Creche do Bela Vista, CPI da Covid-19, falta de bomba de infusão e pronto socorro: vereadores de Lafaiete (MG) brigam e trocam farpas

O anúncio da inauguração da creche do Bela Vista, prevista para 2024, provocou uma discussão inflamada e troca de farpas entre os vereadores na sessão desta terça-feira (6), no plenário da Câmara de Lafaiete (MG), já na segunda sessão de 2024. O desdobramento do requerimento do Vereador Oswaldo Barbosa (PV) pedindo informações sobre a creche, sua licitação e custo final da obra, fez com que a sessão avançasse até quase 30 minutos após o horário regimental de término às 22:00 horas.

A obra, iniciada em 2012, alvo de investigação do Ministério Público Federal, revela indícios de irregularidades e desperdício de recursos públicos. A obra, segundo a Prefeitura, estimada em mais de R$ 3 milhões, está sendo executada pela Empresa Azevedo Engenharia e Construção Ltda, porém a verba inicial era de pouco menos de R$1,3 milhão. A creche ficou paralisada por mais de 10 anos e foi retomada nesta gestão após esforço do Prefeito Mário Marcus (União Brasil). A previsão é de 100 vagas, mas a demanda na cidade chega a quase 1 mil alunos.

Porém o imbróglio da creche desencadeou um debate sobre a falta de fiscalização na execução das obras públicas. “Tenho até vergonha e lá se vão mais de 10 anos. Com o dinheiro gasto ali dava para construir até duas creches. Ela foi construída em cima de um aterro”, assinalou Pedro Américo.

Vado lembrou que a obra tinha aberrações na sua construção como basculantes de cabeça para baixo e cobrou ação maior do Ministério Público Federal para a devolução de recursos. O Líder do Governo, o Vereador João Paulo Pé Quente (União brasil) citou que a obra foi paralisada na gestão do ex-prefeito Ivar Cerqueira. “O Município corria o risco de devolver recursos. Foi um erro não continuar a obra e o atual gestor foi ao Governo Federal e fez reajustes na obra”, disse.

O Vereador André Menezes citou anormalidades da obra e cobrou zelo nas obras da prefeitura.  “Aquela obra ali é o exemplo da falta de zelo e cuidado com o dinheiro público. Quem fiscalizou tem culpa.  Vai ser inaugurada igual ao Hospital regional, mas vai atender a população? Com R$ 7 milhões construiriam 2 creches. Vejam a Geraldo Plaza, já está totalmente sucateada e não vai aguentar o trânsito”.

Sem bombas

A discussão ganhou um novo desdobramento quando o Vereador Giuseppe Laporte (MDB) fez um criticou seus colegas cobrando maior rigor na fiscalização das obras do Município. “Tivemos oportunidade de levar a frente as duas CPI’s, mas infelizmente foi parar no Ministério Público que até agora não fez nada. Estive no pronto socorro e uma mulher com cólica de rim teve que cortar o pulso para ser atendida. E acreditem não tinha bomba de infusão. Ao ponto que chegamos em nossa saúde e a CPI não deu continuidade. Nosso papel é de investigar e punir os culpados e não mandar para o Ministério Público. O prefeito não respeita esta Casa”, atacou.

O Vereador João Paulo justificou que a falta de aparelhos na policlínica nada teria relação com a CPI da Covid-19. “O Ministério Público entendeu que não haviam indícios contra o prefeito e mandou arquivar os relatórios. Nunca votei contra CPI, mas criar a CPI das obras é demagogia. São necessários indícios antes de sair acusando”.

O Vereador Oswaldo Barbosa cutucou seus colegas no meio do clima quente. “Temos vereadores que votaram a favor da comissão processante e agora anda de mãos dadas com o prefeito”.

Mais tempo

Giuseppe reagiu a cutucada de seu par. “Mas é importante citar os nomes. Fui um dos que  votei para entrar com a processante e mantenho minha palavra e não caminho com o prefeito. Mas me aponta uma situação que ele (prefeito) está bem? Se eu for prefeito, pode ter certeza a saúde estará em primeiro lugar. Agora falar que não teve irregularidade apontadas no relatório é um absurdo”, concluiu.

“Vamos morrer todos abraçados. Sou de ficar calado, mas o povo está com medo de médicos no pronto socorro. Nós ficamos só falando e não resolvemos nada. Ficamos atirando pedras uns nos outros e precisamos caminhar juntos”, analisou Renato Pelé (Podemos). “A CPI provou que faltou remédio e tinha dinheiro. Isso não é prova? Podia ter evitado muitas mortes. Sou a favor de apurar tudo”, sentenciou Américo.

Em uma fala mais contundente, o Vereador Erivelton Jayme (PRD) alfinetou seus pares. “Toda vez que se fala em CPI gera um caos. Cada um votou do seu jeito e pronto. Agora ficam inventando conversa. Se você arruma uma verba e vai a inauguração com o prefeito, não pode.  E ainda fazem reunião de portas fechadas com o prefeito. Tanta gente morrendo no pronto socorro e a gente perdendo tempo com conversas que não vão levar a nada”, pontuou. “Não existe isso de oposição e situação. Temos que ser a favor do povo. Temos um só objetivo”, ressaltou Vado Silva.

Para finalizar o debate, o Presidente da Câmara, o Vereador Fernando Bandeira (União) exortou seus colegas. “Temos que parar de lavar roupa suja e buscar o diálogo. Que vamos todos ao pronto socorro e apontar as falhas para buscar as soluções. A população não quer ouvir briga de vereadores, mas o povo quer solução.

Pé de guerra: vereadores aprovam convocação de secretário e preparam audiência para discutir construção de nova rodoviária

Em uma queda de braços, a Câmara de Lafaiete aprovou a convocação do Secretário Municipal de Administração, Felipe Tavares para participar de audiência pública em que vão discutir o projeto de concessão do terminal e a construção da nova rodoviária. A reunião tem data provável para acontecer para o próximo dia dia 22. A convocação é diferente de convite, já que o citado é obrigado a participar da audiência. O duelo entre João Paulo Pé Quente (União Brasil) e o gestor da pasta, iniciou no dia 1º, na audiência promovida pela Prefeitura na Faculdade de Direito. O Vereador deixou o recinto xingando por não poder participar dos debates. A disputa mobilizou os demais vereadores que passaram a tecer críticas mais virulentas ao secretário.

“Ao contrário da audiência realizada pela Prefeitura, na qual fomos cerceados, aqui nesta Casa todos terão direito de opinar, questionar e sugerir. Uma matéria desta monta não pode ser decidida em gabinetes. Que a população seja ouvida e a vontade de um secretário não pode se sobrepor aos interesses coletivos”, comentou João Paulo, frisando que o projeto “já estaria decidido”. “Porque o departamento municipal de trânsito, pela sua importante nas discussões, não foi convidado a participar dos debates?”, questionou.

“Que o secretário venha a esta Casa explicar diversas dúvidas que pairam em Lafaiete em torno da concessão e nova rodoviária. Ao invés de convidar que ele seja convocado”, sugeriu Sandro José (Mais Brasil). O Vereador André Menezes (PL) opinou que a concessão chega em um momento em que a cidade está discutindo a atualização do Plano Diretor do Plano de Mobilidade Urbana. “Seria prudente discutir estes projetos em primeiro plano. Não sou contra o progresso”.

“Acho que a cidade tem outras prioridades como a saúde, a educação e tantas mazelas que assolam nossa cidade. Temos bairros ainda que sequer tem rede de esgoto e esta situação uma afronta dos direitos humanos”, frisou Erivelton Jayme (Mais Brasil).

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