5 de maio de 2024 11:23

Wagner Tiso conta sua trajetória e sua marcante amizade com Milton Nascimento desde a infância

“Quero falar de uma coisa / Adivinha onde ela anda / Deve estar dentro do peito / Ou caminha pelo ar”. A música Coração de Estudante, composta por Milton Nascimento e Wagner Tiso, ganhou as rádios do País ao ser gravada por Milton em 1983. E conquistou um fã especial: Tancredo Neves, o político conterrâneo dos compositores mineiros, que dizia ser uma de suas canções preferidas.

A obra, no entanto, foi composta originalmente por Tiso para outro líder político. Era um dos temas instrumentais do documentário Jango, do diretor Silvio Tendler, em homenagem a João Goulart, presidente deposto pelo golpe militar em 1964.

Após o filme ganhar as telas de cinema, Milton decidiu pôr a letra, fato incomum em sua carreira. Baseou-se em Edson Luís, um dos primeiros estudantes mortos pela ditadura militar, em 1968. Os versos foram surgindo um a um, naturalmente. Para batizar, lembrou-se de uma flor muito comum em Minas, a coração-de-estudante. A novidade foi lançada durante as Diretas-Já, movimento que tinha Tancredo entre os líderes. “Era o momento da campanha das Diretas e ela começou a se tornar um hino da juventude”, recordou Tiso.

Esta foi uma das passagens da vida do músico, maestro, arranjador e compositor, Wagner Tiso que participou na noite de ontem (19), no Museu de Congonhas (MG), da segunda edição do projeto “Sou do Mundo, sou Minas Gerais” dentro da programação das Quartas Culturais.

Percorrendo entre o clássico e o popular, durante um pouco de mais de uma hora, ele contou um pouco de sua trajetória e sua formação. De família de músicos, ele passou sua infância com Milton Nascimento, carinhosamente chamado de “Bituca”, convivendo com ele a poucos metros de sua casa em Três Pontas (MG), onde nasceram. A amizade foi parar nos palcos onde construíram uma parceria de sucesso e uma amizade sincera. Wagner, hoje com 77 anos, contou detalhes da infância vivida no interior de Minas muitas décadas antes do icônico Clube da Esquina, movimento musical que reuniu talentos mineiros e ganhou o mundo. Villa Lobo, Tom Jobim, Miles Daves,  John Coltrane são algumas referências que marcaram a formação musical de Wagner Tiso. Do jazz, ele flertou com a PMB e o rock.

O bate papo

Logo no início do bate papo, com mediação de Pablo Osório, Wagner falou da influência do cinema na sua música. A primeira música no piano foi de Tom Jobim, “Eu Sei Que Vou Te Amar”, arrancando efusivos aplausos da seleta plateia.

O longo do bate papo, Wagner recordou um pouco da história da banda “Som Imaginário” que surgiu no ano de 1969 com o intuito de acompanhar o músico Milton Nascimento em sua turnê na qual promovia seu álbum Milton (1970).

Mas Som Imaginário se transformou em uma banda lendária formada por grande nomes da cena musical como Zé Rodrix, Tavito, Robertinho Silva, Luiz Alves e Frederah. “Armina, do Som Imaginário, foi uma das canções tocadas no palco do Museu de Congonhas, na maestria do piano. Wagner relatou um pouco quando foi diretor do Museu Villa lobo.

Clube da Esquina

Ao falar do Clube da Esquina, no qual foi um dos fundadores, contou sobre as peripécias da trupe e tocou um clássico de Milton Nascimento, “Vera Cruz”. Clube da Esquina também é o nome de um dos discos lançados por esse grupo, em 1972. Há ainda o disco Clube da Esquina 2 (1978) e as músicas “Clube da Esquina” e “Clube da Esquina Nº2”. Em ambos, Wagner foi o arranjador.

Já ao final, Wagner falou dos novos projetos e do momento musical quando comemorar 60 anos de carreira. A pedido de uma mulher, o músico tocou “Por causa de você”, da cantora Maysa com trabalhou como arranjador.

Em 1993 arranjou o álbum Filmes de Guerra, Canções de Amor da banda gaúcha Engenheiros do Hawaii. Ele elogiou a banda e foi sua incursão no rock mais moderno.

Encerramento

Para encerrar a apresentação, sempre muito elegante e solícito, Wagner tocou uma música que fez para sua genitora, figura marcante na sua formação musical, “Choro de mãe.”

O projeto “Sou do Mundo, sou Minas Gerais”, tem o patrocínio do Instituto Cultural Vale através do Projeto Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), contando com o apoio da Prefeitura Municipal de Congonhas e sé realizado pela Fumcult e pelo Museu de Congonhas. A próxima edição acontece nem maio com a banda regional “Mago Zen”. Agende aí!

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