29 de março de 2024 12:23

Sem consenso: audiência pública vai debater obra da APAC e comunidade do Racho Novo contesta obra

Depois de mais de 3 horas de discussões, em uma reunião ocorrida ontem a noite, dia 6, em alguns momentos em tom inflamado e em outros em meio aos ânimos exaltados, os moradores do Bairro Rancho Novo “bateram o pé” e reafirmaram a intenção contrária a construção do prédio da APAC (Associação de Proteção e Amparado do Condenado) na divisa dos Municípios de Ouro Branco e Lafaiete. A obra está distante pouco menos de 7 km da comunidade, mas gera temor e apreensão entre sitiantes e moradores. A pedra fundamental da futura entidade foi lançada há menos de 30 dias pela prefeitura de Ouro Branco e já conta com a terraplenagem preparada.

Comunidade do Rancho Novo lotou reunião

Os vereadores Sandro José (PSDB) e Pedro Américo (PT), ouvindo o clamor popular, vão propor já na semana que vem a realização de uma audiência pública para discutir o assunto com os setores envolvidos (associação do Rancho Novo, Famocol, Gerdau, APAC, Judiciário, Ministério público e as prefeituras de Ouro Branco e Lafaiete) e propor alternativas de mudança do local.

Uma das principais polêmicas levantadas foi em torno da localização da obra. Os moradores reclamam que a construção deveria ser erguida em solo ouro-branquense. O presidente da Famocol, Wilanderson Alves, tocou no tema propondo a possibilidade de escolha de uma aérea afastada da comunidade do Rancho Novo. “Nós sabemos que a APAC desenvolve um trabalho exemplar, mas não queremos a APAC aqui. Por que não tragam outro benefício para a comunidade? Se a iniciativa é de Ouro Branco por que o prefeito não construa a obra em seu território e não em Lafaiete?”, observou Carlos Fernando, presidente da Associação do Rancho Novo. Ele cobrou transparência nas discussões e participação da comunidade.

Um dos donos de uma área no bairro, o empresário, João Batista, conhecido como Bicão, ponderou que a Gerdau teria a responsabilidade em resolver a polêmica, doando uma outra área a prefeitura de Ouro Branco. “A gente sabe do trabalho de recuperação da APAC, mas queremos que esta obra esteja distante da nossa comunidade. Por que perto da gente e não de Ouro Branco?”, questionou o vice presidente do Bairro, Edimar Felipe.

O ex secretário de Obras, Túlio Dutra, levantou a questão se a obra teria estudo de impacto de vizinhança, conforme exigido pela legislação, e apontou que ela estaria dentro dos limites do Município de Lafaiete. Outros moradores também questionaram a segurança da comunidade ao entorno da APAC.

O outro lado

O representante da APAC, o Major Marco Antônio, respondeu item a item os levantamentos e dúvidas, mas não conseguiu quebrar a resistência da comunidade. Ao ser referir a localização da obra, afirmou que desconhecia o local exato do prédio, se estaria em qual dos dois Municípios. “Nós vamos levantar esta questão e debater com os interessados para uma discussão”, disse.

Major Marco Antônio fez uma defesa do método APAC e disse que obra não trará reflexos negativos

O Major defendeu entusiasticamente a metodologia implantada pela APAC que preza para valorização humana dos recuperandos para trazê-los de volta ao seio da sociedade. Ele citou que dos mais de mais de 740 condenados que passaram pela instituição, menos de 8% não foram recuperados, ao contrário, daqueles que saíram diretamente do presídio ao convívio social, porcentagem de 90% volta a criminalidade. A APAC iniciou seu funcionamento em Lafaiete 1992.

Ele afirmou que a previsão é de que a obra atenda até no máximo 60 recuperandos. “Ela não terá reflexos negativos a comunidade e ao seu entorno. Se não fosse coisa boa não viria para aqui. Esta área foi escolhida porque está perto de uma clínica de recuperação de dependentes químicos podendo desenvolver um trabalho conjunto”, afirmou citando a Clínica Bom Pastor.

O recuperado Araújo prestou um depoimento emocionado dando testemunho vivo de eficácia do método da APAC na reinserção social de um condenado.

Trânsito e MG 129

Outro assunto polêmico foi em torno da falta de segurança e sinalização no trevo do Rancho Novo na MG 129. O representante do DEER, Flávio Oliveira, afirmou que levará o pleito ao órgão e solicitou que a Famocol oficialize a intervenção imediata diante do perigo e crescimento de acidentes no local. Os moradores cobraram uma ação rápida.

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