Energia do futuro: Minas Gerais atrai quase R$ 4 bilhões em investimentos em fontes alternativas

Hidrogênio verde, biodiesel de macaúba e biogás de resíduos são alguns dos projetos em curso que podem colocar o estado na liderança mundial em tecnologia de produção de energias limpas e renováveis 

Minas Gerais é o estado líder em energia solar fotovoltaica no país e um dos melhores locais do mundo para esse modelo de geração. Essa cadeia produtiva está cada vez mais consolidada no estado. Para além, os mineiros já olham para o futuro da geração de energia limpa, e oportunidades de promoção de negócios e geração de empregos verdes. 

Em 2023, o Estado formalizou cerca de R$ 3,9 bilhões em investimentos em projetos relacionados com fontes alternativas de energia, contribuindo para que a atividade estivesse entre os cinco setores com maior volume de investimentos atraídos no ano passado.

Hidrogênio verde, biogás e biodiesel são alguns dos produtos-alvo desses novos investimentos e que devem ganhar espaço no mercado energético mundial nos próximos anos.

Por isso, os projetos têm condições de ampliar a liderança de Minas na geração de energia limpa, gerando empregos e tornando nosso estado um exemplo em sustentabilidade para o mundo.

Projetos promissores

Um dos projetos mais promissores está a pleno vapor em Belo Horizonte. Com mais de 27 anos de história em Minas na fabricação de compressores industriais, a empresa de origem alemã NEUMAN & ESSER está investindo cerca de R$ 70 milhões em uma nova fábrica de equipamentos geradores de hidrogênio verde, a primeira do tipo na América Latina.

“O mundo está se formatando para isso, mas todos ainda estão procurando o caminho. É um mercado que praticamente não existe ainda. Por isso é uma grande oportunidade a ser explorada por Minas Gerais fomentar essa cadeia, gerar empregos e negócios, colocando o Estado e o próprio Brasil em um patamar diferenciado no mundo”, considera Marcelo Veneroso, presidente da NEUMAN & ESSER no Brasil.

As obras para a nova unidade estão em andamento em um terreno ao lado da atual sede. Quando estiver pronta, no segundo semestre de 2024, a fábrica de equipamentos para produção de hidrogênio verde (como eletrolisadores de tipo PEM e alcalino e reformadores de etanol e biometano ou gás natural) vai empregar mais 70 pessoas diretamente, com impacto em mais 350 empregos indiretos.

Mas até que o novo espaço fique pronto, a empresa já atende as primeiras encomendas na estrutura atual.

Para isso, já foram abertas 20 novas vagas de emprego para suprir a demanda.  Uma delas foi ocupada pelo supervisor mecânico Idalécio Silvio dos Santos. Ele foi contratado há 7 meses pela NEUMAN & ESSER depois de já ter passado pela empresa como terceirizado. Ele se mostra agradecido com a oportunidade de trabalhar com tecnologia totalmente nova.

“Comentava com alguns colegas há alguns dias sobre a satisfação em trabalhar em algo inovador como é o hidrogênio verde, uma tecnologia que vai tomar conta do mundo no futuro. É muito gratificante fazer parte disso”, diz.

Combustível do futuro

Mas você sabe o que é o hidrogênio verde e por que ele é considerado o combustível do futuro? O hidrogênio é um gás que pode ser usado em substituição a vários combustíveis fósseis, como os derivados de petróleo e carvão. Por exemplo, ele tem um poder calorífico cerca de três vezes maior que a gasolina, o diesel e o gás natural.

A queima do hidrogênio libera vapor d’água na atmosfera, sem qualquer agressão ao meio ambiente. Por isso, ele é considerado o combustível de maior potencial para a transição energética global e o combate às mudanças climáticas.

O H2 pode ser obtido por diversos meios, mas a maior parte deles é poluente. No entanto, ele também pode ser produzido por meio de um processo físico-químico chamado eletrólise, usando energia elétrica.

Quando o processo de obtenção do hidrogênio é alimentado por fontes renováveis de energia (como solar, eólica ou hidráulica), ele recebe o nome de “hidrogênio verde”. Ele ainda pode ser usado para a produção de amônia, importante fertilizante em larga escala.

Organizações internacionais estimam que o hidrogênio verde seja responsável por cerca de 18% da energia produzida no mundo até 2050, movimentando cerca de US$ 10 trilhões.

Veneroso destaca as grandes vantagens que Minas possui para atrair boa parte dos investimentos nessa nova fonte de energia. “Mais de 95% da nossa energia é de fontes renováveis, temos a indústria que produz e consome o combustível, temos as empresas que fabricam os equipamentos que vão produzir o hidrogênio, e as empresas que fabricam produtos verdes usando hidrogênio e temos capacidade para exportação. Minas pode ter toda a cadeia de hidrogênio dentro do seu território. É um impacto exponencial”, considera.

Energia gerada do lixo

No fim da década de 1980, o  filme “De Volta Para o Futuro” arrancou gargalhadas irônicas dos espectadores nos cinemas de todo o mundo ao mostrar uma máquina do tempo movida a lixo doméstico. Mais de três décadas depois, estamos ainda bem longe de descobrir como visitar passado e futuro. No entanto, transformar lixo em combustível já deixou de ser obra de ficção científica.

É o que planeja a empresa italiana Asja com investimento de R$ 152 milhões na construção de uma usina de biometano em Minas. A fonte? O Aterro Sanitário de Sabará, na Região Metropolitana da capital mineira.

A Asja pretende usar tecnologia de ponta para capturar o gás gerado pela decomposição dos resíduos, tratá-lo e purificá-lo, e deixá-lo com características semelhantes ao gás natural.

Assim, ele poderá ser usado por atuais consumidores do combustível, como em frota de veículos ou em indústrias, sem necessidade de grandes adaptações, com a vantagem de ser altamente eficiente e de baixo impacto ambiental.

“Essa usina que está sendo construída em Sabará é um projeto-piloto. A tecnologia que está sendo implementada em Minas poderá servir de exemplo para todo o país”, afirma o diretor-presidente da Invest Minas, João Paulo Braga.

A planta tem previsão de produzir cerca de 80 mil metros cúbicos de gás natural renovável por dia, e gerar 24 empregos permanentes. Parte da produção será usada para gerar energia elétrica para a usina, tornando a planta autossuficiente.

Avião movido a macaúba

Com mais de 250 mil voos todos os dias no mundo, a aviação é uma das atividades que mais impacta o meio ambiente por meio de queima de combustível.

Pois uma das alternativas para reduzir o impacto das aeronaves pode vir de uma espécie de palmeira que a população do Cerrado mineiro conhece muito bem: a macaúba.

Ela é matéria-prima para obter combustíveis que podem substituir o tradicional diesel e até o querosene de aviação.

Durante a COP-28, realizada em novembro de 2023, em Dubai, a empresa Acelen, que faz parte do grupo investidor Mubadala Investment Company, anunciou o investimento de R$ 125 milhões em um Centro de Inovação e Tecnologia em Montes Claros, no Norte de Minas com foco em desenvolver biocombustíveis por meio da macaúba.

A unidade terá um programa de melhoramento genético, produção de mudas e manejo agronômico, visando a qualidade do produto, a redução dos custos de produção e a expansão do cultivo. Para isso, a empresa já adquiriu um terreno de 150 hectares. O projeto prevê a geração de 260 empregos diretos.

“O Governo de Minas foi o primeiro da América Latina e Caribe a assinar o compromisso da campanha Race To Zero de neutralizar as emissões de gases de efeito estufa até 2050. Ter o domínio de tecnologias como essas coloca o estado em posição de destaque e pronto para contribuir como protagonista com o esforço global para uma economia mais sustentável”, ressalta João Paulo Braga. 

FONTE AGÊNCIA MINAS

Patrimônio líquido de Minas em risco: por que nossas fontes estão secando?

Série de reportagens revela agressões preocupantes a mananciais que ajudam a purificar grandes rios com recursos hídricos de alta qualidade

Santana do Riacho e Jaboticatubas – Um amontoado de rochas cinzentas, forradas por camadas escuras e secas de líquens mortos no fundo de uma garganta foi o que restou de onde corria uma das fontes de água mais límpidas do povoado de Lapinha da Serra, na Serra do Cipó, Região Central de Minas. A paisagem desolada que deixou sem uma gota a Cachoeira da Conversa não é comum, e espantou a comunidade que hoje depende de caminhões-pipa da Prefeitura de Santana do Riacho para seu abastecimento.

É um alerta assustador na região que é uma das fontes da água de melhor qualidade para Minas Gerais, considerada do mais alto grau de pureza, a classe especial. “Nunca vi essa cachoeira assim, sem uma gota de água. Estamos colhendo frutos dos últimos três anos de incêndios que carbonizaram as cabeceiras”, avalia Cristiano Reis, coordenador da brigada voluntária Guardiões da Serra, que atua na localidade.

As águas de classe especial são tidas como fundamentais para manter os ecossistemas equilibrados, servir de berçário de espécies aquáticas, fontes de abastecimento e diluidoras da poluição nos rios em que deságuam. Mas ameaças como as que esgotaram a cachoeira pairam sobre as áreas de recarga, os locais onde a água das chuvas penetram no solo e abastecem as nascentes.

Queimadas, incêndios florestais, desmatamento, mineração, indústrias predatórias e expansão imobiliária inconsciente podem prejudicar essa dinâmica e ameaçam secar as fontes em Minas Gerais, estado que já foi chamado de “caixa d’água do Brasil”, de onde rios abastecidos pelas águas especiais ainda correm para unidades da federação vizinhas: São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Paraná, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.

Para mostrar a situação dessas fontes, a equipe de reportagem do Estado de Minas contou com o auxílio de especialistas como o químico, espeleólogo e ambientalista Luciano Faria. Colaborações fundamentais para identificar não apenas onde se originam, mas o mais importante: as condições das áreas de recarga dos mananciais de classe especial de 88 municípios. Além da classe especial, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) enquadra a pureza das águas de classe 1 a classe 4, a última tão poluída que serve quase apenas para a navegação (confira infográfico na página ao lado).

Cruzamento de dados indica quadro de alerta

Para levantar dados sobre a qualidade do patrimônio líquido de Minas foram necessários cruzamentos de informações do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e de comitês de bacias hidrográficas, além de mapeamento por satélites de queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e de perda de cobertura florestal da organização não-governamental Global Forest Watch.

Entre 2018 e 2022, no período da estiagem em Minas (abril a outubro), os 88 municípios mapeados que detêm águas de qualidade especial apresentaram 3.029 focos de incêndios, sendo que somente no ano de 2022 foram 30 cidades superando o número médio de focos do período anterior.

A área de recarga de mananciais de classe especial pesquisada foi de 466.889 hectares (ha) – mais de duas vezes o Parque Nacional da Serra da Canastra (197,8 mil ha) –, o que corresponde a 0,8% do estado (58 milhões de ha). O levantamento de 2018 a 2022 apontou 3.024 hectares de perdas de cobertura de árvores, um espaço um pouco menor que o Parque Nacional da Tijuca (3.958 ha), no Rio de Janeiro, sendo 549 ha (18%) só em 2022.

“Ao proteger as áreas de recarga, se permite um fluxo constante da água da chuva até mesmo na estiagem, já que esse recurso hídrico penetra e se armazena no subsolo. A área de recarga é o espaço de solo e rochas por onde a água penetra para alimentar o lençol freático, posteriormente aflorando como uma nascente ou alimentando diretamente outro manancial”, afirma o químico, espeleólogo e ambientalista Luciano Faria.

“A legislação brasileira considera que a classe especial seja a melhor qualidade de águas, dependendo de tratamento simples e não convencional para se beber. Os trechos de rios, córregos e mananciais de águas especiais são extremamente importantes para a biota aquática (conjunto de seres vivos que povoam as águas)”, detalha o geógrafo Antoniel Fernandes, professor dos departamentos de Geografia e Biologia da PUC Minas. “É muito falado que Minas Gerais é considerado a caixa d’água do Brasil. O estado é um grande fornecedor para outras unidades da federação, e o somatório da qualidade dessas fontes resultará nas condições desses mananciais”, alerta.

FONTE ESTADO DE MINAS

Patrimônio líquido de Minas em risco: por que nossas fontes estão secando?

Série de reportagens revela agressões preocupantes a mananciais que ajudam a purificar grandes rios com recursos hídricos de alta qualidade

Santana do Riacho e Jaboticatubas – Um amontoado de rochas cinzentas, forradas por camadas escuras e secas de líquens mortos no fundo de uma garganta foi o que restou de onde corria uma das fontes de água mais límpidas do povoado de Lapinha da Serra, na Serra do Cipó, Região Central de Minas. A paisagem desolada que deixou sem uma gota a Cachoeira da Conversa não é comum, e espantou a comunidade que hoje depende de caminhões-pipa da Prefeitura de Santana do Riacho para seu abastecimento.

É um alerta assustador na região que é uma das fontes da água de melhor qualidade para Minas Gerais, considerada do mais alto grau de pureza, a classe especial. “Nunca vi essa cachoeira assim, sem uma gota de água. Estamos colhendo frutos dos últimos três anos de incêndios que carbonizaram as cabeceiras”, avalia Cristiano Reis, coordenador da brigada voluntária Guardiões da Serra, que atua na localidade.

As águas de classe especial são tidas como fundamentais para manter os ecossistemas equilibrados, servir de berçário de espécies aquáticas, fontes de abastecimento e diluidoras da poluição nos rios em que deságuam. Mas ameaças como as que esgotaram a cachoeira pairam sobre as áreas de recarga, os locais onde a água das chuvas penetram no solo e abastecem as nascentes.

Queimadas, incêndios florestais, desmatamento, mineração, indústrias predatórias e expansão imobiliária inconsciente podem prejudicar essa dinâmica e ameaçam secar as fontes em Minas Gerais, estado que já foi chamado de “caixa d’água do Brasil”, de onde rios abastecidos pelas águas especiais ainda correm para unidades da federação vizinhas: São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Paraná, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.

Para mostrar a situação dessas fontes, a equipe de reportagem do Estado de Minas contou com o auxílio de especialistas como o químico, espeleólogo e ambientalista Luciano Faria. Colaborações fundamentais para identificar não apenas onde se originam, mas o mais importante: as condições das áreas de recarga dos mananciais de classe especial de 88 municípios. Além da classe especial, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) enquadra a pureza das águas de classe 1 a classe 4, a última tão poluída que serve quase apenas para a navegação (confira infográfico na página ao lado).

Cruzamento de dados indica quadro de alerta

Para levantar dados sobre a qualidade do patrimônio líquido de Minas foram necessários cruzamentos de informações do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e de comitês de bacias hidrográficas, além de mapeamento por satélites de queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e de perda de cobertura florestal da organização não-governamental Global Forest Watch.

Entre 2018 e 2022, no período da estiagem em Minas (abril a outubro), os 88 municípios mapeados que detêm águas de qualidade especial apresentaram 3.029 focos de incêndios, sendo que somente no ano de 2022 foram 30 cidades superando o número médio de focos do período anterior.

A área de recarga de mananciais de classe especial pesquisada foi de 466.889 hectares (ha) – mais de duas vezes o Parque Nacional da Serra da Canastra (197,8 mil ha) –, o que corresponde a 0,8% do estado (58 milhões de ha). O levantamento de 2018 a 2022 apontou 3.024 hectares de perdas de cobertura de árvores, um espaço um pouco menor que o Parque Nacional da Tijuca (3.958 ha), no Rio de Janeiro, sendo 549 ha (18%) só em 2022.

“Ao proteger as áreas de recarga, se permite um fluxo constante da água da chuva até mesmo na estiagem, já que esse recurso hídrico penetra e se armazena no subsolo. A área de recarga é o espaço de solo e rochas por onde a água penetra para alimentar o lençol freático, posteriormente aflorando como uma nascente ou alimentando diretamente outro manancial”, afirma o químico, espeleólogo e ambientalista Luciano Faria.

“A legislação brasileira considera que a classe especial seja a melhor qualidade de águas, dependendo de tratamento simples e não convencional para se beber. Os trechos de rios, córregos e mananciais de águas especiais são extremamente importantes para a biota aquática (conjunto de seres vivos que povoam as águas)”, detalha o geógrafo Antoniel Fernandes, professor dos departamentos de Geografia e Biologia da PUC Minas. “É muito falado que Minas Gerais é considerado a caixa d’água do Brasil. O estado é um grande fornecedor para outras unidades da federação, e o somatório da qualidade dessas fontes resultará nas condições desses mananciais”, alerta.

FONTE ESTADO DE MINAS

about

Be informed with the hottest news from all over the world! We monitor what is happenning every day and every minute. Read and enjoy our articles and news and explore this world with Powedris!

Instagram
© 2019 – Powedris. Made by Crocoblock.