25 de abril de 2024 05:09

Garimpando – Movimento Liberal de 1842

                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

                                         avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

            Queluz foi o único lugar em que o exército legalista foi derrotado.

Marciano Pereira Brandão, queluziano, teve parte atuante no Movimento de 1842 e foi importante elemento na vitória dos queluzianos

Acervo Pessoal

            26 DE JULHO É UMA DATA IMPORTANTE PARA CONSELHEIRO LAFAIETE!

            Marca a gloriosa atuação de nossa terra no Movimento Liberal de l842, ao qual fez sua adesão com um ofício enviado pela Câmara Municipal da Vila de Queluz ao Governo Interino dos insurgentes, instaurado na cidade de Barbacena, na pessoa de José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, Presidente Interino da Província de Minas Gerais, comunicando a ele que a nossa Câmara, no dia 14 de junho daquele ano, reconhecia o Governo Liberal.

Foram cinco os Membros da Câmara que assinaram o ofício de adesão, dos quais cito alguns dados e, nas pessoas deles, quero homenagear, neste momento, os políticos liberais daquela época em Queluz. São eles: Joaquim Rodrigues Pereira, Joaquim Ferreira da Silva, Gonçalo Ferreira da Fonseca, Joaquim Albino de Almeida e Felisberto Nemésio Nery de Pádua.

Joaquim Rodrigues Pereira nasceu em Queluz em 1798. Era filho do Tenente Felisberto da Costa Ferreira e de sua esposa Dona Eufrásia Maria de Jesus (da família Rodrigues Milagres) e era irmão do Barão de Pouso Alegre, tio do Conselheiro Lafaiete Rodrigues Pereira e casado com Dona Inês Ferreira de Azevedo. Era não só vereador como também Major da Guarda Nacional em Queluz.

De Joaquim Ferreira da Silva faltam ainda referências.

Gonçalo Ferreira da Fonseca era sacerdote. Natural de Prados, nasceu em 1982. Foi Padre Capelão de Olhos D’Água, Município de Prados. Herdou a Fazenda Olhos D’Água, onde, em 1842, o Cônego José Antônio Marinho se refugiou, após o fracasso do Movimento Liberal, e onde escreveu o seu célebre livro sobre esse movimento.

Joaquim Albino de Almeida, meu trisavô, era filho de criação do Guarda-mor Manuel Albino de Almeida. Nasceu em Queluz, em 29 de setembro de 1810, e casou-se com Joana Felizberta de Jesus, filha de Theodósio Alves Cyrino.

Felisberto Nemésio Nery de Pádua, meu tetravô, era um rábula. Como na época havia poucos advogados formados, pessoas que, não possuindo formação acadêmica mas portadoras de grande cultura, podiam fazer um Exame de Suficiência em órgão competente do Poder Judiciário. Com a provisão expedida pelo órgão, tinham autorização para exercerem a profissão de advogados. Felisberto era famoso pela sua inteligência.

               Estendo a homenagem à única mulher que figura na lista dos que fizeram compra antecipada do livro do Cônego Marinho para ajudar na sua publicação: minha tetravó Joana Moreira da Silva Gandra, filha de João Moreira da Silva Gandra e Anna Francisca de Jesus, que se casou com o médico e fazendeiro Doutor Francisco José Perera  Zebral, da Fazenda de Três Barras, próxima a Gagé.

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            Queluz foi o único lugar em que o exército legalista foi derrotado.

Marciano Pereira Brandão, queluziano, teve parte atuante no Movimento de 1842 e foi importante elemento na vitória dos queluzianos, como vou mostrar a seguir.

Acervo pessoal
Na foto acima, uma litografia representando o cenário da batalha final.

Conta o livro do CÔNEGO MARINHO, que participara do conflito, que o capitão MARCIANO BRANDÃO  “aderiu cordialmente ao Movimento e que, com lealdade e zelo, serviu até o último instante”.

Estando Queluz sob o domínio dos Legalistas, o CAPITÃO MARCIANO deu o seu parecer sobre a situação, dizendo que poderia tomar a vila de Queluz. Assim relata o Cônego Marinho, falando a respeito de Marciano:

“Propôs ele, então, que se lhe confiassem duzentos homens (talvez tenham tido dúvida sobre a eficiência do plano porque lhe confiaram apenas 150), com os quais iria, naquela mesma noite, sem que o pressentissem os Legalistas, ocupar as estradas de Ouro Preto, Congonhas e Suaçuí; que no dia seguinte (25  [de julho]) fosse uma das colunas acampar defronte a Vila, na Estrada do Rio de Janeiro, e outra na de Itaverava, as quais deviam ir sucessivamente apertando o cerco até que os Legalistas se concentrassem todos na povoação, caso em que lhes seriam tomadas as fontes e eles, obrigados pela sede, entregar-se-iam à discrição).”

Assim o fizeram. MARCIANO BRANDÃO, EXCELENTE ESTRATEGISTA! Com sua proposta, levou os liberais à vitória. Aliás, QUELUZ foi o único lugar em que as tropas Legalistas foram vencidas, para se ver a importância do fato. Ao amanhecer do dia 26 de julho (data que deve ser comemorada em nossa cidade), a tropa legalista, com lenços brancos na ponta das baionetas, entregou-se.

Queluz foi o único lugar onde os revoltosos foram vencedores. O movimento acabou com a vitória dos legalistas em Santa Luzia.

No livro Caminhos do Cerrado, a Trajetória da Família Brandão, de José Américo Ribeiro, Eduardo Carvalho Brandão e Olímpio Garcia Brandão dizem o seguinte: Versão importante dos acontecimentos é a do historiador José da Silva Brandão, confirmando o êxodo da família Pereira Brandão para a Serra do Salitre.

 […] os revoltosos perderam a batalha e a guerra, e foram presos em Santa Luzia o vigário Joaquim Camillo de Brito, capitão Pedro Teixeira de Carvalho, padre Manoel Dias do Couto Guimarães, Francisco Ferreira Paes, coronel João Teixeira de Carvalho, Theófilo Benedito Otoni, Dr. Joaquim Antônio Fernandes de Leão, Mariano José Bernardes e centenas de outros insurretos.

VEJAM QUE IMPORTANTE E GRANDIOSO ESTE TRECHO DO LIVRO QUE ESTAMOS FOCALIZANDO! Vou transcrever a conversa que o Barão de Caxias (depois Duque de Caxias) teve com o capitão Marciano Pereira Brandão e com o capitão Bento Leite, de acordo com o relatado no excelente livro “Caminhos do Cerrado, a Trajetória da Família Brandão”. Daquela conversa resultou o seguinte, também relatado no citado livro:

 Levados às presença do Barão de Caxias o capitão Marciano Pereira Brandão e o capitão Bento Leite,disse-lhes o Barão de Caxias: Homens como os senhores não devem, não vão e não os prenderei. São vencedores e a Pátria reclama por homens valorosos. Como a lei tem de ser obedecida, ordeno que os senhores embrenhem pelo mato, mas presos nunca.

 Mais outro trecho significativo do mesmo autor, que acrescenta valor ao espírito liberal dos queluzianos que, mesmo tendo que sofrer consequências em suas vidas e nas vidas de suas famílias, deram sua CONTRIBUIÇÃO PARA A COLONIZAÇÃO E PROGRESSO DA PROVÍNCIA, COM AQUELA MIIGRAÇÃO A QUE SE VIRAM FORÇADOS:

Naquele mesmo dia retiraram-se para lugar seguro e organizaram a mudança para o sertão. Aconteceu que o capitão Marciano Pereira Brandão moravam em Queluz; dentro de duas semanas saíram 47 carros de boi, 356 animais de tropa; 647 reses e animais de pequeno e grande porte, com um séquito de 38 famílias, compostas de 127 mulheres,158 homens; 49 crianças de 0 a 18 anos; e 59 escravos.

Viajaram abrindo caminhos, atravessando rios. À frente seguiram grupos que roçavam matos, faziam plantações e ficavam abarracados durante o tempo das chuvas, para sair e andar nos meses secos.

De Queluz até onde está hoje a Serra do Salitre foram oito anos de marcha […] – ficaram, defintivamente nas proximidades da povoação de Nossa Senhora Sant’Anna da Barra do Espírito Santo, então município da vila de Patrocínio.

                Também, pelas datas, deduz-se que os problemas com o Movimento de 1842 tenha provocado a mudança destas famílias:

            A região Campo das Vertentes contribuiu para a colonização da Zona da Mata no século XIX. Para lá migraram as experientes e abastadas famílias Junqueira, Ribeiro e Resende. O major Joaquim Vieira da Silva Pinto, nascido em Conselheiro Lafaiete, em 1804, chegou a Cataguases em 1842 onde é hoje o distrito de Sereno e fundou ai a Fazenda da Glória. O coronel José Vieira de Resente e Silva, nascido em Lagoa dourada, em 1829, fundou e construiu a Fazenda do Rochedo, no município de Cataguases. É atribuída ao Coronel Vieira a iniciativa de elevação do Curato de Meia Pataca à condição de município. O nome de Catagases foi dado por ele, em homenagem onde nascera em Lagoa Dourada. (SILVA, 1934).a um riacho do mesmo nome, próximo da casa

ESPERO TER DADO UMA VISÃO DA IMPORTÂNCIA DA DATA DE 26 DE JULHO PARA CONSELHEIRO LAFAIETE…

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