Já aproximava o dia 17, quando encerrou-se a sessão em que o Secretário de Desenvolvimento Econômico, Alessandro Dalla Vedova, foi sabatinado pelos vereadores. Em menos de um mês era a segunda vez que fora convidado a explicar e detalhar as ações dos últimos 3 anos a frente da pasta.
A reunião foi antecipada por um clima de confronto, mas o que se presenciou foi certa cordialidade de ambos os lados, apesar de rispidez em alguns momentos. “Ainda não fiquei satisfeito com tudo que ouvi aqui. Tenho dúvidas e algumas perguntas não foram respondidas. Mas vou continuar cobrando via requerimentos”, justificou o autor da convocação, o Vereador João Paulo Pé quente (DEM).
Já o secretário deixou a casa satisfeito com sua performance. “Volto quantas vezes for necessário. O meu telefone está à disposição de todos os vereadores. Quero deixar aqui o meu respeito a todos e o que for pelo bem da coletividade estamos juntos”, frisou.
Por diversas vezes o secretário repetiu o chavão de “era uma honra estar na Casa”. Em tom desabafo, já quando o cansaço tomava conta da pequena plateia que resistiu até ao fim à maratona de perguntas, como também dos vereadores, Gildo Dutra fez críticas indiretas a convocação do secretário. “Eu lamento já que votei contra a recondução do secretário a esta Casa. Ele respondeu aos mesmos questionamentos da primeira sabatina. Todas as dúvidas foram sanadas já na reunião anterior. Discordo aqui de alguns de meus colegas, não de todos”, provocou. “Acho que é sim papel do secretário vir a esta casa quando vezes for necessário e é nossa missão convocá-lo”, rebateu Zezé do Salão (PMN).
A reunião
A sessão iniciou com certa tensão provocada pelo clima dos bastidores. João Paulo começou cobrando explicações sobre a ingerência do secretário junto aos vereadores na tentativa de abafar o requerimento. “Por qual motivo o senhor ligou para os vereadores pedindo para reprovar sua vinda nesta Casa? Isso é atrapalhar nossos trabalhos”, questionou. Dalla Vedova confirmou a versão. “Eu liguei sim e até mesmo conversei sobre algumas tratativas pelo desenvolvimento de Lafaiete. Jamais agiria desta forma de persuadir qualquer vereador a meu favor”, contra atacou. O Vereador Benito Laporte confirmou que recebeu ligação do secretário, porém não comentaram sobre a votação do requerimento.
O debate entre Dalla Vedova e João Paulo durou mais de 35 minutos entre réplicas e tréplicas. “Isso é uma discussão muito pequena diante de tantos desafios que temos a frente”, pontuou o secretário ao rebater a pergunta de Pé Quente sobre o suposto financiamento público do dossiê que os vereadores intitularam como “álbum de figurinhas”. “O que está ali são fatos, fotos e dados. Agora cada vereador julgue á sua maneira, mas é a realidade dos fatos. Cada um tire as conclusões”, ponderou Dalla Vedova.
João Paulo fez diversos questionamentos sobre a secretaria, como a apresentação de um laudo do corpo de bombeiros no prédio da pasta da educação. Pé Quente insistiu que o dossiê seria uma promoção do prefeito e do secretário. “Não adianta culpar a crise. O senhor está na secretaria para driblar estas vicissitudes”, cutucou.
Em certos momentos, Dalla Vedova criticou Pé Quente afirmando que “a instituição não seria maior que um vereador”. João Paulo pediu respeito.
O vereador Sandro José (PSDB) fez cobranças em relação à ocupação do parque de exposições durante o ano e sua falta utilização. Dallava Vedova disse que até batismo de evangélicos ocorreu no local. Pastor Boaventura ameaçou a criação de uma CPI já que o Estado é laico e estes tipos de cessões do local são proibidos pela Constituição.
Sempre enumerando suas ações e as relações institucionais da sua secretaria, Dalla Vedova foi pontuando cada pergunta, respondendo sobre as ações na agricultura, no comércio na indústria e no turismo.
Sandro retrucou o secretário. “È muita enrolação e pouco resultado. Parece que o senhor que quer colocar os vereadores contra o circuito Villas e Fazendas”, criticou. Ele também foi questionado sobre a regularização do terreno da Pedra do Urubu, área de mais de 200 mil m² situada às margens da BR 040. Sandro também pediu atitude sobre a criação do cinturão de fornecedores. “Estamos avançando neste sentido. No início do governo nossa secretaria nem existia. Se não avançamos naquilo que propusemos, pelo menos a cidade ganhou visibilidade, pois antes sequer era conhecida”, disse Dalla Vedova.
Pastor Boaventura (PSDB) cobrou ações efetivas citadas no dossiê como na agricultura e da implementação da compra de produtos dos produtores rurais para a merenda escolar. O secretário explicou que faltavam certificação dos produtos, através do Sistema de Inspeção Municipal, o SIM, e a organização dos produtores rurais.
O Vereador Pedro Loureiro (DEM) discorreu sobre a agroindústria e o agronegócio, áreas pouco exploradas em Lafaiete. Ao ser cobrado por Loureiro sobre a geração de empregos de sua pasta, Dalla Vedova disse que deixaram a economia informal mais de 2,3 mil empresas pequeno porte nos últimos 3 anos. Zezé do Salão solicitou mais informações da prefeitura em diversas pastas e elencou perguntas não respondidas a contento. “Vejo que não houve vitória como disseram alguns na sabatina anterior.Também quero frisar que não há clima de hostilidade da Casa em relação ao secretário. Vamos continuar cumprindo nosso papel em busca de informações e cobrando resultados”, finalizou Pé Quente.
Fotos:CORREIO DE MINAS
