2 de maio de 2024 19:46

Caso Igor Mendes: quase 7 anos depois, PM acusado de matar jovem vai a júri

No dia 15 de setembro de 2017, Igor Mendes foi morto com um tiro disparado durante uma abordagem policial no centro de Ouro Preto. Desde então a sua família busca justiça e anseia pelo dia em que os responsáveis pelo crime sejam julgados. E esse dia está próximo de acontecer, pois em 14 de maio às 12h, no fórum de Ouro Preto, ocorrerá o júri do ex-PM acusado de efetuar o disparo. Os outros policiais envolvidos estão sendo julgados em outros processos.

De acordo com relatos, Igor estava indo para um show com amigos quando o carro em que estavam foi parado pela polícia. Durante a abordagem, Igor foi atingido por um tiro na cabeça, vindo a falecer. A versão da polícia afirma que o veículo descumpriu uma ordem de parada e que Igor teria feito um movimento brusco, levando o policial a acreditar que ele pegaria uma arma, o que resultou no disparo.

No entanto, familiares, amigos e testemunhas contestam essa versão, alegando que Igor não representava perigo e que a abordagem foi excessiva e violenta. Além disso, a família afirma que Igor não tinha envolvimento com drogas, contradizendo informações divulgadas pela polícia sobre substâncias encontradas no carro e nas vestes da vítima.

‘ANSIEDADE E MEDO’: FAMÍLIA AGUARDA RESOLUÇÃO NA JUSTIÇA COM ANGÚSTIA

Caso Igor Mendes: 7 anos depois, PM acusado de matar jovem vai a júri em Ouro Preto
Em 2017, usando camisas com o rosto de Igor Arcanjo Mendes, familiares e amigos acenderam velas e fizeram orações por ele na estátua de Tiradentes, no centro histórico de Ouro Preto

O jornal Galilé ouviu Nayara Mendes, irmã de Igor, que afirmou que a família aguarda pelo julgamento com uma mescla de sentimentos de ansiedade e medo. Isso porquê ao mesmo tempo em que anseiam um ‘ponto final’ dessa história dolorosa, os parentes temem que os acusados não sejam punidos com o rigor da lei.

Mas é uma forma, de mostrar que nossa luta não foi em vão e que crimes como esse não podem se repetir. Mas não vou mentir, é muito medo. Temos acompanhado diversas notícias, cada caso é um caso, mas temos visto casos em que jovens negros assassinados pela polícia militar têm os assassinos inocentados, ou então com penas que chegam a 3 anos. Então, temos um misto de ansiedade e medo, para te falar a verdade, e muito medo“, disse Nayara ao Galilé.

Na medida em que o dia 14 de maio é encarado como um possível fim para a sensação de injustiça, existe a noção de que a saudade e a dor que a despedida repentina de Igor causam, jamais deixará a família:“Tanto eu quanto minha família. Sabemos que, independentemente da sentença, nunca teremos o Igor de volta e nada mudará nossa dor e saudade. Mas é uma forma, né, de mostrar que nossa luta não foi em vão e que crimes como esse não podem se repetir”, revelou Nayara.

A mãe de Igor optou por não participar da audiência, pois não quer ‘dar um rosto’ ao horror que ela teve que passar por todos esses anos.

Alex Brito (PDT) fez questão de comentar o caso e trazê-lo à tona. O parlamentar afirmou que levará o assunto para a Câmara Municipal, como político e vereador da cidade, ele afirma que estará presente no dia do julgamento e convoca a população a se unir para garantir que casos como esse não voltem a ocorrer.

Brito também estaca também a importância de manter o caso em destaque: “Peço também que as pessoas se mobilizem para que casos como esse não voltem a acontecer. Já se passaram sete anos desde que uma família perdeu um ente querido e até hoje nada foi feito. Esperamos que isso nunca mais aconteça em Ouro Preto, e com isso pedimos à população que não se esqueça desse caso, que não deixe passar em branco, e que se mobilizem para esse grande dia que está chegando, o dia 14 de Maio“, finalizou Alex ao Galilé.

O advogado de acusação Yuri Assunção, que acompanha o caso desde 2017, contesta a alegação da defesa de que o réu agiu em legítima defesa putativa, ou seja, que ele acreditava estar em uma situação de legítima defesa, mesmo que essa crença não correspondesse à realidade. O advogado afirma que durante o julgamento, a acusação irá demonstrar que o réu é responsável pelo crime de homicídio qualificado: “O militar produziu o disparo de um fuzil para dentro do veículo, em direção ao crânio de Igor Mendes, ocupado por outras cinco pessoas. Dessa forma, ele tinha plena consciência do risco que produziu para a vida dos ocupantes do veículo, aceitando o resultado previsível (morte).Ele assumiu o risco de matar”, finalizou Yuri.

O jornal Galilé não conseguiu ouvir o advogado de defesa, mas segue aberto para publicar a versão do acusado. O júri acontece dia 14 de maio, às 12h, no Fórum de Ouro Preto, localizado na Praça Reinaldo Alves de Brito, bairro bauxita.

 

FONTE JORNAL GALILÉ

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