “Corte Devassa”; para os bonecos do Mestre Quati; para a Guarda de Congo N. Sra do Rosário; para a Associação Casa do Tesouro (grupo de dança afro); e para a Banda Ramalho. Nos dias 23 e 28, a animação fica por conta dos grupos de teatro de rua “Cia Circunstância” e “Maria Cutia”.

Nas telas do Sesc Cine Lounge, o coletivo #eufaçoaMOSTRA exibe a cobertura do evento realizada em mídias móveis com produção de conteúdos audiovisuais interativos e instantâneos que integram a Campanha #eufaçoaMOSTRA. Os microvídeos deste ano serão realizados pela Macaca Filmes e coordenados pelo videomaker Luis Bocchino.

Uma novidade desta edição é a participação da artista “Criola”, conhecida por seu trabalho engajado em favor do empoderamento da mulher negra brasileira, possui grafites pelas ruas de diversas cidades no mundo, revelando formas e cores que remontam à ancestralidade da cultura africana. Dentro do “Projeto Parede”, que o Sesc leva à programação de Tiradentes este ano, Criola irá realizar um “work in process” aberto à apreciação do público durante os dias do festival, ao lado do Sesc Cine Lounge.

TODA PROGRAMAÇÃO É OFERECIDA GRATUITA AO PÚBLICO.

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