Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 34

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Avelina Maria Noronha de Almeida

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE 34

 

Porém não está apenas na inteligente estratégia o mérito de Marciano.

Sua prodigiosa atuação trouxe consequências importantes para

o povoamento da Província de Minas Gerais.

 

LIBERAIS EM QUELUZ NA ÉPOCA DO MOVIMENTO DE 1842

 

Antônio Raphael Martins de Freitas

Antônio Vieira da Silva

Antônio Rodrigues Pereira

Antônio Costa Carvalho

Antônio de Ornellas Coimbra

Antônio José Bernardino

Antônio Pereira dos Santos

Antônio Joaquim da Silva

Abeilard Rodrigues Pereira

Alcides Rodrigues Pereira

Benjamin Constant Rodrigues Pereira

Benedicto Tavares Coimbra

Casemiro Carlos Pereira

Candido Thadeo Pereira Brandão

Domingos José Ferreira

Domingos Lopes a Cunha

Donato Francisco de Meirelles

Francisco da Costa Carvalho

Francisco José Neto

Francisco das Chagas de Jesus

Francisco Vieira da Silva Pinto

Francisco Rodrigues dos Santos

Francisco Pereira de Assis

Francisco da Costa Pereira

Francisco de Paula Silva

Francisco da Costa Campos

Francisco Rodrigues Pereira

Felisberto Nemésio de Pádua

Francisco Vieira da Silva

Francisco Antônio Pereira Ferraz

Faustino Juvita da Costa

Gonçalo Ferreira da Fonseca

Gaspar Lourenço Baeta

  1. Joanna Moreira da Silva Gandra

José Torquato Fernandes Leão

João Gonçalves Dutra

João Vital Bezerra

José Gonçalves Dutra

José Marcellino de Almeida

José Antônio Pinto

João Rodrigues Carneiro

José Rodrigues Pereira

João José Dutra

José de Souza Teixeira

Jacob de Ornellas Coimbra

José Narciso de Almeida Cardoso

José de Souza Teixeira

Joaquim Albino de Almeida

Lafayette Rodrigues Pereira

Manoel Francisco de Araújo Teixeira

Manoel Antônio Pereira Caixeta

Miguel Francisco Vieira

Marciano Pereira Brandão

Manoel Martins Pereira Brandão

Serafim José da Cunha

Tito Francisco de Medeiros

Washington Rodrigues Pereira

HISTÓRIA DE MINAS GERAIS

Porém não está apenas na inteligente estratégia o mérito de Marciano. Sua prodigiosa atuação trouxe consequências importantes para o povoamento da Província de Minas Gerais. Existe uma versão muito propalada da evasão em Carijós e Queluz nos séculos XVIII e XIX dando como causa o empobrecimento da região pela diminuição do ouro. Essa situação não pode ser caracterizada somente de forma tão simplista.

Devido à Inconfidência Mineira, muitas famílias já haviam abandonado nossa terra fugindo das retaliações que vieram para os parentes dos nela envolvidos.

Em meados do século XIX, houve também grande migração populacional para outras regiões devido ao Movimento Liberal de 1842, no qual o povo de Queluz teve forte atuação. Mas o movimento acabou com a vitória dos legalistas em Santa Luzia. E Queluz foi o único lugar em que o exército legalista foi derrotado. É claro que nessa época também haveria retaliações para os envolvidos e seus familiares. No livro “Caminhos do Cerrado, a Trajetória da Família Brandão”, já citado, encontra-se uma versão importante dos acontecimentos feita pelo historiador José da Silva Brandão, confirmando o êxodo da família Pereira Brandão para a Serra do Salitre e onde fica claro que foi a figura ímpar de Marciano Pereira Brandão a razão principal da migração que levou a força da raça e da cultura queluziana para outros lugares.

Região da Serra do Salitre – Imagem da Internet

SEGUIRAM O QUE ACONSELHARA O DUQUE DE CAXIAS.

“Naquele mesmo dia retiraram-se para lugar seguro e organizaram a mudança para o sertão. Aconteceu que o capitão Marciano Pereira Brandão morava em Queluz; dentro de duas semanas saíram 47 carros de boi, 356 animais de tropa; 647 reses e animais de pequeno e grande porte, com um séquito de 38 famílias, compostas de 127 mulheres,158 homens; 49 crianças de 0 a 18 anos; e 59 escravos.

Viajaram abrindo caminhos, atravessando rios. À frente seguiram grupos que roçavam matos, faziam plantações e ficavam abarracados durante o tempo das chuvas, para sair e andar nos meses secos.

De Queluz até onde está hoje a Serra do Salitre foram oito anos de marcha […] – ficaram, defintivamente nas proximidades da povoação de Nossa Senhora Sant’Anna da Barra do Espírito Santo, então município da vila de Patrocínio.”

Mais outro trecho significativo do mesmo autor, que acrescenta valor ao espírito liberal dos queluzianos que, mesmo tendo que sofrer consequências em suas vidas e nas vidas de suas famílias, deram sua contribuição para a colonização e progresso da Província:

“A região Campo das Vertentes contribuiu para a colonização da Zona da Mata no século XIX. Para lá migraram as experientes e abastadas famílias Junqueira, Ribeiro e Resende. O major Joaquim Vieira da Silva Pinto, nascido em Conselheiro Lafaiete, em 1804, chegou a Cataguases em 1842 onde é hoje o distrito de Sereno e fundou ai a Fazenda da Glória.”

 PARA TERMINAR POR HOJE, VOU TRANSCREVER UM TRECHO DE UMA PUBLICAÇÃO QUE HENRIQUECE O ARTIGO, DE AUTORIA DO ILUSTRE SECRETÁRIO DA CULTURA DE MINAS GERAIS ÂNGELO OSWALDO DE ARAÚJO SANTOS.

 

“Glória cataguasense, o marco plantado pelo Major Joaquim Vieira da

Silva Pinto e pelo filho, Coronel José Vieira de Rezende e Silva, se fez emblema

civilizatório. À margem da Leopoldina Railway, no auge do império do

café, e a pequena distância da cidade nascente, o Rochedo inaugurou uma era.

Renovou sempre essa referência a cada reviravolta da história. Refulgiu, desde

os primórdios, como o brilhante que faltava ao antigo Porto dos Diamantes.

Ancorado no Pomba, na aurora da independência, o porto fundado

pelo francês Guy Thomas Marlière de l’Age, bandeirante oitocentista, não

deu diamantes, mas a meia pataca que pagou para ver a poesia verde, o nascimento

do cinema brasileiro e o primeiro Niemeyer. Major Joaquim Vieira

veio da Cachoeira de Santana dos Montes, da tradição das fazendas de abastecimento

plantadas ao redor das vilas do ouro. José Vieira, o coronel, do

Bom Retiro de Lagoa Dourada, origem da família. De lá, ele trouxe o topônimo para batizar a nova cidade. Sob as bênçãos de Santa Rita, na lembrança

do ancestral Engenho Velho dos Cataguás, deu-lhe o nome do Ribeirão dos

Cataguases, paisagem inesquecível da infância. Pai e filho se tornaram a rocha

sobre a qual se levantou a polis, com sua legenda sem igual.

Casa de Afonso Henrique, que como o primeiro rei português reconquistou

a terra, do historiador e latinista Artur e do poeta verde Enrique de

Resende, a Fazenda do Rochedo não se mantém íntegra apenas nas alvenarias

e talhas, nos gradis e alfaias, no ambiente que magicamente guarda o tempo

suspenso diante do surpreso olhar do visitante. O Rochedo encontra em

José Rezende Reis o guardião do memorial do presente e do passado. Graças

a ele, o arquiteto e escritor Helio Brasil se incorporou ao desafio, e ambos

compuseram, em harmônico duo, esta obra admirável sobre o Rochedo e

Cataguases, Minas e o Brasil. O patrimônio imaterial também se resgata, por

inteiro, nestas linhas e imagens essenciais ao conhecimento de toda a saga.

Filho de Christino Teixeira Santos, cataguasense da Rua do Pomba,

e sobrinho-neto do maestro e compositor Rogério Teixeira, desde a infância

frequentei Cataguases, aprendendo a admirar-lhe o pioneirismo, as transgressões

inovadoras e a contribuição à cultura. “Les jeunes gens de Catacazes”,

tal como escreveu Blaise Cendrars, “os ases de Cataguases”, conforme

Mário e Oswald de Andrade, ontem como agora, constroem uma “história

sentimental” (Enrique de Resende), porque enredada na dimensão do espírito

e na fruição da arte, rebelde aos limites.

Ao realizar recentemente um livro, para a Cemig, sobre as fazendas mineiras,

tive a alegria de incluir na relação o Rochedo. Amplio esse prazer ao

saudar o lançamento do trabalho de Helio Brasil e José Rezende Reis. A obra

enriquece a bibliografia mineiriana e o acervo cataguasense, oferecendo ao

leitor a oportunidade única de viajar pela história e interpretar a linha evolutiva

que une a gloriosa casa grande de Vieira de Rezende à bela cidade modernista

– a Ouro Preto do século XX, que nela teve o criador do município

e presidente da primeira Câmara.

 

Ângelo Oswaldo de Araújo Santos

                                                          (Continua)

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 33

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE 33

 

 “Levados à presença do Barão de Caxias, o capitão Marciano

Pereira Brandão e o capitão Bento Leite, dele ouviram: ‘Homens

como os senhores não devem, não vão e não os prenderei. São vencedores

 e a Pátria reclama por homens valorosos. Como a lei tem de ser obedecida, ordeno que os senhores embrenhem pelo mato, mas presos nunca. ’”

Do livro: Caminhos do Cerrado, a Trajetória da Família Brandão

 

Continuamos a focalizar o MOVIMENTO LIBERAL DE 1842.

O principal vulto a ser focalizado neste evento é o estrategista MARCIANO PEREIRA BRANDÃO, assim, eis um pouco de sua história familiar, a partir do varão Manoel Pereira de Brandão ou Azevedo (meu septavô), um fazendeiro de São Gonçalo, da localidade de Queluz, casado com Jerônima do Pinho.

Igreja de São Gonçalo do Brandão, do século XVIII,construída por      Manoel de Azevedo Pereira Brandão, restaurada pela Gerdau

 

Marciano teve o nome inscrito na história de Minas Gerais pela sua brilhante atuação no Movimento Liberal de 1842, cujo cenário foram as províncias de São Paulo e Minas Gerais.

Conta o livro do CÕNEGO MARINHO, que participara do conflito, que o capitão MARCIANO BRANDÃO “aderiu cordialmente ao Movimento e que, com lealdade e zelo, serviu até o último instante”.

Em 1842, participou do MOVIMENTO LIBERAL, sobre o qual,  refugiado na fazenda do padre Gonçalo no município de Queluz. Escreveu.

Imagens da Internet

 

Estando Queluz sob o domínio dos Legalistas, e parecendo a situação impossível de reverter para um resultado positivo que premiasse os liberais, o CAPITÃO MARCIANO deu o seu parecer sobre a situação, dizendo que poderia tomar a vila de Queluz. Assim relata o Cônego Marinho:

“Propôs ele, então, que se lhe confiassem duzentos homens (talvez tenham tido dúvida sobre a eficiência do plano porque lhe confiaram apenas 150), com os quais iria, naquela mesma noite, sem que o pressentissem os Legalistas, ocupar as estradas de Ouro Preto, Congonhas e Suaçuí; que no dia seguinte (25 [de julho]) fosse uma das colunas acampar defronte a Vila, na Estrada do Rio de Janeiro, e outra na de Itaverava, as quais deviam ir sucessivamente apertando o cerco até que os Legalistas se concentrassem todos na povoação, caso em que lhes seriam tomadas as fontes e eles, obrigados pela sede, entregar-se-iam à discrição).”

 Assim foi feito. Marciano Pereira Brandão, excelente estrategista, com sua proposta, levou os liberais à vitória. Aliás, QUELUZ foi o único lugar em que as tropas Legalistas foram vencidas, para se ver a importância do fato. Ao amanhecer do dia 26 de julho (data que deve ser sempre comemorada em nossa cidade), a tropa legalista, com lenços brancos na ponta das baionetas, entregou-se.

Foi assim que Marciano Pereira Brandão inscreveu seu nome nas páginas da HISTÓRIA DE MINAS GERAIS.

Assim terminou o MOVIMENTO:

“[…] os revoltosos perderam a batalha e a guerra, e foram presos em Santa Luzia o vigário Joaquim Camillo de Brito, capitão Pedro Teixeira de Carvalho, padre Manoel Dias do Couto Guimarães, Francisco Ferreira Paes, coronel João Teixeira de Carvalho, Theófilo Benedito Otoni, Dr. Joaquim Antônio Fernandes de Leão, Mariano José Bernardes e centenas de outros insurretos.

 Levados à presença do Barão de Caxias, o capitão Marciano Pereira Brandão e o capitão Bento Leite, dele ouviram: ‘Homens como os senhores não devem, não vão e não os prenderei. São vencedores e a Pátria reclama por homens valorosos. Como a lei tem de ser obedecida, ordeno que os senhores embrenhem pelo mato, mas presos nunca.’”

 

(Continua)

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 32

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 32

 

COMO QUELUZ ENTROU NO MOVIMENTO DE 1842

 

Estamos focalizando a primeira metade do século XIX. E um episódio glorioso aconteceu em nossa História: o MOVIMENTO LIBERAL.

Pintura de Elba Seabra do Carmo, em azulejo, em parede do Banco do Brasil de Conselheiro Lafaiete

.A adesão de Queluz no Movimento Liberal foi por intermédio de um ofício enviado pela Câmara Municipal da Vila de Queluz ao Governo Interino dos insurgentes, instaurado na cidade de Barbacena, na pessoa de José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, Presidente Interino da Província de Minas Gerais, comunicando a ele que a nossa Câmara, no dia 14 de junho daquele ano, reconhecia o Governo Liberal.

Foram cinco os Membros da Câmara que assinaram o ofício, dos quais cito alguns dados e, nas pessoas deles, quero homenagear, neste momento, os políticos liberais daquela época em Queluz: Joaquim Rodrigues Pereira, Joaquim Ferreira da Silva, Gonçalo Ferreira da Fonseca, Joaquim Albino de Almeida e Felisberto Nemésio Nery de Pádua.

Joaquim Rodrigues Pereira nasceu em Queluz em 1798. Era filho do Tenente Felisberto da Costa Ferreira e de sua esposa Dona Eufrásia Maria de Jesus (da família Rodrigues Milagres) e era irmão do Barão de Pouso Alegre, tio do Conselheiro Lafaiete Rodrigues Pereira e casado com Dona Inês Ferreira de Azevedo. Era não só vereador como também Major da Guarda Nacional em Queluz.

Joaquim Ferreira da Silva era um português que se casou com Anna Joaquina de Rezende, filha de José de Rezende Costa e Helena Maria de Jesus e morava na Fazenda da Ressaca, em Lagoa Dourada.

Gonçalo Ferreira da Fonseca era sacerdote. Natural de Prados, nasceu em 1982. Foi Padre Capelão de Olhos D’Água, Município de Prados. Herdou a Fazenda Olhos D’Água, onde, em 1842, o Cônego José Antônio Marinho se refugiou, após o fracasso do Movimento Liberal, e onde escreveu o seu célebre livro sobre esse movimento.

Joaquim Albino de Almeida, meu trisavô, era filho de criação do Guarda-mor Manuel Albino de Almeida, meu tetravô.  Nasceu em Queluz, em 29 de setembro de 1810, e casou-se com Joana Felizberta de Jesus, filha de Theodósio Alves Cyrino, meu tetravô.

Felisberto Nemésio Nery de Pádua, meu tetravô, era um rábula. Como na época havia poucos advogados formados, pessoas que, não possuindo formação acadêmica mas portadoras de grande cultura, podiam fazer um Exame de Suficiência em órgão competente do Poder Judiciário. Com a provisão expedida pelo órgão, tinham autorização para exercerem a profissão de advogados. Felisberto era famoso pela sua inteligência.

Estendo a homenagem à única mulher que figura na lista dos que fizeram compra antecipada do livro do Cônego Marinho para ajudar na sua publicação: minha tetravó Joana Moreira da Silva Gandra, filha de João Moreira da Silva Gandra e Anna Francisca de Jesus, que se casou com o médico e fazendeiro Doutor Francisco José Pereira Zebral, da Fazenda de Três Barras, próxima a Gagé.

Foi assim que Marciano Pereira Brandão inscreveu seu nome nas páginas da HISTÓRIA DE MINAS GERAIS.

Nos tempos do Império havia duas grandes agremiações: o Partido Conservador e o Partido Liberal. Este último defendia ideias renovadoras e pleiteava maior autonomia das províncias, contrariamente às ideias conservadoras do outro partido.

Imagem da Internet

Os conservadores estavam dominando o Ministério com medidas centralizadoras, com as quais não concordavam os liberais. O Partido Liberal venceu as eleições em 1842, porém estas foram contestadas e o governo imperial dissolveu a Assembléia. Foi organizado um movimento armado em São Paulo e Minas Gerais.

Queluz aderiu ao movimento por intermédio de um documento assinado por vereadores da Câmara, como já foi relatado.

As tropas queluzianas eram comandadas pelo Coronel Antônio Nunes Galvão sobre o qual há um episódio emocionante.

No calor da batalha, foi chamado porque seu filho, que atirava da sacada de um casarão no princípio da rua Direita, hoje comendador Baêta Neves, havia sido mortalmente ferido. Tomou o filho nos braços, mas o jovem pediu-lhe que voltasse a seu posto na batalha. O pai entregou o filho ao médico pedindo a ele que cuidasse do filho e, enxugando as lágrimas, antes de voltar ao seu posto de comando, exclamou: “Tenho mais três filhos para sacrificá-los à causa da liberdade”.

O poeta Mário Lima colocou este emocionante fato em um belo soneto em seu livro “Medalhas e Brasões”:

QUELUZ

Mário de Lima

Velho arraial dos Carijós, tens no passado,

– jazida de valor, mina de intrepidez,

um tesouro maior, mais belo e sublimado

que as jazidas do teu precioso manganês.

Baluarte liberal, destemeroso e ousado,

em dias de quarenta e dois, mais de uma vez,

afirmaste o valor do mineiro soldado

e o denodo marcial do povo montanhês.

Do valente Galvão, em teu seio, à bravura

num lance a paternal angústia se mistura:

morre-lhe o filho em luta e ele, sem dar um ai,

entre o dever de chefe e a dor que a alma lhe rói

não vacila – comanda o fogo como herói,

furtivas enxugando as lágrimas de pai.

Imagem da Internet – Mário de Lima

 

(Continua)

Urbanicidade: Xadrez de Bolsonaro e o confronto final com as instituições, por Luis Nassif

Achei interessante postar esse artigo de   Luis Nassif (aqui). Vamos lá.

“Jair Bolsonaro se tornou uma jamanta sem freios em uma ladeira. A cada dia que passa vai acelerando, avançando todos os sinais, cometendo todas as impropriedades.

Ele assumiu com uma estratégia óbvia de abrir espaço para a zona cinzenta da economia, terreno onde trafegou em todo seu tempo de deputado irrelevante.

A mediocridade com que atua vai expondo cada vez mais essa estratégia, deixando nítido a ameaça que representa.

Ao mesmo tempo, à medida em que é confrontado com o desafio de governar, se enreda nas contradições de seu governo, na falta de discernimento e de respostas, o que com que faz com que recorra cada vez mais ao seu repertório de escatologia e a intervenções indevidas em todos os campos do Estado.

Essa escalada acelerou enormemente a hora do confronto final com as instituições.

O governo Bolsonaro funda-se em três figuras públicas: Paulo Guedes e seu pretenso anarcoliberalismo; Sérgio Moro e a suposta bandeira anticorrupção; e Bolsonaro como avalista dos dois. Os três estão sob fogo cerrado.

É hora das instituições começarem a se preparar para o confronto final, que se dará em prazo muito menor que o previsto. Bolsonaro se transformou definitivamente em um risco para o país.

Peça 1 – o desmanche da economia

Não há a menor possibilidade de a economia se recuperar sob Paulo Guedes. Ele se move exclusivamente por uma ideologia manca, de pretender o fim do Estado em todas as frentes, sem apresentar uma política liberal consistente como alternativa.

A estratégia das expectativas sucessivas, em torno das reformas, já não surte efeito. As projeções de crescimento do PIB estão cada vez mais minguadas. A insistência cega em segurar os investimentos públicos e em acatar ferreamente a Lei do Teto ameaça paralisar o governo a partir do próximo mês. Seu único foco é o desmanche do Estado, a ponto de gastar parte do orçamento na compra de parlamentares, para aprovação da reforma da Previdência.

O único setor atendido é o mercado, com a expectativa de entrada de capital externo para fusões e aquisições, não para novos investimentos.

Leia também:  Bolsonaro é esculachado em horário nobre em programa de TV alemã (link na página)

Peça 2 – agravamento da crise internacional

Há nuvens cinzas na economia internacional, com agravamento das guerras comerciais, retraimento das economias centrais, perda de dinamismo do comércio internacional.

De um lado se tem um comando econômico despreparado – Paulo Guedes e Roberto Campos, o Neto. De outro, um presidente desatinado, isolando o país do mundo e ameaçando as exportações brasileiras com o desmanche das políticas ambientais e da preservação da Amazônia.

Não se sabe quem é mais sem noção, se Bolsonaro agredindo os principais parceiros comerciais do Brasil, ou se Paulo Guedes não entendendo a complementariedade da economia argentina com a brasileira.

De qualquer modo, Guedes não conseguiu operar uma política anticíclica sequer com o quadro externo favorável. Em mar encapelado, ficará mais perdido ainda. E essa perda de rumo se acentuará com o isolamento do Brasil de todos os fóruns internacionais, da União Europeia ao Mercosul, e a subordinação cega a Donald Trump.

Peça 3 – a guerra contra as instituições

Bolsonaro abriu guerra contra praticamente todas as instituições, promovendo interferências inéditas especialmente nos órgãos de fiscalização e investigação.

Já se indispôs com procuradores, ao desconsiderar a lista tríplice para a Procuradoria Geral da República; com a Polícia Federal, ao pretender intervir na superintendência do Rio de Janeiro e desqualificar um delegado exemplar; com a Receita Federal, com intervenções indevidas; e com o Supremo ao prometer um candidato “terrivelmente evangélico” e expor sua estratégia de sufocamento das instituições.

Nada indica que irá conter o ímpeto. À medida que os problemas se multipliquem, mais descontrolada será sua reação. E cada vez fica mais claro que as intervenções visam não apenas blindar Bolsonaro de operações suspeitas passadas, das ligações com milícias, mas também de operações em andamento, que guardam muito semelhança com as atividades do crime organizado.

Leia também:  Qual será o significado da soltura de Lula?, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Peça 4 – os riscos com o crime organizado

O crime organizado atua em áreas preferenciais para lavagem de dinheiro:

Tráfico de drogas.

Comércio de armas.

Controle territorial e venda de material para construção clandestina.

Mercado de lixo.

A área de maior expansão do crime organizado é o comércio ilegal de lixos tóxicos.

A expansão do comércio ilegal de lixo demanda locais com baixa fiscalização para descarte das cargas tóxicas de outros países, submetidos a legislações e fiscalizações mais rígidas. O envolvimento de empresários do lixo com o governo Bolsonaro, e o desmonte da fiscalização ambiental, cai como uma luva nesse acordo, podendo colocar o Brasil como local ideal para descarte de lixo tóxico.

Confira as seguintes matérias sobre o tema, que mostram como o Brasil caminha para se tornar a peça central de descarte de lixo tóxico, na cadeia internacional do lixo:

Empresas do lixo por trás do escândalo do acordo de Itaipu.

O envolvimento do Itamarati no escândalo do Paraguai

Como a Camorra (a máfia Napolitana) atua no mercado internacional do lixo

A indústria do lixo por trás do desmonte ambiental no Brasil

O desmonte do IBAMA

O desmonte da Funai

Por outro lado, tem-se um Ministro da Justiça, Sérgio Moro, subserviente a Bolsonaro, sem conhecimentos básicos sobre política de segurança e cego aos avanços do crime organizado na administração pública.

Além disso, o aprofundamento das análises do dossiê Intercept exporá definitivamente a hipocrisia do arco de abusos da Lava Jato, incluído aí o Ministro Luis Roberto Barroso e autoridades de tribunais superiores.

Leia também:  Jogo Combinado, por Nasser Ahmad Allan

Peça 5 – o embate final

Uma visão míope do papel da regulação fez com que os primeiros movimentos de Bolsonaro fossem aplaudidos, como sinal de combate à burocracia. A cada dia fica mais nítido que a intenção de Guedes e Bolsonaro não é racionalizar os procedimentos burocráticos, mas abrir espaço para a zona cinzenta da economia.

Entende-se aí os embates com a Receita, o COAF, a Polícia Federal e o enquadramento da Procuradoria Geral da República.

Hoje em dia, há os seguintes setores ameaçados pelos desatinos de Bolsonaro-Guedes

O sistema científico-tecnológico. A interrupção das bolsas do CNPq provocará o êxodo imediato das principais vocações de cientistas brasileiros para o exterior.

A estrutura de universidades públicas, sendo desmontada por propósitos de negócio (Guedes) e ideológicos (o inacreditável Ministro da Educação).

As exportações do agronegócio, comprometidas pelas bazófias em relação ao meio ambiente.

As intervenções nos sistemas de controle.

E não há sinais de que Bolsonaro irá recuar. Nos próximos meses, casos Marielle, Queiroz, acordo de Itaipu ganharão espaço maior na mídia. Espera-se que, desta vez, não falte coragem e espírito público aos Ministros do Supremo Tribunal Federal.”

 

 

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                               NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 31

            As colchas bordadas de Castelo Branco são famosas além  das fronteiras portuguesas. Elas têm características que as tornam especiais na encantadora arte de bordar.

 

No artigo anterior, FRANCISCO DE PAULA FERREIRA REZENDE, que foi juiz municipal de órfãos do termo de Queluz, para onde veio em 1857, em seu excelente livro MINHAS RECORDAÇÕES fala sobre as Colchas feitas em São Gonçalo.  De acordo com um historiador queluziano, essas colchas de São Gonçalo eram semelhantes às famosa colchas de Castelo Branco, uma freguesia portuguesa. Achei interessante, assim, mostrar alguma coisa sobre as colchas de Castelo Branco.

Há muitas pessoas de Carujós que vieram de Castelo Branco, Viseu ou de freguesinhas vizinhas e devem ter trazido  de lá esta maravilhosa arte.

OBSERVAÇÃO: Todas as imagens deste artigo são da Internet.

 

 

Castelo Branco

Castelo Branco, de acordo com a tradição, foi fundada pelos Templários,  que teriam erigido o castelo e as muralhas entre 1214 e 1230. Os Templários eram uma ordem formada por monges cavaleiros para proteger Jerusalém depois que conquistaram a cidade, no século XII, pelas Cruzadas. Em Castelo Branco havia muita riqueza dos mercadores que lá habitaram.

Templários

As Cruzadas eram expedições que as potências cristãs europeias organizaram  para tirar a região do domínio muçulmano.

As Cruzadas

As colchas bordadas de Castelo Branco são famosas além  das fronteiras portuguesas. Elas têm características que as tornam especiais na encantadora arte de bordar.

Os bordados são feitos com fio de seda sobre linho. Diversos os pontos são usados, porém o mais característico é o “ponto largo” “ponto a frouxo”, também conhecido por ”ponto de Castelo Branco”. É mais econômico porque é um ponto mais comprido. Na imagem abaixo está um trabalho em que predomina o ponto frouxo.

É interessante que existem as colchas populares ou rústicas, que eram feitas pelas mulheres do povo, geralmente as mulheres do meio rural, de desenho mais ingênuo,  e as colchas eruditas, mais elaboradas para a classe social nobre e mais culta. Os desenhos destas últimas têm motivos trazidos do Oriente pelos portugueses durante a época dos Descobrimentos, mas também podemos encontrar muitas referências ao quotidiano, à fauna e flora locais.

Geralmente as mais populares,”tinham um destino curto, eram usadas no dia do noivado na cama dos noivos (…), eram as colchas de noivar se devem considerar por isso.” (Chaves, 1974:17). “Daqui podemos depreender que estas colchas eram uma importante peça do enxoval da noiva. As colchas de noivar são mais estreitas que as colchas eruditas, sendo também mais pobres quer na qualidade do linho, quer no seu desenho, o qual era mais ingénuo e menos elaborado. Quanto às colchas eruditas, estas foram inspiradas em colchas vindas do oriente (India e China), podendo ser classificadas como obras-primas da arte do bordado.”

Ainda sobre as colchas populares, em algumas localidades continuam a fazer parte do enxoval da noiva, apresentadas no dia do casamento, quando as casas dos noivos  são mostradas por eles aos convidados.

Para concluir, algumas fotos de belas Colchas de Castelo Branco:


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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 30

Seria essa alegria da Real Villa de Queluz uma herança vinda dos tempos do Arraial do Campo Alegre dos Carijós?

Sobre os primeiros tempos da Real Villa de Queluz, em fins do século XVIII e primeira metade do século XIX, e princípio da segunda metade, tem sido nosso informante FRANCISCO DE PAULA FERREIRA REZENDE, em seu excelente livro MINHAS RECORDAÇÕES, sendo que o autor foi juiz municipal de órfãos do termo de Queluz, para onde veio em 1857, sendo, portanto, uma testemunha ocular daqueles tempos em nossa terra.

Imagem da Internet

 

Imagem da Internet

Vou trazer mais um pouco das memórias do ilustre escritor e, assim, conhecer melhor a nossa história.

De acordo com Ferreira Rezende, quando ele chegou aqui, encontrou um lugar com considerável criação de animais, principalmente muares, boa cultura de cana e de posição excelente quanto a mantimentos, constituindo-se num dos melhores celeiros de Ouro Preto. Quanto à cidade, porém, achou-a pobre, devido, naturalmente à decadência do ouro na região.

Interessante é a sua declaração de que a vila parecia constituir uma só família, eram quase todos os habitantes aparentados. Mas passemos a palavra para o senhor juiz:

“Apesar da riqueza que lhe faltava, era Queluz uma povoação que nada tinha de desagradável ou de enfadonha; mas era, pelo contrário, uma povoação alegre, onde as festas eram freqüentes, variadas, bonitas e todas elas muito baratas; porque todos concorriam para elas com as suas pessoas ou com aquilo que podiam dar e muito pouco era o dinheiro que realmente se gastava.”

Seria essa alegria da Real Villa de Queluz uma herança vinda dos tempos do Arraial do Campo Alegre dos Carijós?

Vejamos uma importante atividade artística, naquele tempo, que havia nas terras de São Gonçalo do Brandão, povoado da Real Villa de Queluz.

AS COLCHAS DE SÃO GONÇALO… NA EUROPA!

Entre vários relatos interessantes, que encontramos, em sua obra, o seguintetrecho sobre nossa terra:

“Composto de campo e mato, a indústria do município em 1857 consistia: primeiro na criação de animais, sobretudo muares, cujo preço era de 50$000 mais ou menos na idade de um a dois anos; segundo, na cultura da cana em ponto maior ou menor; e terceiro, finalmente, na de mantimentos, para a qual a mata era boa e oscapões ainda melhores.

(…) Além dos tecidos de algodão para uso doméstico e que se encontravam por toda parte, havia na freguezia da vila uma fazenda ou um lugar chamado São  Gonçalo onde se faziam umas colchas ou antes cobertores de lã, alguns dos quais tinham no centro as armas imperiais, obra tão bonita e tão perfeita que apesar de ser o seu custo de 50$000, não era fácil de obtê-los; visto que, além de serem muito procurados, sobretudo para presentes, na Corte e na província, até para a Europa, segundo depois vim a saber, alguns foram, por intermédio de minha sogra, para as nossas princesas que ali residiam ou para encomendas destas.”

Há dessas colchas, com o bordado das armas imperiais, expostas na parede, no Museu Inconfidência de Ouro Preto. Achei linda a que estava exposta, quando fui lá.

A foto abaixo faz parte de uma colcha,  que  um historiador viu estendida em uma cama, em uma fazenda antiga, e a fotografou, passando-me uma cópia. Vejam os desenhos que lindos, semelhantes aos das famosas colchas da freguesia de Castelo Branco, em Portugal.

A referida colcha tem duas letras bordadas, B.P., as iniciais de seu dono, o Barão de Piratininga.

 

 

Viram como São Gonçalo do Brandão é importante na História do Século XIX

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            Em 20 de junho de 1754, o vigário de Nossa Senhora da Conceição dos Carijós, Padre Simão Caetano de Morais Barreto, foi à capela de São Caetano do Paraopeba e batizou a Manuel, filho legítimo do Capitão Manuel Rodrigues da Costa e de Dona Joana Teresa de Jesus, moradores na freguesia de Borda do Campo.

 

Igreja de São Caetano/Imagem da Internet

Continuando a focalizar o período de nossa História acontecida nos final do Século XVIII,  hoje surge a figura de PADRE MANUEL RODRIGUES DA COSTA, importante participante da Inconfidência Mineira.

Em 20 de junho de 1754, o vigário de Nossa Senhora da Conceição dos Carijós, Padre Simão Caetano de Morais Barreto, foi à capela de São Caetano do Paraopeba e batizou a Manuel, filho legítimo do Capitão Manuel Rodrigues da Costa e de Dona Joana Teresa de Jesus, moradores na freguesia de Borda do Campo.

A igreja que está na foto é a recentemente restaurada. A capela primitiva foi demolida e depois reedificada. Porém há um vestígio real do passado no muro que se localiza ao lado da igreja e que vem do tempo da capela primitiva:

 

Muro primitivo em São Caetano/Imagem de Acervo Pessoa

 

Embora os pais de de Padre Manuel Rodrigues da Costa residissem em Borda do Campo (Barbacena), terra de seu pai, era comum naquele tempo, quando ia ter o filho, a mãe ia ter a criança na casa de seus pais, os avós maternos. Foi o que aconteceu.

Assim este inconfidente é natural  do arraial de Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre dos Carijós (atual Conselheiro Lafaiete, MG), comarca do Rio das Mortes. Ele mesmo afirma isto nos Autos da Inconfidência: Sou de Carijós. Vejam o registro de batismo:

“Em 20 de junho de 1754, o vigário de Nossa Senhora da Conceição dos Carijós, Padre Simão Caetano de Morais Barreto, foi à capela de São Caetano do Paraopeba e batizou a Manuel, filho legítimo do Capitão Manuel Rodrigues da Costa e de Dona Joana Teresa de Jesus, moradores na freguesia de Borda do Campo, na capela de Ibitipoca”.

Faleceu em sua fazenda em 20 de janeiro de 1844. Foi o último  inconfidente a falecer.

Filho dos portugueses capitão-mor Manuel Rodrigues da Costa e de Joana Teresa de Jesus, eram seus irmãos: João Rodrigues da Costa; Antonio Rodrigues da Costa; Domingos Rodrigues da Costa, Padre; Maria Rodrigues da Costa; Esperança Rodrigues da Costa. Avós paternos  Miguel Rodrigues da Costa e Inácia Pires.

 

Fazenda do Registro Velho/Imagem da Internet

 

Ordenou-se em Mariana e vivia com sua mãe, já viúva, na Fazenda do Registro Velho, freguesia de Nossa Senhora da Piedade da Borda do Campo (atual Borda do Campo, MG, município de Antônio Carlos, que, na época, fazia  parte de Barbacena.

Por causa de sua participação na Inconfidência Mineira, foi condenado a degredo de dez anos em Lisboa, em dependências eclesiásticas, confiscados muitos de seus bens, dentre os quais sua rica biblioteca, móveis, utensílios domésticos e uma batina, que atualmente está exposta no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto.

No exílio em  Portugal, passou quatro anos na Fortaleza de São Julião da Barra, ficando depois  recluso (1796), no Convento de São Francisco da Cidade.

 

Fortaleza de São Julião da Barra/Imagem da Internet

 

Quando voltou ao Brasil, ao Brasil, além da administração da fazenda Registro Velho, fundou uma tecelagem, fabricou vinho e óleo de oliva. De acordo com o viajante escritor Auguste de Saint-Hilaire, que o  visitou em sua fazenda,  ele fabricava tecidos com as máquinas que havia trazido de Portugal, utilizando lã de ovelha e linho.

Foi participante ativo  não só no episódio do  “Dia do Fico” como também  Independência do Brasil. Depois elegeu-se deputado por Minas Gerais à Assembleia Constituinte de 1823. Ocupando-se da liberdade de culto e da catequese e colonização

Quando D. Pedro  I, hospedou-se na fazenda do Registro Velho, condecorou-o com as Ordens de Cristo e do Cruzeiro, nomeando-o, também,  cônego da Capela Imperial.

São suas obras quando ainda recluso no Convento de S. Francisco da Cidade, em Lisboa: 1 — “Tratado da Cultura dos Pessegueiros — Nova edição revista, corrigida e augmentada. Traduzida da língua francesa por Manoel Rodrigues da Costa, Presbitero do Hábito de São Pedro e natural de Minas Gerais. Lisboa. Na Tipografia Calcográfica e Literária do Arco do Cego. MDCCCI. Por ordem superior.”

São suas obras no Brasil: 2 — “A Sua Alteza Real o Príncipe Regente Constitucional, Defensor Perpétuo do Brasil. Pelo Padre Manuel Rodrigues da Costa, morador na Vila de Barbacena, Comarca do Rio das Mortes, Província de Minas Gerais. Rio de Janeiro, 1822. Na Oficina de Silva Porto & Cia. (Sermão).” 3 — “Memória sobre a Catequese dos Índios, composta e dirigida ao Ilmo. e Revmo. Sr. Cônego Januário da Cunha Barbosa, Primeiro Secretário do Instituto Histórico e Geográfico, pelo Sócio Honorário o Pe. Manoel Rodrigues da Costa. Em Agosto de 1840.”

 

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… Lá, desde a Villa de Queluz, estava instalada a fazenda das Bananeiras, á margem da Estrada da côrte. Pertencia ao Barão de Suassui que, além desta, possuía outras propriedades. Suas terras atingiam quase todo o vale e parte  do morro do Alto dos Pinheiros… Antônio Luiz Perdigão

Imagens da Internet. Acima os brasões das famílias Tavares, Mello, Furtado e Mendonça.

O grande genealogista Allex Assis Milagre fez um excelente trabalho sobre a genealogia TAVARES DE MELLO, mas é impossível transcrevê-lo por ser muito extenso.

Neste artigo, vou colocar apenas dados, recolhidos em diversos trabalhos, que  interessam á genealogia do local que é focalizado aqui. São os antecedentes de quem morou neste bairro, que fazem parte de sua história.

Igreja do Bom Jesus do Rabo do Peixe, na Ilha de São Miguel. Imagem da Internet.

Como já foi dito no artigo anterior,  JOSÉ TAVARES DE MELLO, foi batizado na freguesia de Bom Jesus do Rabo do Peixe, Ilha de São Miguel, bispado de Angra (foto acima)., Faleceu na fazenda da “Pedra de Cataguazes”, em Santo Amaro (Queluzito), a 17/11/1791.

Casado em Portugal, com Maria da Conceição, teve um filho: Bento José Tavares.

Imagem da Internet Igreja de Queluzito

No Brasil, casou-se em segunda núpcias, em Queluzito, com Antônia Tavares Diniz, falecida em abril de 1829.

Teve, do segundo casamento, os seguintes  filhos:

  1. Antônia Tavares Diniz;
  2. Francisca Angélica de Mello, casada com Joaquim da Costa Silva;
  3. Joaquim Tavares Diniz, nascido e batizado na freguesia de Prados, casado na igreja de Santo Amaro em 25/6/1800, com Marianna Francisca da Silva;
  4. Anna Antônia da Piedade, nascida em Santo Amaro a 11/2/1775 e falecida antes de 1829, casada na ermida Nª Sª da Boa Esperança do Cortume, em Santo Amaro, em 5/8/1795, com Luis da Cunha Lobo;
  5. José Tavares de Mello, o filho, que se casou em primeiras núpcias com Thereza Josefa de Jesus e, em segundas núpcias, com   Joanna Marcelina de Magalhaens, filha de Francisco de Vaz Dias  e de Anna Joaquina Magalhaens.

Em 1823, José Inácio Gomes Barbosa, Capitão, filho do Capitão-mor José Inácio Gomes Barbosa e Maria Joaquina de São José, casou-se com Antônia Jesuína de Melo, filha do Alferes José Tavares de Melo e Joana Marcelina de Magalhães – casamento feito na Fazenda Engenho Grande,  pelo Cônego José Maria Ferreira Pamplona.

De acordo com Antônio Luiz Perdigão:

“Lá, desde a Villa de Queluz, estava instalada a fazenda das Bananeiras, á margem da Estrada da côrte. Pertencia ao Barão de Suassui que, além desta, possuía outras propriedades. Suas terras atingiam quase todo o vale e parte do morro do alto dos pinheiros. Com a morte do Barão, a propriedade passou para o capitão Antônio Furtado de Mendonça.”

O barão e a baronesa não tinham filhos que fossem seus herdeiros.

Agora vamos ver porque a Fazenda das Bananeiras passou ás mãos do capitão Antônio Furtado de Mendonça.

De acordo com pesquisas de Allex Assis Milagre, de onde são tirados os dados que se seguirão, a baronesa Antônia Jesuína de Melo tinha uma irmã chamada Maria José Praxedes de Melo, nascida em 1808, casada na ermida da Fazenda das Pedras, em 24 de novembro de 1828, com Antônio Furtado de Mendonça, este nascido na freguesia de Itaverava e, na época morador no Pomba, filho de outro Antônio Furtado de Mendonça e de Antônia Maria da Assunção.

No próximo capítulo iniciar-se-á a história da família descendente desse casal que esteve presente nas terras da Santa Matilde.

(Continua)

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 25

 

Dei uma volta no Bairro de Santa Matilde e fiquei pensando: é uma verdadeira cidade! Um bairro muito importante. E sua história deve ser conhecida, porque também é muito interessante.

Ilha de Fayol (Reprodução/Internet)

De acordo com o genealogista Marcos José Machado Coelho, esta é a origem dos Furtado de Mendonça. Vou transcrever partes do trabalho de Marcos José:

“Antônio Furtado de Mendonça era filho de outro do mesmo nome e de Thereza Maria de Jesus, estes radicados na Vila de Carijós, hoje Conselheiro Lafaiete-MG, neto pela parte paterna de Joana “Furtada” de Mendonça, natural da Ilha de Fayal, e de André Gonçalves. Os Furtados de Mendonça também são descendentes das Famílias Dutra e Silveira, radicadas na Ilha do Faial. Os Dutras descendem de Joss van Hurtere, nascido na Bélgica por volta de 1430, que desembarcou na ilha do Faial em 1465, onde foi o primeiro povoador da ilha. A forma aportuguesada de seu nome era Joss de Utra; o sobrenome “de Utra” sofreu contração passando a ser Dutra.”

Brasão da Família Mota
Imagem da Internet (Jornal “A Janela” de Fátima Noronha, de Brasópolis)

De acordo com o genealogista Marcos José Machado Coelho, esta é a origem dos Furtado de Mendonça. Vou transcrever partes do trabalho de Marcos José:

“Antônio Furtado de Mendonça era filho de outro do mesmo nome e de Thereza Maria de Jesus, estes radicados na Vila de Carijós, hoje Conselheiro Lafaiete-MG, neto pela parte paterna de Joana “Furtada” de Mendonça, natural da Ilha de Fayal, e de André Gonçalves. Os Furtados de Mendonça também são descendentes das Famílias Dutra e Silveira, radicadas na Ilha do Faial. Os Dutras descendem de Joss van Hurtere, nascido na Bélgica por volta de 1430, que desembarcou na ilha do Faial em 1465, onde foi o primeiro povoador da ilha. A forma aportuguesada de seu nome era Joss de Utra; o sobrenome “de Utra” sofreu contração passando a ser Dutra.”

Já vimos a quem pertenceram os terrenos onde se ergueu o bairro Santa Matilde: uma pessoa muito importante, o Barão de Suassuí, que recebeu os títulos de Comendador da Imperial Ordem de Cristo, Cavaleiro da Imperial Ordem de Cruzeiro e da Imperial Ordem da Rosa, os quais conquistou pelo valor demonstrado em sua vida. Como vimos, era sobrinho do Inconfidente João Dias da Mota e teve esse terreno, onde o inconfidente teve sua estalagem, por herança de sua família Mota.

Mas como teria passado, depois de sua morte e da baronesa, para as mãos dos Furtado de Mendonça? O que aconteceu foi o seguinte:

O Barão de Suassuí casou-se com Antônia Jesuína de Mello, filha do Alferes José Tavares de Mello e Joana Marcelina de Magalhaens. E aí começa outra história que traz dois sobrenomes importantes para a Santa Matilde: Tavares de Melo e Furtado de Mendonça, por intermédio da baronesa porque, com o falecimento do Barão e da Baronesa, que não tiveram filhos, a herança ficou para os parentes dela.

Brasão da Família Tavares de Mello

Vamos começar com José Tavares de Mello, filho de Manoel Affonso Correia e Guiomar Cabral de Mello, batizado na freguesia de Bom Jesus do Rabo do Peixe, Ilha de São Miguel, bispado de Angra, e falecido na fazenda da ‘Pedra dos Cataguases’, em Santo Amaro, a 17/11/1791, onde era morador. Casou-se, em primeiras núpcias, em Portugal, com Maria da Conceição.

De trabalho de Allex Assis Milagre recolhi informações. Ele se casou, em segundas núpcias, no Brasil, com Antônia Tavares Diniz, falecida em abril de 1809. Entre seus filhos está José Tavares de Mello (o filho), alferes da Guarda Nacional, nascido na ‘Fazenda da Pedra”, freguesia de Queluz que, em primeiras núpcias, casou-se com Thereza Josefa de Jesus e, em segundas núpcias, com   Joanna Marcelina de Magalhaens, filha de Francisco de Vaz Dias  e de Anna Joaquina Magalhaens.

 

(continua)

 

 

 

 

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 … vejamos o caminho da posse da fazenda das Bananeiras,

por  conseguinte da estalagem: João Dias da Mota

era tio do Barão. 

Como vimos no artigo anterior, a Avenida Santa Matilde tem um passado muito importante porque foi um dos berços da Inconfidência Mineira DEVIDO À ESTALAGEM DAS BANANEIRAS. Vimos isso em artigo anterior, comprovamos que a estalagem que existia na Fazenda das Bananeiras era de João Dias da Motta.

Em documento do Arquivo Mineiro, consta que a fazenda das Bananeiras pertencia ao Barão de Suassuhí (forma do sobrenome assim grafada no documento). Esse documento é sobre as fazendas de Queluz, realizado a partir de 1856, por ordem do Presidente da Província.

Qual teria sido o caminho que levou a fazenda das mãos do Inconfidente até o Barão?

Antes quero dar informações exatas sobre a localização da estalagem. Ela ficava localizada na Avenida Santa Matilde, em frente à Escola Estadual Luiz de Mello Vianna Sobrinho, onde hoje há construções modernas.

Localização da Avenida Santa Matilde no bairro do mesmo nome/ Imagem da Internet

 

O historiador Luiz Fernando  passou para mim depoimentos que ele conseguiu de pessoas que conheceram o local enquanto a fazenda ainda existia e ajudaram na sua localização exata. De acordo com uma dessas informações, havia umas gameleiras na frente.

A fazenda chegou até o Barão por herança. Vou fazer um pequeno esboço genealógico o qual pode, até, levar algum leitor que se interesse por genealogia a verificar-se é parente do Inconfidente.

Barão e Baronesa de Suassuhy / Imagem da Internet 

Agora começa a ligação do Barão com o Inconfidente. Embora eu possua muitos dados, apenas farei um esboço para não ocupar demasiado espaço. O que vou apresentar foi feito fundamentado em estudos minuciosos do grande historiador e genealogista Joaquim Rodrigues de Almeida, Quincas de Almeida, como o chamavam.

João Dias da Mota, casado com Maria Angélica Rodrigues de Oliveira, não teve filhos. Seus pais eram Tomás Dias da Mota e Antônia Mariana do Sacramento.

Vou transcrever um documento para, depois, fazer os comentários e mostrar como acontece a ligação entre o João Dias da Mota, Inconfidente, com o Barão de Suassuhí.

“Em 1792, o vigário de Queluz, Padre Fortunato Gomes Carneiro, deu certidão dizendo que: No livro 3º de casamentos da Matriz encontra-se o registro do casamento, em 1777, na fazenda do Engenho, na capela particular da fazenda, o reverendo doutor Francisco Pereira de Santa Apolônia casou a Martinho Pacheco Lima, filho legítimo da Manuel Pacheco de Faria e de Francisca de Castro, natural da Ilha Terceira, da freguesia de S. Antônio, do bispado de Angra; com Joaquina Rosa de Jesus, filha legítima de Tomás Dias da Mota, defunto e de Antônia Maria do Sacramento 1848. Faleceu deixando os filhos: José Tomaz de Lima; Antônia Francisca de Paula, casada com Joaquim José Vieira; Maria Inácia Rodrigues; Ana Quirubina dos Anjos; Martinho Pacheco de Lima; Leocádia Felisberta de S. José, Fazenda da Rocinha.

Esse Martinho Pacheco de Lima (1) filho me Manuel Pacheco de Faria e de Francisca de Crasto (em alguns lugares Castro), neto pelo lado paterno de Antônio Pacheco Machado e de Anna Ferreira, neto pelo lado paterno de Manoel Correia Gomes e de Ursula de Crasto.”

Agora vejamos o caminho da posse da fazenda das Bananeiras, por  conseguinte da estalagem: João Dias da Mota era tio do Barão.

A ligação de parentesco do Inconfidente João Dias da Mota com o Barão de Suassuí, explica do motivo de o Barão ser citado com dono da Fazenda das Bananeiras no registro de fazendas de Queluz em meados do século XIX, de acordo o Índice das Terras de Queluz, que está no Arquivo Mineiro, e que também pode ser encontrado no Museu Antônio Perdigão.

Tomás Dias da Mota casou-se com Antônia Maria do Sacramento, filha de Martinho Pacheco de Lima (nascido no Porto Judeu, Ilha Terceira, Açores e Joaquina Rosa de Jesus). Moravam na Fazenda do Engenho do Caminho Novo do Campo, na Freguesia de Carijós (nossa Conselheiro Lafaiete). Eram os pais do Inconfidente João Dias da Mota. O historiador Joaquim Rodrigues de Almeida descobriu, em suas pesquisas, que a Fazenda do Engenho Novo era a mesma Fazenda das Bananeiras, assim também o Barão de Suassuí deve ter nascido onde tinha sido a Estalagem das Bananeiras. Agora vejamos o caminho da posse da fazenda das Bananeiras, por conseguinte da estalagem, porque João Dias da Mota era tio-avô do Barão.

Uma das irmãs de João, Maria Joaquina de Lima, moradora na Fazenda da Rocinha, em São Caetano da Paraopeba, era viúva, sem filhos, quando se casou com o Comendador e Capitão Mor José Ignácio Gomes Barbosa (pai do Barão de Suassuí), nascido no Rio de Janeiro, filho de Ignácio Gomes Barbosa e Maria do Rosário de Jesus. O Comendador e Maria Joaquina de Lima tiveram um filho, o Barão de Suassuí.

Aqui fica explicado o caminho da posse da fazenda das Bananeiras, por conseguinte da estalagem, porque João Dias da Mota era tio do Barão. O Inconfidente não teve filhos (se os teve por acaso, a família de alguma maneira ocultou o fato, senão as terras dele seriam confiscadas pela Coroa).

Assim, na divisão de heranças, do espólio onde estava inserida  a Fazenda das Bananeiras, teria ficado para seus pais e depois para o Barão. Está explicada a ligação acontecida através dos tempos.

Em 1823, o CAPITÃO JOSÉ IGNÁCIO GOMES BARBOSA, como vimos filho do capitão-mor José IgnÁcio Gomes Barbosa, casou-se com ANTÔNIA JESUINA DE MELLO, filha do alferes José Tavares de Melo e de d. Joana Marcelina de Magalhães. José Ignacio e Antônia Jesuína não tiveram filhos e, assim, a Fazenda das Bananeiras e outros bens passaram para o Capitão Antônio Furtado de Mendonça, casado com Maria José, irmã de Antônia Jesuína.

No próximo artigo vamos, então, ver o ramo da Família Furtado de Mendonça que faz parte da história da Avenida Santa Matilde, segundo informações no blog do grande genealogista Marcos José Machado Coelho, que tem várias raízes enterradas aqui em tempos de Carijós e Queluz. (blogger:maccoe.blogspot.com/2012/07/familia-furtado-de-mendonca.html.

(Continua)

 

 

 

 

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