Crise à porta: Vallourec confirma queda drástica no mercado, admite paralisação de atividades e transferência e funcionários

VSB e Gerdau sinalizam reduzem produção na região/REPRODUÇÃO

A crise bateu à porta da região. Esta semana, a Gerdau, em Ouro Branco, anunciou uma série de medidas drásticas como antecipação de férias, redução de jornada e salários para colaboradores do subgrupo administrativo e executivo, postergação do recolhimento do FGTS e a suspensão de contratos de trabalho em função da queda no mercado afetado pela pandemia do covid-19.

Nossa reportagem manteve contato com a gigante do mercado siderúrgico, a Vallourece, em Jeceaba, quando questionou os efeitos do vírus na empresa. Leia nota;

“As atividades de algumas linhas de produção da Vallourec serão temporariamente interrompidas, nos próximos meses, em função da retração sem precedentes da atividade econômica global, ocasionada pela pandemia. Essa paralisação se faz necessária para adequação à atual demanda de mercado, demanda essa que caiu drasticamente nas últimas semanas, notadamente nos setores automotivo e industrial, do mercado interno, e nas exportações em geral.

Em todas as linhas de produção e unidades da Vallourec no Brasil, quando possível, os empregados serão transferidos para outras áreas que se encontrem em operação ou terão seu regime de trabalho adaptado, de forma a preservar ao máximo o emprego de seus colaboradores – no âmbito da legislação trabalhista atual”.

 

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PCMG faz doação de materiais para produção de máscaras na Apac de Conselheiro Lafaiete

A Polícia Civil de Minas Gerais em parceria com a Loja Maçônica Libertas Homini realizou, na última quarta-feira (15), a doação de materiais para a Apac Feminina de Conselheiro Lafaiete, visando a produção de máscaras.
O uso das máscaras de proteção está sendo cada dia mais incentivado na prevenção ao vírus COVID-19. A Apac Feminina de Conselheiro Lafaiete está produzindo máscaras para doações em instituições que fazem parte da Segurança Pública, como presídios e delegacias, entre outras. São seis internas na produção, fabricando cerca de 150 máscaras por dia, entre descartáveis, feitas com TNT e máscaras de tecidos, que podem ser lavadas e reutilizadas.
O Delegado Regional, João Marcos de Almeida, salienta que essas parcerias reforçam a união de forças da Segurança Pública enfrentamento da pandemia.

Produção baixa e avanço de doença frustram produtores de tangerina Ponkan de Belo Vale

A fruta de tangerina ponkan  tem seu doce sabor ainda mais acentuado devido às condições climáticas da região de Belo Vale.

 

Belo Vale é o maior produtor de tangerina ponkan do estado com cerca de dois milhões de plantas que ocupam 9% da área do município.  Com tamanha expressão, a cultura e o negócio da tangerina ponkan tem grande importância e impacto na socioeconomia de Belo Vale, gerando trabalho e renda para os produtores e trabalhadores rurais e impulsionando o comércio. Nunca ouve na história de Belo Vale uma atividade econômica que gerasse tanta riqueza e que fosse tão bem distribuída.

No entanto, esta safra de 2019 tem mostrado uma realidade diferente dos últimos anos.

A produção de frutos sofreu uma queda acentuada e a contaminação com a doença Greening aumentou consideravelmente, deixando os produtores preocupados.

Grande Produção tradicional de Pokan contrasta com queda em 2019/REPRODUÇÃO

Os motivos para a baixa produção são basicamente dois: alternância de safra – característica da cultura da tangerina ponkan que produz muito em um ano/safra e pouco no ano/safra seguinte, e também condições climáticas desfavoráveis ainda na fase de florescimento, que ocorreu no final de 2018. Esta safra foi de cerca de 40 % de frutos da safra passada e em alguns pomares a produção foi ainda menor. 30% e até 20%.

Os produtores já estavam conscientes desta redução e se adequaram à triste realidade mas esperançosos em aumento do preço de venda. Com o desenvolvimento da colheita e a comercialização para todas as regiões do país, o aumento de preço realmente ocorreu mas longe de compensar a queda da produção. Restou aos produtores “segurar as pontas” e esperar pela safra de 2020.

Outra grande preocupação é a doença Greening, causada por bactéria e que é muito danosa aos pomares. As plantas infectadas ficam com a produção de frutos comprometida e tem que ser eliminadas/cortadas, mesmo estando em plena produção. Os frutos ficam deformados, secos e impróprios para comercialização. O Greening não tem cura e o controle se dá com eliminação do inseto vetor que transmite a doença de uma planta doente para a planta sã, similar à dengue.

O vetor transmissor da doença, psilideo Diaphorina citri  é uma pequena cigarrinha, do tamanho de uma pulga. Seu controle/combate deve ser realizado regionalmente, por todos os produtores vizinhos. Assim como na dengue, não basta que um produtor faça a sua parte se os seus vizinhos não fizerem. A única forma de combate a este inseto é com utilização de inseticidas (químicos ou biológico) que devem ser aplicados com adequada indicação e critério nos momentos/fases da cultura mais apropriados, principalmente nas brotações. Vendedores ambulantes de produtos agroquímicos se aproveitam desta condição.

Os produtores de tangerina ponkan de Belo Vale estão assustados com a rápida contaminação e disseminação da doença que já está presente em todas as regiões do município, sendo raro um pomar que ainda não tenha plantas contaminadas. Pomares abandonados são focos de doenças. O inseto vetor e a doença também se desenvolvem na planta ornamental murta, muito comum em Belo Vale. No estado de São Paulo os municípios até eliminam estas árvores da arborização urbana. Também em São Paulo, nos municípios citricultores, existem campanhas de conscientização e apoio ao produtores.

Em Campanha, município do sul de Minas também grande produtor de tangerina ponkan, aconteceu dias 14 e 15 deste mês o 5º Encontro Técnico de Citricultura, promovido pela EPAMIG e Prefeitura Municipal de Campanha, com apoio do Sindicato dos Produtores Rurais. Aconteceram palestras e Painel  sobre o Greening e seu controle com presença de técnicos da EPAMIG, EMATER, IMA, Ministério da Agricultura e Instituto Agronômico de Campinas. O evento teve grande participação de produtores de tangerina ponkan. Outros assuntos importantes como Rastreabilidade, tecnologias na aplicação de defensivos, práticas inovadoras, nutrição/adubação também foram tratados. O evento contou também com uma feira de tecnologia e produtos e visitas técnicas a pomares.

Produção de ponkan em Belo Vale incre,menta economia, mas doença ameaça plantio

Em Belo Vale o produtor de tangerina ponkan não tem algum apoio institucional e muitas vezes não tem informações básicas essenciais sobre a doença do Greening e seu controle. A festa da Mexerica que aconteceu no início de agosto em Belo Vale, não envolveu produtores e não levantou estas questões importantíssimas para debates e ações. Desamparados, produtores se sentem desprezados e frustrados.

Além destes “problemas” existem ainda outros desafios para a sustentabilidade da cultura da tangerina ponkan em Belo Vale como:

  • Grande oferta de frutos em época concentrada de auge da colheita com redução de preço – não há beneficiamento industrial das frutas na região para absorver excessos de oferta.
  • Necessidade crescente de uso de produtos agroquímicos para proteção de pragas e doenças – aumento no custo de produção e riscos de contaminação e intoxicação.
  • Resistencia de pragas como o ácaro da falsa ferrugem que deprecia os frutos para o mercado.
  • Necessidade de adequação às leis e exigências trabalhistas – fiscalizações do Ministério do Trabalho tem sido cada vez mais frequentes.

Dentro dessa realidade, e com o nosso reconhecimento, é que os citricultores de Belo Vale  vem produzindo os atrativos e saborosos frutos de tangerina ponkan que são destaques em todo o país.

Marcos Virgílio Ferreira de Rezende

Engenheiro agrônomo

 

Cachaça D’Vale lança linha de produtos e promete agitar o mercado em Minas e no Brasil

Cachaçaria chega ao mercado oferecendo um produto de qualidade, produção sustentável e controle de qualidade/CORREIO DE MINAS

Perto de completar 45 anos de produção, a “Cachaçaria Vale do Piranga” promete mexer com o mercado de destilados do gênero em Minas e no até no Brasil.

Situada às margens da BR MG482, em Piranga, a Fazenda Boa Vista se prepara para colocar no mercado uma linha de 7 novos produtos da “Cachaça D’Vale” que será distribuída nos principais hipermercados brasileiros…. O sexton e sétimo produto da série de produtos ( uma cachaça orgânica prata e uma Ouro ) serão de uma “Cachaça Orgânica” que serão fabricadas também na cidade de Piranga na Fazenda Pirapetinga que está construindo uma fábrica de ponta para atender a este nicho de Mercado.

A proposta ambiciosa é do empresário e zootecnista Antônio Sérgio Peixoto Maciel que pretende também chegar ao mercado externo… em especial aos Estados Unidos, Canadá e União Europeia.

Sérgio herdou de seu pai o know-how  e a paixão  pela fabricação de cachaça de qualidade . “A qualidade sempre foi a obsessão do papai”,  salienta Sérgio.

“Nossa produção é quase artesanal e em alambiques de cobre. Inicialmente a produção era em engenho movido a tração animal ainda com juntas de bois. Isso ficou no tempo e agora a produção ainda artesanal é bastante mecanizada e com rigoroso controle de qualidade.”

A empresa é certificada pelo Ministério da Agricultura (MAPA), também com Autorização Ambiental de funcionamento pela Fundação de Meio Ambiente (FEAM). As duas nascentes  dentro da propriedade são outorgadas pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) e anualmente são coletadas amostras de água para controle de qualidade e teste de pureza.

Todo o ciclo de produção da D’Vale, desde o plantio da cana de açúcar até o envazamento da cachaça, acontece na própria Fazenda Boa Vista. O empreendimento é totalmente auto sustentável…e a empresa já iniciou o processo de certificação junto à WFTO (World Fair Trade Organization) se comprometendo a seguir os 10 princípios básicos:

 1)Relação de longo prazo que ofereça treinamento , apoio,  capacitação  e desenvolvimento dos produtores e colaboradores envolvidos.

2)Transpaência e prestação de contas.

3)Praticas de comercio justo(fair trade).

4)Pagamento justo.

5)Não ao trabalho infantil  e  ao trabalho escravo.

6)Não à discriminação e à desigualdade de gêneros e apoio ao associativismo.

7)Boas condições de trabalho e ambiente de trabalho seguro.

8)Respeito à legislação e às normas trabalhistas nacionais e internacionais.

9)Promoção do comércio justo(fair trade).

10)Respeito ao meio ambiente.

Veja as fotos a seguir:

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Vallourec iniciará em junho a produção dos primeiros tubos de aço para o campo de mero

Superintendente de Venda de Projetos da Vallourec Soluções Tubulares do Brasil, Christian Hahne/DIVULGAÇÃO

A Vallourec se prepara para dar novos passos em um dos mais importantes contratos conquistados pela companhia neste ano. A empresa vai começar a fabricação dos tubos que serão usados na construção dos sistemas de riser e flowlines rígidos do campo de Mero, no pré-sal da Bacia de Santos. “A produção dos tubos está prevista para ser iniciada em junho de 2019 com os primeiros lotes de qualificação da produção”, detalhou o Superintendente de Venda de Projetos da Vallourec Soluções Tubulares do Brasil, Christian Hahne. Já os lotes principais serão produzidos entre setembro de 2019 e fevereiro de 2020. A empresa também está com boas expectativas de novos negócios dentro do mercado brasileiro. “A Vallourec está otimista em relação ao desenvolvimento dos próximos projetos de tubos rígidos, principalmente na área do pré-sal, devido às características desafiadoras desses campos”, afirmou.

Poderia destacar as principais características dos tubos de aço sem costura que serão entregues para Mero?

As principais características estão relacionadas com a tecnologia escolhida. Os tubos de aço carbono (tubos rígidos) serão revestidos internamente com uma liga altamente resistente à corrosão que permitirá a utilização das tubulações por toda vida útil do Campo.

Por que os dutos rígidos são uma boa opção para o ambiente do pré-sal?

Os campos do pré-sal apresentam uma condição de fluidos muito agressivos do ponto de vista de corrosão. O alto teor de gás carbônico no óleo a ser extraído é um desafio técnico.

Quais as características do pré-sal são as mais desafiadoras para os tubos de aço?

As características do pré-sal brasileiro são, por si só, muito desafiadoras. São campos de águas ultraprofundas em uma região de condições marítimas severas aliadas com altos teores de contaminantes no óleo. Essas características demandam uma alta resistência à corrosão, bem como uma alta resistência à fadiga do material, sendo um desafio para qualquer tipo de tecnologia de tubulação.

A fabricação dos tubos para Mero já começou?

A produção dos tubos está prevista para ser iniciada em junho de 2019 com os primeiros lotes de qualificação da produção. A produção dos lotes principais será entre setembro de 2019 e fevereiro de 2020 com a entrega à medida que os processos subsequentes do projeto forem demandando tubos.

Quais as vantagens operacionais que o consórcio de Libra terá ao fazer a opção pelas linhas rígidas?

As vantagens do uso de tubulações rígidas, na configuração escolhida, estão baseadas na vida útil das linhas, que poderão acompanhar toda a vida útil do Campo. Outra vantagem é a utilização de linhas únicas de injeção alternada de água e gás para estimular a produção dos poços. O uso dessas linhas em tubulação rígida com revestimento interno de que possibilitam a injeção alternada de água ou gás reduzem a quantidade de linhas necessárias, simplificando o arranjo submarino, reduzindo custos e permitindo a sua manutenção de forma adequada. No caso das linhas de produção de óleo, as linhas rígidas oferecem melhor escoamento dos fluidos, bem como maior facilidade na manutenção das condições de escoamento em caso de formação de incrustações internas.

Qual a expectativa da Vallourec para o mercado brasileiro? A entrega de dutos rígidos deve crescer nos próximos anos?

A Vallourec está otimista em relação ao desenvolvimento dos próximos projetos de tubos rígidos, principalmente na área do pré-sal, devido às características desafiadoras desses campos. Os próximos projetos, incluindo o projeto Sépia recentemente contratado pela Petrobras, demonstram que a tendência de aplicação da tecnologia rígida está alinhada com os desafios técnicos. Os próximos passos serão direcionados para a otimização das linhas, com tecnologias que permitam aliar a resistência à corrosão, resistência à fadiga e longa vida útil às configurações mais competitivas e adaptadas aos anseios das operadoras, por exemplo, a busca de projetos de break even abaixo de 35 USD/barril ambicionado pela Petrobras.

Descaso: produtores rurais estão há mais de 3 dias sem energia e perdem produção

Um total descaso. Assim expressam os moradores da zoa rural de Cristiano Otoni, município que é um das maiores bacias leiteiras de Minas. Segundo os produtores rurais desde quinta feira, dia 20, as fazendas e sítios estão sem energia elétrica.

O problema já foi relatado para as devidas providências a CEMIG, porém ainda sem uma solução a curto prazo. Alem de grande prejuízos com a perda das produção leiteira, há também danos à saúde animais como .

Os produtores rurais informaram que os danos refletem diretamente na cadeira produtiva e a economia de Cristiano Otoni. Eles cobram uma solução imediata. “Quem vai arcar com nossos prejuízos? É uma total falta de comprometimento e resposnsabilidade da Cemig”, questionam os produtores.

Belo Vale: cidade inicia a maior produção em mexerica ponkan de Minas com previsão de colheita de 350 milhões de frutos; produção deve gerar R$ 60 milhões a economia local; doença é o maior desafio da cultura

Morar passar por Belo Vale entre os meses de maio e setembro é se deslumbrar com a coloração verde e amarela que toma conta de todo o município que tem área de 365 Km2. De qualquer lugar, olhando no entorno se vê os pomares de tangerina ponkan com os frutos maduros ou em maturação – contraste das cores verde e amarela/laranja

E ainda se deliciar consumindo a fruta de tangeria ponkan ou mexerica ponkan ou apenas ponkan, como pode ser denominado este fruto de aroma e sabor marcantes, além de ótimas para a saúde.

A casca é retirada com as mãos e os gomos se separam naturalmente, facilitando o consumo/degustação. A fruta, com caldo doce e pouco ácido, tem seu sabor ainda mais acentuado devido às condições climáticas da região de Belo Vale.

Do gênero Citrus, a tangerina é originária da Ásia (Índia e china) e chegou ao Brasil trazida pelos portugueses, no século XVI. Atualmente é produzida em todo o país e no território mineiro, principalmente nas regiões Central, Zona da Mata e Sul de Minas. Belo Vale se destaca como o município de maior produção do estado tendo produzido oficialmente 45 mil toneladas de frutos no ano de 2016.

Principais municípios produtores de tangerina ponkan em MG – Fonte: IBGE/PAM – 2016

Município Regiões Produção (mil t) % em MG
Belo Vale Central 45,0 21,3
Campanha Sul de Minas 24,3 11,5
Brumadinho Central 18,5 8,6
Piedade dos Gerais Central 18,2 7,1
Tocantins Zona da Mata 15,0 4,8
Total                                                                    

                        121,0

                                                         

             53,3

De laranja a tangerina

A cultura da tangerina ponkan teve início em Belo Vale pelos anos de 1957 quando o então produtor e comerciante de laranja Francisco Oliveira (Bidi) ganhou alguns galhos da planta de ponkan (ainda desconhecida). Aquelas galhas com borbulhas teriam sido doadas por alguém da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais e teriam vindo de Barbacena. A promessa era de que produziria frutos muito grandes e bonitos. Bidi e seu filho Chiquinho enxertaram as borbulhas e, com sucesso, produziram cerca de 100 mudas de tangerina ponkan. Essas mudas foram plantadas em Roças Novas e a produção dos frutos, cerca de 5 anos depois, foi um grande atrativo. Então Bidi e seus filhos começaram a fazer mudas a partir daquelas 100 primeiras plantas matrizes e vende-las na região. No ano de 1965 foi realizada a primeira comercialização em Belo Horizonte, com os frutos a granel. Realmente os frutos eram grandes e atrativos visualmente mas com pouco suco o que fez com que não tivesse boa aceitação. No ano de 1966 Bidi comercializou as frutas em Congonhas, durante o Jubileu. No final dos anos 60 e durante a década 1970 a produção de ponkan era pouco expressiva e pouco atrativa financeiramente ainda mais porque a produção e comércio de laranja estava em plena expansão e o mercado era garantido e seguro em Belo Horizonte – Mercado Central e Mercado Novo. No início dos anos 80 alguns produtores ousados iniciaram a produção comercial de tangerina ponkan. Nesta época os frutos já apresentavam melhor qualidade e aceitação. Em meados da década de 80, com a entrada da laranja de São Paulo em Belo Horizonte (CEASA) a concorrência ficou desleal, diminuindo o preço e a cultura de laranja começou a decair em Belo Vale. A plantação de tangerina foi tomando o lugar da laranja.

DESENVOLVIMENTO

A cultura da ponkan se adaptou bem ao nosso clima, os produtores aprenderam o cultivo e a atividade se mostrou rentável e atraiu novos produtores. Alguns em escala maior, principalmente na região de Roças Novas. Paralelamente, na mesma época, no município vizinho de Brumadinho a produção de tangerina ponkan também se consolidou e expandiu. Os frutos eram comercializados na CEASA e havia boa venda garantida para todos.

O ano de 1994 foi o apogeu da tangerina ponkan, quando uma caixa de frutos chegou a ser vendida pelo valor equivalente hoje a cem reais, o que causou grande euforia e ganhos financeiros.   A partir de 1995 teve início a “corrida da ponkan

Belo Vale é a maior produtora de ponkan de Minas

”.

Rapidamente os produtores rurais de Belo Vale foram iniciando seu pomares, de forma alternativa às atividades agropecuárias existentes e, alguns mais ousados, de forma definitiva e exclusiva.

A atividade foi se mostrando rentável e segura, atraindo mais e mais produtores que formavam novos pomares. Agora também nos municípios vizinhos – Piedade dos Gerais e Bonfim, além de Brumadinho. Foi aperfeiçoada também a técnica de produção de mudas em viveiros, enxertadas com as borbulhas retiradas de plantas com alta produção e boa qualidade de frutos. Este melhoramento genético, que possibilitou plantas resistentes, de grande produção e frutos de qualidade foi o sucesso do negócio. Com qualidade superior, os frutos ofertados atendiam a exigência do consumidor final.

Também a resistência da planta de tangerina ponkan a doenças como o CVC e cancro cítrico (bactérias) e pinta-preta (fungo) foi importante para manter a alta produção sem impactar os custos. Também possibilitou a manutenção de viveiros para produção de mudas.

NOVOS MERCADOS

No início dos anos 2.000, com a produção em grande escala e em constante crescimento, o mercado de Belo Horizonte já não mais absorvia as frutas produzidas em Belo Vale e região, incluindo Brumadinho. O preço despencou e alguns pomares ficaram até abandonados.

Mas rapidamente se abriram novos mercados, principalmente Rio de Janeiro e Espírito Santo. Logo em seguida os frutos já eram comercializados para a região nordeste. Não havia mais fronteiras para a tangerina ponkan e a cultura foi então crescendo ainda mais e a partir de 2010 de forma exponencial.

PRODUÇÃO ATUAL

Com emprego de tecnologias e tratos culturais adequados as plantas atingem alta produção e não é raro encontrar um “pé de mexerica formado” (a partir de 12 anos de idade) que produza 6, 12 e até 18 caixas de 20 kg (1.200 frutos).

Dados de campo, extraoficiais, indicam que Belo Vale tem hoje aproximadamente 4 mil hectares de área plantada (9% da área do município) com 2 milhões de plantas/pés de mexerica. Estima-se que a produção de frutos seja de cerca de 100 mil toneladas ou 5 milhões de caixas. Isto equivale a 350 milhões de frutos para a safra de 2018. Para tanto, o mercado foi ainda mais ampliando, sendo que atualmente são vendidos frutos para todas as regiões do país. Com a venda destas frutas deve “entrar” em Belo Vale cerca de R$ 60 milhões.

Produção de mexerica será a maior da história de Belo Vale

Com tamanha expressão, a cultura e o negócio da tangerina ponkan tem grande importância e impacto na socioeconomia de Belo Vale e região, gerando trabalho e renda para os produtores e trabalhadores rurais e movimentando comércio regional. Nunca ouve na história de Belo Vale uma atividade econômica que gerasse tanta riqueza e que fosse tão bem distribuída.

DESAFIOS

Com a tendência de aumento da produção, alguns desafios são colocados para manter a atividade de forma sustentável economicamente, socialmente e ambientalmente.

Destacam-se os seguintes desafios:

– Grande oferta de frutos em época concentrada de auge da colheita com redução de preço – não há beneficiamento industrial das frutas na região para absorver excessos de oferta.

– Disponibilidade limitada de mão de obra qualificada, principalmente na colheita que é toda manual – a vinda de famílias da região nordeste do Brasil e Norte de Minas tem causado impactos sociais.

– Necessidade crescente de uso de produtos agroquímicos para proteção de pragas e doenças – aumento no custo de produção e riscos de contaminação e intoxicação.

– Resistência depragas como o ácaro da falsa ferrugem que deprecia os frutos para o mercado.

– Ocorrência da doença Greening (bactéria) que é o maior problema da citricultura e tem causado sérios prejuízos nas grandes regiões produtoras de laranja no mundo – Flórida (Estados Unidos) e São Paulo. Esta doença tem alto poder de contaminação e “destrói” a planta de tangerina em pouco tempo – 3 a 4 anos. A contaminação e feita por um pequeno inseto que transmite a bactéria de plantas doentes para outras plantas podendo acontecer dentro dos pomares e também de um pomar para outro. As plantas infectadas não produzem mais frutos de qualidade e devem ser eliminadas o mais rápido possível para evitar novas contaminações. O controle do inseto transmissor é, essencialmente, com aplicação de inseticidas Esta nova doença aumenta os custos de produção e requer ainda mais atenção e esforço por parte dos produtores para evitar que se torne uma epidemia.

Dentro dessas perspectivas, e com o nosso reconhecimento, é que os citricultores de Belo Vale e região vem produzindo os atrativos e saborosos frutos de tangerina ponkan que são destaques em todo o país.

Autor:

  • Marcos Virgílio Ferreira de Rezende- Engenheiro agrônomo
  • Colaboraram os citricultores Jorge do Carmo (da Durica), Isaias Oliveira (do Bidí), Venceslau Oliveira (Lauzinho do Isaías) e Ademar Almeida (do Zé Flávio).

 

 

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