2 de maio de 2024 07:19

Enquanto cidades vivem epidemia da dengue, Congonhas colhe resultados alentadores da ousadia na implantação de tecnologia de ponta

Enquanto cidades vivem o colapso na saúde e escalada de contaminação de mortes, Congonhas (MG) presencia uma situação inversa com a implantação de uma tecnologia inovadora. A cidade foi a 1ª no Brasil a adotar o mosquito batizado de “aedes aegypti do bem” e está conseguindo bons resultados contra a dengue com um aliado improvável. Segundo o Prefeito Cláudio Dinho (MDB) foram registrados 200 casos em 2024 contra mais de 3 mil no ano passado.

Os moradores estão cheios de esperança com a tecnologia: “Eu tenho certeza que é para o nosso bem, para nossa saúde, de toda a população”, diz a vigilante Jordana dos Santos.

São mais de 4,5 mil caixas, distribuídas estrategicamente por toda cidade de Congonhas. Dentro de cada uma delas são inseridos cerca de 7 mil ovos do mosquito macho do aedes aegypti geneticamente modificados.

Os pesquisadores inserem nos embriões um gene que produz a proteína chamada tTAV. Os machos geneticamente modificados são espalhados no ambiente, eles cruzam com as fêmeas que vão botar ovos. Por causa da alteração genética, somente os machos sobrevivem e herdam a mutação genética do pai. Com isso, a expectativa é que o número de fêmeas caia drasticamente com o tempo. São elas as responsáveis pela transmissão do vírus da dengue, zika e chikungunya, que também tendem a diminuir

Uma empresa inglesa desenvolveu a tecnologia, que teve aprovação da CTNBio – Comissão Técnica Nacional de Biossegurança -, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

O coordenador da CTNBio, Leandro Astarita, afirma que todas as etapas estão sendo monitoradas: ” A gente pode afirmar que para população é extremamente seguro. Questões ambientais, a gente não observa nenhum problema, exceto a redução da população do aedes aegypt, que é o grande problema dessa transmissão da dengue”.

A prefeitura de Congonhas espera espalhar mais de 60 milhões do “mosquito do bem” pela cidade durante um ano.

“O ano passado, que a gente teve um surto epidêmico, o pico, ele foi em março. Nós tivemos por volta de quase 800 casos em março. Este ano, que a gente tem o pico no estado inteiro, nós estamos com cerca de 90 casos. Então a gente já vê refletido uma diferença muito grande para nós”, afirma a enfermeira Luciana de Fátima Gonçalves Aguiar, coordenação da vigilância epidemiológica de Congonhas.

Indaiatuba, no interior de São Paulo, já usa a tecnologia desde 2017. A prefeitura afirma que houve redução de 95% no número de mosquitos nos dez bairros onde a tecnologia foi usada e os casos de dengue também diminuíram.

Em Congonhas, a confiança é grande, mas a prefeitura alerta que o mosquito geneticamente modificado faz parte de uma ação complementar. A população precisa colaborar, como faz a dona de casa Gláucia Ribeiro de Carvalho.

“Continuar cuidando, deixando os netinhos brincar na água e depois todo mundo virar a sua vasilhinha para não deixar resíduo”, diz ela.

 

“Se salvar uma vida, já valeu a pena”, salientou Prefeito Cláudio Dinho

O Prefeito Cláudio Dinho participou na manhã desta sexta-feira (8), da reunião mensal do Consórcio Público de Desenvolvimento do Alto Paraopeba (Codap), em Lafaiete (MG), quando explanou sobre os resultados da tecnologia  “aedes aegypti do bem” impulsionando sua adoção em outros municípios.

Após a queda vertiginosa da dengue em Congonhas, o gestor citou que paralelo a tecnologia a população tem de fazer sua parte na prevenção.

Ele criticou o uso do fumacê nas cidades. “É cancerígeno, faz mal a saúde, ao meio ambiente, mata pássaros e não é eficaz”, salientou.

Ele disse que foi muito criticado pelo alto custo quando adotou “aedes aegypti do bem”, taxado como “mosquito milionário”. “Hoje me sinto feliz pela audácia e os resultados estão aí para serem comprovados. Fui muito criticado, não me importo. Se preservou uma vida já valeu a pena a adoção da tecnologia”, disse. “A vida não tem preço”, finalizou em meio a diversos prefeitos da região.

 

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