Marília Mendonça: a rainha que cantava com o coração

Ela nasceu no dia 22 de julho de 1995. Era leonina da gema, do primeiro decanato. Em sua numerologia, a soma de sua data de nascimento resulta no número 8 que representa o infinito e a necessidade de expressar emoções genuínas. Marília Mendonça veio ao mundo para emocionar o público com suas canções repletas de narrativas cotidianas que conquistaram o país-continente. O Brasil assistiu incrédulo à morte precoce de uma estrela no auge do sucesso em um acidente aéreo em Minas Gerais.

Ficamos mais tristes com a perda da Rainha da Sofrência, uma palavra nova incorporada ao vocabulário popular que significa uma mistura de sentimento com carência. Marília soube magistralmente compor e interpretar essa combinação e acumulou prêmios, bateu recordes de vendas, colocando a figura feminina no centro de um universo antes dominado por homens: o sertanejo. Na padaria fiquei sabendo da confirmação da morte da cantora e compositora Marília Mendonça. Assustado com a notícia, comecei a observar os comentários das pessoas. “É muita ganância fazer tantos shows na pandemia”, “Ela não tinha religião, deve ser isso”, “Deixar um bebê em casa para cantar, não valorizava a família”. Foram muitos os julgamentos súbitos, algo totalmente sem noção. Não se tem o direito de morrer em paz no Brasil sem a culpabilidade pública e pudica que impera em terras tupiniquins.

Confesso que o sertanejo não é meu estilo musical predileto. Mas Marília Mendonça tinha um diferencial, um borogodó na voz que não tem como explicar.  A gente só sentia o pulsar de uma cantora afinada que cantava com o coração, uma voz potente e articulada com as emoções de uma geração que veio para quebrar tabus. O Brasil está mais carente com a partida da Rainha da Sofrência, aos 26 anos.  Uma sexta-feira que não ‘sextou’ e que foi “Infiel” as expectativas de milhões de fãs que acompanhavam o trabalho desta goiana que permaneceu pouco tempo entre nós, mas que deixou uma história de superações e conquistas. Que seu legado seja como o número de sua data de nascimento: infinito!  

  • Éverlan Stutz é professor, poeta e jornalista   

Solidariedade, resistência e engajamento: Dona Jandira faz apresentação e emociona o público em BH

De Itatiaia, em Ouro Branco, dona de uma voz poderosa e singular, a cantora encontra tempo e disposição para contribuir em causas sociais e cedeu o cachê para ajudar nas atividades da Fio de Luz, uma organização não-governamental que fabrica perucas para doação a pacientes em tratamento de câncer


Aos 82 anos, a cantora e violonista Dona Jandira encontra forças para lutar em tempos pandêmicos e mostra o melhor de sua arte, permeada pela vontade de resistir a uma crise sanitária que afetou diretamente a classe artística.  Cidadã honorária de Belo Horizonte, cidade que a acolheu desde que despontou como um nome expressivo do samba mineiro, Dona Jandira cantou e encantou o público na apresentação realizada na última quinta-feira, 7 de outubro, no espaço Cantin Noir. A cantora morou no distrito de Itatiaia, em Ouro Branco, e é uma das fundadoras da Associação Cultural Os Bem-te-vis. Protagonista de sua história, com uma voz poderosa e singular, a cantora encontra tempo e disposição para contribuir em causas sociais. Dona Jandira cedeu o cachê para ajudar nas atividades da Fio de Luz, uma organização não-governamental que fabrica perucas para doação a pacientes em tratamento de câncer.

Para o presidente da Fio de Luz, Edimilson Marques, a disponibilidade de artistas como Dona Jandira faz a diferença. “Ela conheceu nosso trabalho e quis nos ajudar, o nome disso é amor, amor ao próximo e respeito a dor das pessoas que sofrem com os danos causados pelo câncer”, relata Marques.  A produção ficou a cargo da Esperanza Tour e Eventos, uma empresa que desenvolve projetos sociais em Belo Horizonte e em outros municípios mineiros. De acordo com diretor da empresa Marco Haddad, o engajamento de Dona Jandira contribui para ampliar a visibilidade da campanha Outubro Rosa. “Promover o diálogo e a conscientização pela música é essencial no contexto que estamos vivenciando. As experiências vividas em momentos de lazer possuem uma grande aproximação entre as pessoas”, explica Marco.    

O turismólogo e ferroviário aposentado Eduardo Alves acompanha o trabalho de Dona Jandira há seis anos e, desde então, tornou-se fã e amigo da artista. “Ela tem uma voz particular, me lembra as cantoras do rádio. Fui em Itatiaia conhecer o trabalho social dela e fiquei emocionado. Mesmo com toda dificuldade enfrentada pelos artistas na pandemia, ela fez a doação do cachê para uma causa social nobre”, diz Eduardo.  

O produtor cultural e jornalista Júlio Anastácio conheceu Dona Jandira cantando na noite da capital e destaca a representatividade da cantora. “Ela conquistou os artistas das montanhas, dividindo o palco com muitos deles. Dona Jandira é uma figura marcante, uma mulher negra, nordestina, que foi consagrada depois dos sessenta anos e continua firme em seu propósito artístico”, argumenta Anastácio.

Dona Jandira destacou a importância da contribuição de todos com a campanha Outubro Rosa. “Temos que resistir à realidade atual que anda muito conturbada. Colaboro com trabalhos sociais há muito tempo e, neste momento, a solidariedade passa a ser essencial. Agradeço aos músicos que me acompanham e ao público pelo carinho e receptividade”.    

Fotos: Michele Mavise

about

Be informed with the hottest news from all over the world! We monitor what is happenning every day and every minute. Read and enjoy our articles and news and explore this world with Powedris!

Instagram
© 2019 – Powedris. Made by Crocoblock.