25 de abril de 2024 12:03

Garimpando – Uma rua encantada muito especial – 4

 “O presente foge de nós como uma sombra ligeira. Só o passado nos pertence; nele é que verdadeiramente vivemos, No passado se encontram as raízes das nossas afeições; dele procedem as luzes do nosso espírito; dele correm as fontes de sabedoria que nos é dado alcançar na terra.” José dos Santos, ilustre historiador das Minas Gerais:

Avelina Maria Noronha de Almeida

avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

 

Concluindo o estudo dos nossos Índios Carijós, antes de passar enfim, para o estudo da Rua Coronel Albuquerque: nossas raízes que se aprofundam no passado encontram lá os Índios Carijós. No século XVII, uma horda de milhares desses indígenas pertencentes ao grupo lingüístico tupi-guarani, fugindo às hostilidades de outras tribos e à prepotência do homem branco, vinda do litoral, subiu o Vale do Rio Paraibuna, transpôs a Sera do Mar, subiu a Mantiqueira e fixou-se nesta nossa terra.      Diz o historiador mineiro Lúcio Costa que os índios “assentavam suas aldeias à beira d’água, nos sítios mais favoráveis à obtenção de alimentos”. Pelas informações do escritor, podemos deduzir que eles se localizaram na parte baixa da cidade, seguindo a margem do Rio Bananeiras, desde as proximidades de Santa Matilde até além de Gagé e não, como no passado constava, no planalto aqui em frente à Matriz de Nossa Senhora da Conceição, que, além de pequeno para conter tão grande número de índios (uma horda), não estava adequado aos costumes indígenas.

Devemos considerar, também, que as denominações de logradouros feitas na década de 40 observaram as ligações com pessoas residentes nos locais, ali possuidoras de terrenos ou que lembrassem algum fato relacionado com aquele espaço. Na parte alta da cidade só temos nome de índios na Rua Carijós, porque ali residia um remanescente da tribo. Na parte que ladeia o rio, temos: Vila Carijós, Bairro Guarani, ruas Tupinambás, Tabajaras, Aimorés, Jurupis, Tamoios e outras com nomes de tribos indígenas. Na parte alta só existe um logradouro com nome indígena, mas, como vimos em artigo anterior, foi porque o Sr. Francisco Carneiro da Conceição, índio da tribo dos Carijós, residia nas proximidades.

Segundo testemunhas idôneas, foram encontradas cerâmicas indígenas, há muitos anos, quando foi aberta uma rua atrás da Igreja de Santa Terezinha, e também por ocasião das primeiras obras no bairro Paulo VI, mas na época não havia a cultura do resgate de patrimônio e as peças foram jogadas fora.

Em relação à localização da área que, pela minha hipótese, teriam ocupado, bem pequeno é o terreno construído. Há uma imensidão de terra livre margeando o Rio Bananeiras e o leito férreo. Escavações nesses locais poderiam trazer à luz do dia um precioso achado arqueológico e nos trariam muitas informações sobre a cultura e os costumes dos nossos Índios Carijós.

Quando o homem branco tornou-se mais numeroso na região, os Carijós, que, quando chegaram a nossa terra pensaramuaqui chegoutenha durado algum tempoPIS 00 a 1 milhos do Bndo da chegada dos portugueses ao Brasil,  ter encontrado a “Terra Sem Males, viram que a situação feliz se modificara, por isso uns fugiram internando-se nas matas;  foram se afastando em direção aos atuais bairros do Gigante, dos Almeidas, subindo no planalto pelo lado do atual bairro de São João e pelo lado do atual bairro de Santa Efigênia. Embora sejam apenas hipóteses, observe-se que em tais lugares foram encontrados objetos indígenas. Depois foram indo cada vez mais adiante até desaparecerem.

Dos que aqui ficaram, muitos morreram na seca de 1711; ou vitimados pelas doenças dos brancos (para as quais não tinham defesa), pelo uso excessivo da cachaça e mesmo aprisionados para serem escravos, também muitos mortos por brancos que desejavam ficar com suas mulheres, pois a grande maioria dos homens que vinham para as minas não traziam a família, havendo pouquíssimas mulheres brancas em Carijós.

           Pintura de Rugendas, pintor alemão que viajou pelo Brasil de 1822 a 1825 Imagem da Internet
Pintura de Rugendas, pintor alemão que viajou pelo Brasil de 1822 a 1825
Imagem da Internet

Dos gentios, de espírito livre e integrado à natureza, perderam-se os nomes no horizonte enfumaçado dos tempos de antanho. Mas se os Carijós desapareceram como gentios, permaneceram na nova raça forte formada no Campo Alegre dos Carijós pela miscigenação com o branco e com o africano, estando até hoje presentes no sangue que corre nas veias de grande parte dos lafaietenses.

Imagens: Reprodução

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