Como uma ex-viciada em heroína transformou seu passado criminoso em uma carreira na literatura

Como uma ex-viciada em heroína transformou seu passado criminoso em uma carreira na literatura

THE NEW YORK TIMES Do banco de motorista de seu Tesla, Lara Love Hardin fixou o olhar firme em uma casa em um beco sem saída desbotado pelo sol em Aptos, Califórnia, e falou sobre a tarde de novembro de 2008 em que foi algemada e arrastada para fora da porta da frente por um policial que lhe disse que ela não merecia ser mãe.

“Essa rua inteira estava cheia de provavelmente 10 viaturas. Os vizinhos estavam todos aqui”, disse Hardin, agora com 56 anos. Aquele dia encerrou uma longa maratona de drogas que lhe custou seis anos de sobriedade e a custódia de seus quatro filhos, com idades de 3, 13, 16 e 17 anos. O segundo marido de Hardin também foi preso; seu filho caçula foi para um lar temporário de emergência.

“Não havia mais pensamento mágico”, disse ela. “Não havia mais ‘eu posso me safar disso, posso inventar uma história’. Acabou.”

Antes de sua queda cataclísmica, Hardin era dona de um cemitério de animais de estimação. Agora, ela é uma agente literária e escritora fantasma que colaborou em vários livros de sucesso, incluindo os do arcebispo Desmond Tutu e do Dalai Lama. Ela representa professores de Stanford. Ela almoçou com Oprah.

A maioria das pessoas teria dificuldade em fazer uma mudança tão dramática; se isso aparecesse em um romance, um editor poderia considerá-lo irrealista. Hardin escreveu uma memória em vez disso: “The Many Lives of Mama Love” (“As Muitas Vidas de Mama Love”, em tradução livre), que explica em prosa sincera e com toques de humor como ela construiu uma ponte de sua vida antiga para a atual. O livro foi lançado nos Estados Unidos pela Simon & Schuster em 1º de agosto.

Os vizinhos que testemunharam sua prisão naquele dia eram os pais dos amigos de seus filhos, que trouxeram o jantar quando seu filho mais novo nasceu. Eles também foram suas primeiras vítimas. Hardin havia roubado talões de cheque, cartões de crédito, cartões-presente, correspondências e analgésicos de suas casas, pirateado o Wi-Fi deles enquanto jogava e fumava heroína, e se apropriado de um dos números de Seguro Social deles para solicitar um cartão da Amazon que ela usou para comprar um Kindle e livros sobre paternidade. Ela também revirou um quarto de hotel e carros, procurando qualquer coisa que financiasse sua próxima dose.

“Era apenas modo de sobrevivência. Se eu não tivesse as drogas, eu morreria”, disse Hardin.

Durante um passeio de 90 minutos por seus locais de crime —foi apenas sua segunda visita à sua antiga casa desde sua prisão—, Hardin lembrou-se da professora da pré-escola que perguntou por que ela estava escondida em um canto distante do estacionamento: “Acho que ela sabia. Há uma aparência de mãe ligeiramente desgastada e depois há ‘estou vivendo de heroína e Reese’s Peanut Butter Cups”.

Ela apontou para a janela do que costumava ser a sala de brinquedos de seus filhos e o quintal onde eles jogavam basquete e se amontoavam em uma banheira de hidromassagem. Ela falou sobre o Halloween no beco sem saída, o quanto ela estava orgulhosa de sua parede azul e do banheiro principal com carpete.

Seu arrependimento e remorso pairavam sobre o dia, fortes como sequoias.

Crescendo nos subúrbios de Boston, Hardin disse: “Eu era a criança no apartamento, a criança pobre com a mãe solteira”. Depois de uma infância passada se refugiando em livros, ela foi a primeira pessoa de sua família a ir para a faculdade. Ela fugiu para a Universidade da Califórnia, Santa Cruz, e depois para a UC Irvine, onde obteve um mestrado em Belas Artes.

Aqui está o que eles não ensinam na pós-graduação: se você gastar US$ 500 (R$ 2.477) em mantimentos com um cartão roubado e perceber que esqueceu o leite, a segunda transação conta como um crime separado. Hardin se declarou culpada de 32 crimes graves e enfrentou 27 anos de prisão. Graças a um acordo judicial, ela passou 10 meses na cadeia do condado, um número que o escritório do xerife não pôde confirmar porque, de acordo com um oficial de informações públicas, a lei da Califórnia proíbe a divulgação de históricos criminais de pessoas que não estão mais sob custódia.

A cópia promocional da memória de Hardin promete um relato com um tom alegre de “sua queda de mãe de futebol a viciada em opioides a líder de gangue na prisão”. Mas, estacionado do lado de fora da Cadeia do Condado de Santa Cruz, um prédio octogonal sombrio onde ela tentou tirar a própria vida, a vista era decididamente mais “Law & Order” do que “Real Housewives”. Até mesmo as roseiras que Hardin uma vez ganhou o privilégio de podar pareciam derrotadas. Placas verdes parafusadas em paredes e cercas advertiam: “Comunicação não autorizada com detentos da prisão é ilegal”.

Hardin sobreviveu à prisão fazendo sua voz ser ouvida. Ela começou a escrever —ensaios, poemas e contos, além de correspondências legais e pessoais para outros detentos. “Eu me preocupo que possa me meter em encrenca por fingir ser outras pessoas”, ela escreve sobre esse trabalho paralelo, que lhe rendeu o apelido de Mama Love. “Eu ainda não percebo que o que estou fazendo é aprimorar minha empatia —o superpoder de todos os grandes escritores fantasmas.”

Mas a parte mais difícil ainda estava por vir. Depois que Hardin cumpriu sua pena, ela descobriu como era difícil encontrar um emprego e moradia quando tinha que marcar em uma caixa indicando que tinha antecedentes criminais. “Existem mais de 2 milhões de pessoas atualmente presas que acreditam que estão pagando por seus crimes”, disse Hardin em uma palestra TEDx em 2019. “O que muitos deles não percebem é que pagarão por esses crimes pelo resto da vida.”

Na mesma semana em que Hardin solicitou cupons de alimentos, ela conseguiu um emprego como assistente de meio período na Idea Architects, uma agência literária fundada por Doug Abrams, que representa Tutu e Mandela. Ele nunca verificou suas referências.

“Decido que, se me perguntarem, revelarei meu passado, mas se não, não vou oferecer a informação”, escreve Hardin. “É uma política de não perguntar, não contar que ainda está de acordo com minha política de honestidade rigorosa.”

Abrams disse que teve a sensação de que Hardin havia “passado por momentos difíceis”, mas ficou imediatamente impressionado com seu talento. A pedido de um amigo, ele procurou o nome dela online. Um artigo no Santa Cruz Sentinel descrevia Hardin e seu segundo marido como os “vizinhos do inferno”, ele descobriu.

“Aqui está alguém que acabei de contratar para me ajudar a administrar a empresa e fazer a contabilidade e a administração bancária”, disse Abrams. Ele estava trabalhando em um escritório em casa; seus filhos estavam no local; ele estava (compreensivelmente) preocupado.

Abrams ligou para Cynthia Chase, diretora do programa de reintegração que Hardin concluiu antes de deixar a prisão.

“Doug disse: ‘Você pode garantir que ela não vai recair?’ Eu disse: ‘Não. Qualquer pessoa que diga sim está mentindo; não é assim que a recuperação funciona'”, disse Chase em uma entrevista por telefone. Ela agora é parceira de Hardin no Projeto Gemma, uma organização sem fins lucrativos que ajuda mulheres encarceradas ao reintegrarem a sociedade. “O que posso dizer é que, ao contrário da pessoa comum na rua, Lara tem muito mais a perder.”

Depois de uma “noite escura da alma”, Abrams manteve Hardin na folha de pagamento por 12 anos, uma decisão que ele considera uma das melhores que já tomou. Ela eventualmente se tornou co-CEO.

Ele disse: “Seu crime de roubo de identidade também era seu superpoder de tradução de identidade. Ela conseguia colocar a voz, a mente e a alma de alguém na página de uma maneira realmente poderosa”.

Anthony Ray Hinton trabalhou com Hardin em “The Sun Does Shine”, sua autobiografia de sucesso, endossada por Oprah, sobre as décadas que passou preso no Alabama por três assassinatos que não cometeu.

“Eu me sentia tão à vontade para contar coisas a Lara que nunca contei a ninguém”, disse ele em uma entrevista por telefone. “Toda vez que eu chorava, Lara parava e dizia: ‘Espere. Vamos dar um momento’. Ela não me apressava para voltar. Foi então que percebi que ela é uma alma gentil.”

Depois de escrever 12 livros para outras pessoas —11 deles homens— Hardin ainda não tinha certeza se estava pronta para contar sua própria história. Ela disse: “A vergonha é tão pegajosa. Eu estava tão acostumada a guardar meu segredo”.

Após sua palestra TEDx, Abrams a encorajou a começar a trabalhar em uma proposta, que ele vendeu em um leilão com cinco interessados, resultando em uma quantia alta de seis dígitos. Ela usou parte do adiantamento para pagar mais de US$ 15 mil (R$ 74 mil) em restituição por seus crimes.

No início de 2022, Hardin alugou uma casa na Tailândia, onde escreveu um rascunho da autobiografia em sete semanas. Ela disse: “Enquanto eu escrevia os capítulos mais sombrios, o trovão sacudia a vila”. Ela apreciou o simbolismo.

Quando Hardin enviou o manuscrito para Eamon Dolan, seu editor na Simon & Schuster, ele apontou que a expressão “eu me pergunto” aparecia 43 vezes. “Eu não estava me comprometendo com o que ia dizer. Estava hesitando”, disse Hardin. “Eu mergulhei de volta.”

Em uma entrevista por telefone, Dolan continuou: “Eu não quero que uma autobiografia seja o meio pelo qual um autor se descobre, e muitas vezes é o caso. Lara já se descobriu substancialmente. Ela não se segurou. Ela se esforça mais do que quase qualquer outra pessoa que conheço em minha vida pessoal e profissional”.

“The Many Lives of Mama Love” contém elementos de “Livre”“Orange Is the New Black” e “Prenda-me se For Capaz”. Hardin explora sua infância problemática (sua primeira lembrança é de sua mãe batendo a própria cabeça contra uma parede); dois casamentos fracassados; a escalada de seu vício de opiáceos para Valium e heroína; e sua determinação em reconstruir um lar estável para seus filhos, todos os quatro dos quais moravam com seu primeiro marido até que ela se reerguesse.

Ela também aborda as demandas do sistema de justiça criminal, semelhantes ao jogo Twister. Por exemplo, pelos termos de sua liberação, ela tinha que comparecer ao tribunal de drogas e a um programa de trabalho ao mesmo tempo. Isso foi desafiador, mesmo para alguém com um carro (embora um que tivesse problemas com ladeiras).

“Eu estava vindo de um lugar privilegiado, sendo uma mulher branca, de classe média, com educação”, disse Hardin. “Ainda era quase impossível não ser enviada de volta para a prisão. Você está fadado ao fracasso em cada passo.”

Em uma entrevista por telefone, o filho de Hardin, Ty Love, agora com 27 anos, lembrou-se da primeira vez que visitou sua mãe depois que ela foi presa —”o vidro, o macacão laranja, o telefone na parede”— e disse: “Lembro-me dela colocando uma cara corajosa para o nosso benefício”.

Ler o livro de sua mãe o levou de volta àquela época difícil, disse Love, mas “também foi curativo porque pude ver a perspectiva da minha mãe. Fiquei feliz em vê-la se utilizando como uma luz um pouco mais. Ela definitivamente é uma das minhas heroínas”.

Enquanto Hardin dirigia sobre uma ponte em direção ao centro de Santa Cruz, ela disse que ainda sonha que seus filhos estão sendo tirados dela. Apontando para uma casa em uma colina do outro lado do rio San Lorenzo, ela disse: “Lembro-me de estar na prisão e olhar para lá. Eu só queria ser alguém que mora em uma casa”.

Agora, mais uma vez, ela mora. Hardin é casada pela terceira vez (“agora vai!”). Ela não usa drogas. E no ano passado, ela abriu sua própria agência. Chama-se True Literary. “Escolhi o nome porque gosto de histórias verdadeiras que você não acreditaria se fossem ficção”, disse Hardin. “E porque quero fazer o que é verdadeiro para mim.”

FONTE FOLHA UOL

Como uma ex-viciada em heroína transformou seu passado criminoso em uma carreira na literatura

Como uma ex-viciada em heroína transformou seu passado criminoso em uma carreira na literatura

THE NEW YORK TIMES Do banco de motorista de seu Tesla, Lara Love Hardin fixou o olhar firme em uma casa em um beco sem saída desbotado pelo sol em Aptos, Califórnia, e falou sobre a tarde de novembro de 2008 em que foi algemada e arrastada para fora da porta da frente por um policial que lhe disse que ela não merecia ser mãe.

“Essa rua inteira estava cheia de provavelmente 10 viaturas. Os vizinhos estavam todos aqui”, disse Hardin, agora com 56 anos. Aquele dia encerrou uma longa maratona de drogas que lhe custou seis anos de sobriedade e a custódia de seus quatro filhos, com idades de 3, 13, 16 e 17 anos. O segundo marido de Hardin também foi preso; seu filho caçula foi para um lar temporário de emergência.

“Não havia mais pensamento mágico”, disse ela. “Não havia mais ‘eu posso me safar disso, posso inventar uma história’. Acabou.”

Antes de sua queda cataclísmica, Hardin era dona de um cemitério de animais de estimação. Agora, ela é uma agente literária e escritora fantasma que colaborou em vários livros de sucesso, incluindo os do arcebispo Desmond Tutu e do Dalai Lama. Ela representa professores de Stanford. Ela almoçou com Oprah.

A maioria das pessoas teria dificuldade em fazer uma mudança tão dramática; se isso aparecesse em um romance, um editor poderia considerá-lo irrealista. Hardin escreveu uma memória em vez disso: “The Many Lives of Mama Love” (“As Muitas Vidas de Mama Love”, em tradução livre), que explica em prosa sincera e com toques de humor como ela construiu uma ponte de sua vida antiga para a atual. O livro foi lançado nos Estados Unidos pela Simon & Schuster em 1º de agosto.

Os vizinhos que testemunharam sua prisão naquele dia eram os pais dos amigos de seus filhos, que trouxeram o jantar quando seu filho mais novo nasceu. Eles também foram suas primeiras vítimas. Hardin havia roubado talões de cheque, cartões de crédito, cartões-presente, correspondências e analgésicos de suas casas, pirateado o Wi-Fi deles enquanto jogava e fumava heroína, e se apropriado de um dos números de Seguro Social deles para solicitar um cartão da Amazon que ela usou para comprar um Kindle e livros sobre paternidade. Ela também revirou um quarto de hotel e carros, procurando qualquer coisa que financiasse sua próxima dose.

“Era apenas modo de sobrevivência. Se eu não tivesse as drogas, eu morreria”, disse Hardin.

Durante um passeio de 90 minutos por seus locais de crime —foi apenas sua segunda visita à sua antiga casa desde sua prisão—, Hardin lembrou-se da professora da pré-escola que perguntou por que ela estava escondida em um canto distante do estacionamento: “Acho que ela sabia. Há uma aparência de mãe ligeiramente desgastada e depois há ‘estou vivendo de heroína e Reese’s Peanut Butter Cups”.

Ela apontou para a janela do que costumava ser a sala de brinquedos de seus filhos e o quintal onde eles jogavam basquete e se amontoavam em uma banheira de hidromassagem. Ela falou sobre o Halloween no beco sem saída, o quanto ela estava orgulhosa de sua parede azul e do banheiro principal com carpete.

Seu arrependimento e remorso pairavam sobre o dia, fortes como sequoias.

Crescendo nos subúrbios de Boston, Hardin disse: “Eu era a criança no apartamento, a criança pobre com a mãe solteira”. Depois de uma infância passada se refugiando em livros, ela foi a primeira pessoa de sua família a ir para a faculdade. Ela fugiu para a Universidade da Califórnia, Santa Cruz, e depois para a UC Irvine, onde obteve um mestrado em Belas Artes.

Aqui está o que eles não ensinam na pós-graduação: se você gastar US$ 500 (R$ 2.477) em mantimentos com um cartão roubado e perceber que esqueceu o leite, a segunda transação conta como um crime separado. Hardin se declarou culpada de 32 crimes graves e enfrentou 27 anos de prisão. Graças a um acordo judicial, ela passou 10 meses na cadeia do condado, um número que o escritório do xerife não pôde confirmar porque, de acordo com um oficial de informações públicas, a lei da Califórnia proíbe a divulgação de históricos criminais de pessoas que não estão mais sob custódia.

A cópia promocional da memória de Hardin promete um relato com um tom alegre de “sua queda de mãe de futebol a viciada em opioides a líder de gangue na prisão”. Mas, estacionado do lado de fora da Cadeia do Condado de Santa Cruz, um prédio octogonal sombrio onde ela tentou tirar a própria vida, a vista era decididamente mais “Law & Order” do que “Real Housewives”. Até mesmo as roseiras que Hardin uma vez ganhou o privilégio de podar pareciam derrotadas. Placas verdes parafusadas em paredes e cercas advertiam: “Comunicação não autorizada com detentos da prisão é ilegal”.

Hardin sobreviveu à prisão fazendo sua voz ser ouvida. Ela começou a escrever —ensaios, poemas e contos, além de correspondências legais e pessoais para outros detentos. “Eu me preocupo que possa me meter em encrenca por fingir ser outras pessoas”, ela escreve sobre esse trabalho paralelo, que lhe rendeu o apelido de Mama Love. “Eu ainda não percebo que o que estou fazendo é aprimorar minha empatia —o superpoder de todos os grandes escritores fantasmas.”

Mas a parte mais difícil ainda estava por vir. Depois que Hardin cumpriu sua pena, ela descobriu como era difícil encontrar um emprego e moradia quando tinha que marcar em uma caixa indicando que tinha antecedentes criminais. “Existem mais de 2 milhões de pessoas atualmente presas que acreditam que estão pagando por seus crimes”, disse Hardin em uma palestra TEDx em 2019. “O que muitos deles não percebem é que pagarão por esses crimes pelo resto da vida.”

Na mesma semana em que Hardin solicitou cupons de alimentos, ela conseguiu um emprego como assistente de meio período na Idea Architects, uma agência literária fundada por Doug Abrams, que representa Tutu e Mandela. Ele nunca verificou suas referências.

“Decido que, se me perguntarem, revelarei meu passado, mas se não, não vou oferecer a informação”, escreve Hardin. “É uma política de não perguntar, não contar que ainda está de acordo com minha política de honestidade rigorosa.”

Abrams disse que teve a sensação de que Hardin havia “passado por momentos difíceis”, mas ficou imediatamente impressionado com seu talento. A pedido de um amigo, ele procurou o nome dela online. Um artigo no Santa Cruz Sentinel descrevia Hardin e seu segundo marido como os “vizinhos do inferno”, ele descobriu.

“Aqui está alguém que acabei de contratar para me ajudar a administrar a empresa e fazer a contabilidade e a administração bancária”, disse Abrams. Ele estava trabalhando em um escritório em casa; seus filhos estavam no local; ele estava (compreensivelmente) preocupado.

Abrams ligou para Cynthia Chase, diretora do programa de reintegração que Hardin concluiu antes de deixar a prisão.

“Doug disse: ‘Você pode garantir que ela não vai recair?’ Eu disse: ‘Não. Qualquer pessoa que diga sim está mentindo; não é assim que a recuperação funciona'”, disse Chase em uma entrevista por telefone. Ela agora é parceira de Hardin no Projeto Gemma, uma organização sem fins lucrativos que ajuda mulheres encarceradas ao reintegrarem a sociedade. “O que posso dizer é que, ao contrário da pessoa comum na rua, Lara tem muito mais a perder.”

Depois de uma “noite escura da alma”, Abrams manteve Hardin na folha de pagamento por 12 anos, uma decisão que ele considera uma das melhores que já tomou. Ela eventualmente se tornou co-CEO.

Ele disse: “Seu crime de roubo de identidade também era seu superpoder de tradução de identidade. Ela conseguia colocar a voz, a mente e a alma de alguém na página de uma maneira realmente poderosa”.

Anthony Ray Hinton trabalhou com Hardin em “The Sun Does Shine”, sua autobiografia de sucesso, endossada por Oprah, sobre as décadas que passou preso no Alabama por três assassinatos que não cometeu.

“Eu me sentia tão à vontade para contar coisas a Lara que nunca contei a ninguém”, disse ele em uma entrevista por telefone. “Toda vez que eu chorava, Lara parava e dizia: ‘Espere. Vamos dar um momento’. Ela não me apressava para voltar. Foi então que percebi que ela é uma alma gentil.”

Depois de escrever 12 livros para outras pessoas —11 deles homens— Hardin ainda não tinha certeza se estava pronta para contar sua própria história. Ela disse: “A vergonha é tão pegajosa. Eu estava tão acostumada a guardar meu segredo”.

Após sua palestra TEDx, Abrams a encorajou a começar a trabalhar em uma proposta, que ele vendeu em um leilão com cinco interessados, resultando em uma quantia alta de seis dígitos. Ela usou parte do adiantamento para pagar mais de US$ 15 mil (R$ 74 mil) em restituição por seus crimes.

No início de 2022, Hardin alugou uma casa na Tailândia, onde escreveu um rascunho da autobiografia em sete semanas. Ela disse: “Enquanto eu escrevia os capítulos mais sombrios, o trovão sacudia a vila”. Ela apreciou o simbolismo.

Quando Hardin enviou o manuscrito para Eamon Dolan, seu editor na Simon & Schuster, ele apontou que a expressão “eu me pergunto” aparecia 43 vezes. “Eu não estava me comprometendo com o que ia dizer. Estava hesitando”, disse Hardin. “Eu mergulhei de volta.”

Em uma entrevista por telefone, Dolan continuou: “Eu não quero que uma autobiografia seja o meio pelo qual um autor se descobre, e muitas vezes é o caso. Lara já se descobriu substancialmente. Ela não se segurou. Ela se esforça mais do que quase qualquer outra pessoa que conheço em minha vida pessoal e profissional”.

“The Many Lives of Mama Love” contém elementos de “Livre”“Orange Is the New Black” e “Prenda-me se For Capaz”. Hardin explora sua infância problemática (sua primeira lembrança é de sua mãe batendo a própria cabeça contra uma parede); dois casamentos fracassados; a escalada de seu vício de opiáceos para Valium e heroína; e sua determinação em reconstruir um lar estável para seus filhos, todos os quatro dos quais moravam com seu primeiro marido até que ela se reerguesse.

Ela também aborda as demandas do sistema de justiça criminal, semelhantes ao jogo Twister. Por exemplo, pelos termos de sua liberação, ela tinha que comparecer ao tribunal de drogas e a um programa de trabalho ao mesmo tempo. Isso foi desafiador, mesmo para alguém com um carro (embora um que tivesse problemas com ladeiras).

“Eu estava vindo de um lugar privilegiado, sendo uma mulher branca, de classe média, com educação”, disse Hardin. “Ainda era quase impossível não ser enviada de volta para a prisão. Você está fadado ao fracasso em cada passo.”

Em uma entrevista por telefone, o filho de Hardin, Ty Love, agora com 27 anos, lembrou-se da primeira vez que visitou sua mãe depois que ela foi presa —”o vidro, o macacão laranja, o telefone na parede”— e disse: “Lembro-me dela colocando uma cara corajosa para o nosso benefício”.

Ler o livro de sua mãe o levou de volta àquela época difícil, disse Love, mas “também foi curativo porque pude ver a perspectiva da minha mãe. Fiquei feliz em vê-la se utilizando como uma luz um pouco mais. Ela definitivamente é uma das minhas heroínas”.

Enquanto Hardin dirigia sobre uma ponte em direção ao centro de Santa Cruz, ela disse que ainda sonha que seus filhos estão sendo tirados dela. Apontando para uma casa em uma colina do outro lado do rio San Lorenzo, ela disse: “Lembro-me de estar na prisão e olhar para lá. Eu só queria ser alguém que mora em uma casa”.

Agora, mais uma vez, ela mora. Hardin é casada pela terceira vez (“agora vai!”). Ela não usa drogas. E no ano passado, ela abriu sua própria agência. Chama-se True Literary. “Escolhi o nome porque gosto de histórias verdadeiras que você não acreditaria se fossem ficção”, disse Hardin. “E porque quero fazer o que é verdadeiro para mim.”

FONTE FOLHA UOL

Jovem com uma história de superação irá começar projeto em Entre Rios de Minas

Daniel Dhonata, tenho 24 anos, nasceu em Maricá, cresceu no Morro do 18, Zona Norte do Rio de Janeiro, infelizmente perdeu o pai quando era pequeno, sendo criado pela mãe e avô. Aos 12 anos começou no Muay Thai. Com 16 anos implantou pela primeira vez um projeto social de Muay Thai dentro da comunidade onde morava (acontecia no terraço de um amigo).

Daniel passou por muitos desafios, mas deu a volta por cima, seguindo na carreira profissional como atleta e professor de Muay Thai. Aos 23 anos foi campeão da Taça Rio, Vice Campeão Mundial, Bi Campeão Mineiro, Campeão Estadual e cerca de +30 lutas. Daniel criou o Projeto Mais forte que o Mundo e também começou a ministrar palestras em outros projetos e comunidades carentes.

Após passar por tantos problemas e mostrar superação, Daniel resolveu mudar para a cidade de Entre Rio de Minas, onde em breve irá inaugurar seu projeto, na Avenida Tiradentes, 470, Bairro cachoeira. O projeto oferecerá mais de 60 vagas para aulas de de Muay Thai gratuita para crianças de 5 a 13 anos de idade, com início previsto para o próximo dia 08 de maio.

Caso você possa ajudar neste importante projeto ou interesse que o Daniel faça uma palestra na sua empresa, entre em contato pelo número (021)98986-7797. (Pop News)

Ano Novo supera Natal em multas por dirigir sob efeito de álcool, aponta PRF

Mais de 4 mil testes foram feitos e 96 motoristas autuados por embriaguez  

Dezenas de motoristas foram autuados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) por dirigirem embriagadas no Ano Novo e outros dois foram presos. Os dados fazem parte do balanço divulgado nesta terça-feira e encerrado no domingo (1º). Em Minas Gerais os flagrantes de alcoolemia do feriado de fim de ano superaram os números registrados no feriado do Natal 22.

Durante o feriado, 7.977 veículos foram fiscalizados e cerca de 9.686 pessoas foram abordadas em ações da PRF nas rodovias federais de Minas Gerais. Foram feitos 4.344 testes de alcoolemia (bafômetro) e, ato todo, 96 motoristas foram multados por embriaguez ao volante e dois deles acabaram presos.

As ultrapassagens em locais proibidos também chamaram a atenção e 138 motoristas foram multados. Durante as fiscalizações, 156 motoristas foram flagrados sem o cinto de segurança. Os policiais também lavraram 151 autuações por passageiros sem utilizar o cinto de segurança.

Acidentes

O período também foi marcado por acidentes, com 74 ocorrências registradas pela PRF, sendo 78 pessoas feridas e seis óbitos.

FONTE ITATIAIA

Mulheres superam os homens em todos os níveis educacionais

Apesar da falta de investimento e da crise na educação, presença de mulheres nas escolas cresce sistematicamente há 30 anos

As mulheres brasileiras foram sistematicamente excluídas do acesso à educação na maior parte da história. A economia colonial, fundada na grande propriedade rural e na mão-de-obra escrava, deu pouca atenção ao ensino formal para os homens e nenhuma atenção para as mulheres. O isolamento, a estratificação social e as relações familiares patriarcais favoreceram uma estrutura de poder fundada na autoridade sem limites dos homens donos de terras. A tradição cultural ibérica, transposta de Portugal para a colônia brasileira, considerava a mulher um ser inferior, que não tinha necessidade de aprender a ler e a escrever. A educação monopolizada pela Igreja Católica reforçava o espírito medieval. A obra educativa da Companhia de Jesus (Jesuítas) contribuiu significativamente para o fortalecimento da predominância masculina, sendo que os padres jesuítas tinham apego às formas dogmáticas de pensamento e pregavam a autoridade máxima da Igreja e do Estado (Ribeiro, 2000).

Com a vinda da Família Real portuguesa para o Brasil e a Independência, em 1822, a sociedade brasileira passou a apresentar uma estrutura social mais complexa. As imigrações internacionais e a diversificação econômica aumentaram a demanda por educação, que passou a ser vista como um instrumento de ascensão social pelas camadas sociais intermediárias. Nesse novo contexto, pela primeira vez, os dirigentes do país manifestaram preocupação com a educação feminina. Os primeiros legisladores do Império estabeleceram que o ensino primário deveria ser de responsabilidade do Estado e extensivo às meninas, cujas classes deveriam ser regidas por professoras. Porém, devido à falta de professoras qualificadas e sem conseguir despertar maior interesse nos pais, houve dificuldade para aumentar significativamente o número de alunas.

Na primeira metade do século XIX, surgiram as primeiras instituições destinadas a educar as mulheres, embora em um quadro de ensino dual, com evidentes especializações de gênero. Ao sexo feminino cabia, em geral, a educação primária, com forte conteúdo moral e social, dirigido para o fortalecimento do papel da mulher enquanto mãe e esposa. A educação secundária feminina permanecia restrita, em grande medida, ao magistério, isto é, formação de professoras para os cursos primários.

As mulheres continuaram excluídas dos graus mais elevados de instrução durante o século XIX e a tônica permanecia na agulha, não na caneta. Mas cabe destacar o exemplo inspirador da educadora positivista Nísia Floresta (1810-1875) que foi uma pioneira na luta pela alfabetização das meninas e jovens. Ela fundou uma escola inovadora na cidade do Rio de Janeiro, marco pioneiro na história da educação feminina no Brasil.

A Constituição da República, de 1891, consagrou a descentralização do ensino em um esquema dualista: a União ficou responsável pela criação e controle das instituições de ensino superior e secundário e aos Estados coube a criação de escolas e o monitoramento e controle do ensino primário, assim como do ensino profissional de nível médio, que na época, compreendia as escolas normais para as moças e as escolas técnicas para os rapazes. Nessa época, houve expansão quantitativa do sistema educacional, mas pouca mudança qualitativa. A taxa de alfabetização da população brasileira cresceu durante a República Velha (1889-1930) apesar da manutenção de altos níveis de analfabetismo.

Estudantes e professores protestam nas ruas de São Paulo. Apesar da crise na educação, número de mulheres nas escolas é cada vez maior. Foto Nelson Almeida/AFP
Estudantes e professores protestam nas ruas de São Paulo. Apesar da crise na educação, número de mulheres nas escolas é cada vez maior. Foto Nelson Almeida/AFP

Os motivos do baixo grau de investimento educacional brasileiro tiveram suas origens no modelo econômico baseado na economia primário-exportadora, com base em uma estrutura produtiva escravocrata. Enquanto a população permaneceu enraizada no campo, utilizando meios arcaicos de produção, a escola não exerceu papel importante na qualificação dos recursos humanos, permanecendo como agente de educação para o ócio ou de preparação para as carreiras liberais, no caso dos homens, ou para professoras primárias e donas de casa, no caso das mulheres.

Nesse sentido, a chamada Revolução de 1930, ao redirecionar o desenvolvimento brasileiro para o mercado interno e para o setor urbano-industrial, propiciou o surgimento das primeiras políticas públicas de massa, especialmente para as populações urbanas. As novas exigências da industrialização e dos serviços urbanos influenciaram os conteúdos e a expansão do ensino. Porém, como a expansão do capitalismo não se fez de forma homogênea em todo o território nacional, a maior expansão da demanda escolar só se desenvolveu nas regiões onde as relações capitalistas estavam mais avançadas.

Dessa forma, durante o período do chamado Pacto Populista (1945-1964), o sistema escolar passou a sofrer pressão social por níveis crescentes de acesso à educação, porém o acordo das elites no poder manteve o caráter “aristocrático” da escola, contendo a pressão popular em prol da democratização do ensino. Sendo assim, não estranha que a expansão da cobertura escolar tenha ocorrido de forma improvisada e insuficiente. Somente em 1961, por meio da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Brasileira, foi garantida equivalência de todos os cursos de grau médio, abrindo a possibilidade de as mulheres que faziam magistério disputarem os vestibulares. Portanto, foi a partir dos anos 60 que as mulheres brasileiras tiveram maiores chances de ingressar na educação superior. Exatamente por isso, a reversão do hiato de gênero no ensino superior começou nos anos 70.

Com a intensificação da industrialização e da urbanização do país, o sistema educacional cresceu horizontalmente e verticalmente. Os governos militares, instalados no país após 1964 e inspirados no modelo norte-americano, tomaram medidas para atender à demanda crescente por vagas e qualificação profissional, de acordo, inclusive, com os compromissos internacionais. A aliança, os interesses da industrialização e a tecnoburocracia possibilitaram grande crescimento da pós-graduação, com o objetivo de formar professores competentes para atender à demanda da própria universidade, estimular o desenvolvimento da pesquisa científica e assegurar a formação de quadros intelectuais qualificados para acatar as necessidades do desenvolvimento nacional (CUNHA, 2000).

A expansão do ensino no Brasil continuou após o processo de redemocratização do país, com a instalação da chamada “Nova República”, em 1985. Nos anos 1990, houve um desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a manutenção das crianças na escola (Bolsa Escola) e um esforço para a universalização da educação básica. No ensino superior, houve grande crescimento das universidades privadas, que ultrapassaram em muito o número de estudantes matriculados em relação à universidade pública. A expansão geral das vagas no ensino brasileiro favoreceu especialmente o sexo feminino. Na segunda metade do século XX, as mulheres conseguiram reverter o hiato de gênero na educação em todos os níveis. Elas souberam aproveitar as oportunidades criadas pelas transformações socais ocorridas no país (BELTRÃO; ALVES, 2007).

Avanços das taxas de escolaridade e reversão do hiato de gênero nos cursos superiores

Na comparação internacional, o Brasil chegou totalmente atrasado na área educacional na segunda metade do século XX. Em 1960, a população brasileira tinha, em média, menos de dois anos de estudo. Como mostra o gráfico abaixo, a escolaridade média dos brasileiros estava abaixo de 2 anos, sendo 1,9 ano dos homens e 1,7 ano de estudo das mulheres. Em 1991, os brasileiros atingiram cerca de 4 anos médios de estudo e, em menos de 30 anos depois, a escolaridade média foi duplicada novamente, chegando a quase 9 anos de estudo em 2018. O progresso na educação foi significativo nos últimos 60 anos, mas o Brasil ainda se encontra atrás da posição alcançada por países com o mesmo nível de desenvolvimento.

Cabe destacar que, se a escolaridade média cresceu para ambos os sexos, as mulheres conseguiram avançar em uma velocidade maior. Os dados agregados mostram que a reversão do hiato de gênero aconteceu na década de 1980, pois em 1991 as mulheres atingiram 4,1 anos de estudo contra 4 anos dos homens. Já em 2018, esses números passaram a 8,6 e 8,9 anos, respectivamente. A diferença, que era de 0,2 ano em favor dos homens no censo de 1960, passou a 0,3 anos em favor das mulheres, em 2018. Portanto, o século XXI começa com taxas de escolaridade bem superiores àquelas dos séculos anteriores.

O aumento da escolaridade brasileira aconteceu em todos os níveis de ensino, em especial, no ensino superior. Segundo o Censo Demográfico de 2010, do IBGE, havia 13,5 milhões de pessoas com formação universitária no país, representando cerca de 10% entre a população com 20 anos ou mais de idade. Em outras palavras, o Brasil avançou muito em relação ao que acontecia no passado, mas ainda tem muito a melhorar na inserção da população adulta em cursos superiores.

A tabela abaixo mostra que na população com curso superior, as mulheres somam 7,8 milhões e os homens 5,6 milhões, ou seja, havia em 2010 cerca de 2,2 milhões de mulheres a mais que os homens, representando 58,2% para o sexo feminino e 41,8% para o sexo masculino. Nota-se que a diferença de gênero é maior nas gerações mais novas. Em 2010, na parcela da população com mais de 70 anos de idade com curso superior havia 47,7% de mulheres e 52,3% de homens, refletindo a hegemonia masculina que existia no passado. Todavia, no grupo 60-69 anos, as mulheres já representavam 51,1% e os homens 48,9%. Quanto mais novo o grupo etário, maiores são as vantagens do sexo feminino. No grupo etário 20-24 anos, em 2010, as mulheres já representavam 62,5% das pessoas com curso universitário contra apenas 37,5% dos homens. Houve, portanto, uma reversão do hiato de gênero na educação superior. As desigualdades de gênero mudaram de lado. E, agora, estão se ampliando a favor das mulheres.

Esse processo de entrada das mulheres no sistema educacional ocorreu de forma lenta, mas se mostrou estratégico no longo prazo. Primeiro as mulheres passaram a ser maioria no nível primário de ensino e, em seguida, atingiram a maioria no nível secundário. Até a década de 1960 continuavam, de forma absoluta e proporcional, praticamente fora das universidades, pois o ensino superior era acanhado e as mulheres representavam apenas um quarto das pessoas com educação superior no Brasil.

O gráfico abaixo mostra que em 1970 os homens constituíam quase 75% dos universitários do país. Contudo, a situação mudou rapidamente. Em 1980, as mulheres alcançaram 45,5% das pessoas com educação superior e praticamente chegaram em uma situação de equilíbrio em 1991. Mas no ano 2000, as mulheres alcançaram quase 53% do total e constituíram 58,2% dos universitários brasileiros em 2010. Conclui-se que a reversão da desigualdade de gênero na educação superior do Brasil se consolidou na virada do século.

O Brasil é um exemplo de país que conseguiu reverter o hiato de gênero na educação, em geral, e na educação superior, em particular. O caso brasileiro pode servir de exemplo na medida em que as políticas universalistas adotadas no Brasil – tais como o direito de voto feminino, a educação igualitária, os direitos civis e de família da Constituição de 1988 – contribuíram para que as mulheres brasileiras avançassem na conquista de maiores níveis educacionais. Todavia, qualquer desigualdade entre homens e mulheres contraria as recomendações das Conferências Internacionais da ONU que apontam para a equidade de gênero em todos os campos de atividade. O que se espera de uma sociedade justa e igualitária é que o crescimento dos níveis educacionais ocorra para todas as pessoas e que ninguém seja excluído.

O avanço educacional feminino ocorre também na pós-graduação. O gráfico abaixo mostra que o número de mestres formados anualmente passou de 10,5 mil em 1996 para 61 mil em 2017, um aumento de mais de cinco vezes. Nesse período, houve uma reversão do hiato de gênero, pois em 1996 o Brasil formava mais homens (50,5%) nos cursos de mestrado do que mulheres (49,5%). Todavia, este quadro se inverteu nos anos seguintes e, em 2017, chegou-se a 56% de mulheres e 44% de homens entre os novos diplomados com título de mestrado.

Da mesma forma, houve avanços na formação de doutores no Brasil e as mulheres ultrapassaram os homens. O gráfico abaixo, mostra que a formação de doutores passou de 2,9 mil em 1996 para 21,6 mil em 2017.  Entre os novos títulos de doutorado, em 1996, os homens representavam 56% e as mulheres 44%. Em 2003, houve empate. E em 2017 as mulheres ultrapassaram os homens em uma proporção de 54% a 46%. Nas últimas décadas, o Brasil construiu o mais amplo e complexo sistema de pós-graduação da América Latina.

O Brasil teve bastante sucesso do ponto de vista do aumento da taxa de matrícula e de inserção da mulher em todos os níveis da educação nacional, mas ficou para trás em relação a países dinâmicos como Coreia do Sul e Taiwan e não alcançou o nível educacional atingido por nossos parceiros do sul, como Argentina, Uruguai e Chile.  Qualitativamente, o desempenho escolar brasileiro, medido pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) é baixo. Em 2018, 50% dos estudantes com 15 anos não possuíam o nível mínimo de proficiência em leitura, matemática e ciências.

O mais grave, é que, ao invés de avançar, a situação retrocedeu entre 2020 e 2022 pelo efeito da pandemia da covid-19. Crianças do ensino fundamental foram extremamente prejudicadas pela falta do ensino presencial e houve até “desalfabetização” de jovens. Os dados da Pnad contínua do IBGE mostram que os percentuais de crianças pretas e pardas de 6 e 7 anos de idade que não sabiam ler e escrever passaram de 28,8% e 28,2% em 2019 para 47,4% e 44,5% em 2021; entre as crianças brancas o aumento foi de 20,3% para 35,1%. Nas camadas pobres, o percentual das crianças que não haviam sido alfabetizadas aumentou de 33,6% para 51,0% entre 2019 e 2021.

Relatório sobre Capital Humano do Banco Mundial registra que o Brasil desperdiça 40% do talento de suas crianças, sendo que a renda per capita brasileira poderia ser 2,5 vezes maior se as crianças brasileiras desenvolvessem suas habilidades ao máximo e o país chegasse ao pleno emprego. E o que estava ruim, piorou com a pandemia da covid-19, uma vez que o Índice de Capital Humano (ICH) caiu de 60% para 54% entre 2019 e 2021. Segundo o Banco Mundial, em dois anos os impactos do SARS-CoV-2 reverteu o equivalente a uma década de avanços do ICH no Brasil, voltando ao nível de 2009.

O desperdício se propaga para outras faixas etárias, pois a evasão escolar nas universidades, principalmente por parte dos estudantes de menor poder aquisitivo, também aumentou. Por conseguinte, fica cada vez mais difícil utilizar a educação como um meio para promover a mobilidade social ascendente. Segundo levantamento da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) perderam aproximadamente 51% da verba para financiar pesquisas nos últimos dez anos e a situação se agravou em 2022.

Assim, o Brasil chega ao Bicentenário da Independência com retrocesso nos indicadores educacionais e com uma crise sem precedente no Ministério da Educação (MEC), um dos ministérios mais importantes do governo e que já dispensou 4 ministros, todos polêmicos e sem um plano para melhorar o quadro educacional brasileiro. O ex-ministro, Milton Ribeiro, que é pastor evangélico, deu várias declarações controversas durante os quase dois anos em que permaneceu no cargo e está sendo investigado por um esquema de corrupção dentro do Ministério da Educação, envolvendo pastores evangélicos que intermediavam recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) junto às prefeituras.

Parlamentares de oposição protocolaram, em 28/06, um requerimento de instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar as denúncias de corrupção, tráfico de influência no MEC e uma possível interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal quando da prisão de Milton Ribeiro. No dia 05/07, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), decidiu instalar a CPI do MEC, mas para começar a após as eleições de outubro. A oposição ameaça recorrer ao STF para obrigar Pacheco a botá-la em funcionamento ainda em agosto (depois do recesso parlamentar). Enquanto isto a educação brasileira agoniza.

Lastimavelmente, o MEC deixou de lado o debate sobre as possibilidades de progresso e de avanço da educação nacional para se transformar em um locus de investigação da polícia. A situação atual é tão crítica que, mais do que nunca, parece oportuna a fala do antropólogo e ex-ministro Darcy Ribeiro (1922-1997) quando disse: “A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto”.

FONTE PROJETO COLABORA

Após vencer câncer, jornalista lafaietense retrata superação em livro

No próximo domingo, dia 3 de Julho, acontecerá o lançamento do livro “Em hospitais também nascem flores” da jornalista e escritora Sarah Rezende Oliveira. O evento começará às 15h e acontecerá na Casa de Cultura de Conselheiro Lafaiete, localizada Solar Barão de Suaçuí, antigo Castelinho. O livro é uma autobiografia que retrata o desafio da autora diante do diagnóstico de Linfoma de Hodgkin, câncer no sistema linfático.

Em 2020, após o início da pandemia, Sarah descobriu estar doente e além da preocupação já existente em decorrência do vírus, precisou iniciar com urgência seu tratamento contra o câncer. Depois de um intenso processo, escolheu escrever sua história com o intuito de ajudar outras pessoas e pacientes também. “Foi o momento de maior desafio da minha vida e também o de maior aprendizado. Aprendizados sobre o valor da vida e como torná-la mais leve. No livro trago os ensinamentos que tive durante essa etapa da minha vida e que se encaixam na vida de todos. Afinal, todos temos desafios e podemos tirar lições deles”, afirma a autora.

Apesar do livro retratar os ensinamentos que ela vivenciou, Sarah destaca que não se trata exatamente de um livro de autoajuda, afinal ela mal sabia o que fazer quando descobriu, aos 22 anos, o câncer. Ele é seu relato sincero sobre tudo que viveu, seus maiores medos, angústias e também suas vitórias. O câncer ainda é tido como um tabu e o objetivo da autora é desconstruir isso. “Não podemos ter medo de descobrir uma doença, afinal é descobrindo que temos a oportunidade de nos tratar e termos uma vida com saúde. Claro que existem casos tristes, mas o diagnóstico precoce ajuda muito a mudar esse cenário”, reforça.

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Dedé Santana visita escola, Casa do Teatro contando sua história de superação

O Cine Circo Itinerante Dedé Santana estreou em Conselheiro Lafaiete, na sexta-feira 10 de junho, no Parque de Exposições Tancredo Neves.
A iniciativa é uma realização da Florats através da Lei de Incentivo à Cultura, patrocinado pela empresa J. Mendes.
A caravana tem percorrido várias regiões do país apresentando a arte circense e os saudosos filmes do quarteto humorístico “Os Trapalhões”.
A entrada é franca e vai ter espetáculo todo dia.
Dentro da programação, os artistas estiveram na tarde desta segunda-feira, 13 de junho, alunos, professores e colaboradores da Escola Municipal Professor Beato, receberam a visita do eterno trapalhão Dedé Santana.
O humorista esteve em Lafaiete para promover o circo que leva o seu nome e levou alguns artistas da sua trupe para uma apresentação na escola. Os irmãos Romer, apresentaram um número de malabarismo, e o palhaço Rodrigo Robleño, garantiu boas gargalhadas com a sua performance.
Na noite da segunda, os integrantes também participaram de um workshop no Centro Cultural Casa do Teatro, onde além das apresentações, atores e artistas trocaram experiências sobre vida no palco e como ser palhaço nos dias atuais. O palhaço Muzzarela, na quinta-feira, dia 16, estará realizando uma oficina artística na Casa do Teatro às 10h.
Interessados em participar, entrar em contato pelo fone: 3761-0751.
O Circo Dedé Santana está no Parque de Exposições Trancredo Neves e a entrada é gratuita. Até domingo, 19 de junho, tem espetáculo todo dia e cinema com o filme dos Trapalhões às 20h. Atenção: é preciso chegar uma hora antes para garantir o ingresso.
Confira a programação:
Terça-feira – Dia 14
18h – Espetáculos Circenses
20h – Filme: A Princesa Xuxa e Os Trapalhões
Quarta-feira – Dia 15
18h – Espetáculos Circenses
20h – Filme: O Mágico de Oroz
Quinta-feira – Dia 16
18h – Espetáculos Circenses
20h – Filme: Atrapalhando a Suate
Sexta-feira – Dia 17
18h – Espetáculos Circenses
20h – Filme: Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo à Hollywood
Sábado – Dia 18
15h – Espetáculos Circenses
18h – Espetáculos Circenses
20h – Espetáculos Circenses
Domingo – Dia 19
15h – Espetáculos Circenses
18h – Espetáculos Circenses
20h – Filme: Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo à Hollywood

PT Lafaiete sai na frente e supera cota feminina definida pela Lei Eleitoral e pelo TSE

Em Encontro Municipal realizando dia 17/05, o PT Lafaiete definiu sua chapa de pré-candidatos(as) à Câmara Municipal de Conselheiro Lafaiete. Dos 20 integrantes da lista, 11 (55%) são mulheres, quase o dobro da cota de 30% exigida pela Lei Eleitoral 9.504/97.

A escolha da chapa, realizada dia 17 de maio, no Encontro Municipal do PT Lafaiete, foi pelo voto direto dos filiados, através de plataforma eletrônica, respeitando o isolamento social por conta da pandemia do coronavírus. 28 petistas concorreram às 20 vagas do partido para as eleições proporcionais de 2020. É bom lembrar que neste ano não haverá coligações nas eleições para vereadores, então cada partido terá sua chapa.

Ao final da apuração a presença feminina na chapa foi majoritária e mostrou a força e a diversidade da mulher lafaietense, com pré-candidatas representantes de associações de bairro, de movimentos sociais, culturais, religiosos (inclusive de matriz africana), de direitos humanos; movimentos de defesa das mulheres, dos negros, da criança e do adolescente, dos deficientes e da comunidade LGBTQI+. O PT Lafaiete abre o período de pré-campanha com um time e homens e mulheres preparado para responder às demandas da população.

Mas não é só. O Estatuto do Partido dos Trabalhadores garante em seus diretórios, além da cota racial e de jovens, a cota de 50% para mulheres (paridade de gênero). Para se ter uma ideia do pioneirismo desta atitude, basta constatar que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) só agora decidiu, no último dia 19 de maio, que a cota de 30% de mulheres deve ser aplicada também pelos partidos políticos na disputa pelos cargos nos diretórios nacionais, estaduais e municipais. Ou seja, o que o TSE decidiu só agora, o PT já faz há vários anos e com uma amplitude muito maior.

Segundo a secretária de Formação do PT Lafaiete, Silene Gonçalves, “o protagonismo das mulheres e fortalecimento da luta e participação das mulheres, em especial na política, não pode ser um recorte só na época das eleições, mas uma constante na vida partidária e da sociedade como todo. Fico muito feliz que o Partido dos Trabalhadores e Trabalhadoras tem sido um grande impulsionador destes avanços. As mulheres em nosso encontro disputaram o voto numa situação de igualdade, sem precisar usar cotas e mostraram que estão preparadas, por isto levaram no voto e foram a maioria. A cota é necessária devido a situação de desigualdade que vivemos hoje, mas sonhamos com o dia em homens e mulheres participarão juntos de forma paritária”.

Pré-candidatos PT Lafaiete (ordem de votação):

1. Professor Francis
2. Pedrinho
3. Zilda Helena
4. Inês da Pastoral
5. Chico Paulo
6. Rosilene Bandeira
7. João Vicente
8. Eva do Arerê
9. Professor Paulo
10. Manoel Vespúcio
11. Nilo
12. Valmir Coutinho
13. Elizabeth Albuquerque
14. Neli Professora
15. Aparecida do Gê
16. Cristina Siqueira
17. Bianca Dias
18. Gilmar Nascimento
19. Helena Oliveira
20. Gih Taubenfeld

Mesmo em recuperação do mundial de corridas, Ernani sobe ao pódio na Copa Internacional de Mountain Bike

O atleta Ernani de Souza conquistou a 4ª posição na categoria Master da 3ª etapa da Copa Internacional de Montain Bike (CIMTB). O evento foi realizado no sábado, 29 de junho, no campus da Ufop, em Ouro Preto.

Ernani na pré-largada da 3º etapa da Copa Internacional, realizada em Ouro Preto/DIVULGAÇÃO

Ernani comemorou o resultado em função das dificuldades encontradas tanto dentro quanto fora do circuito, que contou com quase 5 km e 3 voltas, na Master.  Participar da prova já fazia de parte de seus planos mesmo estando eu em fase de recuperação pós-mundial de Corridas de Montanha.

Ernani perdeu muitas posições na largada, mas manteve a calma e avançou sobre os primeiros lugares. A cada volta, conseguia melhorar o posicionamento, e terminou na 4ª colocação.

“Infelizmente devido a problemas pessoais eu não consegui fazer o reconhecimento do circuito fator fundamental para que se possa tentar uma performance razoável”.

“Muitas sensações se misturaram, sofri bastante durante os 61 minutos que demorei para completar as 3 voltas, porém o mais evidente pra mim foi que ‘faltou pernas…’ tudo bem, afinal estou voltando de duas semanas de recuperação pós mundial”, avalia o atleta.

Competições

Ernani se prepara agora para outro desafio: no próximo fim de semana vai a Brumadinho disputar a 4º edição do Iron Runner Brasil, uma prova de corrida em montanha de 21 km de distância. Ele já conquistou 2 vitórias em 3 edições da competição, e está esperançoso com o tricampeonato.

No dia 14 de julho estará em Campinas disputando a meia maratona de rua visando à preparação para a maratona de Florianópolis, que acontece em agosto.

No dia 27 de julho, partirá para Taquara Rio Grande do Sul, a fim de disputar a Ultra Maratona Faccat, uma corrida de montanha de 56 km.

O atleta tem o patrocínio de Clube Recreativo Dom Pedro II, Kailash e Cia da Saúde Lafaiete e apoio de amigos e familiares.

Foto de capa: Ernani de Souza em ação durante a prova em Ouro Preto/DIVULGAÇÃO

Exemplo de superação, lafaietense é eleito o melhor lateral do Mato Grosso; vereador lembra sua trajetória

“Acreditamos que histórias inspiradoras movem o que existe de melhor na gente”. Assim expressou o lafaietese Gilberto Elias Santiago, 29 anos, mas conhecido como Gil Mineiro ao receber o troféu de melhor lateral direito do campeonato mato-grossense de 2019.

O lafaietense Gil Mineiro exibe troféu de melhor lateral de 2019

Apesar da conquista merecida, o CEOV Operário (Clube Esportivo Operário Várzea-Grandense), clube que defende nesta temporada, sagrou-se vice campeão do Estado. O campeão do Mato Grosso foi o Cuiabá.

A história de vida e homenagem

Gil Mineiro é um exemplo de dedicação, garra, superação e determinação. O jogador já passou por inúmeros clubes como Confiança, Náutico, Interporto, Sampaio Corrêa, Salgueiro, e Ceará. Ontem na sessão da Câmara, o vereador Pedro Américo (PT) lembrou o exemplo de vida do atleta lafaietense, citado o início de sua carreira profissional de sucesso nos gramados lafaeitenses na equipe do Flor da Serra. “Ele foi escolhido como o melhor lateral direito do Mato Grosso. Isso é um exemplo e orgulho. Precisamos valorizar nossos talentos incentivando as nossas crianças ao exporte como ferramenta de transformação e promoção. Vejam que em Lafaiete os campos vão acabando, infelizmente”, disse Américo a Tribuna da Câmara.

Fotos: Reprodução

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