Belo Vale (MG) revitaliza imóvel, futuro Centro de Cultura Imaterial e região pode ganhar roteiro turístico cultural

O relevante trabalho que o município de Belo Vale vem desenvolvendo para a proteção de seu patrimônio, bens culturais materiais e imateriais, ganha destaque no cenário cultural de Minas Gerais e atinge a expressiva pontuação de 24,20 de ICMS Cultural no exercício de 2024, o que o coloca entre os primeiros do estado. Desta vez, o foco está na área central do distrito de Santana do Paraopeba, sitio de grande valor histórico e cultural, berço da ocupação e primeiro núcleo urbano da cidade (1673). Denominada de “Casinha Velha”, provavelmente, construída no século XIX no povoado de Vargem de Santana, apresenta tipologia de elementos construtivos tradicionais: alvenaria em pau-a-pique, telhas coloniais e parte da estrutura embasada em pedras.

Foto: Tarcísio Martins, 2024; “Casinha Velha”, imóvel do século XIX, situado em Vargem de Santana, é remanescente de um valioso sítio histórico, berço da civilização do município.

“Programa Minas Para Sempre” contemplou restauro

O projeto arquitetônico de restauro está sendo possível pelo “Programa Minas Para Sempre”, iniciativa do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente (CAOMA), órgão do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), em parceria com o Centro Mineiro de Alianças Intersetoriais (CeMAIS). Contemplado em 17/07/2023, em cumprimento ao disposto na cláusula 4 do Termo de Compromisso, celebrado nos altos da Ação Civil Pública no. 5055004-90.2021.8.13.0024, tem como proponente o Instituto Joaquim Artes e Ofícios, que prevê um período de execução de 15 meses, para uma obra orçada em R$ 1.210.250,00.

Congado de Nossa Sra. do Rosário de Vargem de Santana, valioso patrimônio imaterial municipal ocupará o espaço.

A Secretária de Cultura de Belo Vale, Eliane Santos pretende que a edificação do patrimônio material, tombada em 2022, seja inaugurada e entregue aos habitantes da comunidade, no aniversário da cidade, em 17/12/2024. “Decidimos ocupar o imóvel com um Centro de Cultura de uso público, integrando-o à memória imaterial e, dando vez, às manifestações do tradicional Congado de Nossa Senhora do Rosário de Vargem de Santana, tombado em 2016, com registro no Livro Formas de Expressões, por seu valor histórico e cultural;” afirmou a secretária.

À esquerda, foto de Salomão de Vasconcellos (1943) revela paisagem de Vargem de Santana com a antiga capela dedicada à Imaculada Conceição, a qual substituiu à original capela de São Pedro, provavelmente, construída no século XVIII, e demolida, pelo estado de ruínas. Nota-se a Casinha Velha, na lateral.

À direita, foto de Tarcísio Martins, 2021. Vargem de Santana, atual Capela de Nossa Sra. da Conceição, em área revitalizada. O local recebeu a denominação primeira de ‘Roças de Matias Cardoso de Almeida’, (1673), pouso da Bandeira de Fernão Dias Paes.

Roteiro turístico histórico e cultural

A Casinha Velha está localizada ao lado da Igreja de Nossa Senhora da Conceição e, próxima à Casa da Bica que se situa na entrada do povoado, outro bem de preservação municipal. O perímetro de entorno de tombamento atinge uma área de 4,30 ha, o que garante sua proteção paisagística e características de ambiência no meio urbano. Ainda, está distante, a dois quilômetros da Capela de Sant’Ana (1735), o que poderá transformar a região no mais aprazível roteiro turístico cultural e natural de Belo Vale.

Imóvel pertenceu à família de José Lapa dos Santos

Foto Tarcísio Martins, 2023; Fachada lateral da “Casinha Velha” revela estrutura com embasamento em pedras, alvenaria em pau-a-pique e telhas coloniais. No entorno do imóvel será mantido o pomar e receberá um jardim.

A pesquisa histórica para compor o Dossiê de Tombamento, coordenado pela “Pólen Consultoria, Patrimônio e Projetos”, foi desenvolvida pela mestre em Ciência da Informação, Amanda Dabés de Carvalho. A pesquisadora entrevistou o ex-prefeito de Belo Vale José Lapa dos Santos, quem citou ter sido o imóvel de propriedade de sua família, nos anos de 1890. Segundo relatos, já em 1906 pertencia a Leocádia Fernandes, esposa de Jacinto Fernandes e dos filhos que nasceram naquela casa. O filho Décio Vieira dos Santos, quem tinha uma venda anexa ao imóvel, casou-se com Geni de Paula Vieira. Eles eram avós de José Lapa dos Santos (Lapinha) e, foram rei e rainha do Congado de Vargem de Santana.

Em 2021, a Escritura Pública de Desapropriação atestava que o imóvel pertencia às famílias de Geraldo Manoel Vieira e José Eustáquio Vieira, filhos de Décio e Geni. Através de Decreto no. 694 de 27/12/2021, a Prefeitura Municipal de Belo Vale tornou o imóvel de Utilidade Pública e procedeu-se com a desapropriação. O passo seguinte foi o tombamento definitivo por Decreto 948, de 21/12/2022, aprovado pelo então Conselho Consultivo Municipal do Patrimônio Histórico, Cultural, Artístico e Natural de Belo Vale.

Texto e fotos: Tarcísio Martins, jornalista, membro do Conselho Municipal de Cultura; representante da APHAA-BV.

Prefeitura de Piranga vai reformar sobrado histórico que contava com a sorte para permanecer em pé

Uma grande notícia para a preservação cultural de Minas Gerais. O Prefeito de Piranga, Luizinho Araújo (PMN) anunciou em um vídeo a tão aguardada reforma do casarão do Padre Felício, edificação desapropriada há mais de 10 anos e que contava com a sorte para permanecer em pé. O valor da desapropriação em 2011 foi de R$250 mil.

Ontem (20), ocorreu a licitação para reforma do casario colonial, mas segundo informações, das 3 concorrentes, uma foi desabilitada pela Comissão de Licitação e recorreu da decisão. Seguem 5 dias para análise do recursos e divulgação da vencedora.

De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura, a reforma contemplará intervenções como a troca do telhado e do assoalho do segundo andar, a demolição da caixa d’água, entre outras coisas. Os recursos de mais de R#200 mil para a reforma virão do Fundo Municipal de Patrimônio Histórico (Fumpac).

A histórica

Dona de um rico patrimônio histórico, Piranga vem perdendo seus exemplares de época ao longo dos anos. O imponente sobrado do Padre Felício tem pé direito alto, amplas e várias janelas envidraçadas, de onde se descortina visual sobre o centro da cidade.

Dos elementos que mais se destacam no casarão chama a atenção as pinturas interiores do artista italiano Ângelo Bigi. Aos poucos, sua estrutura foi se deteriorando: janelas e portas estão caindo aos pedaços, paredes trincadas, telhado e forro em situação degradante. O desabamento de parte do telhado em 2019 colocou em risco toda edificação.

O casarão do Cônego Felício representa parte da história de Piranga, que já atravessa mais de três séculos. O sobrado foi erguido pela comunidade para moradia do Cônego Felício de Abreu Lopes, que veio para Piranga em 1900 com a atribuição de ser pároco da primeira paróquia de Minas Gerais. Cônego Felício nasceu em 11/12/1872 na cidade de Mariana. Era dono de um estilo vigoroso e autoritário, exerceu longo paroquiato, participando ativamente, com mão de ferro, em todas as áreas do grande “Pays de Guarapiranga”.

Na parte educacional, foi o primeiro Inspetor da Escola Estadual Coronel José Ildefonso, quando da sua inauguração em 1912. Na política, tornou-se elo entre o povo e a elite da cidade, dominada pelos antigos coronéis, grande defensor da austeridade e do comportamento ético-cristão das atitudes das autoridades.

No campo social foi um ferrenho moralista em prol dos bons costumes, e cobrava de seu rebanho o desempenho máximo de suas obrigações religiosas, campo no qual se conta vários casos pitoresco a seu respeito. O Cônego Felício residiu no sobrado até a sua morte na década de 1940. Por volta dos anos 70/80, os familiares do Cônego venderam o imóvel para a família de Dona Filinha Milagres. ( Fotos e texto original de Patrício Guará Drone)

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