Sistema será totalmente digital e gerido por empresa; ao todo estarão disponibilizadas 1.280 vagas para carros e 400 para motos; valor chega a R$2,00 por duas horas
A empresa “Tecnologoia e Soluções e Mobilidade Ltda” já está trabalhando na implantação do estacionamento rotativo em Lafaiete. Já estão sendo demarcadas as vagas, sinalização e treinamento dos agentes, etc. Pelo edital o inicio de funcionamento começa agora na próxima terça feira, dia 1º de março.
Serão disponibilizadas em torno de 1.280 vagas para carros e 400 para motos em toda área de rotativo e não só apenas no centro, mas em ruas e bairros, totalizando 24 ruas. Ruas como Prof. Manoel Martins, Horácio de Queiroz, Melvim Jones, Feliciano Costa, Rua Benjamin Constant, Cefisa Viana,Marechal Floriano Peixoto, Dr. Campolina e Assis Andrade estão na lista onde será cobrado o rotativo. Toda despesa, contratação, divulgação, implantação e operação é por conta da empresa da licitação.
Muito cobrado pela população, o rotativo deve diminuir o numero de carros no centro e organizar o trânsito. Toda a cobrança será digital e até via celular.
Críticas
Em nota enviada a redação do JORNAL CORREIO DE MINAS, o ex gerente do transporte em Lafaiete, entre 2005/2008, Sérgio Pires, criticou a forma como está sendo implantado o rotativo em Lafaiete. Para ele, a prefeitura perde recursos já que a gestão do sistema é toda da empresa.Segundo ela poucas cidade usam o sistema adotado em Lafaiete.
Sérgio disse que a empresa irá cobrar 30,10% do valor da hora do estacionamento de R$ 2,00, ou seja R$ 0,60 por cada vaga para implantar e gerenciar o sistema de estacionamento rotativo. Para ela, a prefeitura pode perder quase R$800 mil/ano.
Leia na íntegra a nota enviada ao CORREIO DE MINAS. “Todo avanço tecnológico e sempre muito bem vindo e no caso específico, traz consigo inúmeras vantagens como as amplamente divulgadas, dentre as quais a democratização da utilização das vagas que por meio de um sensor vai mostrar as vagas ocupadas e liberadas para estacionamento, o pagamento por meio de aquisição de créditos eletrônicos nos postos de venda credenciados e por aplicativo compatível com smartphones via internet, etc.
O problema é que somos trazidos à realidade quando constatamos que todas estas benesses e vantagens têm um custo e, na maioria das vezes muito alto para remunerar a gestão do sistema, uma vez que, está gestão é remunerada pelo preço pago pelo usuário para a utilização do espaço público.
O gestor o público tem por obrigação quando do planejamento e implementação de qualquer sistema de gestão avaliar a relação custo x benefício, conveniência e oportunidade do projeto a ser implantado.
No Brasil somente pouquíssimas cidades utilizam esta tecnologia de gestão de estacionamento rotativos (parquímetros e outros nomes que lhe são dados) e, em Minas Gerais utilizam este sistema que está sendo implementado em Lafaiete somente 4 cidades de pequeno porte: Visconde do Rio Branco, Itabira, Rio Pomba e Ouro Preto.
Cabe a nós usuários perguntarmos o motivo pelo qual as cidades de médio e grande porte de Minas Gerais e do Brasil não utilizarem está tecnologia. Seria o desconhecimento desta tecnologia? Falta de vontade do poder público de implementar novas tecnologias melhorando a vida dos usuários? Com certeza o motivo preponderante é o custo que será repassado ao usuário, muito alto para pouco retorno. E ainda, a impossibilidade em tempos de crise de as prefeituras, iguais a de Conselheiro Lafaiete que passam por inúmeras dificuldades abrirem mão de receitas, sejam quais forem.
A gestão do estacionamento rotativo é extremamente simples e consiste em: demarcação das vagas e sinalização (Equipe do Departamento de Trânsito), venda dos tickets de estacionamento (permissionários e convênios CDL e Associação comercial) e fiscalização do estacionamento rotativo (uso e prazo dos cartões) atribuição dos agentes de trânsito municipal e/ou estadual. Todas estas equipes já remuneradas pelo poder público municipal e/ou estadual, portanto sem aumento de despesas.
De acordo com o processo licitatório CP 005/2015, do rotativo digital, a empresa vencedora TI MOB TECNOLOGOIA E SOLUÇÕES EM MOBILIDADE LTDA irá cobrar 30,10% do valor da hora do estacionamento de R$ 2,00, ou seja R$ 0,60 por cada vaga para implantar e gerenciar o sistema de estacionamento rotativo. Observem bem, não sinalizam, não fiscalizam, não vendem tickets ou prestam qualquer outro serviço que envolvam contratação de mão de obra ou retorno à sociedade.
Se estimarmos, subestimando, um número mínimo de 2.000 vagas nas 24 ruas predefinidas, com uma utilização mínima de 2 vezes por vaga/ dia têm-se uma arrecadação bruta de R$ 8.000,00/dia e, será pago à empresa TI MOB a quantia de R$ 2.408,00 /dia, correspondente a R$ 60.200,00 /mês ou ainda R$ 722.400,00 / ano.
Ao meu ver é muito dinheiro para pouca tecnologia.
As perguntas que ficam e precisam ser respondidas são:
1 – será que a administração municipal tão carente de receitas pode abrir mão deste valor (R$ 722.400,00/ano) com base tão somente, na necessidade premente (sic) de implantação de novas tecnologias, cujo retorno para o usuário será mínimo?
2 – Se a administração pública entende que pode abrir mão de receita por que então não diminuir o preço do rotativo para os usuários, uma vez que o principal objetivo do estacionamento rotativo e ordenar e democratizar o uso da via pública?
3 – Como ficará o reajuste do preço do estacionamento rotativo, uma vez que, quando a administração pública terceiriza uma atividade, fica à mercê dos pedidos constantes de reajustes para a manutenção do equilíbrio financeiro do contrato?
Cabe portanto, aos vereadores, Ministério Público e os usuários questionarem à administração pública a CONVENIÊNCIA desta implementação, uma vez que com a utilização dos recursos próprios da administração municipal seria feita uma gestão com menor custo gerando maiores recursos para aplicação no próprio sistema de trânsito como determina o Código de Trânsito Brasileiro.
Mas isso tem que ser feito com urgência, pois este processo foi homologado no início de dezembro de 201, sem maiores discussões com a sociedade, sem a manifestação dos vereadores e a Comissão de Trânsito que têm por obrigação legal levar ao conhecimento da sociedade as medidas que trarão impacto financeiro, ambiental, etc.
Está é portanto, a oportunidade de abertura de uma discussão mais ampla com a sociedade, vereadores e demais órgãos públicos sobre o tema”.
Foto de capa:Reprodução