Caso Rafaela Drumond: Polícia Civil de MG inicia perícia em celular 2 meses após a morte

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) iniciou a perícia do aparelho celular da escrivã Rafaela Drumond, de 32 anos. A análise do equipamento começa quase dois meses após a morte de Rafaela. A informação foi confirmada pela defesa da família da escrivã. A servidora pública tirou a própria vida no dia 9 de junho, em Sá Forte, distrito de Antônio Carlos, na região do Campo das Vertentes, em Minas Gerais.

“Na última semana fui na corregedoria, e eles me falaram que ainda não tinham conseguido abrir o celular. Na mesma semana, encontrei com o Secretário Nacional de Acesso à Justiça, e ele disse que iria tomar as providências. Estranhamente me ligaram e disseram que conseguiram abrir o celular”, disse a advogada Raquel Fernandes.   

O aparelho celular da escrivã foi um dos materiais apreendidos pela equipe de investigação. No equipamento, estariam armazenados vídeos e áudios que podem servir como provas para os supostos casos de assédio que teriam sido cometidos contra a escrivã. A análise do equipamento deveria ter sido finalizada no final do mês de julho, conforme informado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

No entanto, os investigadores pediram a ampliação do prazo para a realização da perícia, sendo atendidos pela Promotoria de Justiça de Carandaí, na região Central de Minas Gerais. Com a extensão do período, eles terão até o final de setembro para análise do celular da escrivã.    

“O inquérito policial tramita em sigilo, só que tenho acesso a ele, por ser advogada de defesa. O meu pedido é para ter acesso também a sindicância, que é a investigação quanto a responsabilização de policiais que praticam algum crime na corporação”, afirma Raquel. Conforme a defesa, o acesso a esse processo interno da instituição poderá colaborar com a investigação das denúncias de assédio moral e sexual que teriam sido cometidos contra a escrivã Rafaela Drumond.   

Caso Rafaela Drumond: Polícia Civil de MG inicia perícia em celular 2 meses após a morte

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) iniciou a perícia do aparelho celular da escrivã Rafaela Drumond, de 32 anos. A análise do equipamento começa quase dois meses após a morte de Rafaela. A informação foi confirmada pela defesa da família da escrivã. A servidora pública tirou a própria vida no dia 9 de junho, em Sá Forte, distrito de Antônio Carlos, na região do Campo das Vertentes, em Minas Gerais.

“Na última semana fui na corregedoria, e eles me falaram que ainda não tinham conseguido abrir o celular. Na mesma semana, encontrei com o Secretário Nacional de Acesso à Justiça, e ele disse que iria tomar as providências. Estranhamente me ligaram e disseram que conseguiram abrir o celular”, disse a advogada Raquel Fernandes.   

O aparelho celular da escrivã foi um dos materiais apreendidos pela equipe de investigação. No equipamento, estariam armazenados vídeos e áudios que podem servir como provas para os supostos casos de assédio que teriam sido cometidos contra a escrivã. A análise do equipamento deveria ter sido finalizada no final do mês de julho, conforme informado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

No entanto, os investigadores pediram a ampliação do prazo para a realização da perícia, sendo atendidos pela Promotoria de Justiça de Carandaí, na região Central de Minas Gerais. Com a extensão do período, eles terão até o final de setembro para análise do celular da escrivã.    

“O inquérito policial tramita em sigilo, só que tenho acesso a ele, por ser advogada de defesa. O meu pedido é para ter acesso também a sindicância, que é a investigação quanto a responsabilização de policiais que praticam algum crime na corporação”, afirma Raquel. Conforme a defesa, o acesso a esse processo interno da instituição poderá colaborar com a investigação das denúncias de assédio moral e sexual que teriam sido cometidos contra a escrivã Rafaela Drumond.   

Caso Rafaela: delegado e investigador transferidos pela 2ª vez em um mês

O delegado Itamar Claudio Netto e o investigador Celso Trindade de Andrade foram transferidos novamente. Eles trabalhavam na mesma delegacia que a escrivã Rafaela Drummond, de 32 anos, que tirou a própria vida, no dia 9 de junho. Esta é a segunda transferência dos servidores em menos de um mês.

Os delegado e o investigador eram lotados na Delegacia de Polícia Civil de Carandaí, a mesma da escrivã, e no dia 22 de junho foram deslocados para Conselheiro Lafaiete. Nesta  quarta-feira (12/7), o delegado e o investigador foram transferidos novamente.

Segundo publicação do órgão oficial do governo do estado, o jornal Minas Gerais, a partir de hoje o delegado Itamar estará lotado na Delegacia de Belo Vale, e o investigador Celso foi enviado para a Delegacia de Congonhas. A Polícia Civil informou que todas as decisões tomadas seguem o trâmite legal e que o caso segue em investigação pela Corregedoria de Polícia Civil.

Pai de escrivã morta faz relato dramático em audiência; casos de assédios moral e sexual são comuns na PCMG e não são investigados

Afastamento de investigados é cobrado em audiência sobre assédio contra escrivã

Realizar uma investigação transparente e rápida e afastar de suas funções, até a conclusão do caso, os dois investigados por assédio à escrivã da Polícia Civil Rafaela Drumond. Essas cobranças marcaram audiência pública sobre o assunto, realizada pela Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta sexta-feira (7/6/23).

A reunião foi solicitada pelo presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues (PL), para tratar do caso da escrivã de 32 anos, que foi encontrada morta pelos pais dentro de casa no dia 9 de junho deste ano, em Antônio Carlos (Região Central). Ela atuava na delegacia da cidade vizinha de Carandaí e, antes de tirar a própria vida, havia relatado a uma amiga estar sendo vítima de assédio moral e sexual no trabalho.

Tanto a presidenta da Associação dos Escrivães da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, Aline Risi, quanto o presidente do Sindicato dos Escrivães de Polícia do Estado de Minas Gerais, Bruno Viegas, defenderam que haja a devida investigação e a punição dos envolvidos. 

Eles alertaram para o fato de que os investigados no caso, o delegado Itamar Cláudio Netto e o investigador Celso Trindade de Andrade, foram transferidos da Delegacia de Polícia Civil de Carandaí para Conselheiro Lafaiete (Região Central).

Segundo os representantes da categoria, em Conselheiro Lafaiete está lotada uma testemunha do caso, o que poderia resultar em perseguição e, mais uma vez, assédio. 

Ponta do iceberg

Os participantes da audiência pública foram unânimes em destacar que esse caso, que ganhou notoriedade, é a ponta do iceberg e que há diversas ocorrências de assédio na Polícia Civil.

“Infelizmente, ela (Rafaela) não é a única, não foi a primeira e nem será a última. Isso porque há muitos casos de assédio moral e sexual na instituição. E muitas vezes as investigações não vão para frente porque colegas têm medo de sofrer mais retaliações.”, disse Aline Risi, Presidente da Associação dos Escrivães da Polícia Civil do Estado

Para Alisi Risi, o assédio está institucionalizado na Polícia Civil. “Na nossa avaliação de desempenho, no item 15, somos avaliados se resistimos ao assédio, o que nos dá uma nota melhor. Já oficiei a chefia da polícia há tempos e nada foi feito”, contou.

Já Bruno Viegas defendeu medidas como a adoção pela Polícia Civil de um protocolo de investigação de casos de autoextermínio de servidores que tenham sofrido assédio e o diagnóstico de unidades da corporação onde os policiais adoecem mais.  

Aumento de casos de autoextermínio

Presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais, Wemerson Silva de Oliveira disse que o assédio faz com que, sobretudo, os policiais da base sejam massacrados. “A Rafaela foi o quinto caso da instituição somente neste ano. Talvez pudéssemos ter evitado essas ocorrências se tivéssemos tomado providências lá atrás”, acrescentou.

Maria de Lurdes Camilli, presidenta do Sindicato dos Delegados de Polícia, que já foi chefe-adjunta da Polícia Civil, atuou na Academia de Polícia e trabalhou como delegada operacional por 25 anos, avaliou que a corporação enfrenta problemas sistêmicos.

“Tenho autoridade vivencial para dizer que esse é um sistema perverso. É preciso um olhar de lupa sim, mas amplo de todo um sistema, pois o delegado também é sacrificado como todos, é um efeito dominó de cobranças”, frisou ela. Durante a audiência, outras servidoras da Polícia Civil denunciaram situações de assédio.

Pai de escrivã faz relato

O pai da escrivã de Polícia Civil Rafaela Drumond, Audair Divino Drumond, pediu que toda forma de assédio na corporação seja duramente combatida. “O que eu busco é a transparência nas apurações e justiça pela minha filha.”, assinalou Audair Drumond, Pai de Rafaela Drumond

Ele relatou que, diante do assédio, a filha já tinha pedido transferência da delegacia de Carandaí ao delegado responsável, o que foi negado. Audair Drumond ainda acrescentou que o delegado disse que ela deveria, então, pedir exoneração.

Governo ressalta investigação

Letícia Gamboge, chefe da Polícia Civil, disse que casos como o da escrivã são sempre motivo de consternação e de investigação policial, e ainda de acompanhamento por parte do Ministério Público Estadual.

Segundo ela, a a maior parte das testemunhas já foi ouvida e o inquérito policial está correndo, no aguardo agora da extração de dados do celular de Rafaela, cuja senha é desconhecida, demandando o uso de software especializado para a quebra do sigilo.

Ela também afirmou que houve a remoção dos policiais acusados de Carandaí para Conselheiro Lafaiete e que há um ofício da associação dos escrivães já para avaliação de uma segunda remoção.

Respondendo questionamento do pai de Rafaela, segundo o qual o boletim de ocorrência da morte da filha é “fraudulento”, o corregedor-geral da Polícia Civil, Reinaldo Felício Lima, disse que o caso está sendo instruído da maneira mais correta e isenta, para, nas suas palavras, esclarecer os fatos “doa a quem doer”.

Contudo, disse que eventual prática de transgressão será verificada posteriormente. Reinaldo Felício Lima afirmou ainda que o caso já está na Corregedoria-Geral e está sendo bem conduzido.

Avaliação de desempenho será modificada, diz secretária

A secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Luisa Barreto, disse que só recentemente tomou conhecimento de que a resistência ao assédio é levada em conta na avaliação de desempenho na corporação. Ela considerou absurdo o dispositivo e afirmou que ele não será mais considerado na avaliação, e já para o período de 2023.

Sobre o adoecimento mental, ela disse que a atuação do governo deve ser preventiva e para garantir um ambiente melhor para todas as carreiras

Segundo Luísa Barreto, o combate ao assédio no trabalho é alvo de ações conjuntas da pasta com a Ouvidoria e com a Corregedoria. Ela citou que recentemente foi feita parceria com clínicas-escolas para garantir atendimento psicológico aos servidores. “São ações que precisam ser aprofundadas”, avaliou.

Deputados cobram medidas

Os parlamentares que participaram da reunião reivindicaram medidas do governo para evitar que esses casos se repitam.

O deputado Sargento Rodrigues (PL) disse que o assédio pelo qual Rafaela Drumond passou não é isolado e que há muitas denúncias de assédio moral nas corporações policiais. 

O parlamentar comentou que tem recebido inúmeros relatos de casos de aposentadoria por doenças, transferências arbitrárias, ambiente de trabalho tóxico, sobrecarga de trabalho e ausência de punição e de prevenção.

O deputado Delegado Christiano Xavier (PSD) enfatizou que casos de suicídio se sucedem na corporação e no País como um todo. “A gente lamenta muito, mas confia na Corregedoria de Polícia para apurar o caso”, disse.

A deputada Beatriz Cerqueira (PT) afirmou que a discussão deve ocorrer no sentido de se entender quais as providências tomadas em decorrência do fato e quais os canais de segurança para vítimas. “Não podemos transformar vítimas em culpados. Justificar o fato pela condição da vítima é inadmissível”, destacou.

A deputada Ana Paula Siqueira (Rede) disse que não se pode permitir que a violência sofrida pela escrivã seja relativizada.

Por sua vez, o deputado Cristiano Silveira (PT) cobrou quais as medidas estão sendo adotadas pelo governo para preservar a vida de servidores da segurança pública em consonância com a Lei 24.091, de 2022, que teve origem em projeto de sua autoria, a qual institui diretrizes para a política de prevenção das violências autoprovocadas.

Lei Rafaela Drumond

O deputado Professor Cleiton (PV) anunciou na audiência que está apresentando o Projeto de Lei Complementar (PLC) 26/23, que institui a Lei Rafaela Drumond.

O objetivo é alterar o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado (Lei 869, de 1952), incluindo que é proibido ao servidor agir de forma a configurar assédio moral contra outro servidor público e que aquele que o fizer será penalizado com a demissão.

Fotos: Foto: Luiz Santana/ALMG

CASO RAFAELA DRUMOND: audiência pública sobre morte de escrivã é cancelada

A audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que discutiria assuntos relacionados à morte da escrivã Rafaela Drumond, ocorrida no dia 9 deste mês, foi cancelada. O encontro estava marcado para as 13h desta sexta-feira (30/6).  lém de discutir o caso da morte da escrivã, a reunião também iria debater a atual situação da saúde mental dos servidores da Polícia Civil no estado.

Segundo o ofício enviado pelo deputado estadual Sargento Rodrigues (PL-MG), a audiência foi cancelada devido à ausência da Secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto. “é fundamental a presença da secretária de Estado de Planejamento e Gestão, pois grande parte dos problemas vividos pelos servidores da Polícia Civil são decorrentes da falta de efetivo, da sobrecarga de trabalho e da falta de equipamentos para a devida prestação do serviço na Instituição”.

Relembre o caso

No dia 9, ela estava na casa dos pais, na cidade de Antônio Carlos, na região do Campo das Vertentes, quando tirou a própria vida. A escrivã trabalhava em uma delegacia em Carandaí. Nos últimos meses, Rafaela teve mudanças em sua personalidade, passando a ficar mais retraída e calada. O fato chegou a incomodar os pais que, após uma conversa com ela, foram informados de que ela estava estudando para um concurso de Delegada da instituição. 

Semanas antes do ocorrido, Rafaela chegou a denunciar casos de assédio moral e sexual dentro da delegacia lotada. Imagens e áudios que circulam nas redes sociais mostram relatos da policial que, em alguns deles, detalha os assédios que sofria. Ela também reclamava das escalas de trabalho e da falta de folgas.

“Ele ficava dando em cima de mim. Teve um povo que foi beber depois da delegacia, pessoal tinha mania disso de fazer uma carne. Ele começou a falar na minha cabeça, e eu ficava com cara de deboche, não respondia esse grosso. De repente ele falava que polícia não é lugar de mulher. No fim das contas, ele me chamou de piranha”, disse ela em um dos áudios.

A briga teria começado por causa de um pedido de mudança na escala de folgas, uma das principais reclamações da escrivã enquanto trabalhava. “Ele falou que eu tinha cismado com isso, falando que ele tava de implicância. Ele disse que eu não gosto de receber ordens. Mas não é isso, ele estava implicando por causa do carnaval”, disse.

Na última quinta-feira, a Corregedoria-Geral da Polícia Civil de Minas Gerais anunciou que tomou a frente da investigação “de forma exclusiva” sobre a morte de Rafaela. Com isso, tanto a presidência do inquérito policial, quanto a apuração do processo disciplinar do caso serão feitas pela sessão. “A PCMG reforça que as investigações continuarão sendo conduzidas de maneira isenta e imparcial.”

Desde que o caso veio à tona, um delegado e um investigador que teriam envolvimento nas situações narradas pela escrivã foram transferidos para outra delegacia da PCMG, em Conselheiro Lafaiete, também na Região Central de Minas.  

Caso Rafaela Drumond repercussão nacional: servidores investigados por assédio são transferidos para Conselheiro Lafaiete

Na última sexta-feira (23), o Jornal Naciuonal da TV Globo exibiu no início do telejornal uma reportagem de 4 minutos sobre a morte da escrivão Rafaela Drumond e no mesmo dia dois funcionários que estavam lotados na Delegacia de Carandaí, onde trabalhavam com a escrivã Rafaela Drumond. Investigados por assédio, o delegado e investigador continuarão trabalhando juntos, porém agora na Delegacia Regional de Conselheiro Lafaiete (MG). A oficialização foi feita através de uma publicação no Diário Oficial do Estado de Minas Gerais. A distância entre as duas delegacias é de menos de 40 km.
As investigações do caso agora estão sendo feitas pela Corregedoria Geral da Polícia Civil (CGPC), em Belo Horizonte. Inicialmente, a Delegacia de Barbacena, responsável pela unidade de Carandaí, estava encarregada do caso. Em comunicado, a transferência foi justificada considerando que a
estrutura da CGPC oferece as condições necessárias para agilizar e concluir os processos em curso.
Em contato com a Folha de Barbacena, a Polícia Civil esclareceu que todas as transferências de servidores são realizadas seguindo princípios e critérios
legais que regem a administração pública, ressaltando que a não divulgação de nomes de possíveis envolvidos e investigados leva em consideração a
determinação do art. 38 da Lei de Abuso de Autoridade.

Áudios mostram rotina de brigas e assédio sexual em de delegacia onde escrivã trabalhava

Áudios aos quais a reportagem do Estado de Minas teve acesso mostram uma rotina de trabalho conturbada, com denúncias de assédio moral e até sexual, na delegacia de Polícia Civil de Carandaí, na região do Campo das Vertentes, onde a então escrivã Rafaela Drummond trabalhava. 

Rafaela se matou no dia 9 deste mês, após meses de reclamações sobre os colegas de trabalho.

Em uma das mensagens enviadas para uma amiga, Rafaela detalha como foi uma discussão com o delegado da unidade policial. A briga teria começado por causa de um pedido de mudança na escala de folgas, uma das principais reclamações da escrivã enquanto trabalhava. “Ele falou que eu tinha cismado com isso, falando que ele tava de implicância. Ele disse que eu não gosto de receber ordens. Mas não é isso, ele estava implicando por causa do carnaval”, disse.

A infelicidade com o delegado continua em outra mensagem. A escrivã conta como foram os dias seguintes a briga. “O delegado é aquele tipo de pessoa que gosta de colocar o terror psicológico, gosta de atazanar. E eu não abaixo quando estou certa, por isso toda essa confusão. Tenho vontade de nem voltar lá. Ele colocou tanto terrorismo em cima de mim que eu não aguentei. Quando estou certa, eu rebato. Agora, já percebi. Vou chegar lá só e fazer minha parte.”, relatou.Já em outro áudio, Rafaela desabafa sobre a instituição. Ela reclama da falta de apoio após denunciar as situações que enfrentava dentro da delegacia e se diz cansada da rotina. “É uma vergonha. Só os bonitões para aparecer no jornal. Sobra tudo pro escrivão, é tudo uma palhaçada. Ele fala que está fazendo e acontecendo, mas é só mídia. A gente é tratado como lixo. Não somos valorizados pelo governo, sociedade e nem dentro da polícia. Quando a gente fala algo, vira um inferno na nossa vida. Não estou aguentando mais, porrada de todos os lados da minha vida. O ser humano é um lixo e daqui duas semanas ninguém nem vai estar lembrando. Quem tem culpa, sabe”, desabafou.

Rafaela Drumond, de 32 anos, foi vítima de suicídio. Na sexta-feira (9), ela estava na casa dos pais, na cidade de Antônio Carlos, na região do Campo das Vertentes, quando tirou a própria vida.

A escrivã trabalhava em uma delegacia em Carandaí. Nos últimos meses, Rafaela teve mudanças em sua personalidade, passando a ficar mais retraída e calada. O fato chegou a incomodar os pais que, após uma conversa com ela, foram informados de que ela estava estudando para um concurso de delegada da instituição. 

Semanas antes do ocorrido, Rafaela denunciou casos de assédio moral e sexual dentro da delegacia em que era lotada. Imagens e áudios que circulam nas redes sociais mostram relatos da policial que, em alguns deles, detalha os assédios que sofria. Ela também reclamava das escalas de trabalho e da falta de folgas. “Ele ficava dando em cima de mim. Teve um povo que foi beber depois da delegacia, pessoal tinha mania disso, de fazer uma carne. Ele começou a falar na minha cabeça, e eu ficava com cara de deboche, não respondia esse grosso. De repente ele falava que polícia não é lugar de mulher. No fim das contas, ele me chamou de piranha”, disse ela em um dos áudios.

Caso Rafaela Drumond: delegado e investigador de Carandaí são transferidos de unidade

O delegado Itamar Cláudio Netto e o investigador Celso Trindade de Andrade, lotados na Delegacia de Carandaí, no Campo das Vertentes, foram transferidos para a unidade de Conselheiro Lafaiete, na região Central. Eles eram superiores da escrivã Rafaela Drumond, que foi encontrada morta na casa onde morava no último dia 9.

A oficialização aconteceu em publicação do governo desta sexta-feira (23). De acordo com o texto, Itamar Cláudio foi removido das atribuições de Carandaí “a pedido” próprio, enquanto Celso Trindade foi a “ex officio” – ou seja, por iniciativa da administração pública.

As transferências foram publicadas um dia após a Corregedoria-Geral da Polícia Civil (CGPC), de Belo Horizonte, assumir, de forma exclusiva, a presidência do inquérito policial que apura a morte da escrivã e do procedimento de investigação disciplinar do caso. A instituição, entretanto, ainda não informou se as transferências possuem relação com o inquérito e com a investigação em curso.

Até então, as investigações estavam sendo conduzidas pela polícia em Barbacena, no Campo das Vertentes, enquanto a Corregedoria apurava somente eventuais transgressões disciplinares de servidores da instituição no caso. Segundo a Polícia Civil, a medida foi adotada “devido à complexidade da investigação que apura as circunstâncias da morte”. A instituição disse que “as investigações continuarão sendo conduzidas de maneira isenta e imparcial”.

Delegado é citado em áudio

Em áudios enviados por Rafaela a uma amiga em fevereiro deste ano, ela conta que chegou a relatar ao delegado responsável pela unidade de Carandaí os assédios que vinha sofrendo no ambiente de trabalho.

“Outro dia cheguei na delegacia e falei tudo para o delegado e mostrei esse vídeo. Ele [disse] ‘você vai querer tomar providência?’, mas ele não queria que eu tomasse providência, porque ia sobrar pra ele também”, disse Rafaela, na ocasião. Itamar Cláudio Netto era o único delegado lotado na unidade de Carandaí. O material está sendo analisado pela Polícia Civil. Além dos áudios, um vídeo em que ela aparece sendo ofendida por um suposto colega está sendo periciado. (G1)

Corregedoria assume investigação sobre morte de escrivã da Polícia Civil. Família cobra punição

A Polícia Civil confirmou, nesta quinta-feira (22), que a Corregedoria do órgão assumiu a investigação sobre a morte da escrivã Rafaela Drumond, que tirou a própria vida no início de junho em um distrito de Antônio Carlos, no Campo das Vertentes.

Até o momento, o caso era investigado pelo Departamento de Barbacena. Segundo a PCMG, “a complexidade da investigação que apura as circunstâncias da morte da escrivã” justifica a transferência do caso para a sede da Polícia Civil, em Belo Horizonte. Segundo eles, a corregedoria possui “a estrutura necessária para dinamizar e concluir os procedimentos instaurados”, além de garantir mais isenção, imparcialidade e isonomia na apuração do caso.

Na nota, a PCMG afirma que as investigações seguem com isenção e imparcialidade e que não tem conhecimento de supostas ameaças praticadas por policiais civis contra familiares da escrivã. Qualquer pessoa que se sentir ameaçada pode denunciar pelo 181 ou 162.

Relembre o caso

A escrivã Rafaela Drumond, de 31 anos, foi encontrada morta pelos pais no dia 9 de junho, na casa da família em um distrito de Antônio Carlos, no Campo das Vertentes. O caso foi registrado pela Polícia Civil como suicídio.

O Sindicato dos Escrivães da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindep-MG) afirma que a escrivã já havia denunciado assédio moral e sexual no trabalho, além de pressão e sobrecarga. O sindicato realizou um protesto de 6 horas de silêncio no dia 15 de junho.

Em entrevista, o pai de Rafaela Drummond classificou a morte da filha como “o maior sofrimento que um homem pode sentir” e disse que percebeu que a filha estava mais “quieta e calada” nos meses anteriores, mas não entendeu isso como um “sinal” de que algo estava errado.

Apesar do caso ter sido registrado como suicídio, conversas e publicações da vítima nas redes sociais levam à suspeita de que ela estaria sofrendo assédio moral e sexual dentro da instituição, o que poderia ter levado ao suicídio. Essa suspeita também é investigada pela Polícia Civil.

Família de escrivã da Polícia Civil faz desabafo e denúncias; “haverá apuração rigorosa”, diz delegado

A dor de perder uma filha, principalmente por ter sido em função de um suicídio. Pois é o que Zuraide Drummond, de 57 anos, mãe de Rafaela Drummond, que tinha 32 anos, faz usando as redes sociais. E em suas falas, denúncias do sofrimento da filha, que tinha o sonho de se tornar delegada. Além disso, denúncias de todo o tipo de assédio, moral e sexual. Mas que infelizmente, segundo a mãe, foram ignoradas.E em suas falas, denúncias do sofrimento da filha, que tinha o sonho de se tornar delegada. Além disso, denúncias de todo o tipo de assédio, moral e sexual. Mas que infelizmente, segundo a mãe, foram ignoradas.

“O delegado falava diretamente que não sabia como ela havia passado na Polícia Civil, pois era desequilibrada e louca”, diz Zuraide. O mesmo delegado, segundo ela, teria se omitido diante da denúncia de assédio sexual, como relatou a irmã da vítima, Karoline Drummond.

“Teve uma vez que ela sofreu assédio sexual por um colega. O homem se inconformou por Rafaela não querer ter tido algo com ele durante uma confraternização e virou bebidas, além de uma mesa sobre ela. Na época, ela comunicou o fato para o delegado que respondeu: “quer que eu faça o quê?”, escreveu. A família revela que Rafaela deixou vários áudios com amigos, em que denunciava os assédios sofridos.

Sonho desfeito

“O sonho da minha filha era ser delegada. Acabaram com a vida dela”, desabafa, triste, Zuraide Drummond, que hoje vive chorando. Ela é auxiliar veterinária. Para a família, a morte da servidora da Polícia Civil, lotada em Carandaí, na região da Zona da Mata, acende um alerta pelos profissionais, que vivem pressão psicológica e assédio moral.

Rafaela, segundo a mãe, sempre se dedicou aos estudos. Queria ser delegada. “O sonho começou a tomar forma com ela ocupando o cargo de escrivã, mas uma mudança no comando da delegacia de Carandaí fez com que tudo mudasse”, afirmam os famliares.

“O delegado falava diretamente que não sabia como ela havia passado na Polícia Civil, pois era desequilibrada e louca”, escreveu Zuraide. Karoline, irmã de Rafaela, conta que a familiar tentou a transferência de cidade, pois não estava mais suportando a perseguição sofrida, que aconteceu até mesmo por um colega de trabalho.

“Teve uma vez que ela sofreu assédio sexual por um colega. O homem se inconformou por Rafaela não querer ter tido algo com ele durante uma confraternização e virou bebidas, além de uma mesa sobre ela. Na época, ela comunicou o fato para o delegado que respondeu: ‘quer que eu faça o quê?’”, escreve Karoline. Hoje, os policiais que trabalhavam com Rafaela estão sendo ouvidos, no inquérito que apura o que levou a escrivã a cometer o suicídio.

Versão da PCMG

Na manhã desta quinta-feira (15/6), a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) apresentou as providências que estão sendo empregadas para apurar as circunstâncias da morte da escrivã Rafaela Drumond, bem como as medidas adotadas para levar conforto à família e aos colegas da policial.

De acordo com o chefe do 13º Departamento de Polícia Civil, delegado-geral Alexsander Soares Diniz, a PCMG instaurou inquérito para apurar os fatos e as investigações seguem em andamento, em Barbacena. A Corregedoria da PCMG também averigua eventuais transgressões disciplinares de servidores da instituição no caso. “Buscamos uma investigação isenta, imparcial e profissional; rápida, mas rigorosa, pela exatidão que o fato requer”, pontuou. “Estive pessoalmente no local com as equipes e acompanhei as primeiras ações. Desde o início, a PCMG está seriamente comprometida a esclarecer todas as circunstâncias que envolvam o caso”, enfatizou o delegado.

Segundo o chefe do Departamento, Rafaela era uma policial querida pelos policiais e gostava do exercício da profissão. “Tive contato com ela ainda em 2021, quando ela foi lotada em Barbacena e me pediu apoio para trabalhar mais próximo aos pais, em Carandaí. Dentro das possibilidades à época, prontamente atendi ao pedido”, contou.

Acolhimento

Paralelamente, a PCMG realiza ações de assistência e acolhimento aos familiares e colegas da Rafaela. Na última segunda-feira (12/6), o Departamento de Polícia Civil em Barbacena recebeu a visita da inspetora-geral de Escrivães, Luciene Murta, acompanhada da equipe da Diretoria Ocupacional do Hospital da Polícia Civil (HPC), com a presença de assistente social e psicólogo.

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