Cidade da região decreta situação de calamidade por nova onda de COVID-19

Com o decreto, prefeitura pode contratar profissionais para suprir a necessidade do sistema público de saúde e também consegue a abertura de crédito suplementar

A prefeitura de São João del-Rei, na Região do Campo das Vertentes, Minas Gerais, decretou estado de calamidade pública por causa do aumento no número de casos de COVID-19 na cidade histórica mineira.  No decreto assinado pelo prefeito Nivaldo Andrade (PSL) e publicado no Diário Oficial dessa quarta-feira (14/12), o chefe do Executivo explica que a cidade está com defasagem de profissionais para atendimento aos pacientes infectados pelo coronavírus.

“Considerando o Ofício nº 269A/2022 advindo da UPA, relatando o aumento de casos de COVID-19 que estão sendo atendidos e defasagem de profissionais”, informou o decreto.  Segundo o decreto 10.237, a cidade de São João del-Rei teve 637 casos confirmados da doença entre 22/11 e 06/12 e que, por isso, há a “necessidade de ações emergenciais” para o combate à doença para “conter essa nova onda de casos” de COVID-19. O texto pode ser lido aqui.

Com o decreto de calamidade pública, a prefeitura pode contratar profissionais para suprir a necessidade do sistema público de saúde e também consegue a abertura de crédito suplementar para a “execução das despesas oriundas das medidas de enfrentamento”.  O decreto foi enviado para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para que seja reconhecido pelos deputados estaduais.

A reportagem do Estado de Minas entrou em contato com a prefeitura para saber qual o tamanho da defasagem de profissionais na cidade e se há uma atualização mais recente de casos confirmados da doença. No entanto, até o fechamento da matéria, as perguntas não foram respondidas.

FONTE ESTADO DE MINAS

4ª onda de covid: o que explica alta de casos no Brasil

Em pouco mais de um mês, o país registrou uma alta de 78,3% nos registros de novos casos. Em 26 de abril, os dados mostravam uma média móvel de 14.600 novos diagnósticos nos últimos sete dias. Já em 31 de maio, o número saltou para 26.032.

“Estamos observando esse processo desde metade de abril, mas com um ritmo maior agora. É o início de uma quarta onda, mas felizmente ainda não se compara ao que o Brasil já passou”, diz Fernando Spilki, virologista e coordenador da Rede Corona-Ômica do MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações), que monitora e sequencia o genoma do vírus circulante no país.

A presença de variantes com alta transmissibilidade, o relaxamento de medidas preventivas e a redução da imunidade contra a covid-19 meses após a vacinação são fatores que explicam o aumento de casos. Ao mesmo tempo, com a vacinação avançada, casos não têm mesma gravidade de ondas anteriores.

O boletim epidemiológico da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) divulgado na quinta-feira (26/5) aponta que quase metade dos registros de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) foi decorrente da covid-19 no período entre 15 e 21 de maio.

De acordo com dados do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), mais de 40 mil brasileiros foram diagnosticados com covid-19 nas últimas 24 horas. O número, no entanto, pode ser bem maior, segundo especialistas.

“Estamos enfrentando a quarta onda com um processo inédito. Nunca tivemos uma qualidade tão ruim de dados em termos de número de casos registrados. Testa-se e registra-se muito pouco. Além disso, com a possibilidade de autoteste, para evitar burocracias, vários acabam não registrando. Nunca navegamos tão às escuras”, aponta Spilki.

O que explica aumento de casos

Na avaliação de Spilki, há diferentes fatores envolvidos. Entre eles, está a falta de iniciativa — tanto pública quanto individual – para tentar evitar infecções. “Muita gente parou de usar máscara, inclusive em ambientes fechados, então ficamos expostos à elevação de casos.”

A médica Vera Rufeisen, infectologista do Vera Cruz Hospital, lembra também que a taxa de proteção das vacinas sofre uma queda alguns meses após a imunização. No entanto, os imunizantes contra a covid-19 continuam a funcionar para aquilo que eles foram desenvolvidos: a prevenção de casos mais graves da doença, que causam hospitalização e morte.

“Além disso, nós não temos imunidade completa contra todas as variantes, e pela mudança de estação, as pessoas, já cansadas de usar máscara, tendem a ficar mais confinadas, em ambientes fechados.”

Outro ponto, bastante estudado por Spilki é a presença de variantes com alta transmissibilidade no território brasileiro, como a ômicron.

“Variantes da ômicron, como a BA.2, associada a ondas na Europa, estão circulando em alguns locais, assim como a BA.2.12.1, que não está completamente espalhada em território nacional, mas já pode ser encontrada em alguns nichos e também é responsável por onda fora do país, nos EUA. Fora essas, temos ainda as recombinantes como a ‘XQ’, uma mistura da variante BA.1.1 E BA.2”, explica Spilki.

Essas variantes, de acordo com o especialista, geram preocupação pela capacidade de disseminação. “Elas facilitam o caminho para um processo de maior transmissão. Não esperamos ‘chuva de mortes’, como aconteceu antes, mas fica o alerta.”

Por que há menos casos graves atualmente

Apesar da forte alta de novos casos, a média móvel de óbitos não tem passado de 200 mortes por semana, de acordo com dados do CONASS — um número expressivamente menor do que os índices observados antes da disponibilização dos imunizantes.

“Nesse contexto, felizmente temos a vacinação. Não tanto em relação de transmissão, que é algo que a vacina não impede, mas sim mas para casos graves e óbitos — algo que o imunizante é capaz de evitar muito bem”, afirma Spilki.

Não há estudos recentes que analisem o perfil dos pacientes que vieram a óbito pela covid-19 nos últimos meses, mas pesquisas feitas em diferentes partes do mundo mostram que quem recebeu o esquema completo de imunização tem 20 vezes menos chance de morrer pela doença.

É por isso que o Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz aponta como preocupante a estagnação no crescimento da cobertura vacinal na população adulta, além da desaceleração da curva de cobertura de terceira dose, especialmente pela adesão substancialmente menor de adultos à aplicação da dose de reforço.

“As vacinas e o alívio do sistema de saúde têm contribuído para a redução da letalidade no Brasil e em diversos outros países que alcançaram altas coberturas de vacinação. Importante reconhecer, portanto, que a ampliação da vacinação, priorizando especialmente regiões com baixa cobertura e doses de reforço em grupos populacionais mais vulneráveis, pode reduzir ainda mais os impactos da pandemia sobre a mortalidade e as internações”, diz o documento. Spilki defende que agora “temos que lidar com a pandemia com as ferramentas disponíveis”.

“É hora de definir estratégias de combate daquilo que o imunizante não consegue conferir, ou seja, diminuir a transmissão. Ninguém mais fala no Brasil em grandes lockdowns, em cancelamento de eventos ou atividades, mas precisaria repensar se a medida de remover máscaras foi correta. Sabemos que a exposição prolongada de um indivíduo ao outro é a principal forma de transmissão, então por que não usar máscaras?”, diz.

A infectologista do Vera Cruz Hospital reforça que, por mais cansadas que as pessoas estejam, é importante manter medidas de precaução.

“O que devemos pedir é que as pessoas voltem a evitar aglomeração, não chegar perto das pessoas e sempre usarem máscaras em ambientes fechados. Caso apresentem algum sintoma respiratório, se ausentem do trabalho, testem e fiquem isoladas para que a gente interrompa a cadeia de transmissão do vírus”, recomenda Vera Rufeisen.

  • BBC News Brasil

Brasil precisa se preparar para nova onda de Covid, alerta OMS

Europa e América do Norte enfrentam aumento do número de casos da doença simultaneamente ao avanço da variante Ômicron

Nesta quarta-feira (29), a OMS (Organização Mundial da Saúde) alertou o Brasil sobre uma nova onda de casos de Covid-19 no país. O diretor de operações da entidade, Mike Ryan, destacou a situação que a Europa e os EUA enfrentam com a chegada da variante Ômicron do novo coronavírus.

“Provavelmente vamos continuar a ter ondas de transmissão em todo o mundo, e a América do Sul e o Brasil não são exceções”, disse Ryan.

Mike afirmou que o país teve duas grandes ondas de Covid-19 por um longo período, situação que sobrecarregou o sistema de saúde e fez hospitais ficarem lotados. Ele ressaltou a importância da vacinação para estabilizar a situação.

O diretor da entidade também cobrou das autoridades locais, estaduais e federais um trabalho conjunto de preparação para uma nova onda de casos.

“Todos os países enfrentaram esses momentos [de hospitais lotados] nesta pandemia. […] É realmente necessário que haja trabalho conjunto das autoridades estaduais e federais, engajamento das comunidades e divulgação da eficácia das vacinas”, explica Ryan.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou que o rápido avanço da Ômicron deve ser combatido com vacinas e políticas públicas de saúde.

“A Ômicron está se movendo rapidamente. Não só a vacinação, mas também as medidas de saúde pública são necessárias para conter a onda de infecção, proteger os profissionais e o sistema de saúde, abrir as sociedades e manter as crianças na escola.”

Tedros comparou a circulação mútua da Ômicron e da Delta a um tsunâmi. “Estou extremamente preocupado com a possibilidade de que a Ômicron, sendo mais transmissível e circulando ao mesmo tempo que a Delta, esteja causando um ‘tsunâmi’ de casos.”

Na segunda-feira (27), o mundo ultrapassou pela primeira vez a marca de 1 milhão de casos diários identificados. O aumento foi capitaneado pelos Estados Unidos, Reino Unido e Espanha.

FONTE NOTICIAS R7

RETORNO do auxílio emergencial pode acontecer em novo surto da Covid-19

Os planos do Governo Federal acerca do auxílio emergencial podem ser alterados. Isso porque, uma nova ameaça já está se dissipando no mundo. Trata-se da variante do coronavírus chamada Ômicron, detectada nas últimas semanas.

Como ocorreu na segunda da onda da pandemia no país, o Ministério da Economia pode criar uma nova PEC de Guerra, caso a nova cepa se espalhe pelo Brasil. Com a proposta, é possível que haja uma nova prorrogação do Auxílio Emergencial.

Normalmente o texto prevê que recursos fora do teto de gastos sejam utilizados para o financiamento de um programa, como é o caso da PEC dos Precatórios, que caso aprovada viabilizará mensalidades de R$ 400 por meio do Auxílio Brasil.

Caso a PEC do Orçamento de Guerra seja sancionada, terá vigência equivalente ao período em que for decretado o estado de calamidade pública. Quando foi adotada em 2020, impulsionou a implementação de várias outras medidas frente a pandemia.

Dentre elas, o redirecionamento dos gastos necessários para o combate à Covid-19 do Orçamento Geral da União (OGU), contratação de serviços temporários, compras de produtos e insumos necessários e realização de obras.

O Auxílio Emergencial será prorrogado?

Vale salientar que para tornar a prorrogação do coronavoucher possível algumas expectativas do Governo Federal precisam ser anuladas, a destacar a aprovação da PEC dos Precatórios. A medida visa criar espaço no Orçamento da União de 2022 liberando recursos para o financiamento do Auxílio Brasil.

O novo programa social está substituindo o Bolsa Família. Com o dinheiro dos precatórios será possível que o presidente da república, Jair Bolsonaro, cumpra sua promessa de viabilizar mensalidades médias no valor de R$ 400 para cerca de 17 milhões de famílias em situação de vulnerabilidade.

Diante disso, somente se os planos para o Auxílio Brasil derem errado, o Governo deverá editar uma nova Medida Provisória para liberar mais uma rodada do Auxílio Emergencial. Todavia, apoiadores de Bolsonaro pressionam o chefe do Executivo a conceder uma nova prorrogação.

Isso porque, 2022 é ano eleitoral e o presidente da república pode ser mal visto considerando as mais de 20 milhões de pessoas desamparadas economicamente. Contudo, para saber mais sobre esse caso é preciso estar atendo as informações das próximas semanas.

FONTE NOTICIAS CONCURSOS

OMS diz que mundo entra na 4ª onda da Covid e alerta para o carnaval

A diretora-geral assistente da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Acesso a Medicamentos, Mariângela Simão, afirmou que o mundo está entrando em uma quarta onda de casos de Covid-19 e que, apesar dos dados atualmente positivos, o Brasil não pode relaxar no controle da doença. A mobilização em torno do carnaval é um dos pontos de preocupação apontados pela diretora.

Nesta terça-feira, reportagem que apontou que ao menos 43 cidades de SP cancelaram o carnaval em 2022 por conta da pandemia. As prefeituras temem uma nova onda de Covid. Na capital paulista, a gestão municipal manteve o cronograma e quer criar um comitê com Recife, Salvador, Rio de Janeiro e Belo Horizonte para tomar decisões de forma conjunta.

A diretora da OMS citou o carnaval no Brasil enquanto analisava quais devem ser as estratégias globais no atual momento da pandemia. Ela ressaltou, entre outros pontos, que o momento exige políticas públicas baseadas em evidências científicas. Mariângela disse que é preciso apoiar “reaberturas seguras”, com gerenciamento de risco adaptado a cada contexto local. E foi nesta avaliação que a diretora fez o alerta sobre sua preocupação com a folia nas cidades brasileiras.

O debate sobre a realização do carnaval ocorre no momento em que o Brasil vê a curva de casos e mortes em queda, e países da Europa enfrentam o ressurgimento dos casos. Durante sua palestra no Congresso Brasileiro de Epidemiologia, Mariângela Simão afirmou que é visível a “ressurgência de casos de Covid-19 na Europa”.

“Tivemos nas últimas 24 horas mais de 440 mil novos casos confirmados. E os dados cumulativos são 255 milhões de casos e 5,1 milhões de óbitos. E é claro que isso reflete uma enorme subnotificação em vários continentes. O mundo está entrando em uma quarta onda, mas as regiões têm tido um comportamento diferente em relação à pandemia”, disse Mariângela.

Fonte: G1

COVID: 500 mil podem morrer em nova onda da doença na Europa, diz OMS

A Organização Mundial da Saúde se disse ‘muito preocupada’ com aumento de casos de infecção pelo coronavírus em vários países da Europa

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que está “muito preocupada” com o aumento de casos de covid-19 na Europa, que vive uma nova onda de infecções pelo coronavírus.

Em entrevista à BBC, Hans Kluge, diretor regional da OMS, disse que 500 mil novas mortes podem ocorrer até março, se medidas urgentes não forem adotadas.

Kluge disse que exigir uso de máscara, por exemplo, produziria um efeito imediato em conter as infecções. O alerta da OMS chega num momento em que vários países vivenciam recordes em taxas de infecção. Alguns estão introduzindo lockdowns totais ou parciais.

Kluge diz que uma série de fatores está por trás da nova onda de covid, como a chegada do inverno, cobertura vacinal insuficiente e a prevalência da variante Delta na Europa, que é mais transmissível. Ele defendeu aumentar o ritmo de vacinação, adotar medidas básicas de saúde pública e introduzir novos tratamentos para ajudar a combater mortes pela doença.

“A covid-19 se tornou novamente a principal causa de morte na nossa região”, disse ele à BBC. “Sabemos o que precisa ser feito (para combater a doença).”

Vacina deve ser obrigatória?

Cresce em países europeus a discussão sobre medidas para tornar vacina obrigatória ou aumentar restrições a não vacinados(foto: Reuters)

Kluge disse que medidas para tornar a vacinação contra covid compulsória devem ser vistas como “último recurso”, mas defendeu que é o momento de haver “um debate legal e social” sobre o assunto.

“Antes disso há outras meios, como o passaporte de vacinação”, disse. Para o diretor da OMS, o ‘passaporte’ de vacinação “não é uma restrição à liberdade, mas sim um intrumento para mantermos a liberdade individual”.

A Áustria se tornou na sexta (19) o primeiro país europeu a anunciar que a vacinação contra a covid se tornará uma exigência legal. As novas regras entram em vigor em fevereiro.

O anúncio, feito em conjunto com o início de um novo lockdown, é uma resposta ao recorde de infecções e à baixa taxa de vacinação.

Vários outros países europeus estão impondo medidas de contenção diante do aumento de casos de covid. E nações como República Tcheca e Eslováquia anunciaram restrições a pessoas não vacinadas.

Na noite de sexta para sábado, protestos violentos ocorreram em Roterdã, na Holanda, contra novas medidas de restrição anunciadas pelo governo, entre elas um banimento a fogos de artifício no Ano Novo.

Já o ministro da Saúde da Alemanha, Jens Spahn, descreveu a situação em seu país como uma “emergência nacional” e se recusou a descartar a possibilidade de um novo lockdown.

No Reino Unido, por sua vez, foi registrado um recorde de 44.242 na sexta (19). O governo tem consistentemente dito que não planeja anunciar um novo lockdown, mas admitiu que novas medidas contra a covid podem ser adotadas para proteger o NHS- o serviço de saúde público do país.

O chamado plano B inclui a apresentação obrigatória de passaportes da vacina em alguns locais fechados, uso obrigatório de máscara e recomendação para as pessoas trabalhem de casa.

FONTE ESTADO DE MINAS

Brasil pode ter nova onda de covid entre abril e setembro de 2022

Projeções são do Grupo de Pesquisa Interdisciplinar Ação Covid-19 e levam em conta queda da imunidade vacinal ao longo do tempo

Mesmo com o avanço da vacinação contra a covid-19 neste ano, o Brasil pode voltar a ter um novo pico de infecções e mortes pela doença em 2022, segundo projeções feitas pelo Grupo de Pesquisa Interdisciplinar Ação Covid-19.

O estudo, intitulado Possíveis cenários da pandemia no Brasil sob diferentes durações de proteção vacinal, leva em conta a taxa média de proteção das vacinas aplicadas no país contra casos sintomáticos da doença — CoronaVac (50%), Janssen (66%), AstraZeneca (76%) e Pfizer (95%) — e uma eventual queda do nível dos anticorpos conferidos por elas em dois cenários: após 12 e 18 meses.

A campanha de imunização começou no Brasil em 17 de janeiro, com profissionais de saúde, seguidos de idosos.

Os pesquisadores incluíram variáveis que podem fazer com que um novo surto impacte mais uma região do que outra. Para isto, criaram o IPC (Índice de Proteção Covid-19), que sumariza e diferencia a desigualdade social em diferentes localidades.

Outros parâmetros incluem a taxa de vacinação de cada estado ou cidade, nível de isolamento social e densidade demográfica, por exemplo.

O grupo concluiu que, sem uma revacinação no começo ano que vem, existe risco de um novo surto de covid-19 no país entre abril e setembro, a depender da duração da imunidade conferida pelas vacinas.

“Já se observa no país a diminuição das medidas de prevenção, com retorno às atividades comerciais e às aulas presenciais, aglomerações em espaços de lazer, realização de festivais de música e eventos esportivos, o que amplia continuamente o risco de transmissão e surgimento de novas variantes, principalmente em cidades com baixo IPC, alta densidade e polos turísticos como o exemplo hipotético da cidade de Olinda-PE”, alerta o estudo.

A epidemiologista Gerusa Figueiredo, uma das autores do estudo e professora do IMT-USP (Instituto de Medicina Tropical de São Paulo), explica que nenhuma vacina confere 100% de proteção contra a covid-19. Só por este motivo uma parte dos imunizados já está suscetível à infecção em um primeiro momento.

Mas com o passar dos meses, seja após a doença ou a vacinação, há um aumento real do risco de infecção ou reinfecção.

“Parece que as pessoas imunizadas têm uma infecção mais branda, com uma carga viral menor — tem as exceções, como os idosos — e a transmissão dessa maneira também fica menor. A médio prazo e longo prazo é como se isso [incidência] fosse se esmaecendo. Pode ser que algum dia aqui no Brasil não tenha mais a epidemia, mas neste cenário próximo, entre um ano e 18 meses, a gente pode sim ter essas taxas de pessoas infectadas e mortes”, acrescenta a pesquisadora, que também é médica infectologista.

O grupo é categórico ao dizer que a epidemia não vai acabar no Brasil por enquanto.

“Não é hora de decretar o fim da pandemia. É hora de retomar as atividades com o máximo de cuidado possível, monitorando a curva epidêmica”, afirma em comunicado a bióloga Beatriz Carniel, também autora do estudo.

A grande preocupação dos especialistas é que governos estaduais e municipais começam a afrouxar medidas de restrição com um patamar ainda baixo de pessoas completamente vacinadas: menos de 25% dos brasileiros ou um terço dos adultos até esta terça-feira (17).

Para efeito de comparação, os Estados Unidos deram um passo à frente na flexibilização com cerca de 50% da população totalmente imunizada, assim como o Reino Unido.

As flexibilizações no Brasil, salienta Gerusa, criam uma clima de que a vida voltará a ser como era antes da pandemia, o que não é verdade.

“Vai abrir tudo agora. Isso passa uma sensação para as pessoas de normalidade. E as pessoas precisam continuar utilizando máscaras e manter distanciamento.”

A chegada da variante Delta ao Brasil aumenta o temor em relação a novas ondas de infecções, mesmo entre vacinados. A cepa indiana é a que mais escapa da imunização parcial, com apenas uma dose dos imunizantes que requerem duas. 

“As ações dos governos acerca da pandemia e a adoção ou não das medidas individuais e coletivas de prevenção da covid-19 pela população também são fatores significativos no impulsionamento de novos surtos da doença. Este novo contexto social trazido pela presença do coronavírus alterou fundamentalmente o estilo de vida dos cidadãos e passou a exigir um conjunto de novos comportamentos, como o uso de máscaras, a adoção de protocolos de higiene, e a diminuição da vida social presencial”, complementam os autores do estudo.

O grupo não fez uma projeções semelhantes para este ano. No entanto, a professora da IMT-USP destaca que a vacinação recente deve fazer com que não se repita o cenário trágico observado especialmente entre março e abril, quando a variante Gama, identificada inicialmente em Manaus, espalhou-se pelo país.

Dose de reforço

Vacinação no Brasil ainda precisa ser mais homogênea, diz professora

Vacinação no Brasil ainda precisa ser mais homogênea, diz professora

RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Cientistas do mundo todo já têm um consenso de que a covid-19 é uma doença que vai permanecer.

A grande capacidade de mutação do vírus SARS-CoV-2 e a possibilidade de reinfecção tornam a imunidade de rebanho (quando uma determinada taxa cobertura vacinal interrompe a transmissão do patógeno) impossível, segundo o grupo Ação Covid-19.

Com base nesta premissa, é pertinente imaginar, afirma Gerusa, que o mundo inteiro terá que fazer vacinações periódicas contra a covid-19. Mas a questão é: quando?

Estudos internacionais, como um realizado no Chile, já apontam para uma queda da imunidade da CoronaVac seis meses após a segunda dose.

Esta foi a primeira vacina usada no Brasil, principalmente em idosos, que já têm um sistema imunológico mais fragilizado em relação aos jovens e não desenvolvem uma proteção tão robusta. 

“O que a gente colocou no modelo não foi um surto sazonal, foi um surto prevendo que acabe a imunidade. Ficando claro que é isso que vai acontecer, teremos que ter vacinações periódicas para não ter surtos sazonais.”

Os Estados Unidos anunciaram nesta semana a aplicação de uma terceira dose em indivíduos imunodeprimidos.

Mas a epidemiologista diz que esta é uma discussão ainda complicada para o momento no Brasil, onde 41 milhões de adultos não tomaram uma dose sequer até agora e outros 61 milhões precisam tomar a segunda.

“Nós ainda precisamos alcançar uma cobertura vacinal boa e homogênea”, finaliza.

FONTE R7

Variante lambda gera alerta na fronteira com Peru

Alfa, beta, delta, gama e agora lambda. Com uma pandemia mundialmente ainda fora de controle, sempre que surge uma nova variante, como esta última, localizada no Peru, próximo da fronteira com o Brasil, as autoridades sanitárias disparam alertas. Foi o que fez a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) no último 29 de julho. Em apenas 18 dias, uma cidade peruana registrou 82 novos casos da Covid-19. No mês anterior, apenas um caso de contaminação pelo novo coronavírus havia sido registrado.

A variante Lambda (C.37), também conhecida como “cepa andina”, permanece no status “de interesse” pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Significa que a OMS ainda monitora os potenciais impactos, com estudos e sequenciamento para acompanhar sua evolução. Diferente das cepas alfa (B.1.1.7), primeiramente detectada no Reino Unido, da beta (B.1.351), mapeada na África do Sul, da gama (P.1), a que se originou no Brasil, provavelmente no estado do Amazonas, e a hoje mais temida de todas, delta (B.1.617 2 e  AY.1-2-3), que devastou a Índia e já é prevalente em muitos países. Por serem variantes de preocupação, estas estão permanentemente no radar da OMS.

O surto de covid-19 com a cepa lambda ocorreu na cidade peruana de Islândia, localizada na região de fronteira com o município amazonense de Benjamin Constant, na região do Alto Rio Solimões. Ela é considerada responsável pela disparada no número de casos e óbitos do novo coronavírus no Peru. De acordo com a universidade norte-americana Johns Hopkins, que compila dados de Covid-19, o país andino acumula, desde o início da pandemia, 597 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes, quase duas vezes e meia do total de 265 mortes a cada 100 mil brasileiros.

Detectada em agosto de 2020, a nova cepa peruana se espalhou rapidamente até agora para 40 países, principalmente na América Latina, e deixou as autoridades norte-americanas de sobreaviso. O alívio veio dias atrás quando María Von Kerkhove, a líder técnica para covid da OMS, afirmou que não há motivos para incluir a variante lambda na lista das perigosas cepas gama e delta.

Na semana passada, a FVS passou a atuar em Benjamin Constant, junto de especialistas da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). O alerta serviu não só a esse município, mas também aos vizinhos Tabatinga e Atalaia do Norte. “Tem uma equipe da FVS levantando as informações iniciais para poder entender o que foi que aconteceu. Se a gente realmente precisa aumentar o risco para cá, se há possibilidade de aumento (no número) de casos para cá”, enumera o virologista e pesquisador do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), Felipe Naveca.

Técnicos da OPAS em Islândia, Peru (Foto: Diresa Loreto/OPAS)

Nessas situações de atenção redobrada, a vacinação passará a ser reforçada e pode haver até bloqueio na circulação de pessoas que ainda não tenham sido vacinadas. Ao investigar o surto com a variante lambda, a equipe de saúde brasileira quer mapear, em parceria com as autoridades de outros países, se houve aumento de casos também nos municípios do Amazonas. “É importante cruzar essas informações porque é uma área onde as pessoas circulam de um lado para o outro, então os sistemas de saúde precisam conversar melhor”, explica Naveca.

Neste caso, a troca de informações sobre novos casos se dá entre os países da chamada tríplice fronteira: Brasil, Colômbia e Peru. As amostras colhidas em território nacional serão analisadas pela Fiocruz.

O Alto Rio Solimões é área de forte presença de população indígena de várias etnias. No auge da pandemia, o contágio da doença atingiu vários povos e comunidades indígenas. O primeiro caso de Covid-19 entre indígenas foi registrado justamente naquela região, em uma jovem do povo Kokama, um dos mais afetados pela disseminação da Covid-19. Municípios como Atalaia do Norte, que faz fronteira com o Peru, têm indígenas de povos de recente contato e isolados. O deslocamento entre os três países é muito fácil, com a fronteira dividida apenas entre uma rua e outra e entre rios, que atravessam tanto o lado brasileiro quanto o colombiano e o peruano.

Os riscos da cepa lambda

Imagem de microscópio eletrônico de varredura mostra SARS-CoV-2 (partículas redondas de ouro) emergindo da superfície de uma célula cultivada em laboratório (Foto: NIAID)

A variante lambda preocupa, mesmo com a classificação rebaixada pela OMS, porque no Peru a pandemia foi avassaladora. De acordo com Felipe Naveca, a cepa andina não tem muita diferença em termos clínicos das outras mutações, mas o temor é que ela seja mais transmissível, como é a delta.

“Justamente o Peru, por ser um país que foi muito afetado pela Covid-19 e essa variante surgiu lá, a gente precisa reforçar as medidas. Mas ela (lambda) não seria pior, pelo menos não tem nenhuma informação, por exemplo, de que seria pior do que a variante que a gente teve aqui, que foi a gama.”

Para o epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz-Amazônia, as autoridades brasileiras deveriam adotar uma postura mais proativa em relação ao surto na fronteira com a região do Alto Solimões. “Objetivamente, nada de contundente foi feito, exceto envio de pessoal que já vai de rotina para o Alto Solimões. Nem sinal de uma barreira sanitária internacional ou de forte aumento da quase inexistente vigilância laboratorial, mesmo mais de um ano depois do início da pandemia”, critica.

A fala é endossada pelo doutorando do programa de biologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Lucas Ferrante, que alertou para o risco de uma segunda onda da pandemia da Covid-19. “Qualquer nova variante é preocupante. O Brasil se tornou um celeiro de variantes. Não só podemos ter o surgimento de novas cepas que são mais transmissíveis e que fujam à eficácia das vacinas, como também podemos ter a recombinação de diferentes variantes através de um crossing over que acontece dentro das células. Então, diferentes variantes podem se recombinar numa super variante”, adiciona.

O pesquisador também reforça a necessidade do fechamento de fronteira com o município de Benjamin Constant para conter a entrada da variante em território nacional. “A restrição de transportes terrestre, aéreo e fluvial é fundamental. O município tem que ser isolado completamente até que de fato tenham contido e controlado todos os casos. Sem o controle de fronteira desse município não existe possibilidade de fato, de contenção da variante lambda”, explica.

A variante P.1

Sepultamento de vítima da covid no Cemitério Nossa Senhora Aparecida no Tarumã
(Foto: Raphael Alves/Amazônia Real/(01/03/2021)

A incapacidade e a inação das autoridades brasileiras em reagir ao surgimento de uma mutação do novo coronavírus representam um risco em potencial nesta pandemia, que vale para qualquer variante. A P.1 é hoje considerada prevalente em todo país, pois aparece em cerca de 80% das amostras colhidas pelos pesquisadores. De origem conhecida em Manaus, no Amazonas, ela só foi detectada no exterior, quando turistas japoneses voltaram, no fim de 2020, ao Japão e foram testados e isolados imediatamente numa atividade de rotina no aeroporto de Tóquio, lembra Orellana.

O que se seguiu à notícia de uma mutação do coronavírus ocorrida em solo brasileiro, logo batizada de “variante de Manaus”, quando a OMS ainda não utilizava as letras do alfabeto grego para identificar os diferentes Sars-CoV-2, pode ser resumida como uma catástrofe. Não há notícia de uma campanha séria promovida por parte do Ministério da Saúde. Os governos do Amazonas e de Manaus tampouco reagiram. Mas o estado amazonense mergulhou no caos, com as trágicas cenas de mortes por asfixia.

Uma pesquisa da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), publicada na plataforma medRxiv, ainda sem revisão por pares, mostra que a variante gama é mais agressiva e transmissível, mas pode ser contida com  vacinação em massa e lockdown. Sempre que podiam, o governador Wilson Lima (PSC) e o prefeito manauara David Almeida (Avante) defenderam a retomada das atividades presenciais e adotaram um acanhado lockdown.

“Alfa, beta, gama e delta, realmente são as quatro variantes mais importantes historicamente. Nós não temos registro da delta até hoje no Amazonas”, afirma Naveca, que ressalta que a transmissão da delta é maior, porém, a capacidade de letalidade maior não foi comprovada. “Toda vez que você tem uma (variante) que transmite mais, eventualmente vai ter – por conta do maior número de casos – um aumento de casos graves”, explica, citando o que aconteceu nos Estados Unidos, onde a variante delta se espalhou rapidamente. “Mas ela se espalhou principalmente nos grupos de pessoas que não quiseram se vacinar. Isso ficou muito claro nos Estados Unidos.”

“A delta é uma variante de preocupação e é comprovadamente mais infecciosa que as demais. Já a andina, apesar de estar associada à forte disseminação no Peru e consideravelmente em certos países da América do Sul, não parece ter o mesmo potencial de rápida e forte disseminação da delta”, exemplifica Jesem Orellana.

Grandes eventos vêm aí

Vacinação de idosos do grupo de 69 anos no Centro de Convivência do Idoso da Cidade Nova, Padre Vignola em Manaus (Foto: Raphael Alves/Amazônia Real)

Se com a variante gama, as autoridades amazonenses afrouxaram medidas sanitárias de combate à pandemia, o risco que ronda a região do Alto Solimões está longe de evitar a reabertura já anunciada para grandes eventos na capital. No dia 2 de agosto, a prefeitura de Manaus publicou o Decreto nº 5.122/2021, instituindo a “Comissão Especial de Organização de Eventos Festivos no Município de Manaus”, para “avaliar e planejar a flexibilização das medidas de restrição para eventos de grande porte realizados na capital”.

Conforme o decreto do executivo municipal, tais eventos só ocorrerão “caso mais de 70% da população acima dos 18 anos tenham completado o esquema vacinal contra a Covid-19 (duas doses ou dose única)”.

Para Naveca, pensar em liberar grandes eventos antes de ter 70% da população acima de 18 anos vacinada é um risco grande. Na Europa, onde as taxas de vacinação estão em níveis mais avançados que no Brasil, a Eurocopa foi liberada e o aumento da circulação de torcedores e turistas resultou na aceleração dos casos. “Só pode ser cogitado ter eventos com aglomeração depois que atingirmos uma vacinação realmente superior a 70% da população com duas doses, caso contrário a gente vai estar correndo um risco grande”, alerta Naveca.

Atualmente, segundo o vacinômetro da FVS, apenas 35% da população do Amazonas está totalmente protegida, o equivalente a aplicação de segunda dose a menos de 600 mil amazonenses maiores de 18 anos.

O epidemiologista Jesem Orellana criticou o decreto municipal, o qual chamou de “prematuro, pouco transparente e recheado de suposições, replicando o governo estadual, com suas ‘comissões/comitês’ que levaram Manaus a duas das mais dramáticas experiências da pandemia, em escala mundial”, disparou.

Lucas Ferrante alerta ainda para o nível de proteção das vacinas em relação à variante delta. A vacina da Janssen, de acordo com o pesquisador, fornece uma proteção de apenas 30% contra a variante delta. A primeira dose da Pfizer tem a proteção de apenas 36% contra essa variante e a Astrazeneca apenas 30%. As próprias segundas doses da Pfizer têm uma proteção de 88% e da Astrazeneca de  67% com a segunda dose contra a variante delta. “Então, caso nós tenhamos um surto da variante delta no Amazonas, vamos ver hospitais se encherem e o número de óbitos aumentar novamente podendo atingir patamares superiores inclusive à primeira onda vivenciada no estado. Não é o momento de afrouxar as medidas. Nós precisamos permanecer cautelosos”, diz.

Dados atualizados

Conforme o Boletim Diário da FVS de 9 de agosto, o Amazonas registrou 294 novos casos de Covid-19, o que totaliza um total de 419.744 ao longo da pandemia. O boletim dava conta de sete óbitos confirmados pela doença, o que elevou para um número total de 13.591 mortes no Estado.

Há 263 pacientes internados em Manaus, sendo 116 em leitos clínicos (9 na rede privada e 107 na rede pública), 145 em UTI (27 na rede privada e 118 na rede pública) e 2 em sala vermelha.

Técnicos da OPAS em Letícia, Colômbia (Foto: Karen González Abril OPS/OMS Colombia)
FONTE EDITOR Leanderson Lima DO SITE AMAZONIA REAL

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