Talento lafaietense: escritor será empossado hoje como membro do membro do Instituto Histórico Geográfico de Minas Gerais

Autor de artigos, prefácio, posfácios, livros autobiográficos e presidente pela segunda vez da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, o jornalista Moisés Mota da Silva, 34, vai tomar posse, às 10h de amanhã, dia 11 de fevereiro, como associado efetivo do
Instituto Histórico Geográfico de Minas Gerais Casa João Pinheiro, (IHG-MG). Reconhecido por sua contribuição à preservação da memória histórica e cultural mineira, Mota é um dos mais jovens da instituição e irá assumir à cadeira de nº 82 que tem como patrono o senador
Levindo E. Coelho e foi ocupada, anteriormente, pelo escritor e procurador-geral do MPMG, Luiz Carlos Abritta, falecido quando presidia essa entidade, em 17 de novembro de 2021.

Merania Camelo, Cel. Paulo Duarte, Moisés Mota, Angela Languardia e Feliciana Cunha/DIVULGAÇÃO

O convite ao jornalista foi feito pelo Cel. Paulo Duarte Pereira, após rigoroso estudo dos artigos produzidos e dos livros organizados por Mota que, considera importante garantiram à continuidade da preservação da memória histórica e geográfica do país. “Consideramos muito rebuscado o trabalho desse jornalista. Fundado em 1907, o IHG tem 115 anos. Muitos de nossos associados são pessoas mais maduras. Unir nossa experiência à força desses jovens será muito útil para à manutenção da memória histórica e geográfica que é nossa missão”, afirmou Pereira.
A indicação ao IHGMG deixou orgulhoso o jornalista autor do livro “ José Amâncio da Souza”, obra em que conta a história do professor Souza, fundador da cidade de Rochedo, localizada no interior do Mato Grosso do Sul. “Tenho especial apreço pela possibilidade de apresentar novidades, ou seja, fatos desconhecidos do passado de homens e de mulheres que fizeram à diferença em vários segmentos históricos e culturais”, afirmou.
Mota também ressaltou ter projetos voltados ao resgate e à divulgação de fatos históricos. Ele acredita que se as pessoas se tornarem mais bem-informadas, muitos mudarão seus comportamentos, valorizando símbolos como às estátuas da poeta Henriqueta Lisboa e o
escritor e jornalista Roberto Drummond, recentemente, alvo de ataques. Para o novo integrante do IHG, à preservação da memória passa pela conscientização de que se deve respeitar àqueles que deixaram como herança para às futuras gerações fragmentos de beleza e de cultura,
enriquecendo o mundo, com novos pontos de vista e reflexões.

Moisés Mota e Rogério Tavares/DIVULGAÇÃO


De acordo com o jornalista, à depredação do patrimônio histórico também acontece em cidades do interior. “Em Conselheiro Lafaiete, tínhamos o busto do grande escritor abolicionista, Bernardo Guimarães, autor de “A Escrava Isaura” que morou na cidade quando ela ainda se chamava “Queluz”, ainda no Século XIX. Depois que a estátua dele foi vandalizada, ninguém mais soube de seu paradeiro”, afirmou.
Local: O Instituto Histórico e Geográfico Casa João Pinheiro fica à Rua dos Guajajaras, 1268, bairro Santo Agostinho. A posse de Moisés Mota acontece às 10h

Instituto Histórico e Geográfico (IHGC) e Academia de Letras promovem passeio cultural na histórica Ouro Branco

Os membros do Instituto Histórico e Geográfico de Congonhas (IHGC) e da Academia de Ciências, Letras e Artes de Congonhas (ACLAC) se uniram em mais um passeio cultural pela região neste sábado, 08 de outubro de 2022.O destino foi o município vizinho de Ouro Branco, possuidor de um rico passado histórico, uma exuberante geografia e berço cultural regional.

A primeira parada do grupo foi no Distrito de Lobo Leite, nas divisas entre Congonhas e Ouro Branco. No local mais alto do Distrito podemos observar, com visão de 360º, diversos pontos históricos de nossa região: a leste avistamos onde se localizava a sede da “Fazenda do Guido” – onde nasceu o Cônego Luís Vieira da Silva em 1735, um dos mentores da Conjuração Mineira. Luís Vieira da Silva foi batizado na Capela de Soledade em Lobo Leite, à época pertencente a então Freguesia de Ouro Branco. A noroeste visualizamos a imponente Serra de Ouro Branco e à sua esquerda vemos a “entrada” do Rodeadouro do Itatiaia, local emblemático de um dos conflitos da Guerra dos Emboabas, ocorrido em julho de 1708, quando Manoel Nunes Viana “barrou” a viagem do então governador da Capitania do Rio de Janeiro (à qual pertenciam São Paulo e as Minas do Ouro, futura Minas Gerais) Fernando Martins Mascarenhas Lencastre. A oeste visualizamos todo o conjunto de serras que circundam Congonhas e o Distrito de Miguel Burnier (Ouro Preto) e as terras da antiga fazenda do Sande, que pertenceu a membros da família Lobo Leite Pereira.

E ao sul visualizamos parte das terras que pertenceram à família Monteiro de Barros, o bairro de Joaquim Murtinho e a cidade de Conselheiro Lafaiete.Após essa identificação visual da região, seguimos para o antigo escritório central da “Açominas” onde atualmente funciona a UFSJ – Campus Alto Paraopeba. Lá fomos recebidos pela Luiza Almeida, Turismóloga e Servidora da Prefeitura de Ouro Branco, que nos acompanhou durante todo no passeio cultural. Nesse local podemos observar a usina siderúrgica Arthur Bernardes, em toda a extensão, hoje controlada pelo Grupo Gerdau. A siderúrgica era um antigo sonho dos Inconfidentes, e alguns deles viveram na região como Álvares Maciel, Francisco de Paula Freira de Andrade e o próprio Luís Vieira da Silva, cujo local de nascimento sedia parte da usina.

E bem em frente ao antigo escritório estão gravadas em um memorial, as mãos de diversos políticos que se empenharam em concretizar o sonho da construção da usina. O destaque fica por conta da “mão” do então Príncipe de Gales, o hoje Rei da Inglaterra Charles III, que ali esteve em 12 de março de 1978 visitando as obras de construção da usina siderúrgica.Do antigo escritório central da usina, seguimos para o ateliê do ceramista Leonardo Ricart dos Santos, considerado o único Mestre em Ouro Branco que mantém o ofício da Cerâmica Saramenha tradicional. Leo, como é conhecido, é discípulo do Mestre Bitinho, de quem herdou toda a técnica da fabricação da Cerâmica Saramenha, que começou a ser produzida oficialmente no século XIX, na chácara Saramenha, próximo a Ouro Preto. Leo detalhou os principais passos para a fabricação das peças, desde a coleta da argila até o produto final. E ainda nos brindou com uma bela demonstração da fabricação de uma peça.

Seguindo nosso itinerário, visitamos a Casa de Cultura de Ouro Branco, que se localiza defronte a Igreja Matriz de Santo Antônio, região central da cidade. Lá fomos recepcionados pelo historiador Pedro Chaves que nos relatou que o casarão, construído em 1759, tem pintura no teto da sala atribuída a Mestre Ataíde, ainda em seus primeiros passos nessa arte. O imóvel passou por um processo de restauração que mantém suas características originais, servindo como um importante equipamento cultural, permitindo a todos que o visitam compreender como era a vivência no século XVIII em nossa região. Em seguida nos foi servido um delicioso café colonial. Energias repostas, foi a vez do gerente de Cultura e Patrimônio Histórico, Edilson Nascimento nos explicar algumas ações culturais que o município pretende realizar nos próximos anos, como o restauro da Fazenda Carreiras (que também visitamos).

Edilson nos explicou ainda como andam as obras de restauração da Igreja Matriz de Santo Antônio, construída no início do século XVIII (de acordo com um registro no Livro nº 1 da Irmandade, a Matriz é anterior a 1717, ano de emissão de uma certidão do primeiro casamento que teria ocorrido na Igreja) e que tem obras de artistas como Antônio de Caldas, Domingos Coelho, Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho) e Manoel da Costa Ataíde (Mestre Ataíde).Deixando a região central de Ouro Branco seguimos em direção ao Distrito de Itatiaia.

No caminho fizemos uma pequena pausa nas cercanias da Fazenda Pé do Morro, construída na segunda metade do século XVIII e que servia de ponto de apoio aos viajantes do Caminho Novo da Estrada Real. Chegando ao Distrito de Itatiaia (topônimo tupi que pode significar “pedra pontuda”, “penhasco cheio de pontas” ou “pedra úmida”) fomos direto para a Igreja Matriz de Santo Antônio (Ouro Branco tem duas igrejas devotas a Santo Antônio) sendo recebidos pelo Diácono que nos explicou que a igreja matriz, dedicada a Santo Antônio, foi construída por iniciativa das Irmandades do Santíssimo Sacramento, Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e São Benedito. Segundo documento do IPHAN, a igreja data do começo do século XVIII, sendo das primeiras igrejas construídas na região.

Do Livro Primeiro da Irmandade, atualmente na Cúria de Mariana, consta o primeiro assentamento de batismo em 20 de agosto de 1714. Segundo a tradição, essa matriz serviu nos primeiros tempos de abadia, por ter tido como dos principais fundadores um abade, cujo nome se desconhece. Talvez tenha por isso, esculpido no frontispício as armas da congregação.O templo, que chegou a ficar em ruínas, foi restaurado e em seus corredores laterais foi criado um pequeno museu onde estão expostos objetos encontrados durante as obras de reforma. Vale a pena visitar. Em Itatiaia a gastronomia é diversificada. Vários restaurantes servem os típicos pratos da culinária mineira e outras iguarias. Após o almoço retornamos para o Distrito Sede de Ouro Branco para nosso último compromisso do dia: visitar a lendária Fazenda Carreiras.

Chegando na Fazenda Carreiras, de imediato observamos sua imponência e seu estilo característico do Brasil colonial. Foi construída, provavelmente, na segunda metade do século XVIII – está localizada no mapa da Comarca de Vila Rica datado 1775, de autoria de José Joaquim da Rocha –, às margens do Caminho Novo da Estrada Real, trecho de grande circulação de pessoas e bens durante o período conhecido como Ciclo do Ouro em Minas Gerais. Destinada à criação de gado e à agricultura, integrava o povoado de mesmo nome, descrito por viajantes do século XIX. Há duas versões sobre a história da casa sede, construída sobre embasamento de pedras, com estrutura de madeira e pedra e vedações de pedra, adobe e pau-a-pique. Na primeira delas, a fazenda teria sido ponto de pouso e local de abastecimento. Diz-se que Tiradentes se hospedou ali antes de sua prisão, daí uma de suas alcunhas ser “casa de Tiradentes”.

Outra versão afirma que o local era, na verdade, posto de arrecadação de impostos. Em 1981 e 1999, houve intervenções dos arquitetos Éolo Maia e Jô Vasconcellos, com adaptações para novos usos, recuperação de algumas paredes de pau-a-pique, reconstituição de parte do piso em tabuado, identificação de parede externa construída em adobe com 80 cm de espessura, dentre outras ações. A fazenda abrigou também outros ilustres viajantes como o naturalista francês August Saint Hilaire e o inglês Richard Burton que passaram por Ouro Branco no início do século XIX além do Imperador do Brasil Dom Pedro II, quando ali esteve em 1881.O IHGC faz um agradecimento especial ao Confrade Celso Vaz (vice-prefeito de Ouro Branco) pelo empenho, carinho e dedicação durante nossa visita a Ouro Branco. Ao final do passeio os membros do IHGC e ACLAC receberam um mimo das mãos do Confrade Celso Vaz: uma linda caneca personalizada além de informativos culturais do Município.

Agradecemos a AG Turismo (31 99794-0924) pelo traslado, sempre com pontualidade, conforto e segurança. Fotos: Hugo Cordeiro, Marco Antônio, Andrea Vieira e Guilherme Fontainha.

Texto: IHGC

Do Alto Maranhão a Fazenda do Paraopeba: um passeio pela história da região

O 4º Passeio Cultural promovido pelo Instituto Histórico e Geográfico de Congonhas (IHGC) em parceira com a Academia de Ciências, Letras e Artes de Congonhas (ACLAC), realizado neste sábado, 3 de setembro, foi memorável. Uma verdadeira confraternização entre os confrades. E ainda recebemos a companhia ilustre da Presidente da Fumcult (Fundação Municipal de Cultura, Lazer e Turismo de Congonhas) Lana Mércia Brasil e da Diretora do Museu Congonhas Lourdes Maria, que prestigiaram nosso passeio cultural. O Distrito do Alto Maranhão é encantador. Berço histórico de nossa região (e por assim dizer, de Congonhas), a localidade abriga diversos acervos importantíssimos de nossa história. Recepcionados pela confreira e historiadora Maria da Paz, nosso primeiro momento foi conhecer as ruínas da casa do Capitão Zeca Moreira, importante figura política que viveu no Distrito do Alto Maranhão entre o final do século XIX e décadas seguintes do século XX. Pela extensão das ruínas percebemos que era uma propriedade imponente, e à altura de seu proprietário.

O terreno ainda pertence aos descendentes do afamado Capitão Zeca Moreira e foi próximo dali que, no sítio “Moreirinha”, a anfitriã Maria da Paz nos serviu um delicioso café colonial, inclusive com o tradicional “cubu na folha de bananeira”, iguaria da tradicional culinária mineira que, em nossa região, somente é encontrado no Distrito do Alto Maranhão.

Energia reposta pelo delicioso café colonial, partimos em caminhada até as ruínas da antiga cadeia, construção do século XVIII bem a margem do caminho velho da Estrada Real. Maria da Paz nos explicou que no século XIX a edificação ganhou o 2º pavimento. Infelizmente está abandonada e poderia ali ser um grande atrativo turístico para visitantes, abrigando um museu que contasse a história do Distrito.A visita seguinte foi na secular Capela devotada à Nossa Senhora da Ajuda, cuja tradição religiosa é pujante em nossa região. Celebrada anualmente no dia 15 de agosto, a festa em sua honra recebe milhares de devotos, em sua maioria vindos do distrito sede – Congonhas. Muitos vem a pé percorrendo cerca de 9km em cumprimento de promessas.

A Capela de Nossa Senhora da Ajuda remota o primeiro quarto do século XVIII e está ligada a presença dos membros da família de João Antônio Redondo, sesmeiro português que ali se estabeleceu por volta de 1713, dando, inclusive, o primitivo nome à localidade que ainda hoje é conhecida como Distrito do Redondo (a alteração para Alto Maranhão aconteceu somente em 1918).A Capela de Nossa Senhora da Ajuda abriga um rico acervo escultórico, incluindo talhas, ornamentos e pinturas característicos do século XVIII. Foi recentemente restaurada e está aberta aos cultos novamente. E antes de continuarmos nosso passeio cultural, fizemos uma “parada técnica” na Padaria “Pão da Vida” para comprarmos mais “cubu na folha de bananeira” e outras quitandas.

Abastecidos, seguimos para a afamada a Fazenda Paraopeba, localizada no município de Conselheiro Lafaiete (nas divisas com Congonhas e São Brás do Suaçuí), às margens da MG383, distante cerca de 6km do distrito do Alto Maranhão, onde fomos recebidos pelo amigo Moisés Matias Pereira que mediou nossa visita. Moisés é o guardião da fazenda representando o Ecotres (consórcio intermunicipal formado pelos municípios de Congonhas, Conselheiro Lafaiete e Ouro Branco, cujo objetivo é dar destinação adequada aos resíduos sólidos) que agora utiliza o espaço para desenvolver projetos ambientais.A

Fazenda Paraopeba pertenceu ao célebre inconfidente Inácio José de Alvarenga Peixoto e sua esposa, Bárbara Heliodora. A fazenda possui localização estratégica e fica no meio do caminho entre as cidades de Ouro Preto e São João Del Rei. No período colonial e em boa parte do século XIX, suas instalações serviam de pouso para tropeiros e viajantes da Estrada Real. E pode até ter servido como possível local de encontro de alguns inconfidentes para suas conversas secretas sobre o levante que se propunham a fazer naquele longínquo ano de 1789.

Moisés nos conta que o casarão ficou por muito tempo abandonado e após um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o Ministério Público de MG e a empresa mineradora Ferrous, a fazenda passou por rigorosa reforma e teve seu espaço (interno e externo) remodelado, preservando suas características do século XVIII, agora servindo como um excelente equipamento cultural para visitação pública. Dentro de suas dependências podemos ver objetos e instrumentos do século XVIII e imaginar como viviam nossos antepassados. Moisés ainda nos relatou que no pátio central da fazenda existia um pelourinho (coluna de madeira usada para imobilizar e castigar fisicamente os escravizados ou criminosos) e que foi levado para o Museu do Escravo em Belo Vale, onde está exposto.

O IHGC recebeu um presente das mãos de nosso anfitrião Moisés – uma pedra “triangular” como símbolo alusivo ao triângulo idealizado pelos inconfidentes e presente na bandeira de Minas Gerais.O consórcio Ecotres desenvolve um programa ambiental nas dependências da Fazenda Paraopeba e alunos das escolas da região têm visitado o espaço que abriga uma rica fauna e flora, além de estar próxima do caudaloso rio Paraopeba.

E ainda tivemos a oportunidade de conhecer outra fazenda colonial (distante cerca de 300 metros da Fazenda Paraopeba), e seus moinhos d’água onde é produzido o tradicional “fubá Paraopeba”. Após uma rica e prazerosa aula sobre a história colonial mineira e da geografia da região, seguimos direto para a Bombaça (tradicional região do Distrito do Alto Maranhão) onde fomos recebidos pelo casal Roberto e Florípedes. Lá nos foi servido o tradicional (e saboroso) almoço mineiro, com direito até a ora-pro-nóbis e suco de goiaba. Tudo preparado com esmero e carinho. Sabor inigualável. De sobremesa degustamos os tradicionais doces de leite e de mamão ralado.

Celebramos entre amigos mais um dia incrível, conhecendo nossa riqueza regional e aprendendo mais. “O saber não ocupa espaço”. Agradecemos a AG Turismo (31 99794-0924) pelo traslado, sempre com pontualidade, conforto e segurança.

Texto e fotos: Instituto Histórico e Geográfico de Congonhas – IHGC

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