Prefeitura promove encontro de especialistas para discutir a qualidade do ar em Congonhas

A Prefeitura de Congonhas através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente promoveu no último dia 10 de novembro, o 1º Encontro Brasileiro sobre a Qualidade do Ar. A ação faz parte do programa de Controle de Ambiental Municipal, criado em 2021, para mitigar os impactos das atividades de mineração na cidade.

Autoridades locais, representantes de empresas que atuam no município, estudiosos sobre o assunto e especialistas de várias regiões do Brasil participaram das discussões sobre os problemas ambientais enfrentados por Congonhas.

Representantes do Governo Municipal e da Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM) apresentaram aos pesquisadores diagnósticos da qualidade do ar na cidade com base em dados da rede de monitoramento que possui equipamentos localizados em vários bairros como no Pires, Jardim Profeta, Lobo Leite e Joaquim Murtinho. Também foram abordadas as ações mitigadoras realizadas pelas empresas mineradoras e os principais desafios apresentados.

O prefeito Cláudio Antônio de Souza ressaltou a importância do encontro como maneira de discutir estratégias e elaborar em conjunto medidas técnicas eficazes e duradouras para a melhoria e controle da qualidade do meio ambiente na cidade e fez um resumo de algumas ações do Governo. “Temos tido uma preocupação muito grande com a questão do meio ambiente. Todas as nossas ações em nível de pavimentação, a busca por trabalhar a ‘cidade esponja’, reposição de lençol freático não são coisas que dão resultado de um dia pro outro, mas nós começamos e o desafio é grande”, comentou o prefeito Dinho em seu discurso.

O representante da AMIG (Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais), Waldir destacou que os problemas e impactos da atividade mineraria são comuns a muitas cidades. “Quase todas as cidades mineradoras que tem atividade de médio a grande porte, sentem o impacto, a única diferença é a proximidade delas com as minas aonde se faz a escavação, o beneficiamento e o empilhamento. Por isso, nós precisamos naturalmente de qualificar o impacto, quantificar o impacto, achar e apontar solução e exigir que quem faz o impacto seja o mitigador e, se possível, o eliminador dele”, conclui.

O vice-prefeito Paulo Policarpo destacou em sua fala a importância da mineração para a economia local e o promotor de Justiça, Vinícius Alcântara ressaltou a necessidade da empresas se empenharem no cumprimento das medidas de mitigação. “Uma das principais angustias da população local é quanto a quantidade de partículas de poeira no ar, porque Congonhas basicamente é uma cidade cercada de mineração a céu aberto por todos os lados e isso acarreta males de várias espécies a saúde da população e a limpeza da cidade. Isso é uma preocupação recorrente. E eu espero que a haja uma colaboração, uma consciência por parte das empresas porque esse impacto tem várias vertentes”, enfatizou o promotor.

A Secretaria Adjunta de Meio Ambiente, Ana Gabriela Dutra ressaltou durante sua apresentação a abertura de muitas empresas para permitir um entendimento do que acontece dentro delas e que são causadores destes impactos e o Secretário Municipal de Meio Ambiente, Marcelo Moreno, destacou que esse encontro é o marco na busca de soluções para a melhoria da qualidade do ar em Congonhas.

“Não estamos falando que nós vamos resolver todo o problema de uma só vez, mas nós vamos começar a dar passos, porque ninguém chega a lugar algum em um pulo, mas em caminhando de passo a passo até alcançar. Então, que daqui saia algo que nós comecemos a desenvolver, que sejam pequenas ações para nós chegarmos aonde nós buscamos”, concluiu.

Por Reinaldo Silva – Comunicação
Imagens: Reinaldo Silva e Izabella Vasconcelos

Aneel aprova reajustes estaduais de até 24% nas contas de luz após Bolsonaro anunciar redução nacional de 20%

Especialistas já alertavam que redução seria menor, pois o fim da bandeira tarifária seria diluída nos reajustes das distribuidoras

Dias após o governo Jair Bolsonaro (PL) anunciar o fim da bandeira tarifária de escassez hídrica (e uma redução de cerca de 20% nas contas de luz em todo o país), a Aneel (Aneel Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou reajustes médios de quase 25% em quatro estados do Nordeste: CearáBahiaRio Grande do Norte e Sergipe.

A agência divulgou, nesta terça-feira (19), que o reajuste médio para o consumidor residencial será de 23,99% para as tarifas da Enel Ceará; de 20,73% para a Coelba (Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia); de 19,87% no Neoenergia Cosern (RN); e de 16,46% para a Energisa Sergipe (SE).

As novas tarifas valem já a partir de sexta-feira (22), e os anúncios ocorrem apenas três dias após as contas de luz ficarem cerca de 20% mais baratas em todo o país, com o fim da bandeira tarifária escassez hídrica e a adoção da bandeira tarifária verde, que não tem cobrança de taxa extra no consumo de energia elétrica.

Quando anunciou a mudança na bandeira, no começo do mês, o presidente Jair Bolsonaro (PL) destacou as contas de luz mais baratas. “Bandeira verde para todos os consumidores de energia a partir de 16/04. A conta de luz terá redução de cerca de 20%“, escreveu o presidente nas redes sociais.

Redução diluída com reajustes

Especialistas do setor já alertavam que a redução seria muito menor, pois acabaria diluída pelos reajustes tarifários das distribuidoras (que são anuais). Segundo a PSR, maior consultoria de energia do país, esses reajustes serão de 15%, em média, então a redução na conta de luz residencial deverá ser de 6,5% na prática.

Nos quatro estados do Nordeste e em dois do Centro-Oeste, no entanto, os reajustes ficaram todos acima da projeção média da consultoria:

  • Ceará: reajuste de 23,99% para consumidores residenciais B1 e de 24,85% para consumidores cativos nas tarifas da Enel Distribuição Ceará. A empresa atende a aproximadamente 3,8 milhões de unidades consumidoras no estado;
  • Bahia: reajuste de 20,73% para consumidores residenciais e de 21,13% para consumidores cativos nas tarifas da Coelba. A empresa é responsável pela distribuição de energia para cerca de 6,3 milhões de unidades consumidoras;
  • Rio Grande do Norte: reajuste de 19,87% para consumidores residenciais e de 20,36% para consumidores cativos da Neoenergia Cosern (Companhia Energética do RN). A empresa atende a 1,5 milhão de unidades consumidoras;
  • Sergipe: reajuste de 16,46% para consumidores residenciais e de 16,24% para consumidores cativos da Energisa Sergipe – Distribuidora de Energia S.A. (ESE). A empresa distribui energia a cerca de 825 mil unidades consumidoras.

A Aneel diz que, somando o fim da bandeira tarifária escassez hídrica no sábado e o reajuste aprovado nesta terça, a conta de luz ficará mais barata em três dos quatro estados.

O impacto tarifário para o consumidor B1 residencial convencional será de -1,58% na Bahia, -4,11% no Rio Grande do Norte e de -6,15% em Sergipe. No Ceará, a energia elétrica ficará 0,09% mais cara.

Reajuste no Centro-Oeste

Na semana passada, a Aneel já havia aprovado reajustes nas tarifas de dois estados do Centro-Oeste: Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Os novos valores foram autorizados na terça-feira (12) e passaram a valer no sábado (16), no mesmo dia em que acabou a bandeira tarifária escassez hídrica:

  • Mato Grosso: reajuste de 20,36% para consumidores residenciais e de 22,55% para consumidores cativos nas tarifas da Energisa Mato Grosso. A empresa atende a aproximadamente 1,56 milhão de unidades consumidoras no estado;
  • Mato Grosso do Sul: reajuste de 16,83% para consumidores residenciais e de 18,16% para consumidores cativos nas tarifas da Energisa Mato Grosso do Sul. A empresa distribui energia a cerca de 1,08 milhão de unidades consumidoras.

Segundo a agência reguladora, a combinação do reajuste tarifário aprovado e começo da bandeira verde resultará em uma queda no preço da conta de luz para o consumidor B1 residencial convencional de -0,04% em Mato Grosso e de -2,76% em Mato Grosso do Sul.

FONTE INFOMONEY

Cuidado! Esses aplicativos podem roubar o dinheiro do seu celular sem que você perceba

Cada vez mais os especialistas falam da necessidade de tomar cuidado com a instalação de aplicativos no celular para evitar roubos

É muito provável que você possua o aplicativo da sua conta bancária, o que é ótimo e garante a praticidade das demandas financeiras. No entanto, é necessário que haja um cuidado redobrado, pois existem outros aplicativos que podem roubar dinheiro do celular.

Mas calma, isso não ocorre por conta do aplicativo do banco, mas sim por apps externos que conseguem acessar as informações mais importantes do seu smartphone. Por isso, é importante que você conheça alguns dos aplicativos que já possuem denúncias quanto ao roubo de dados pessoais e até mesmo de dinheiro. Confira quais são eles!

Aplicativos que podem roubar dinheiro

  • Aplicativos de investimento

Muitos aplicativos de investimento funcionam de maneira semelhante, ou em parceria com as corretoras de investimento. Ou seja, é uma forma que você tem de acessar a sua carteira de investimentos, comprar ou vender ações pelo seu celular. Porém, é necessário redobrar os cuidados nesses casos, já que o app estará com contato direto com suas informações bancárias.

Com isso, são cada vez mais comuns as denúncias quanto ao roubo de dinheiro após a instalação de alguns apps de investimento de caráter duvidoso. Portanto, é melhor recorrer a uma corretora com boa reputação no mercado, e evitar esses aplicativos que já sofreram denúncias:

  • Gazprom Invest;
  • Gaz Investor;
  • Invest Gaz Incomes.
  • Aplicativos de edição de fotos

Ademais, outro tipo de app que comumente age para roubar seu dinheiro pelo celular são os aplicativos de fotos. Isso porque muitos usuários já relataram o roubo em suas contas financeiras logo após a instalação do aplicativo.

Sem falar que esses apps também são conhecidos por instalar diversos tipos de vírus no celular, especialmente aqueles que são gratuitos. Por isso, pense bem onde você fará a edição das suas fotos e sempre consulte as demais impressões dos clientes. E também passe longe dos seguintes aplicativos que já possuem diversas denúncias sobre roubos:

  • Adorn Photo Pro;
  • Power Photo Studio;
  • Morph Faces.7.

Outros aplicativos

Por fim, lembrando que você precisa verificar todo e qualquer aplicativo que for instalar em seu celular, por meio da consulta aos demais usuários. Depois, pesquise sempre quais aplicativos te oferecem perigo agora, como esses outros apps que também já possuem acusações de furtos:

  • Up Your Mobile;
  • YOH;
  • MorpFaces;
  • 7Laucher iOS 15.

FONTE CAPITALIST

Governo estuda mudanças nas regras do seguro-desemprego; saiba por quê

Tanto o governo quanto especialistas admitem que as atuais regras desse benefício estimulam o acesso ao programa repetidas vezes por trabalhadores

O número de acessos ao seguro-desemprego representa uma alta despesa governamental mesmo com a redução da taxa de desocupados no país. A questão vem sendo tema de debates no governo federal. Com parcela mínima de R$ 1.212 e máxima de R$ 2.106, tanto o governo quanto especialistas admitem que as atuais regras desse benefício estimulam o acesso ao programa repetidas vezes por trabalhadores, que também optam pela informalidade, em vez de funcionar como “colchão de choque” para que eles retornem ao mercado de trabalho.

O número de acessos ao seguro-desemprego representa uma alta despesa governamental mesmo com a redução da taxa de desocupados no país. A questão vem sendo tema de debates no governo federal. Com parcela mínima de R$ 1.212 e máxima de R$ 2.106, tanto o governo quanto especialistas admitem que as atuais regras desse benefício estimulam o acesso ao programa repetidas vezes por trabalhadores, que também optam pela informalidade, em vez de funcionar como “colchão de choque” para que eles retornem ao mercado de trabalho.

No primeiro bimestre deste ano, o governo brasileiro gastou R$ 2,5 bilhões com pagamentos a trabalhadores que solicitaram o seguro-desemprego. Até dezembro de 2022, a previsão de gastos com essa rubrica é de R$ 41,7 bilhões em 2022, frente aos R$ 31,8 bilhões do ano passado.

De acordo com informações do secretário do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, Luis Felipe Oliveira, no período de aquecimento da economia, com admissões e desligamentos mais constantes, a volatilidade é esperada. Mas a permanência dos desempregados no uso das parcelas incomoda os economistas do governo.

“Naturalmente, com a economia mais aquecida, há aumento de desligamentos e isso traz mais pedidos de seguro-desemprego. Mas o que nos chama atenção é o tempo de permanência do trabalhador nas cinco parcelas”, explica o secretário. O problema, segundo Oliveira, está no modelo adotado pelo governo brasileiro. “Se o trabalhador formaliza um contrato, ele perde o direito às parcelas. Portanto, há um incentivo muito grande para que permaneça no seguro-desemprego e some a isso uma atividade informal”, avalia.

O trabalhador demitido sem justa causa tem direito a, no mínimo, três e, no máximo, cinco parcelas do seguro-desemprego. Em 2021, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foram feitos 6.087.675 requerimentos, dado 10,3% inferior ao de 2020, quando ocorreram 6.784.120 de pedidos.

No artigo “Evidências sobre Manipulação de Regra e Risco Moral no Programa Seguro-Desemprego Brasileiro”, apresentado em caderno da Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia, os economistas e pesquisadores Gibran Teixeira, da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), e Giácomo Balbinotto Neto, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), apontam que os trabalhadores são incentivados a permanecer nos postos de trabalho até a obtenção do direito ao seguro-desemprego, ou seja, após os seis meses de contratação pelas regras celetistas.

“Ao analisar os resultados para a manipulação de regra, evidenciou-se que, tanto para os chefes, quanto cônjuges e filhos, existe a manipulação de permanência no emprego com base no tempo mínimo necessário ao recebimento do benefício seguro-desemprego”, dizem os pesquisadores no estudo publicado em 2017.

“Este fato revela que os trabalhadores brasileiros sofrem influência do programa no tempo de permanência no emprego. Assim, o benefício estaria incentivando a rotatividade no mercado de trabalho brasileiro, o que fortalece o baixo incentivo pelas empresas em investirem em capital humano e, com isto, gera-se a baixa produtividade média do trabalhador nacional”, afirma Balbinotto Neto.

Assim, o seguro-desemprego surte efeito inverso e corresponde a um período em que o trabalhador não procura emprego. Para Gibran Teixeira, o problema do seguro-desemprego é o seu isolamento ou distanciamento das demais políticas de reinserção do trabalhador ao mercado. “Pelo que tenho visto no mundo, acredito que o seguro-desemprego brasileiro precisa fomentar a qualificação profissional e estar totalmente integrado com agências de inserção profissional, como o Sine (Sistema Nacional de Emprego)”, aponta.

O Sine é um órgão do governo federal do Brasil, coordenado pelo Ministério da Economia, por intermédio da secretaria especial de Produtividade, Emprego e Competitividade. “Isso daria maior probabilidade de reinserção do segurado no mercado de trabalho, além de reduzir o gasto com o programa”, acrescenta Teixeira.

Porém, o pesquisador aponta que é necessário melhorar a fiscalização do programa para combinar requalificação profissional com “casamento” de agências de inserção no mercado de trabalho e monitoramento para evitar fraudes. “Isso também precisa de um maior monitoramento, para não haver a possibilidade do trabalhador se inserir no emprego, de modo informal e continuar a receber o benefício.”

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pri-2803-seguro-desemprego(foto: Lucas Pacifico)

Confisco

O governo tem procurado alternativas em reuniões interministeriais das pastas ligadas a emprego e renda. Recentemente, estudo encomendado pelo Ministério do Trabalho e Previdência ao Grupo de Altos Estudos do Trabalho (Gaet) propôs que o governo federal se aproprie da multa do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que hoje é paga diretamente ao trabalhador demitido sem justa causa. O recurso seria utilizado para apoiar quem ganha até um salário mínimo e meio por mês.

A medida impactaria diretamente o seguro-desemprego, que deixaria de existir. Assim, em vez de pagar a quem for desligado do emprego, como é hoje, o empregador repassaria o valor dessa multa para o governo.

O dinheiro seria, então, destinado ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e, de lá, abasteceria as contas individuais do Fundo de Garantia de empregados com salário mensal inferior a um mínimo e meio. A correção dessa poupança seria de acordo com os índices praticados no mercado.

Se fosse demitido, o trabalhador poderia sacar mensalmente o equivalente ao valor do salário que recebia quando estava empregado, respeitado o teto de cinco salários mínimos.

FONTE CORREIO BRASILIENSE

Diário da Covid-19: Após 2 anos, a pandemia virou endemia?

Série para o #Colabora chega ao fim com as dúvidas dos especialistas se o mundo terá o terceiro ano da emergência sanitária ou haverá redução constante do número de casos e de óbitos

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que o mundo enfrentava uma emergência sanitária e elevou a classificação da “COrona VIrus Disease” (COVID) para o nível de pandemia no dia 11 de março de 2020, embora as primeiras infecções do novo coronavírus tenham sido identificadas no final de 2019. Após 2 anos, o mundo contabilizou, oficialmente, 455 milhões de pessoas infectadas (cerca de 6% da população mundial) e mais de 6 milhões de vidas perdidas (quase uma morte para cada 1 mil habitantes). Certamente, o número real é bem maior do que o oficial, embora seja difícil avaliar toda a subenumeração dos registros.

Mas cabe a pergunta: vamos iniciar o terceiro ano da emergência sanitária ou haverá redução do número de casos e de óbitos com a pandemia se transformando em endemia?

Não existe consenso entre os epidemiologistas sobre os desdobramentos futuros da doença e nem sobre o momento de definição do fim da pandemia. De fato, havia um arrefecimento da pandemia em outubro de 2021, mas o surgimento da variante Ômicron gerou o maior surto pandêmico em janeiro de 2022. Embora os números tenham diminuído em fevereiro e março, ainda permanecem em patamar elevado e novas variantes podem surgir, especialmente em um cenário de guerra, como acontece atualmente no leste europeu, já que o movimento de tropas e uma emigração em massa podem contribuir para a difusão de novas cepas do vírus.

O gráfico abaixo do site Our World in Data, com dados da Universidade Johns Hopkins, mostra que o número de pessoas infectadas no mundo continua acima de 1,5 milhão de casos diários (200 indivíduos infectados por milhão) e o número de vítimas fatais da covid-19 está na casa de 7 mil óbitos diários (0,8 óbito por milhão). Todo mundo quer o fim da pandemia, mas não será ignorando os números que isto ocorrerá e sim com o reforço das medidas de prevenção.

Sem dúvida, existe uma tendência de queda, especialmente, das mortes globais, mas o quadro internacional da pandemia é heterogêneo. O gráfico abaixo mostra que o número de casos está caindo nas Américas e na África, mas está subindo na Oceania, Europa e Ásia. As curvas de mortalidade estão caindo em todos os continentes. Mas existem países que estão passando por dificuldades. A Coreia do Sul, por exemplo, que conseguiu controlar a pandemia em 2020 e 2021 assiste atualmente a um grande surto de casos e, inclusive, um aumento das mortes, embora o coeficiente de mortalidade do país seja bastante baixo.

Uma doença pode ser endêmica e, ao mesmo tempo, mortal. A malária matou mais de 600.000 pessoas em 2020. Dez milhões de pessoas adoeceram com tuberculose no mesmo ano e 1,5 milhão morreram. Endêmico certamente não significa que a evolução de alguma forma domou um patógeno para que a vida simplesmente retorne ao normal

Aris KatzourakisEpidemiologista

Há uma diferença expressiva entre o número de óbitos registrados da covid-19 e o cálculo do excesso de mortes, que pode ser considerado uma estimativa mais realista do verdadeiro número de vítimas fatais da pandemia. O gráfico abaixo mostra o excesso de mortes no mundo e nos 10 países mais populosos até o dia 06 de março de 2022, segundo metodologia da revista britânica The Economist. Nota-se que o excesso de mortes no mundo foi estimado em 19,9 milhões de óbitos (contra 6,04 milhões registrados). Na Índia, o excesso de mortes ficou em 5,64 milhões (contra 516 mil registradas). Na Rússia 1,19 milhão de mortes (contra 352 mil registradas). Nos Estados Unidos 1,17 milhão de mortes (contra 967 mil registradas). No Paquistão 843 mil mortes (contra 31 mil registradas). Na Indonésia 826 mil mortes (contra 152 mil registradas). No Brasil 778 mil mortes (contra 656 mil registradas). No México 711 mil mortes (contra 321 mil registradas). Em Bangladesh 534 mil mortes (contra 29 mil registradas). Na China 284 mil mortes (contra 4,6 mil registradas) e na Nigéria 220 mil mortes (contra 3 mil registradas).

O fato é que a expectativa de vida ao nascer do mundo e da maioria dos países apresentou uma queda nos anos de 2020 e 2021. Porém, ainda não existem cálculos comparativos e sistemáticos para se avaliar o tamanho da queda. Mas essa lacuna será superada até junho de 2022, quando a Divisão de População da ONU divulgar as novas projeções populacionais apresentando os indicadores de mortalidade, natalidade e migração para o mundo, regiões e todos os países da comunidade internacional.


De qualquer forma, mesmo considerando apenas os dados oficiais do número de vidas perdidas para a covid-19, alguns países possuem um coeficiente de mortalidade (óbitos por milhão de habitantes) extremamente alto. O gráfico abaixo mostra o Peru com o maior coeficiente, com 6,3 mil óbitos por milhão, seguido da Bulgária com 5,2 mil óbitos por milhão. Bósnia e Herzegovina, Hungria, Macedônia do Norte e Geórgia possuem coeficientes entre 4 e 5 mil óbitos por milhão. O Brasil está em 13º lugar com um coeficiente de 3,1 mil óbitos por milhão. A média mundial no dia 11 de março de 2022 é de 766,5 óbitos por milhão. Abaixo do coeficiente global aparecem, dentre outros países, Vietnã, Índia, Coreia do Sul, Nova Zelândia e China.

Todos os dados apresentado acima mostram que o impacto da covid-19 tem sido muito grande no mundo, sendo que os países do leste europeu, de clima frio e estrutura etária muito envelhecida, apresentam os maiores coeficientes de mortalidade (além do Peru que lidera o ranking global). Mas também existem países, como a Nova Zelândia, que apresentam coeficientes de mortalidade muito baixos.

Todavia, tudo indica que o pior da pandemia já passou, pois a curva de mortalidade está em declínio na grande maioria dos países do mundo. Há quem diga que é o fim da pandemia. Diversos países já relaxaram as medidas de distanciamento social. No Rio de Janeiro, o secretário de Saúde, Daniel Soranz, disse que “a pandemia virou uma endemia”. Segundo ele, em um cenário de maior normalidade, a covid-19 deixou de ser vista como uma emergência de saúde e muitas das restrições foram revogadas, como o uso de máscaras, a proibição de aglomerações e a exigência do passaporte vacinal.

Mas como mostramos no “Diário da Covid-19: O mundo já tem mais infectados em 2022 do que em todo 2020”, aqui no # Colabora (30/01/22), a transformação da pandemia em endemia não significa que se deve abandonar as medidas de prevenção conhecidas e a universalização das vacinas. Como escreveu o epidemiologista Aris Katzourakis, no artigo “COVID-19: endemic doesn’t mean harmless”, publicado na revista acadêmica, Nature (24/01/2022): “Uma doença pode ser endêmica e, ao mesmo tempo, mortal. A malária matou mais de 600.000 pessoas em 2020. Dez milhões de pessoas adoeceram com tuberculose no mesmo ano e 1,5 milhão morreram. Endêmico certamente não significa que a evolução de alguma forma domou um patógeno para que a vida simplesmente retorne ao normal”.

Portanto, podemos comemorar a redução do número de casos e óbitos da covid, mas não parece estar na hora de ignorar totalmente a presença do SARS-CoV-2. No dia 12 de março de 2022, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) registrou 29,4 milhões de casos e 654,9 mil óbitos da covid-19 no Brasil. A média móvel de 7 dias ficou em 45,3 mil casos diários e 431 óbitos diários. Na virada do ano estes números eram cerca de 5 vezes menores. Portanto, todo cuidado é pouco e, mesmo que a pandemia seja reclassificada para endemia, os cuidados individuais e com a saúde pública precisam continuar fazendo parte do dia a dia das pessoas e das autoridades governamentais.

O fim do Diário da Covid-19

Assim como a pandemia, o Diário da Covid-19 está completando 2 anos. O primeiro texto publicado aqui no # Colabora foi escrito no final de março de 2020 e fazia uma projeção que o Brasil atingiria, no fim do primeiro semestre (30/06/2020), um total acumulado de no máximo 380 mil pessoas infectadas e 19 mil óbitos do novo coronavírus. A projeção foi considerada irrealista e muito pessimista. As críticas dos negacionistas foram fortes. Contudo, os dados oficiais do Ministério da Saúde, divulgados no dia 30/06, indicaram 1,4 milhão de casos e 59,8 mil óbitos. Ou seja, a realidade foi muito pior do que as hipóteses da projeção.

Mas escrever sobre uma pandemia não é um exercício de tiro ao alvo. O objetivo das projeções não é acertar na mosca, mas sim fornecer parâmetros para a atuação das pessoas e das políticas públicas, visando proteger os indivíduos e salvar vidas. Como a pandemia da covid-19 era um evento novo e, no máximo, podia ser comparado com a pandemia da Influenza de 100 anos atrás, os desafios eram enormes. Existem modelos estatísticos que podem ser aplicados para fazer previsões. Mas a pandemia, embora sendo um evento global, acontecia de forma heterogênea nos vários países e continentes e se desenrolava com certa defasagem temporal nas diversas regiões. Portanto, era preciso conhecer os diferentes padrões nacionais e conhecer as realidades intranacionais.

Para dar conta desta tarefa percebemos que seria necessário análises diárias para acompanhar a abrangência e a rapidez da pandemia. Desta forma, do início de abril até 15 de julho, durante 100 dias o # Colabora disponibilizou todas as manhãs informações gerais e material quantitativo e qualitativo sobre a propagação do novo coronavírus, trazendo os fatos nacionais e internacionais mais relevantes para a compreensão da emergência sanitária. Neste esforço, nos associamos à Associação Latino Americana de População (ALAP) para conhecer a situação regional e entrevistamos demógrafos, com amplo conhecimento de epidemiologia, de todos os países da América do Sul e também da Costa Rica e do México. Adicionalmente também entrevistamos duas moradoras de dois países que tiveram grande sucesso no controle da pandemia no Vietnã e na Nova Zelândia.

Os 100 dias ininterruptos de descrição, reflexão e acompanhamento do avanço da pandemia no Brasil e no mundo envolveram muito trabalho, mas também muito aprendizado e a certeza que, dentro do nosso campo de atuação, fizemos o melhor possível para informar, dialogar e debater soluções para reduzir os casos, os óbitos e o sofrimento das pessoas. Durante algumas semanas, foi um prazer compartilhar a elaboração do Diário com companheiros tão ilustres e gabaritados como Agostinho Vieira, Oscar Valporto e Aydano Motta que ampliaram a análise da complexa situação global e local e apresentaram novos olhares e novos saberes que enriqueceram a abordagem sobre a crise sanitária.

A partir do dia 19 de julho de 2020, após o número 100, o Diário da Covid-19, manteve o nome mas se tornou semanário, com novos textos sendo disponibilizados todos os domingos. No total, foram publicados 185 artigos em dois anos de pandemia. Neste momento, o Diário chega ao fim. Mas enquanto o coronavírus estiver presente, o tema da pandemia continuará na pauta do # Colabora, mesmo a covid-19 sendo classificada como epidemia ou endemia.

O ciclo do Diário se fecha, mas uma nova coluna será criada para tratar de questões demográficas, econômicas e do meio ambiente. Afinal, o mundo está cada vez mais complexo e desigual e precisamos estar sempre usando as bússolas para ajustar a navegação real e virtual. Afinal, “navegar é preciso, viver não é preciso”.

FONTE PROJETO COLABORA

Por que especialistas estimam vacinas anuais contra a covid

Quando as primeiras vacinas contra a covid-19 foram anunciadas, estavam previstas uma ou duas doses. Mas agora, um ano depois, o governo de São Paulo, por exemplo, anunciou que a população receberá uma quarta dose do imunizante. E talvez não seja a última.

Esse cenário reforça comparações entre o coronavírus e o vírus da gripe (influenza), que é de fácil transmissão e que vive em constante mutação. E por isso, dentre as soluções adotadas contra a forma grave da doença, ocorre a aplicação de uma vacina a cada temporada. O mesmo acontecerá com a covid-19?

A verdade é que ninguém tem certeza, mas os sinais disponíveis até agora apontam para a probabilidade de mais doses da vacina contra a covid-19, talvez em frequência anual, principalmente para os mais vulneráveis (como os idosos).

Mas faz sentido comparar o esquema vacinal da gripe ao da covid-19 que ainda nem está consolidado? É possível que o coronavírus passe por um processo de mutação como o do influenza a ponto de termos vacinas sazonalmente? E precisaremos de mais doses porque as vacinas atuais e o nosso sistema imunológico não conseguirão combater as novas variantes?

O imunologista e vacinologista, Herbert Guedes, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador da Fiocruz, explicou em entrevista à BBC News Brasil que as respostas para todas essas dúvidas passam basicamente por dois aspectos sobre os quais o mundo ainda tem grandes dúvidas: se o vírus vai passar por mutações a ponto de escapar das vacinas e anticorpos e se a defesa do nosso corpo vai cair ao longo do tempo, necessitando assim de reforços a cada um ou dois anos, por exemplo.

Apesar das incertezas e da falta de diversas informações cruciais sobre o coronavírus, para Guedes e outros dois especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, o cenário atual tende à necessidade de novas doses nos próximos anos. “A gente tem que ter consciência que a gente vai ter que conviver com o vírus por um tempo.”

Mesmo com a percepção comum de que a pandemia está se aproximando do fim, com diversos países suspendendo completamente as medidas de restrição, é importante lembrar que a covid-19 ainda mata mais de 1.200 pessoas por dia no Brasil, e esse número cresce a cada dia. Até agora, morreram mais de 635 mil pessoas no país em razão da pandemia.

Por que a vacinação da covid poderia ser anual?

A resposta a essa pergunta passa por 4 aspectos: imunidade/memória, variantes, logística e sazonalidade. Mas principalmente os dois primeiros.

1. Em quanto tempo a imunidade cai e precisamos de mais doses de vacina?

Ilustração do coronavírus
Legenda da foto,Memória imunológica não dura para sempre para todos os agentes infecciosos

A equipe da BBC News Brasil lê para você algumas de suas melhores reportagens

Quando o corpo humano é invadido por um vírus ou uma bactéria, por exemplo, nosso sistema imunológico se defende com duas respostas principais: a resposta imune inata (a célula percebe que foi infectada e dispara sinais de alerta) e a resposta imune adaptativa (com capacidade de gerar memória imunológica, como os linfócitos chamados de células T e células B).

No momento da invasão, o nosso sistema imunológico armazena uma espécie de “ficha técnica” com informações de como combater esses agentes infecciosos. Esse é o objetivo primordial da vacina: gerar células de memória a fim de combater o invasor quando este surgir.

Vale lembrar que as vacinas atuais contra a covid-19 são eficazes em combater a forma grave da doença, e não a infecção. Ou seja, ajudam muito mais o corpo a evitar hospitalizações e mortes do que contrair o vírus.

Só que essa memória não dura para “sempre” em relação a todos os agentes infecciosos. E no caso da covid-19, o corpo vai “perdendo” o acesso a essa memória de uma forma aparentemente rápida, ficando mais vulnerável ao longo do tempo. Mas quanto? Não se sabe ao certo.

O virologista Fernando Spilki, professor e coordenador da rede Corona-ômica.BR/MCTI (que monitora o crescimento das principais variantes do vírus no país), explica à BBC News Brasil que “há alguns indícios de que você teria pelo menos 9 meses, medindo anticorpos, mas isso não quer necessariamente dizer que não vá ter proteção clínica do ponto de vista da imunidade celular”.

Há estudos que apontam a possibilidade de a imunidade não durar um ano, mas ainda não há certeza sobre isso. O Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, por exemplo, divulgou recentemente que a proteção dada pela terceira dose (booster) contra a covid-19 grave não dura mais do que quatro meses, o que sugere a necessidade de se aplicar uma quarta dose.

Além disso, o avanço da pandemia tem levado a mudanças na estratégia da aplicação de vacinas. Inicialmente, a terceira dose de reforço era para ser administrada seis meses após a segunda dose, mas o surgimento das variantes levou autoridades a anteciparem o intervalo de aplicação para quatro meses a fim de aumentar a resposta imune das pessoas e tentar garantir a proteção.

“Quando se aplica a terceira dose, você aumenta a resposta imune do indivíduo. Então, aumenta a resposta de anticorpos e aumenta a celular (aumenta as células T e B de memória)”, explica Guedes. Ou seja, a terceira dose teve a capacidade de aumentar os níveis de anticorpos neutralizantes, que são anticorpos que vão neutralizar regiões que não estão aumentando tanto com a chegada do invasor.

E o que falta então para sabermos quanto tempo realmente dura a capacidade do corpo de combater o coronavírus?

Atualmente, o principal indicador utilizado é a taxa de hospitalizados e mortos entre os vacinados (e há quanto tempo eles foram imunizados).

Mas Spilki explica que um dos desafios da covid-19 é a ausência de marcadores exatos. “Nós ainda não temos o que chamamos de correlato de proteção. Quanto de anticorpos preciso ter para estar protegido de uma infecção mais grave? Quanto de anticorpos preciso ter para evitar a multiplicação do vírus e não transmiti-lo? Quanto de resposta imune celular preciso ter para me proteger de uma infecção mais grave?”

Ele esclarece que isso se dá porque acabamos de descobrir a doença.

“Isso é uma coisa que leva bastante tempo mesmo para a gente conseguir determinar. No momento em que tivermos isso bem definido, esses marcadores de laboratório, vai ficar ainda mais fácil, porque vai poder se analisar soro, sangue de pessoas em geral e determinar: precisamos dar uma renovada na vacinação, precisamos ir adiante.”

2. Haverá variantes com mutações significativas a ponto de ‘driblar’ nossa imunidade?

Ilustração de vírus
Legenda da foto,Será que a rapidez nas mutações do coronavírus será comparável à do influenza?

O influenza é um vírus em constante mudança. E não é de hoje: há registro de mutação dele na década de 1950, por exemplo. O coronavírus, assim como o influenza, especialmente após o descobrimento da variante ômicron, trouxe dúvidas e comparações devido a sua quantidade de mutações que facilitam a adesão às células humanas para invadi-las e possuem comportamento similar se analisarmos por essa perspectiva.

Spilki explica ainda que o vírus da gripe (influenza) tem um genoma segmentado (dividido em partes), o que propicia uma evolução mais rápida. “Ele não depende apenas de mutação, o genoma também faz mutação, também tem alterações na sequência de letrinhas do RNA. (…) Ele também consegue se misturar em diferentes espécies ao longo do tempo, o que é uma vantagem evolutiva”.

No caso da gripe, a imunização acontece nos meses que antecedem o inverno, estação em que o número de casos de influenza costuma subir (por diversos motivos, entre eles mais aglomerações em lugares fechados). A vacina é aplicada sazonalmente porque o vírus da gripe muda continuamente.

Renato Mancini Astray, pesquisador científico do Instituto Butantan, explicou em entrevista à BBC News Brasil que as mutações do influenza são imprevisíveis, “por isso que é sempre uma surpresa, sempre uma expectativa para saber qual é a cepa que vai circular no ano seguinte, no ano corrente da fabricação das vacinas”.

Quem recomenda as cepas da vacina da gripe sazonal é a Organização Mundial da Saúde (OMS) que, a partir de uma hipótese baseada em dados epidemiológicos das cepas que estão em circulação, e do desempenho de cepas anteriores, seleciona geralmente três principais cepas para a próxima estação.

“Para o vírus que virá no próximo ano, ela [a vacina atual] não é uma vacina que vai proteger completamente, porque as mutações que o influenza sofre fazem com que ele escape um pouco da resposta imunológica”, explica Astray, do Butantan.

Guedes, da Fiocruz, afirma que a atualização da vacina de influenza ocorre, então, tanto por causa das mutações quanto para aumentar a resposta imune anualmente.

Mas como aparecem essas mudanças e mutações no vírus? Bom, todo ciclo de replicação do vírus influenza pode passar por mutações, e nesse caso pode ocorrer a “deriva antigênica”, que é como se fosse uma “estratégia” do vírus para mudar sua estrutura, e com isso escapar do nosso sistema imunológico (isso tudo de forma aleatória, e não planejada pelo vírus). Então precisamos de novos anticorpos e vacinas para se proteger.

E o coronavírus Sars-CoV-2, que causa a doença covid-19?

Por questões evolutivas, Spilki não aposta na possibilidade de atualização do coronavírus na mesma velocidade que se dá com o vírus influenza a ponto de obrigar a atualização anual da vacina. “Mas nós teremos necessidade ao longo do tempo de ir renovando vacinas”, ressalta.

Astray, do Butantan, afirma que a variante ômicron já escapou bastante da resposta imune mediada por anticorpos, fazendo com que eles não sejam mais tão eficazes para bloquear a infecção, mas, graças às vacinas atuais, o sistema de defesa do corpo ainda se mostra eficaz para diminuir a gravidade da doença, só que essa taxa vem caindo.

“Foi o que aconteceu, por exemplo, quando entraram as variantes. A gente tinha então vacinas que tinham uma eficácia, por exemplo, na segunda dose de 86%, 90% contra sinais clínicos. Entraram as variantes e a gente começou a ver essa eficácia baixar para próximo de 70%, 60%. Esse tipo de sinal populacional já indica que você precisa dar uma reforçada nessa memória”, diz Spilki.

A princípio, as variantes (novas versões do coronavírus com mudanças genéticas consolidadas) têm bastante semelhança entre si, a ponto de não afetarem tanto a eficácia da vacina. Mas não é possível prever quanto o coronavírus ainda vai sofrer mutações, e em que medida elas serão capazes de driblar nosso sistema imunológico.

Mesmo com todas essas incertezas, Guedes, Astray e Spilki estimam, com base nas parcas informações disponíveis, que a população será imunizada anualmente por algum tempo ainda.

“Na minha opinião, o que se espera chegar? Seriam doses anuais, o que se espera, atualizando frente aquilo que circulou. Como se faz com o influenza. Vai atualizando para garantir essa proteção. Agora, se vai ser um ano, se vai ser 6 meses, não tem como a gente saber, depende muito. A dinâmica ainda está acontecendo. E por que a gente pensa sempre em anual? Porque passaram as estações, inverno, verão, passa pelo ciclo sazonal e aí, passado esse período, vamos vacinar com os vírus que transitaram para garantir a proteção”, diz Guedes.

Injeção sendo aplicada no braço de uma pessoa
Legenda da foto,População mais vulnerável pode ser priorizada nas vacinações de reforço

Para Spilki, é provável atualizar as vacinas com as mutações gerais, como ômicron, e outros alvos, para tentar bloquear também a infecção, e não “só” a forma grave da doença. Ele estima que a aplicação das vacinas deve avançar para doses anuais, e não menos que isso para todas as faixas etárias, também por questões logísticas.

Na opinião de Astray, o cenário mais provável é “que a gente vai ter uma indicação de uso, um reforço anual, ou bianual, a cada dois anos, ou ainda uma questão de reforço em campanha, se começarem a aparecer muitos casos, mas de uma população vulnerável”.

Ele estima que a imunização primária contra a doença deve ocorrer na pré-adolescência, “para todo mundo ficar protegido e diminuir a circulação da doença”, mas a “questão do reforço deve acabar sendo mais predominante para os grupos de risco”.

Não está claro, ressaltam os especialistas, como seria esse esquema vacinal, ou seja, quantas doses seriam aplicadas em cada um desses grupos. E por quanto tempo.

“Se nós formos continuar a conviver com o vírus, então a vacinação também irá continuar. Ora para aumentar a resposta imune, ora para atualizar a vacina contra novas variantes”, diz Guedes.

Como serão as novas vacinas?

O Sistema de Saúde Britânico (NHS) explica que o principal ingrediente de qualquer vacina é uma pequena quantidade de bactéria, vírus ou toxina que foi enfraquecida (vacina viva) e destruída (vacina morta) primeiro em laboratório.

A vacina contra o influenza, por exemplo, é feita com ovos embrionados de galinhas, onde o vírus será multiplicado. Esses ovos são incubados por cerca de 3 dias e o líquido que envolve o embrião é retirado, centrifugado, concentrado, fragmentado e inativado. É esse líquido, portanto, que se torna a suspensão da vacina de uma cepa do vírus. Para a vacina trivalente (contra três tipos), é necessário unir e misturar as três suspensões de cada vacina monovalente.

As vacinas contra o coronavírus usam diversas técnicas, como vírus inativado, vírus atenuado, mistura com outros vírus e até pedaços do genoma do vírus (RNA), como a proteína spike (usada para invadir a célula humana).

Cada vacina possui seu esquema vacinal, definido após testes que indicam a formulação e intervalo entre as doses, além do momento em que elas serão administradas. Os testes em laboratório é que irão definir as doses, as quais serão colocadas à prova nas primeiras fases dos ensaios clínicos e a dosagem será testada e regulada, ajustada.

Normalmente, o processo de desenvolvimento de uma vacina pode levar cerca de 10, 15 anos ou mais, pois costuma trilhar um caminho muito definido, com etapas estabelecidas. Só o planejamento costuma levar de 6 meses a 1 ano para ser feito. Pausas, testes e verificações estão presentes. Os aspectos regulatórios para desenvolvimento de uma vacina, que são as exigências para a liberação, podem levar anos para serem concluídos.

Mas a emergência da pandemia de covid-19 fez com que esses prazos fossem todos acelerados. Especialistas e autoridades médicas ao redor do mundo garantem, com bases em testes de milhares de voluntários e avaliação e acompanhamento de outros milhares de pessoas vacinadas, que os procedimentos de segurança e eficácia foram preservados.

“A vacina é um produto farmacêutico muito controlado, muito vigiado, estudado ao máximo, porque você toma uma vacina quando você está saudável e não é algo que você toma já estando doente. O rigor para você colocar uma vacina no mercado, todas as agências sanitárias, os médicos que são responsáveis pela segurança dessas preparações”, explica Astray.

Com o avanço da pandemia, as vacinas podem acabar precisando ser atualizadas. Ou seja, a nova forma do vírus é estudada e isolada pelos cientistas e a vacina, reconstituída. Mas isso não significa que o processo de produção comece todo da estaca zero. Laboratórios têm estimado que isso duraria em torno de seis meses.

E não se trata apenas de atualizações em relações às variantes, com objetivo de torná-las mais eficazes em reconhecer e combater as novas versões do coronavírus. Há também tecnologias diferentes que podem ser utilizadas.

No Reino Unido, a vacina da gripe intranasal (em spray inalável) já é distribuída para os alunos da rede pública de ensino, por exemplo. E isso pode acontecer também com o coronavírus, ajudando a combater o coronavírus em sua principal porta de entrada (e de saída): as vias aéreas superiores.

Isso porque muitas das vacinas injetáveis contra a covid-19 geram menos anticorpos nessa região, principalmente no caso da variante ômicron.

Há mais de uma dezena de vacinas inaláveis contra a covid-19, ainda em fase de estudos. Estima-se que essa forma de imunização teria um papel fundamental para ajudar a evitar não só que as pessoas fiquem gravemente doentes, mas, antes disso, que sejam infectadas e contaminem outras pessoas. A vacina inalável também é considerada mais fácil de ser distribuída para uma grande parcela da população, porque demanda menos tempo e técnica.

“(Vacinas nasais) são a única maneira de realmente evitar a transmissão de uma pessoa para outra”, disse Jennifer Gommerman, imunologista da Universidade de Toronto (Canadá), em entrevista ao jornal The New York Times.

FONTE BBC.COM

Para especialistas, nova variante da covid é desastre anunciado

Para os ativistas e cientistas que passaram o último ano defendendo uma distribuição mais justa das vacinas contra a covid-19, a notícia de uma nova variante do coronavírus, potencialmente mais perigosa, era um desastre à espera de acontecer.

A variante se chama ômicron e foi detectada inicialmente na África do Sul, onde menos de 25% da população está totalmente vacinada. A variante é a primeira desde a detecção da delta, há cerca de um ano, a ganhar da Organização Mundial da Saúde (OMS) o rótulo de “variante de preocupação”, sua categoria mais elevada.

A designação significa que a variante tem mutações que podem torná-la mais contagiosa ou mais virulenta, ou tornar as vacinas e outras medidas preventivas menos eficazes – embora nenhum desses efeitos ainda tenha sido oficialmente confirmado. Vários países da Europa já detectaram casos.

“O que a ciência nos diz desde o início é que, se você tem grandes populações desprotegidas contra este vírus, ele vai sofrer uma mutação”, diz David McNair, diretor executivo de política global da ONG ONE, que combate a miséria na África. “É uma tragédia que hoje estejamos vendo isso acontecer.”

“Armazenar vacinas, não financiar uma resposta conjunta global – tudo isso levou a esta situação. E o triste é que os países da UE, América do Norte, Canadá e outros tinham o poder de mudar isso há um ano e escolheram não fazê-lo”, complementa.

UE reivindica liderança global

Enquanto quase 70% dos adultos na União Europeia estão totalmente vacinados contra a covid-19, a maioria dos trabalhadores da saúde nos países africanos não está.

Apesar desta discrepância, o porta-voz da Comissão Europeia, Stefan De Keersmaeker, insiste que a UE está “na vanguarda para assegurar a solidariedade global com o resto do mundo”.

Ele destaca a promessa conjunta da UE com os EUA de vacinar 70% do mundo até setembro de 2022, com o bloco como um dos principais contribuintes para a Covax, a iniciativa global destinada a impulsionar a produção e fornecimento de vacinas para as nações mais pobres.

“E, naturalmente, há também o fato de que somos os principais exportadores de vacinas para o resto do mundo”, diz. “Nós somos, por assim dizer, a farmácia do mundo nessa conta”.

Só um terço das doses entregue

Mas quando se trata de cumprir compromissos de curto prazo, as promessas da UE parecem estar aquém das expectativas.

O bloco e seus membros se comprometeram a doar 300 milhões de doses de vacinas a países de baixa e média renda até o final de 2021 – através da Covax e de doações bilaterais. Mas até agora, menos de um terço foi entregue.

Os números obtidos pela DW mostram que, até 26 de novembro, cerca de 95 milhões de doses doadas haviam chegado aos países beneficiários.

Disputas com empresas farmacêuticas

Fontes diplomáticas disseram à DW que os Estados-membros do bloco estão jogando para as farmacêuticas parte da culpa pela lentidão nas entregas.

“A maioria das empresas farmacêuticas não quer cuidar da logística por conta própria”, diz um diplomata da UE em condição de anonimato. “Eles pensam que cabe ao Estado-membro que comprou as doses enviá-las ao país para o qual querem doá-las. O problema é que estas são vacinas complicadas, com condições complicadas de entrega e armazenamento”.

Em carta à Comissão Europeia obtida pela agência de notícias Reuters, o secretário de Estado da Saúde alemão, Thomas Steffen, também culpa os fabricantes de vacinas.

“Estamos diante de contínuos problemas burocráticos, logísticos e legais”, diz a carta, datada de 18 de outubro. “As fabricantes parecem tirar proveito da obrigação contratual dos Estados-Membros de obter seu consentimento prévio por escrito para impedir as transferências de vacinas que consideram potencialmente prejudiciais a seus interesses comerciais”.

De Keersmaecker, porta-voz da Comissão Europeia, não confirmou o recebimento da carta, mas disse à DW que discussões com empresas farmacêuticas estão em andamento. “Continuamos a acompanhar a situação das entregas sob nossos contratos”, afirmou.

Farmacêuticas dizem que estão ajudando

As fabricantes de vacinas negam qualquer papel no atraso de doações. Em uma declaração enviada à DW, a Pfizer diz: “Desde o primeiro dia de nosso programa de desenvolvimento de vacinas, a Pfizer e a BioNTech estão comprometidas com o acesso justo e equitativo à nossa vacina contra a covid-19”.

A Johnson & Johnson disse à DW que “acredita firmemente que o acesso não equitativo às vacinas contra a covid-19 só prolongará a pandemia” e exorta os governos com vacinas disponíveis a “aumentar imediatamente a partilha de doses”.

A empresa disse que “dará certo apoio logístico e de cadeia de fornecimento para garantir que as vacinas doadas possam ser entregues aos países receptores o mais rápido possível”.

A AstraZeneca afirma em seu website que a maioria das doses que fabricou foi para países de baixa e média renda, e a Moderna anunciou recentemente um novo acordo com a UE para entregar mais doses de sua vacina a nações pobres.

É improvável que a UE atinja sua meta de 2021, msmo que as entregas de vacinas às nações mais pobres tenham aumentado desde o verão.

Desafio da distribuição

Aurelia Nguyen, diretora administrativa do escritório da Covax na Aliaça Gavi diz quem embora ainda exista extrema discrepância na partilha de vacinas, um novo período “em que o fornecimento está se tornando mais prontamente disponível para aqueles países que foram deixados para trás” está começando.

Mas isso, segundo ela, representa “um novo conjunto de desafios”.

O aumento das promessas, ao mesmo tempo, pode fazer com que os países mais pobres, com a infraestrutura de saúde mais fraca, tenham que recusar doações, especialmente quando as vacinas estão próximas das datas de validade ou exigem métodos complexos de armazenamento e distribuição.

Nguyen diz que foram feitos esforços para aumentar a “capacidade de absorção” desses países para receber e distribuir grandes quantidades de doses.

Ainda assim, proibições de voos de emergência impostas em meio a temores em torno da nova variante podem acrescentar novas complicações às entregas de vacinas.

Menos terceira dose, mais partilha

Mas para Dimitri Eynikel, conselheiro da UE na Médicos Sem Fronteiras, a implementação em massa de doses de reforço, em andamento na Europa, pode se revelar problemática tanto do ponto de vista epidemiológico quanto da igualdade.

Mesmo antes que as notícias da nova variante chegassem à Europa, segundo ele, os países estavam mostrando “relutância em doar”.

“Com as novas ondas chegando agora, com o interesse em doses de reforço – eles estão atrasando as doações. Esta não é, para nós, a abordagem correta. A ideia não deveria ser dar mais e mais doses para as mesmas pessoas”, comenta.

David McNair, da ONG ONE, insiste na necessidade de ampliar a resposta global à pandemia. “O risco é que os países façam o que têm feito desde o início e digam: precisamos fechar as fronteiras e vacinar nossos próprios cidadãos novamente. Isso não vai resolver o problema”, afirma. “Os países-membros da UE, em particular, precisam compartilhar seus excedentes de vacinas. Se não fizermos isso, então estaremos na mesma situação dentro de alguns meses”.

FONTE ISTO É

‘Terceira dose contra Covid nos idosos é para ontem’, diz médico da Fiocruz

Embora o avanço da vacinação contra Covid no país traga sinais de esperança, a ainda baixa cobertura vacinal (com duas doses) e a circulação da variante delta do coronavírus, mais contagiosa, chamam a atenção de especialistas, que já veem sinais preocupantes na taxa de ocupação de UTIs e na faixa etária dos hospitalizados.

Para Julio Croda, 43, infectologista e pesquisador da Fiocruz, o aumento das internações de pessoas acima de 80 anos torna imperativo aplicar uma dose de reforço nessa população, a primeira que foi vacinada no país, junto com os profissionais de saúde.

Na última quinta (19), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que a aplicação de uma terceira dose da vacina só vai ocorrer depois que toda a população adulta tiver recebido as duas doses da vacina.

A fala do ministro, no entanto, vai de encontro ao que vem sendo feito em diversos países.

Croda defende que a dose de reforço para os idosos seja dada ao mesmo tempo em que a vacinação nas demais faixas etárias ainda está em curso.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, ele também falou sobre como garantir a segunda dose aos mais de 7 milhões de brasileiros que não completaram seu esquema vacinal e a virada de jogo causada pela variante delta.

Pergunta – O Ministério da Saúde deveria priorizar hoje a aplicação de segunda dose nos adultos ou começar a aplicar uma terceira dose nos idosos e imunossuprimidos?

Julio Croda – O Brasil como um todo possui um ritmo de vacinação bastante desigual; há estados que já avançaram muito do ponto de vista de aplicação da primeira dose [D1], e a grande maioria dos estados já aplicou a segunda dose pelo menos nos idosos acima de 60 anos. Mas o ideal seria garantir a segunda dose de todas as pessoas acima de 50 anos antes de começar a avançar nos mais jovens, antes da antecipação da segunda dose nos mais jovens. É importante entender por que 7 milhões de pessoas ainda não foram tomar a segunda dose, principalmente os idosos, e buscar essas pessoas antes de avançar nos adolescentes, por exemplo

P. – Apesar de termos no Brasil uma cobertura vacinal para idosos acima de 65 anos alta, de 91%, como fazer para que essas pessoas busquem a segunda dose?

JC – Em termos de cobertura, 91% é muito bom, mas o ideal é chegar acima de 95%, principalmente nesse grupo. Nesse sentido, o que deve ser feito é a nível municipal, junto às equipes de atenção primária, buscar as pessoas que receberam D1, mas não a D2 [segunda dose], ir de casa em casa atrás desses indivíduos para aplicar a segunda dose.

P. – Um estudo coordenado pelo senhor apontou menor efetividade da Coronavac em pessoas mais velhas, com a proteção contra Covid variando de 28% a 62%. O fato de a grande parte dos idosos com mais de 65 anos no Brasil ter recebido duas doses da Coronavac ainda no começo do ano preocupa?

JC – A questão da idade é para ontem, porque já estamos vendo um aumento de hospitalizações em alguns estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, com a chegada da delta, principalmente nessa faixa etária. Se há agora a circulação de uma variante mais transmissível e já se observa o impacto nessa faixa etária, com as vacinas com uma efetividade menor, esse é um indicativo da necessidade de implementação de reforço o mais cedo possível.

O que não temos ainda são dados em relação ao aumento de pessoas imunossuprimidas hospitalizadas, então talvez os estados que já avançaram na vacinação nos adultos acima de 18 anos, já aplicaram D1 em todos acima de 18 anos, poderiam sim iniciar um esquema de reforço nos mais velhos, começando com as pessoas que completaram seu esquema vacinal há mais de seis meses, sem nenhum impacto na campanha de vacinação dos jovens e adolescentes.

P. – No caso dos imunossuprimidos, o governo norte-americano aprovou a aplicação de uma terceira dose não como um reforço, mas sim como esquema normal de vacinação.

JC – É importante diferenciar isso: uma 3ª dose de esquema vacinal que seria para os imunossuprimidos, e uma dose de reforço para toda a população, começando pelos mais velhos, seis meses após a aplicação da segunda dose. Como no Brasil a campanha de vacinação iniciou em janeiro, já temos algumas pessoas, principalmente aquelas acima de 90, 80 anos, que já passaram seis meses desde a segunda dose, e poderia começar por aí.

O mecanismo biológico é o mesmo, há uma diminuição na resposta imunológica em relação ao esquema vacinal habitual tanto nos imunossuprimidos quanto nos idosos. A queda é tanto nos anticorpos neutralizantes [capazes de bloquear a entrada do vírus nas células] quanto de efetividade, mostrando essa diminuição na proteção. Não significa necessariamente uma proteção mais baixa para formas graves, mas esse é um indicativo que faz pensar que, ao longo do tempo, com essa queda de efetividade, seja necessária uma dose de reforço.

P. – Qual seria a principal dificuldade de começar a aplicação de 3ª dose sem antes concluir a 2ª na população adulta?

JC – O impacto no PNI seria mínimo, porque são apenas 4 milhões de pessoas acima de 80 anos e imunossuprimidos, com um número ainda menor de profissionais da saúde acima de 60 anos. A dificuldade do ponto de vista prático, no caso dos imunossuprimidos, é a determinação do Ministério da Saúde de quem são essas pessoas, quais são as condições que entrariam na classificação de imunossuprimido.

P. – Os chamados casos de escapes vacinais parecem ser mais recorrentes em pessoas mais velhas, não havendo assim tantos casos em indivíduos mais jovens e, quando há, eles são em geral mais leves?

JC – Com certeza. Existe um levantamento que mostra claramente que em indivíduos com duas doses da vacina que foram parar no hospital e eventualmente morreram, 96% são pessoas acima de 60 anos.

P. – ​E em relação à vacinação de adolescentes, é muito cedo ainda para pensar na imunização desse grupo?

JC – A vacinação de adolescentes tem como foco principal diminuir a transmissão e o risco de infecção para os técnicos, para os professores, para os funcionários das escolas ficarem seguros na volta presencial. É importante entender que o contexto de alguns estados, como RJ e SP, é de aceleração da delta, com aumento de hospitalizações e óbitos em um público que não é de crianças e adolescentes, e mesmo assim temos uma série de estados que começaram a vacinação nesse grupo e não avaliam o reforço nos idosos.

Entender o contexto do país como um todo, que a gente pode avançar na imunização dos adolescentes ao mesmo tempo que não podemos deixar de lado a terceira dose nos idosos, é fundamental, e cabe a cada gestor otimizar as doses que recebe e avaliar qual a melhor estratégia. O que não tem sentido é privilegiar os adolescentes, porque na prática estamos vendo o aumento de hospitalizações nas pessoas acima de 60 anos.

P. – Com a vacinação das faixas etárias mais velhas próxima de ser completada, ou pelo menos em grande parte completa para aqueles acima de 60 anos, a tendência é que a doença fique cada vez mais jovem?

JC – Essa era uma ideia no início, mas a delta bagunçou tudo, por ser mais transmissível e com um pouco mais de escape de resposta imune. À medida que a gente avança na vacinação para grupos etários mais jovens, a tendência é que ela se concentre nos idosos, associado a uma queda natural de anticorpos que ocorre ao longo dos meses. Assim, se você juntar esses três fatores em idosos, que já têm maior risco de hospitalização e óbito, que já apresentam uma resposta imunológica menor às vacinas, e que a delta ainda complica ainda mais, isso pode levar a um aumento substancial do número de casos, e sobretudo hospitalizações. E há dados claros demonstrando isso: entre os dias 6 e 12 de junho, na 23ª semana epidemiológica, os idosos representavam 27% dos hospitalizados e agora, entre 1˚ e 14 agosto, ou seja, dois meses depois, isso equivale a 44%.

P. – E quanto aos profissionais de saúde, faz sentido uma dose de reforço nesse grupo?

JC – É importante entender que nesse momento é preciso ter mais doses de vacina para poder avançar. O pleito de dose de reforço nos profissionais de saúde é adequado, outros países já estão adotando isso, mas é preciso estratificar qual o risco, um profissional de saúde com mais de 60 anos tem risco maior do que um de 30. Pessoalmente, não vejo nenhum problema em revacinar os profissionais de saúde com mais de 60 anos após a injeção de reforço nos idosos e imunossuprimidos.

P. – Apesar do avanço da vacinação, é prudente agora pensarmos em retomada de serviços e encontros, incluindo eventos esportivos com torcida e festas de casamento?

JC – É muito cedo, porque a nossa cobertura vacinal, principalmente de esquema completo, ainda é muito baixa. Comparando com o Reino Unido, por exemplo, que tem uma cobertura mais elevada de segunda dose para a população geral, houve um aumento expressivo de novos casos naquele país, ou seja, a vacina não foi suficiente para controlar infecções. Mas não ocorreu um aumento proporcional de hospitalizações e óbitos, o que mostra que as vacinas continuam funcionando para quadros mais graves da doença.

O problema é quando a flexibilização se baseia em uma conta de pessoas com D1, o que no contexto da delta muda totalmente. É preciso uma cobertura de D2 muito maior, principalmente nos grupos mais vulneráveis, uma vez que somente isso irá garantir a proteção para as formas graves da doença.

P. – ​O sr. fazia parte do Centro de Contingência do coronavírus do governo de SP, que foi reduzido na semana passada pelo governador. Isso ocorreu em parte por pontos de vista contrários à reabertura? Faz parte do novo comitê científico mais enxuto?

JC – Eu não continuo no comitê. A decisão de dissolução foi do governador em diminuir a quantidade de pessoas que assessoravam por acreditar que a pandemia havia diminuído. Eu sou independente em tudo que falo e penso, o comitê também sempre foi independente nas suas posições, e espero que continue. Acredito que foi prematura a decisão de flexibilização total, essa foi uma discussão que tivemos no comitê, nós queríamos um outro indicador, como cobertura vacinal com duas doses mais avançada para iniciar esse tipo de flexibilização, e não apenas avanço de D1.

P. – O coronavírus vai se tornar endêmico?

JC – Sim, e a variante delta veio para demonstrar isso. Todas as vacinas disponíveis, e é importante deixar isso claro, continuam com alta proteção contra internação e óbito, mas a perda de efetividade contra as formas moderadas faz com que o vírus continue circulando e, ao continuar sua transmissão, mais mutações vão ocorrer e novas variantes podem surgir. O que deve acontecer ao longo do tempo é que, com a vacinação e com o reforço vacinal, vamos conseguir impedir evolução para forma grave, mas não a circulação do vírus.

Foi assim na epidemia de H1N1. Essa imunidade adquirida não é capaz de impedir a circulação do vírus, não consegue controlar o surgimento de novas variantes, mas controla muito bem o risco de evolução para quadro grave associado à necessidade de hospitalização. O Sars-CoV-2 é muito recente ainda na população, se adaptou há menos de dois anos aos humanos. É natural que ele se torne endêmico e eventualmente, de tempos em tempos, outras epidemias importantes associadas a novas variantes devem ocorrer.

FONTE JULIO CRODA BHAZ

Como acaba a pandemia? E por que mais especialistas estão otimistas?

Especialistas acham que o coronavírus circulará sempre, mas acreditam que nossa imunidade será duradoura e nos protegerá de adoecer com gravidade. Uma incógnita é saber exatamente quanto

Hoje escrevo sobre o futuro da covid-19. Na Espanha a vacinação vai de vento em popa e é inevitável pensar no que virá depois. Como vamos conviver com o vírus nos próximos anos?

Ninguém sabe com certeza como a pandemia acabará. Mas há aspectos com os quais muitos especialistas parecem concordar. Essa é minha tentativa de resumir esse consenso, levando em consideração que nada é 100% certo, de modo que é preciso lê-la com um “provavelmente” em cada frase.

  1. Não existirá imunidade de rebanho.
  2. O vírus será endêmico e circulará continuamente. Será, portanto, um problema sanitário de magnitude ‘X’.
  3. O lado bom? Os especialistas são otimistas com o ‘X’. Acreditam em duas coisas: (1) que a imunidade será muito boa contra a doença grave (após receber a vacina e com o fim da infecção); e (2) que será duradoura.

1. Não existirá imunidade de rebanho

Durante um tempo, se pensou que o final da pandemia poderia ser a imunidade de rebanho. Se gente suficiente estiver imunizada, por ter se vacinado e por ter se infectado, ao redor de um infectado não existiriam pessoas suficientes que permitissem a propagação do vírus. Ele se extinguiria como um fogo sem oxigênio. Mas esse cenário agora parece mais difícil. Por um lado, a variante delta é mais contagiosa, o que significa que o vírus precisa de menos pessoas suscetíveis de contraí-lo para conseguir um contágio. Por outro, ainda que as vacinas sejam excelentes nos protegendo de adoecer, não evitam a transmissão e a infecção com tanta eficiência.

A tabela (em espanhol) representa a porcentagem de pessoas que precisam ser vacinadas para ter imunidade de rebanho, em função de dois números: a transmissibilidade do vírus (R) e a eficácia das vacinas contra a transmissão (VEt). O resumo é que com as estimativas atuais, a imunidade de rebanho exigiria vacinar mais de 100% das pessoas, o que é impossível.

O vírus que saiu de Wuhan tinha um R de 2 ou 3, de modo que cada infectado passava a doença a duas ou três pessoas. Mas a variante delta é duplamente ou triplamente mais contagiosa (seu R estaria entre 5 e 9, segundo as últimas estimativas do Centro para o Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos EUA). Hoje, essa transmissão também é impedida com máscaras, ventilação e distanciamento, mas na ausência dessas medidas, o único freio será a imunidade, que pode não ser suficiente. Sabemos que as vacinas reduzem muito a doença grave, mas não têm tanto sucesso para evitar a infecção, onde sua eficácia baixa, possivelmente, a 70%, de acordo com dados do Reino Unido.

  • A fórmula chave é a do número reprodutivo efetivo (Re), que é a média de contágios por infectado. Esse número deve ser menor do que um para suprimir por completo o vírus: : Re = R × (1 – PV × VEt), onde R é o número reprodutivo na ausência de imunidade, PV é a população vacinada (poderíamos somar os imunes por infecção) e VEt é a eficácia da vacina para evitar contágios. Reduzir o valor de Re continua sendo positivo, porque detém a expansão do vírus, mas para que retroceda até ser suprimido é preciso um valor abaixo de um.
  • Um sinal de como é difícil parar o vírus vem da Islândia: lá, desde 15 de julho, há 74% de pessoas vacinadas, mas justamente agora cresce a pior onda de contágios do país.

O que quero frisar é que a maioria dos especialistas – nem todos –, acha agora que não existirá imunidade de rebanho contra o vírus. Já em janeiro, 90% dos epidemiologistas consultados pela revista Nature diziam que era provável que se tornasse endêmico. Neste artigo do EL PAÍS, o epidemiologista Miguel Hernán diz que era “razoável” sugerir que se unirá aos quatro coronavírus endêmicos que nos causam resfriados todos os anos. Esse diagnóstico hoje é compartilhado por tantos ou mais cientistas do que em janeiro, quando o artigo foi publicado.

2. O vírus será endêmico, circulará continuamente. Será, portanto, um problema sanitário de magnitude ‘X’.

Se as vacinas não impedem a propagação do vírus e, como acontece com outros coronavírus, a imunidade natural é só temporária, os humanos e o SARS-CoV-2 alcançaremos um equilíbrio: passaremos da fase pandêmica à fase endêmica. O vírus circulará periodicamente entre nós causando surtos menores, talvez sazonais, e provavelmente – e isso é fundamental – de doença leve. Nós nos infectaremos novamente com o vírus a cada poucos anos. Em um mundo quase ideal, a situação pode ser tão benigna como com os quatro coronavírus que causam o resfriado comum. De fato, quem sabe se esses outros vírus, que agora nos preocupam pouco, não surgiram como grandes epidemias em algum momento do passado?

As pandemias mais recentes seguiram caminhos semelhantes: se tornaram menos graves após alguns anos (talvez porque nosso sistema imunológico aprendeu, porque os vírus mutaram para perder letalidade, ou pelos dois fatores). Mas são precedentes parciais, porque eram epidemias de gripe, que é um vírus diferente, e ocorreram há décadas, quando não tínhamos a tecnologia que temos hoje para entendê-las completamente.

Por isso é complicado prever como será o equilíbrio endêmico. “Há muita incertezas”, me disse Tom Wenseleers, bioestatístico em Leuven, “com a queda da imunidade, com novas variantes, com a gravidade das reinfecções e a evolução de novas variantes”.

Essas incógnitas decidirão a magnitude do problema de saúde pública que será conviver com o coronavírus, essa é o ‘X’.

3. O lado bom? Os especialistas são otimistas com o ‘X’. Acreditam em duas coisas: (1) que a imunidade será muito boa contra a doença grave (após receber a vacina e com o fim da infecção); e (2) que será duradoura.

Essas duas “são perguntas centrais”, me confirmou por e-mail Jennie Lavine, pesquisadora de doenças infecciosas em Emory (EUA). Em fevereiro, a bióloga publicou na revista Science simulações de como pode ser a transição à endemicidade da covid-19, sobre a hipótese esperançosa de que se comporte como outros coronavírus humanos: “a imunidade que bloqueia a infecção cai depressa, mas a imunidade que atenua a doença é duradoura”. Se isso se cumprir, seus resultados dizem que uma vez atingida a fase endêmica, quando a primeira exposição ao vírus for na infância, o SARS-CoV-2 talvez não seja mais virulento do que o resfriado.

O otimismo de muitos especialistas vem de confiar nessa hipótese. Acham que a imunidade contra a doença grave será potente e duradoura. É importante frisar a palavra grave: sabemos que os vacinados podem se infectar e ficar doentes, mas se as reinfecções são muito mais leves, em uma altíssima porcentagem de pessoas e ocasiões, conviver com o coronavírus em 2030 será algo muito diferente do que fazê-lo em 2020.

“Sim, eu (e muitos outros) somos otimistas com a 1 e a 2”, me disse Lavine. A pesquisadora acha que os dados atuais sugerem um equilíbrio endêmico leve, mas lembra que ainda não o alcançamos.

Concorda Isabel Sola, do laboratório do coronavírus do Centro Nacional de Biotecnologia do CSIC (Conselho Superior de Pesquisas Científicas da Espanha): “Há razões para o otimismo, porque tanto a imunidade da infecção como a das vacinas protege, durante pelo menos um ano, das formas mais graves da doença”.

Por que o otimismo com (2)? Porque por enquanto a resposta imune parece boa e duradoura. “Sabemos que a imunidade das pessoas infectadas se mantém relativamente estável um ano depois. Os anticorpos caem mais nos primeiros 2-3 meses, mas depois se mantêm. E ocorre algo parecido com a resposta celular”, diz Sola. Levantar defesas duradouras é essencial a longo prazo e nesse sentido os precedentes do SARS-CoV (2003) e MERS-CoV (2012) são positivos: “Chegaram a ser encontrados linfócitos contra o primeiro SARS-CoV após 17 anos”.

  • E o otimismo com (1)? Porque as vacinas estão protegendo da doença grave com grande efetividade. Segundo os dados do Reino Unido, que são dos melhores, para os vacinados a doença grave se reduziu entre 91% e 98%. Ou seja, que o impacto do vírus é de 10 a 50 vezes menor. “As infecções pós-vacina com a delta são tipicamente muito mais leves do que as primeira infecções”, me disse Lavine.
  • Além disso, se acredita que a imunidade pode ser “incrivelmente protetora”. Por um lado, a reinfecção agiria como uma vacina de recordação. Por outro, o sistema imunológico ganharia habilidades com cada exposição – por exemplo, para reconhecer mais partes do vírus, além das espículas em que a vacina se baseia –, como afirmou o epidemiologista Michael Mina na New York Magazine: “É assim que nosso sistema imunológico aprende”.

4. Será como a gripe, algo mais leve ou algo pior?

A pergunta fundamental é se dentro de alguns anos conviver com a covid será um problema semelhante ao que provocam os coronavírus que causam o resfriado comum, mais parecido à gripe, ou algo ainda mais grave.

Há alguns dias, Ezra Klein fez essa pergunta a vários especialistas, que foram positivos, mais ou menos: “Se você é uma pessoa vacinada nos Estados Unidos, o risco de ter problemas com a covid é mais ou menos parecido a uma temporada normal de gripe”, disse o doutor Ashish Jha.

Wenseleers me respondeu por e-mail também otimista: “Acho que com a vacinação, a gravidade das ondas de covid pode se transformar em algo semelhante à gripe sazonal”. Mas afirma que não é algo certo: “Não vi ainda nenhuma estimativa formal de como seria exatamente o equilíbrio endêmico, porque há muitas incógnitas”.

Por isso, antes de comemorar essas perspectivas, vejo que duas cautelas são necessárias.

A primeira passa por aceitar que a gripe é um problema. É um mal cotidiano, mas isso não significa que não tenha importância: na Espanha foram hospitalizadas por gripe 50.000 pessoas em 2018 e faleceram, possivelmente, 15.000. A covid-19 acabar se tornando algo parecido à gripe pode ser um mal menor, mas não seria uma vitória completa. E mais, acho que logo surgirá outro debate: agora que todos sabemos como deter doenças infecciosas —com máscaras, ventilando e não indo trabalhar doentes —, não deveríamos pensar se é conveniente fazer mais contra  a gripe?

A outra cautela é que ainda existem várias incertezas sobre como será a convivência com uma covid endêmica.

  • Quão raras são as infecções graves? Sabemos que a eficácia da vacina é alta nos protegendo da hospitalização. Mas com margens que ainda vão de 91% a 98%, as implicações em um extremo e outro são muito diferentes. Se torcermos os números, as vacinas são ineficazes de 2% a 9% das vezes, o que como explicou o epidemiologista Adam Kucharski, significa multiplicar por quatro as hospitalizações em uma onda.
  • Quão raro é que as crianças adoeçam? A letalidade do vírus em crianças parece “um pouco mais alta do que se estima para a gripe sazonal”, segundo Lavine. Mas se o vírus irá circular, será relevante precisar da melhor forma possível esse risco pequeno.
  • A eficácia das vacinas pode decair? Sabemos que com o tempo é provável que impeçam menos os contágios (algo que já pode estar acontecendo), mas seria mais inquietante ver baixar sua eficácia contra as hospitalizações e a doença grave. Por exemplo, pode acontecer que essa proteção caia entre os idosos, pelo menos temporariamente, se seu sistema imunológico for mais lento.

Essas dúvidas são um motivo para ir devagar e não se lançar a abraçar o equilíbrio endêmico, deixando o vírus circular e nos despedindo de máscaras, distâncias e terraços. Outra questão são as pessoas sem vacinar, como disse Ed Yong na revista The Atlantic, se referindo aos EUA. Por exemplo, pensando em proteger as crianças e evitar surtos, os especialistas acham que seria preciso manter precauções na volta às aulas: “Os colégios devem continuar com medidas de mitigação – é algo que acredito firmemente”, disse Caitlin Rivers, a epidemiologista do John Hopkins.

Uma última razão para se manter em guarda são as mutações. A preocupação com elas tem sido pendular, entre o exagero e o esquecimento. Mas Lavine acha que essa é a terceira incógnita antes de se vislumbrar o equilíbrio endêmico: “o quão ‘ampla’ é a imunidade contra a doença, ou seja, quanta proteção oferece contra uma classe ampla de variantes”. Aqui os imunologistas voltam a ser otimistas, mas sem descartar que possam aparecer variantes capazes de saltar nossa resposta imunológica atual. Um relatório do painel de especialistas do Reino Unido diz que é uma “possibilidade real”. Felizmente, também traz uma boa notícia. Diz que outra “possibilidade real” é que o vírus evolua para ser menos patogênico, que cause uma doença mais leve, quando se instalar em seu hóspede: nós.

FONTE EL PAÍS

Hospital Regional de Barbacena abre vagas temporárias para médicos

O Hospital Regional de Barbacena, da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) está com chamamento emergencial aberto para contratação temporária de 11 médicos. As inscrições podem ser feitas até segunda-feira (3/8).

Os profissionais vão atuar na linha de frente na assistência aos casos de covid- 19. São dez vagas para médicos, com graduação e registro no Conselho Federal de Medicina, e uma vaga para médico com especialização. A carga horária é de 12 horas semanais e os vencimentos básicos são de R$ 3.500,00 e de R$ 4.595,00 (especialista).

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