2 de maio de 2024 21:32

HOMENAGEM: AVELINA NORONHA, NOSSO ADEUS

Era uma árvore. Mais que uma mãe soberana ela era uma árvore frondosa. Em seus 86 anos de vida, Lafaiete foi sua casa, nasceu no ano em que Queluz de Minas mudou de nome,1934. Como minha mãe, Lucy, eram do mesmo ano de nascimento. Nasceram no ano que a cidade Inaugurou um novo nome: Conselheiro Lafaiete. Cantou a sua terra em versos singelos:


“AMOR À TERRA

Há muitos e muitos jeitos
De amar onde se nasceu.
A sua gente, seus feitos…
Em versos é o jeito meu.

Na alegria ou na dor,
No que sinto, no que almejo.
Pode a tinta ser amor
E a pena pode ser beijo.”

Era comadre de todas as comadres, vizinha de todas as bondades, católica de todos os ritos, mãe de seus filhos e de todos os que precisavam de sua benção. Aluna esmerada, esposa dedicada e professora nunca esquecida. Nasceu para amar. A Matriz de nossa Senhora da Conceição era seu esplendor, a igreja de Santo Antônio seu aconchego e o Colégio Nazaré sua Belém. Era assim Avelina, cheia de tudo e tudo se enredava dela.
Professora de literatura, amava as letras e amava mais as pessoas.

Avelina Noronha

Abriu sua casa aos artistas, aprendizes, tarimbados e muitos humildes. Minha geração inteira tomou benção a ela e foi por ela lançado na barca dos escritores em suas antologias. Conhecia a todos pelo nome. Era a maior prefaciadora de livros, só perdendo para Angelo Osvaldo neste quesito. Aliás foi Angelo quem prefaciou o livro dela, que a Lesma Editora teve o prazer de lançar, Garimpando.
A cultura foi sua praia e levarão anos para contabilizar o seu legado. História, genealogia, crônicas, artigos…honrou sua cadeira na Academia de Ciências de letras de Conselheiro Lafaiete. Impreenchível lacuna vai deixar. Aos filhos e netos nosso consolo. Souberam cuidar divinamente da nossa majestade. Aos artistas e culturalistas resta o sentimento de cão sem rumo. Mas quem mais perde são os poetas. Fez de tudo um pouco, com talento e garra. Mas a poesia era sua especialidade e seu enigma. Hoje seus versos ecoam pelas ruas da antiga cidade. Morreu na modernidade e viveu na tradição, por isso mesmo plena. Vai em paz Avelina! Que a nossa Senhora da Conceição, padroeira dos Campo Alegre dos Carijós te cubra com seu manto de mãe. Uma mãe recebendo a outra.

Osmir Camilo Gomes e Wagner José Vieira
Poetas e editores

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