“Continuo me orgulhando de pertencer ao PT”, destacou o deputado Padre João

Parlamentar não deixou de alfinetar a tentativa de aproximação entre o seu partido e o PSDB/DEM em Lafaiete para as eleições e defendeu candidatura própria do PT

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“Para mim o PT é uma instituição e como toda a instituição é passível de erros. Não podemos ser crucificados por erros que alguns integrantes do partido cometeram. Isso acontece nas famílias, na igreja e em todos os setores. Não podemos jogar uma instituição no lixo ou mesmo julgar o todo pelas partes”.

Esta foi a opinião do deputado federal, Padre João (PT), ao falar sobre a crise ética e avalanche de denúncias que recaem sobre o seu partido. O parlamentar esteve em Lafaiete na manhã do dia 27, na assembleia regional de seu mandato, que acorreu na Escola Padres do Trabalho, hoje IFMG. O encontrou foi marcado por um ato de refundação do PT na região como também de uma avaliação dos militantes acerca do momento por que passa o partido quando completou exatamente 36 anos.

Com uma fala pausada, Padre João foi discorrendo sobre a conjuntura nacional, estadual e seus desdobramentos no contexto municipal.  “Nós temos o segundo maior partido do mundo e perdemos apenas para o PC Chinês. Como não vou orgulhar de um partido que promoveu mudanças estruturais e serve de exemplo para o mundo em especial para a América Latina?”, comentou.

O parlamentar fez uma intransigente e acalorada defesa dos avanços sociais e econômicos dos governos Lula e Dilma. “O PT construiu um projeto de nação com avanços em todas as áreas e com reconhecimento internacional. Agora temos uma articulação de grupos de mídias, ligados aos setores conservadores e de direita, que querem desconstruir este projeto que em sua essência favoreceu os mais pobres. Estes setores oligárquicos não aceitam nosso governo e os avanços na educação, como as cotas para negros, o PROUNI, como o bolsa família, na moradia e nossa maior inserção internacional. A direita tenta desqualificar os avanços”, avaliou Padre João.

Golpe da mídia e protagonismo

Para ele há uma articulação de direita em conluio com interesses americanos para uma derrubada dos governos populares na América Latina. “Há uma orquestração da mídia contra o PT. Estamos sentindo esta onda patrocinada por interesses americanos no nosso continente e no nosso país apoiados e por diversos grupos retrógrados. Na Argentina estes setores tomaram o poder novamente. No Brasil vamos resistir”, defendeu.

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No plano internacional, para Padre João, o país assumiu um protagonismo jamais visto na política externa com um alinhamento político internacional abrindo novos e potenciais mercados. “Os Estados Unidos não aceitam nossa independência e nossa política influenciou toda a América Latina. Somos um dos fundados dos Brics, formado por economia como Rússia, Índia China e África do Sul. O Brasil lidera uma nova ordem mundial e muitos setores não toleram esta postura e movem todas as forças contra o governo. Estes grupos não deixam nada de graça”, resumiu.

Poder econômico

Padre João explicou que no Congresso o poder econômico têm seus sustentáculos. “No Congresso o que fala mais alto é o poder econômico e o os parlamentares são eleitos por fortes grupos que defendem apenas interesses de alguns setores. Vejam a mineração, os transgênicos, os agrotóxicos. É difícil vencer estes grupos infiltrados no Congresso. È uma luta insana e incansável que muitas das vezes nos deixa angustiados por que somos reféns dessa situação perversa. Perdemos muitas vezes em nossos debates e projetos, mas vamos permanecer na luta”, frisou, lançando críticas também ao governo federal. “Temos divergência com o governo federal. Por exemplo, não houve nenhum decreto de reforma agrária neste governo”, cobrou.

 “pisaram na bola”

Padre João também fez críticas ao partido e reconheceu os erros cometidos. “Não podemos negar que alguns pisaram na bola, como pode acontecer em qualquer instituição. O vírus da corrupção está presente em todos os lugares e precisamos estar em alerta. Precisamos buscar novos valores, mobilizarmos a sociedade e permanecer na vigília ética”, afirmou.

“Há muita parcialidade no judiciário, no Ministério Público na operação Lava a Jato. A imprensa tenta generalizar e nivelar todos os políticos”, reconheceu o deputado, afirmando “que as coisas não estão fáceis”.

Padre João fez uma revelação. “Nunca afirmei que deixaria o partido, mas estive perto de desfiliar do PT. Isso aconteceu em novembro do ano passado quando partido apostou na manutenção do deputado Eduardo Cunha. Parte do partido pressionou para que colegas na Comissão de Ética votassem a favor de Cunha. Defendi na bancada uma posição contrária e saímos vitoriosos. Foi o único momento em que me permiti que estaria saindo, mas não iria filiar a nenhuma sigla”, abriu seu coração o deputado. “Com chantagista a gente não negocia. Se gente negocia ele quer sempre mais vantagens”, pontuou sobre o presidente da Câmara Eduardo Cunha.

Crise na ponta

Padre João pontuou que a crise chegou a ponta da pirâmide social atingindo diretamente os mais pobres. Para ele, no ano passado, todas as obras do governo federal foram paralisadas diante da Operação Lava a Jato. “Mais de 20 mil empresas, sub empreiteiras, terceirizadas não podem contratar serviços do governo por imposição do Ministério Público”, disse. Para ele,  a direita quer aprofundar a crise ainda mais.

Impeachment

Padre João adiantou que esta semana será dolorosa para o governo federal já que o PSDB e outros partidos voltarão com a tese do impeachment. “Com a prisão do marqueteiro, João Santana, os grupos ganharam força e ainda mais alimentados pela mídia. Tudo não passa de oportunismo, mas infelizmente apostam na fragilidade por que passa o governo federal”, resumiu.

Para Padre João, eleição de Pimentel “não foi conquista e vitória caiu no colo”

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Para Padre João a eleição de Pimentel não foi uma conquista. “A eleição caiu no colo graças principalmente a classe dos professores e outros segmentos organizados. Pimentel está preocupado com sua base na Assembleia e não se importa se o parlamentar é adversário do PT na base”, ponderou, citando, por exemplo, o deputado estadual Tiago Cota que deixou o PV e foi para o PMDB, aderindo ao governo.  Em contrapartida pela suposta fidelidade, todas as indicações e demandas em sua região passam prioritariamente por seu gabinete. “Esta realidade também acontece em Lafaiete”.

 

Militância

“Partido que não se reúne se torna refém de caciques. As decisões têm de ser coletivas senão igualamos aos demais partidos. Não podemos ser apenas uma sigla que busca o poder somente”, frisou.

O grande desafio

O grande desafio do governo será reforma da previdência em que o teto da aposentadoria será aumentado.

3º mandato

Já no final de sua fala, quando a reunião estava próxima do final, já com mais de 4 horas de duração, padre João admitiu que, mesmo contra sua vontade, irá buscar o 3º mandato na Câmara dos deputados. Esta deliberação foi unânime da assembleia geral de seu mandato.

 

Padre João defende distanciamento de PSDB e DEM em Lafaiete

Padre João falou com carinho quando tocou na região em especial no Alto Paraopeba onde nasceu seu mandato. Ele enumerou os avanços do governo federal na região em especial com a instalação do IFMG e Universidade Federal de São João Del Rei.

Para ele, a volta do PT ao poder em Conselheiro Lafaiete é estratégica, como também em Congonhas. “Acredito que em Congonhas vamos manter uma coligação como o PSDB já que esta união é histórica. Mas em Lafaiete defendo uma candidatura própria. Não podemos nos unir com partidos que são nossos adversários e conspiram um golpe contra nosso governo, como o PSDB e DEM”, criticou.

Democracia interna e saída de Francis

Para encerrar o encontro regional, os candidatos apresentaram seus nomes para a discussão interna e aprovação para o cargo de assessoria parlamentar regional no Alto Paraopeba. Quem vencer substituirá Francis Montoun que deixará a função para assumir a campanha de prefeito em Lafaiete. Ao contrário da maioria dos deputados, é a assembleia do mandato que escolhe democraticamente os assessores regionais.

Padre João tem uma estrutura de 14 gabinetes em Minas. O número se explica pela sua ampla votação em 776 municípios de Minas. “È bom saber que nosso mandato hoje não é somente da região e nossas bandeiras são universais”, encerrou o deputado.

Justificativa e contradição

Em uma das falas de diversos militantes e apoiadores, uma delas chamou a atenção pelo seu teor crítico. “Estamos muitas das vezes com um discurso contraditório do que sempre pregamos. Não podemos aqui ficar justificando nossos erros como escudo de defesa pelos erros cometidos por outros governos. Muitos casos de corrupção aconteceram na época de FHC e nem por isso podemos ficar defendendo nossos erros atacando os dos outros. Chegamos ao poder para fazer diferente e não conseguimos emplacar nosso principal diferencial que seria a ética”.

 

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