19 de abril de 2024 10:10

Construção de rota alternativa urgente é sugerida por piranguenses e empresário salienta que mineração é a que menos impacta; estudo mostra 400 carretas em 24 horas de diversas empresas

Empresário da ZMM mostrou estudo de tráfego de 400 carretas ao dia oriundas de diversas atividades

inclusive de ferro gusa, oriundas de siderúrgicas de Sete Lagoas e Divinópolis

A Câmara de Piranga sediou uma reunião aberta, marcada por polêmica, sobre os transtornos de caminhões de minério, oriundos da Zona da Mata Mineradora (ZMM). Depois de mais de 3 horas de discussões acaloradas, clima quente e confronto de informações, foi criada uma comissão, formada por lideranças e o poder público para encaminhar propostas para mitigar os impactos no tráfego local, situação que revolta da comunidade local, provocando rachaduras, trazendo perigos e risco o rico patrimônio histórico.

Construção urgente de uma rota alternativa, criação de uma legislação para regulamentar o trânsito, fixando horários e até o peso transportado, foram duas das sugestões pelas quais as lideranças vão se debruçar e colocar em prática.

Lideranças discutiram o tráfego de carretas e seu transtorno e sugeriram rota alternativa/ DIVULGAÇÃO

O Prefeito José Carlos (PV) alertou que a variante pode esbarrar em questões ambientais, desapropriações e deve demorar pelo menos um ano para estar em funcionamento. “Esta é a principal alternativa e temos que fazer”, ponderou o gestor. A cotização do financiamento da obra, que deve custar cerca de R$250 mil e aumentar em mais de 5 km o trajeto, ainda não definido.

Lideranças do Movimento Atingidos por Barragens fizeram uma contextualização da chegada da mineração na região de Teixeiras, perto de Viçosa, e o início das atividades denunciando que as comunidades impactadas sequer foram consultadas em audiências públicas. Eles explicaram que a magnetita, mina explorada pela ZMM, é de alto valor agregado.

Os líderes discorreram que a juíza da cidade Teixeiras suspendeu as atividades da ZMM, através de uma liminar, por “aberrações” no processo de licenciamento. Um morador da região onde está situada a mina da ZMM expôs as agressões ao modo de vida familiar que a empresa provocou e seus impactos nas comunidades. “Ao contrário, os impactos deveriam ser discutidos durante o licenciamento”, indagou.

A favor do progresso

A situação por que a passa a comunidade piranguense foi questionada por lideranças comunitárias, vereadores e por empresários. Elizabeth Silvestre, Presidente da ASCOPI (Associação Comercial e Industrial de Piranga) questionou os danos causados pela ZMM. “Não somos contra o progresso, mas os moradores têm direito ao sossego e tranquilidade. A empresa pode explorar a atividade mais deve respeitar os nossos direitos. O solo das ruas que corta a cidade não é apropriado para o tráfego intenso de carretas. Foi a partir do trânsito das carretas de minério que a situação tomou outra proporção”, afirmou, cobrando que os impactos da frota nas cidades deveriam ser discutidos antes do início das atividades da ZMM.

Empresário alerta que passam quase 400 carretas em Piranga e mineração é menos impactante

Um dos donos da Zona da Mata Mineração, Roberto Emil, fez uma explanação sobre o empreendimento e em diversos momentos foi questionado pelos presentes a reunião. “Estamos aberto ao diálogo e queremos participar das soluções”, assinalou. Ele explicou que a ZMM nasceu para gerar empregos e desenvolvimento para a região e esclareceu que existe uma ação civil pública que questiona o processo de licenciamento.

Representante da ZMM alertou que a mineradora é a que menos impacta no trânsito; setor de ferro gusa usa rota por Piranga para escoar produção/DIVULGAÇÃO

Quanto ao tráfego rodoviário, Roberto explicou que a atividade iniciou há um mês, porém  os impactos no trânsito de Piranga não são exclusivamente de carretas da ZMM. “A cidade tem um tráfego intenso de escoamento de diversos produtos. Não é somente nossa empresa que impacta”, assinalou , informando que as carretas da mineradora trabalham entre 7:00 às 17:00 horas, transportando produto para Joaquim Murtinho.

Ele também antecipou que são em média 30 carretas/dias que passam em Piranga oriundas da ZMM com capacidade de 27 toneladas. Os bitrens e comboio, que representam 65% da produção, usam a BR 040, passando por Barbacena. Roberto também esclareceu que as carretas da ZMM são proibidas de transportar fora do peso e garantiu que não trafegam fora dos horários estipulados.

Ao revelar números do trânsito pesado, Roberto mostrou, através de um estudo realizado pela ZMM, em um espaço de 24 horas, passam quase 400 carretas em média, o que perfaz 17 pesados por hora. “Vejam o tamanho do impacto”, disse. Segundo ele, o principal transtorno vem do setor de ferro gusa, de carretas vindas de siderúrgicas de Sete Lagoas e Divinópolis, e que usam a BR 482, sentido Rio de Janeiro. Roberto apontou que são mais de 40 carretas ao dia, somente de setor guseiro. Ele  afirmou que o impacto do tráfego foi previsto no licenciamento.

Durante a reunião, as lideranças sugeriram que as da ZMM fossem adevisadas para o controle do tráfego.

Vereadores de Lafaiete voltam a cobrar rota alternativa

O impacto das carretas pesadas vem mobilizando as discussões dos vereadores nas sessões do legislativo em Lafaiete. Ontem (5), o parlamentar Fernando Bandeira (PTB) alertou sobre a situação e voltou a cobrar uma solução. O Vereador Divino Pereira (PSL), que sugeriu uma rota alternativa para o tráfego, informou que vai procurar os donos de empresas para que eles possam financiar a obra que iniciará próximo a UNIPAC e chegará a BR 040.

Já o Vereador André Menezes (PP) afirmou a necessidade da via alternativa, desde que não passem por Gagé ou Barreira, bairros já totalmente tomados pelo trânsito de carretas.

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