Fábio Andrade é um dos líderes do movimento contrário à construção de uma usina na Praia do Futuro que ameaça a internet no Brasil
A construção de uma usina de dessalinização na Praia do Futuro, em Fortaleza, no Ceará, continua gerando polêmicas. Empresas que atuam no setor de internet alegam que a obra pode derrubar a conexão no Brasil. Um dos líderes do movimento contrário ao projeto, Fábio Andrade, vice-presidente institucional da Claro, é categórico: “A internet do país vai parar”.
Impactos para a conexão de internet
Em entrevista à Folha de São Paulo, Fábio Andrade lembrou que a própria Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) já se manifestou e determinou que os dutos da usina fiquem a, no mínimo, 500 metros dos cabos submarinos. Antes, o projeto estabelecia apenas cinco metros.
Com a vibração da água, Andrade afirma que pode haver rompimento dos cabos, derrubando a internet.
Mas segundo ele, o problema vai além. Mesmo que a instalação ocorra a no mínimo 500 metros, a conexão pode ser afetada no futuro. Isso porque o vice-presidente institucional da Claro destaca que o número de cabos deve dobrar em três anos, com o aumento da demanda por internet no país. Nesse sentido, a instalação deveria ser feito em uma distância de, no mínimo, mil metros.
“Quase toda a conexão internacional do país com EUA, Europa e África chega na Praia do Futuro, em Fortaleza (CE). Um reparo leva, no mínimo, 50 dias. Isso afetaria a segurança pública, saúde, hospital, a população.” Fábio Andrade, vice-presidente institucional da Claro
Andrade ainda explica que um novo projeto executivo é aguardado e que os próximos capítulos dessa história serão conhecidos em algumas semanas.
Ele afirma que, caso a construção da usina ocorra no local indicado originalmente, a solução será instalar novos os cabos de internet em outra praia da região. O problema é que isso gerara um enorme custo, além da necessidade de garantir a conexão em terra entre esses dois terminais de cabos.
Relembre a polêmica
Na praia do Futuro, existem 17 cabos submarinos de internet;
Segundo empresas do setor, a construção da usina no mesmo local pode trazer riscos à conexão no Brasil, pois os cabos trazem 99% dos dados, conforme o Ministério das Comunicações;
Os responsáveis pela PPP, por sua vez, garantem não haver risco, alegando que os dutos ficarão a mais de 500 metros dos cabos de internet, com zero chances de acertá-los.
Publicado na revista acadêmica BioScience, o relatórioo afirma que “a vida no planeta Terra está sitiada, à medida que continuamos a caminhar cada vez mais rapidamente em direção ao colapso ambiental”
Em mais um alerta sobre os efeitos das alterações climáticas no planeta, 15 mil cientistas de 161 países assinaram um relatório que destaca os efeitos devastadores do aquecimento global. Publicado na revista acadêmica BioScience, o artigo afirma que “a vida no planeta Terra está sitiada, à medida que continuamos a caminhar cada vez mais rapidamente em direção ao colapso ambiental”.
No relatório, os cientistas explicam que há décadas os alertas têm sido constantes, a fim de evitar um futuro marcado por condições climáticas extremas, devido à escalada das temperaturas globais causada pelas atividades humanas. No entanto, como destaca o Futurism, agora pode ser tarde demais.
“Infelizmente, o tempo acabou”, diz o documento. “Estamos entrando em um território inexplorado no que diz respeito à crise climática, uma situação que ninguém testemunhou antes na história da humanidade.”
Em uma declaração, Christopher Wolf, pesquisador de pós-doutorado da Oregon State University e principal co-autor do estudo, repetiu o tom sério do artigo, ao mesmo tempo em que ofereceu um pouco de esperança. “Sem ações que abordem o problema fundamental de a humanidade tirar mais da Terra do que pode dar com segurança, estamos a caminho do colapso potencial dos sistemas naturais e socioeconômicos e de um mundo com calor insuportável, além de escassez de energia, de comida e de água doce”, explica.
O artigo também traz dados que mostram que, em 2023, vários recordes climáticos foram quebrados por “margens enormes”. Os autores apontaram especificamente para a temporada de incêndios florestais no Canadá, e afirmam que o fenômeno “pode indicar um ponto de inflexão para um novo regime de incêndios”.
Os cientistas apontam a indústria de combustíveis fósseis como uma das grandes responsáveis pelo ‘caos’ do aquecimento global, além de representantes governamentais que subsidiam essas e outras indústrias. De acordo com o artigo, entre 2021 e 2022 os subsídios aos combustíveis fósseis duplicaram, passando de US$ 531 mil milhões para mais de US$ 1 bilhão, apenas nos Estados Unidos.
“Devemos mudar a nossa perspectiva sobre a emergência climática, fazendo com que ela deixe de ser apenas uma questão ambiental isolada para se tornar uma ameaça sistémica e existencial”.
Publicado na revista acadêmica BioScience, o relatórioo afirma que “a vida no planeta Terra está sitiada, à medida que continuamos a caminhar cada vez mais rapidamente em direção ao colapso ambiental”
Em mais um alerta sobre os efeitos das alterações climáticas no planeta, 15 mil cientistas de 161 países assinaram um relatório que destaca os efeitos devastadores do aquecimento global. Publicado na revista acadêmica BioScience, o artigo afirma que “a vida no planeta Terra está sitiada, à medida que continuamos a caminhar cada vez mais rapidamente em direção ao colapso ambiental”.
No relatório, os cientistas explicam que há décadas os alertas têm sido constantes, a fim de evitar um futuro marcado por condições climáticas extremas, devido à escalada das temperaturas globais causada pelas atividades humanas. No entanto, como destaca o Futurism, agora pode ser tarde demais.
“Infelizmente, o tempo acabou”, diz o documento. “Estamos entrando em um território inexplorado no que diz respeito à crise climática, uma situação que ninguém testemunhou antes na história da humanidade.”
Em uma declaração, Christopher Wolf, pesquisador de pós-doutorado da Oregon State University e principal co-autor do estudo, repetiu o tom sério do artigo, ao mesmo tempo em que ofereceu um pouco de esperança. “Sem ações que abordem o problema fundamental de a humanidade tirar mais da Terra do que pode dar com segurança, estamos a caminho do colapso potencial dos sistemas naturais e socioeconômicos e de um mundo com calor insuportável, além de escassez de energia, de comida e de água doce”, explica.
O artigo também traz dados que mostram que, em 2023, vários recordes climáticos foram quebrados por “margens enormes”. Os autores apontaram especificamente para a temporada de incêndios florestais no Canadá, e afirmam que o fenômeno “pode indicar um ponto de inflexão para um novo regime de incêndios”.
Os cientistas apontam a indústria de combustíveis fósseis como uma das grandes responsáveis pelo ‘caos’ do aquecimento global, além de representantes governamentais que subsidiam essas e outras indústrias. De acordo com o artigo, entre 2021 e 2022 os subsídios aos combustíveis fósseis duplicaram, passando de US$ 531 mil milhões para mais de US$ 1 bilhão, apenas nos Estados Unidos.
“Devemos mudar a nossa perspectiva sobre a emergência climática, fazendo com que ela deixe de ser apenas uma questão ambiental isolada para se tornar uma ameaça sistémica e existencial”.
Há previsão de chuva entre 20 e 30 mm/h ou até 50 mm/dia e queda de granizo
Minas Gerais está sob alerta de tempestade entre esta quarta-feira (1°) e quinta-feira (2), feriado de Finados, com previsão de chuva entre 20 e 30 mm/h ou até 50 mm/dia, além de queda de granizo e ventos intensos que podem chegar a 60 Km/h. Ao todo, são 252 cidades mineiras. Veja lista abaixo.
As cidades atingidas pela tempestade, de acordo com informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) ficam nas regiões do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, Central, Oeste, Sul/Sudoeste, Noroeste, Campo das Vertentes, Norte e Zona da Mata.
Apesar do alerta, o Inmet esclarece que há baixo risco de corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de galhos de árvores e de alagamentos.
Instruções
Em caso de rajadas de vento: (não se abrigue debaixo de árvores, pois há leve risco de queda e descargas elétricas e não estacione veículos próximos a torres de transmissão e placas de propaganda).
Evite usar aparelhos eletrônicos ligados à tomada.
Há previsão de chuva entre 20 e 30 mm/h ou até 50 mm/dia e queda de granizo
Minas Gerais está sob alerta de tempestade entre esta quarta-feira (1°) e quinta-feira (2), feriado de Finados, com previsão de chuva entre 20 e 30 mm/h ou até 50 mm/dia, além de queda de granizo e ventos intensos que podem chegar a 60 Km/h. Ao todo, são 252 cidades mineiras. Veja lista abaixo.
As cidades atingidas pela tempestade, de acordo com informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) ficam nas regiões do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, Central, Oeste, Sul/Sudoeste, Noroeste, Campo das Vertentes, Norte e Zona da Mata.
Apesar do alerta, o Inmet esclarece que há baixo risco de corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de galhos de árvores e de alagamentos.
Instruções
Em caso de rajadas de vento: (não se abrigue debaixo de árvores, pois há leve risco de queda e descargas elétricas e não estacione veículos próximos a torres de transmissão e placas de propaganda).
Evite usar aparelhos eletrônicos ligados à tomada.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta laranja para risco de tempestade, granizo e ventos de até 100 km/h em 317 cidades de Minas Gerais. O comunicado, divulgado na manhã desta segunda-feira (30), vale até as 10h desta terça-feira (31).
O Inmet cita possibilidade de chuva de 30 mm a 100 mm/dia e ventos intensos (60-100 km/h). Há risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas. Confira a lista
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta laranja para risco de tempestade, granizo e ventos de até 100 km/h em 317 cidades de Minas Gerais. O comunicado, divulgado na manhã desta segunda-feira (30), vale até as 10h desta terça-feira (31).
O Inmet cita possibilidade de chuva de 30 mm a 100 mm/dia e ventos intensos (60-100 km/h). Há risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas. Confira a lista
O alerta máximo para contaminação da água acendeu em 28 municípios brasileiros em 2022. Em cidades de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Tocantins, testes de qualidade encontraram agrotóxicos na rede de abastecimento em níveis acima do limite considerado seguro pelo Ministério da Saúde.
Essa situação representa um risco à saúde, de acordo com especialistas, principalmente se a água contaminada for consumida de forma contínua.
As informações são resultado de um cruzamento de dados realizado pela Repórter Brasil a partir de informações publicadas pelo Ministério da Saúde no Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano).
O consumo de água com altas concentrações de agrotóxicos aumenta os riscos para doenças crônicas, como câncer e distúrbios hormonais, e para problemas no sistema nervoso, nos rins e no fígado, explica Fábio Kummrow, professor de toxicologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Ele afirma que o consumo esporádico dessa água configura baixo risco à saúde. Porém, “o consumo frequente por longos períodos representa sérios riscos, em razão dos efeitos tóxicos crônicos pela exposição durante meses ou anos”, acrescenta.
As empresas de abastecimento de água são responsáveis por realizar os testes e publicar os resultados no Sisagua. Cabe aos municípios, estados e ao próprio ministério fiscalizar os casos e cobrar das empresas medidas para impedir que as substâncias ultrapassem os limites fixados.
Baixe aqui a tabela completa com os nomes dos municípios e empresas responsáveis pelo abastecimento.
Agrotóxicos proibidos
De acordo com os dados do Sisagua, no ano passado foram realizados 306.521 testes consistentes em 2.445 cidades para identificar agrotóxicos na água. O número poderia ser maior, já que a maior parte dos testes realizados no país para essas substâncias apresentavam erros e foram classificados como inconsistentes pelo Ministério da Saúde.
Segundo o painel, 55 testes em 28 municípios apontaram agrotóxicos acima dos valores máximos permitidos, o que representa 0,02% de todos os exames válidos realizados. Os dados foram extraídos pela reportagem em 8 de agosto deste ano (os resultados podem ser atualizados diariamente por estados e municípios).
O agrotóxico com mais testes acima do limite foi o endrin, com dez registros em municípios de Goiás, Minas Gerais, Tocantins e São Paulo. A substância, cujo uso é proibido no Brasil, pode afetar o sistema nervoso, causando tremores e convulsões, segundo estudos realizados em animais.
Na sequência aparece o aldrin, também proibido no país. Esse agrotóxico é considerado um Poluente Orgânico Persistente, pois não se degrada facilmente e se acumula em tecidos dos organismos vivos.
Com relação à saúde, o aldrin é classificado como “provavelmente cancerígeno” pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, órgão da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Como seu uso é vetado no Brasil há mais de duas décadas, sua presença na água pode ser justificada por dois fatores: a entrada ilegal no país, por contrabando, ou pela presença persistente no meio ambiente. A pesquisadora Cassiana Montagner, do Instituto de Química da Unicamp, aposta na primeira explicação.
“Não dá mais para falar que agrotóxicos proibidos há 20 anos ainda estão na água porque são persistentes. A gente sabe que há uma entrada clandestina”, afirma Montagner.
“Esses químicos ainda estão sendo usados nas lavouras brasileiras, mesmo com os riscos comprovados à saúde da população. Ao detectar essas substâncias, o poder público deveria aumentar a fiscalização para mitigar o uso”, diz ela.
Cidade mais afetada
De acordo com os dados publicados no Sisagua, a cidade com mais registros de água contaminada no ano passado foi Aruanã (GO). São 17 testes ao todo, incluindo para endrin e aldrin.
A 314 km de Goiânia e às margens do rio Araguaia, Aruanã fica em uma região destacada pela produção de soja, feijão, milho e arroz – culturas com elevado uso de agrotóxicos, segundo estudo da Universidade Federal de Mato Grosso.
O secretário de saúde de Aruanã, Leonel Cupertino, afirmou que não sabia da presença de agrotóxicos acima do limite na água do município e pediu esclarecimentos à Saneago, empresa de abastecimento da cidade.
Em nota, a companhia confirmou que os agrotóxicos foram identificados nos exames, porém, em concentrações dentro dos limites permitidos por lei e, portanto, sem riscos para a população.
A empresa alega que houve erro de digitação no preenchimento da planilha do Ministério da Saúde e que os dados divulgados na plataforma apresentam “equívocos”, pois estão acima dos resultados encontrados pela empresa. A Saneago informou que há “total garantia da segurança da água tratada distribuída no município”. Confira a nota completa.
Apesar da justificativa, a pesquisadora Cassiana Montagner, da Unicamp, afirma que qualquer nível de agrotóxico encontrado deveria ser motivo de atenção das autoridades, para evitar o consumo contínuo dessa água.
Baixe aqui a tabela completa com os nomes dos agrotóxicos e as doenças relacionadas a eles.
Lobby
Outro agrotóxico detectado em concentração acima do que é considerado seguro para a saúde foi a atrazina, encontrada em municípios de Goiás, Mato Grosso e São Paulo.
Esse produto é proibido na União Europeia desde 2004 e está associado à ocorrência de distúrbios endócrinos. Contudo, nos Estados Unidos e no Brasil, a substância segue na lista dos cinco agrotóxicos mais vendidos anualmente.
Uma dos municípios onde a atrazina foi encontrada na água da população em níveis perigosos foi Marcelândia (MT), que está em franca expansão agrícola, sobretudo na produção de soja e milho.
O município foi procurado, mas não respondeu até a publicação da reportagem.
Apesar de a Europa reconhecer os riscos da atrazina, a substância tem forte lobby da indústria para não sair dos mercados brasileiro e norte-americano.
Reportagem publicada pela Repórter Brasil e Agência Pública, em 2021, mostra que a fabricante Syngenta passou décadas questionando e perseguindo cientistas para manter a comercialização da atrazina. Procurada pela reportagem na época, a Syngenta Brasil não quis comentar os documentos divulgados.
Apesar de a atrazina aparecer com frequência em análises de água e de haver evidências que a associam ao desenvolvimento de disfunções hormonais, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma que a substância não está na lista de prioridades para reavaliação sobre o uso no país. Segundo o órgão, o produto foi proibido na Europa por risco ambiental, e não de saúde. A Anvisa ressaltou que análises ambientais não são da competência da agência.
Falta de transparência
Desde 2018, os testes realizados por empresas ou órgãos de abastecimento em amostras de água fornecida para a população são publicados no Sisagua. Isso só aconteceu após a Repórter Brasil revelar que 25% das cidades brasileiras tinham um coquetel com 27 agrotóxicos na rede de água entre 2014 e 2017.
A quantidade de substâncias testadas, frequência e limite máximo são definidos pelo Ministério da Saúde, que leva em consideração o risco que oferecem à saúde e a maior probabilidade de estarem na água.
No ano passado, a Repórter Brasil lançou o Mapa da água, plataforma interativa em que é possível verificar a qualidade da água de cada município entre 2018 e 2020, além de trazer explicações sobre as substâncias encontradas na água.
Após o lançamento, o Ministério publicou sua própria plataforma para trazer os dados sobre a qualidade da água. As informações estão disponíveis em sete painéis informativos do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua). Neles, é possível encontrar gráficos, mapas e tabelas com informações sobre as substâncias testadas.
Apesar de estarem disponíveis, as informações não são acessíveis ao público não especializado, pois siglas e códigos dificultam o entendimento. “O governo disponibilizou a informação, mas continua difícil de usar. Além disso, há publicidade zero, as pessoas nem sabem que esses painéis existem”, critica Kummrow, da Unifesp.
Embora trabalhe com o tema há anos, ele só tomou conhecimento da plataforma do governo após contato da reportagem.
Mesmo com críticas, Kummrow avalia que a publicação dos painéis pelo Ministério da Saúde representa um avanço. “De alguma forma os dados se tornaram públicos, sofreram uma validação e representam uma realidade”.
Marina Gama Cubas é responsável pela análise de dados.
Errata: o conteúdo foi alterado
Diferentemente do informado no gráfico que acompanha esta reportagem, a cidade de Mococa fica em São Paulo, e não em Minas Gerais. Já Ibertioga fica em Minas Gerais, e não em São Paulo. O gráfico foi corrigido.
O alerta máximo para contaminação da água acendeu em 28 municípios brasileiros em 2022. Em cidades de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Tocantins, testes de qualidade encontraram agrotóxicos na rede de abastecimento em níveis acima do limite considerado seguro pelo Ministério da Saúde.
Essa situação representa um risco à saúde, de acordo com especialistas, principalmente se a água contaminada for consumida de forma contínua.
As informações são resultado de um cruzamento de dados realizado pela Repórter Brasil a partir de informações publicadas pelo Ministério da Saúde no Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano).
O consumo de água com altas concentrações de agrotóxicos aumenta os riscos para doenças crônicas, como câncer e distúrbios hormonais, e para problemas no sistema nervoso, nos rins e no fígado, explica Fábio Kummrow, professor de toxicologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Ele afirma que o consumo esporádico dessa água configura baixo risco à saúde. Porém, “o consumo frequente por longos períodos representa sérios riscos, em razão dos efeitos tóxicos crônicos pela exposição durante meses ou anos”, acrescenta.
As empresas de abastecimento de água são responsáveis por realizar os testes e publicar os resultados no Sisagua. Cabe aos municípios, estados e ao próprio ministério fiscalizar os casos e cobrar das empresas medidas para impedir que as substâncias ultrapassem os limites fixados.
Baixe aqui a tabela completa com os nomes dos municípios e empresas responsáveis pelo abastecimento.
Agrotóxicos proibidos
De acordo com os dados do Sisagua, no ano passado foram realizados 306.521 testes consistentes em 2.445 cidades para identificar agrotóxicos na água. O número poderia ser maior, já que a maior parte dos testes realizados no país para essas substâncias apresentavam erros e foram classificados como inconsistentes pelo Ministério da Saúde.
Segundo o painel, 55 testes em 28 municípios apontaram agrotóxicos acima dos valores máximos permitidos, o que representa 0,02% de todos os exames válidos realizados. Os dados foram extraídos pela reportagem em 8 de agosto deste ano (os resultados podem ser atualizados diariamente por estados e municípios).
O agrotóxico com mais testes acima do limite foi o endrin, com dez registros em municípios de Goiás, Minas Gerais, Tocantins e São Paulo. A substância, cujo uso é proibido no Brasil, pode afetar o sistema nervoso, causando tremores e convulsões, segundo estudos realizados em animais.
Na sequência aparece o aldrin, também proibido no país. Esse agrotóxico é considerado um Poluente Orgânico Persistente, pois não se degrada facilmente e se acumula em tecidos dos organismos vivos.
Com relação à saúde, o aldrin é classificado como “provavelmente cancerígeno” pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, órgão da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Como seu uso é vetado no Brasil há mais de duas décadas, sua presença na água pode ser justificada por dois fatores: a entrada ilegal no país, por contrabando, ou pela presença persistente no meio ambiente. A pesquisadora Cassiana Montagner, do Instituto de Química da Unicamp, aposta na primeira explicação.
“Não dá mais para falar que agrotóxicos proibidos há 20 anos ainda estão na água porque são persistentes. A gente sabe que há uma entrada clandestina”, afirma Montagner.
“Esses químicos ainda estão sendo usados nas lavouras brasileiras, mesmo com os riscos comprovados à saúde da população. Ao detectar essas substâncias, o poder público deveria aumentar a fiscalização para mitigar o uso”, diz ela.
Cidade mais afetada
De acordo com os dados publicados no Sisagua, a cidade com mais registros de água contaminada no ano passado foi Aruanã (GO). São 17 testes ao todo, incluindo para endrin e aldrin.
A 314 km de Goiânia e às margens do rio Araguaia, Aruanã fica em uma região destacada pela produção de soja, feijão, milho e arroz – culturas com elevado uso de agrotóxicos, segundo estudo da Universidade Federal de Mato Grosso.
O secretário de saúde de Aruanã, Leonel Cupertino, afirmou que não sabia da presença de agrotóxicos acima do limite na água do município e pediu esclarecimentos à Saneago, empresa de abastecimento da cidade.
Em nota, a companhia confirmou que os agrotóxicos foram identificados nos exames, porém, em concentrações dentro dos limites permitidos por lei e, portanto, sem riscos para a população.
A empresa alega que houve erro de digitação no preenchimento da planilha do Ministério da Saúde e que os dados divulgados na plataforma apresentam “equívocos”, pois estão acima dos resultados encontrados pela empresa. A Saneago informou que há “total garantia da segurança da água tratada distribuída no município”. Confira a nota completa.
Apesar da justificativa, a pesquisadora Cassiana Montagner, da Unicamp, afirma que qualquer nível de agrotóxico encontrado deveria ser motivo de atenção das autoridades, para evitar o consumo contínuo dessa água.
Baixe aqui a tabela completa com os nomes dos agrotóxicos e as doenças relacionadas a eles.
Lobby
Outro agrotóxico detectado em concentração acima do que é considerado seguro para a saúde foi a atrazina, encontrada em municípios de Goiás, Mato Grosso e São Paulo.
Esse produto é proibido na União Europeia desde 2004 e está associado à ocorrência de distúrbios endócrinos. Contudo, nos Estados Unidos e no Brasil, a substância segue na lista dos cinco agrotóxicos mais vendidos anualmente.
Uma dos municípios onde a atrazina foi encontrada na água da população em níveis perigosos foi Marcelândia (MT), que está em franca expansão agrícola, sobretudo na produção de soja e milho.
O município foi procurado, mas não respondeu até a publicação da reportagem.
Apesar de a Europa reconhecer os riscos da atrazina, a substância tem forte lobby da indústria para não sair dos mercados brasileiro e norte-americano.
Reportagem publicada pela Repórter Brasil e Agência Pública, em 2021, mostra que a fabricante Syngenta passou décadas questionando e perseguindo cientistas para manter a comercialização da atrazina. Procurada pela reportagem na época, a Syngenta Brasil não quis comentar os documentos divulgados.
Apesar de a atrazina aparecer com frequência em análises de água e de haver evidências que a associam ao desenvolvimento de disfunções hormonais, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma que a substância não está na lista de prioridades para reavaliação sobre o uso no país. Segundo o órgão, o produto foi proibido na Europa por risco ambiental, e não de saúde. A Anvisa ressaltou que análises ambientais não são da competência da agência.
Falta de transparência
Desde 2018, os testes realizados por empresas ou órgãos de abastecimento em amostras de água fornecida para a população são publicados no Sisagua. Isso só aconteceu após a Repórter Brasil revelar que 25% das cidades brasileiras tinham um coquetel com 27 agrotóxicos na rede de água entre 2014 e 2017.
A quantidade de substâncias testadas, frequência e limite máximo são definidos pelo Ministério da Saúde, que leva em consideração o risco que oferecem à saúde e a maior probabilidade de estarem na água.
No ano passado, a Repórter Brasil lançou o Mapa da água, plataforma interativa em que é possível verificar a qualidade da água de cada município entre 2018 e 2020, além de trazer explicações sobre as substâncias encontradas na água.
Após o lançamento, o Ministério publicou sua própria plataforma para trazer os dados sobre a qualidade da água. As informações estão disponíveis em sete painéis informativos do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua). Neles, é possível encontrar gráficos, mapas e tabelas com informações sobre as substâncias testadas.
Apesar de estarem disponíveis, as informações não são acessíveis ao público não especializado, pois siglas e códigos dificultam o entendimento. “O governo disponibilizou a informação, mas continua difícil de usar. Além disso, há publicidade zero, as pessoas nem sabem que esses painéis existem”, critica Kummrow, da Unifesp.
Embora trabalhe com o tema há anos, ele só tomou conhecimento da plataforma do governo após contato da reportagem.
Mesmo com críticas, Kummrow avalia que a publicação dos painéis pelo Ministério da Saúde representa um avanço. “De alguma forma os dados se tornaram públicos, sofreram uma validação e representam uma realidade”.
Marina Gama Cubas é responsável pela análise de dados.
Errata: o conteúdo foi alterado
Diferentemente do informado no gráfico que acompanha esta reportagem, a cidade de Mococa fica em São Paulo, e não em Minas Gerais. Já Ibertioga fica em Minas Gerais, e não em São Paulo. O gráfico foi corrigido.
Alerta do governo para brasileiros endividados: Cuidado com golpes na plataforma Desenrola Brasil
O governo federal lançou um alerta aos brasileiros endividados para se protegerem contra possíveis golpes na plataforma do programa Desenrola Brasil.
O que é o Desenrola Brasil?
O Desenrola Brasil é um programa instituído por meio da Medida Provisória nº 1.176/2023, convertida na Lei nº 14.690, de 3 de outubro de 2023. O programa tem como objetivo ajudar a reduzir o nível de inadimplência no Brasil e a recuperar o fôlego financeiro das famílias.
Os cidadãos podem acessar o site oficial do programa para renegociar suas dívidas com descontos.
Cuidado com golpes na plataforma
O Ministério da Fazenda (MF) está alertando os cidadãos para que não caiam em golpes na plataforma do programa. A orientação é entrar na plataforma apenas pelo link oficial do site do governo. Qualquer outra forma de comunicação, como e-mails, mensagens de WhatsApp, pode ser uma tentativa de golpe.
Na primeira etapa do programa, criminosos utilizaram o nome do Desenrola Brasil para aplicar golpes nas pessoas que buscavam renegociar suas dívidas. Eles criaram sites falsos e enviaram e-mails e mensagens fraudulentas.
Na atual fase do programa, as dívidas serão negociadas apenas pela Plataforma de Renegociação no endereço desenrola.gov.br.
O que fazer em caso de tentativa de fraude?
Se você receber alguma mensagem suspeita ou de terceiros propondo a renegociação pelo Desenrola, deve sempre procurar o seu credor antes de tomar qualquer atitude. Jamais acesse links suspeitos e nunca forneça seus dados pessoais a desconhecidos.
Você também deve comunicar a ocorrência de tentativas de fraudes com o registro de ocorrências policiais e contato com os Procons.
Segunda etapa do programa
Na segunda etapa do programa, a negociação será realizada pelo site oficial, com o uso da conta GOV.BR (sem nenhum outro intermediário). Portanto, será necessário ter uma conta GOV.BR com os níveis de contas prata ou ouro.
É importante que os cidadãos providenciem desde já o seu cadastro no GOV.BR.
Fique Atento(a)
O alerta do governo vem em um momento crucial, quando muitos brasileiros estão endividados e procurando formas de renegociar suas dívidas. O programa Desenrola Brasil é uma excelente iniciativa, mas é necessário estar atento para não cair em golpes.
Lembre-se: sempre acesse o site oficial do programa e nunca forneça seus dados pessoais a desconhecidos. E se você receber alguma mensagem suspeita, sempre entre em contato com o seu credor e com as autoridades competentes.
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