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Volta dos trens: Especialista assegura que ferrovia é mais viável, mais segura e menos poluente

Loby econômico e falta de apoio político são os principais

entraves para volta do trem de passageiros

Enquanto outros países investiram no transporte ferroviário, na contramão, o Brasil se curvava ao loby da indústria rodoviária. Este cenário da década de 50 do século passado tem reflexos diretos no crescimento do país e desenhava o gargalo da infra estrutura nacional.

Os investir no transporte rodoviário o país optou por um desenvolvimento que prioriza ao poder econômico, da indústria do asfalto, das empresas que prestam serviços de manutenção/construção de estradas.

Coube ao engenheiro Afonso Carneiro desmitificar de que o investimento em ferrovia é mais caro e inviável no Brasil. “Ao contrário do loby das grandes empresas ligadas a rodovia, ferrovia custa menos, exala menos carga poluente, pouco mata, é mais segura e economicamente mais viável em todos os sentidos”, explicou, que entre 2003 a 2012 trabalhou no Ministério dos Transportes.

Ele apontou que retomada de investimentos na malha ferroviária será salvação para o crescimento do país. “Sem dúvida a ferrovia vai tirar o Brasil do atraso e colocá-lo nos trilhos do crescimento. O sistema ferroviário em todos os aspectos é mais viável. Temos que investir no setor”, afirmou. Para ele a pressão da sociedade é capaz de mudar esta concepção em contraposição ao loby econômico da indústria rodoviarista e seus segmentos.

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Após sessão lideranças pousaram para foto; proposta ultrapassa as barreiras de Lafaiete

Durante sua palestra ele explicou que já existe o estudo técnico de viabilidade econômica da volta do trem de passageiros pelo ramal do Paraopeba, saindo de Belo Horizonte, estação do Horto, passando Sabará, Raposos, Nova Lima, Rio Acima, Ouro Preto, Miguel Burnier até chegar a Lafaiete. “No Governo do Estado poucos entendem de ferrovia. O que temos é pressionar o Governador a partir desta Casa. Só assim vamos conseguir que a volta do trem seja uma realidade que pode mudar a economia da região”, sintetizou. Segundo ele falta apenas o projeto executivo para implantar os ramais dos trens de passageiros em Minas.

Carneiro adiantou que a malha ferroviária já está pronta faltando reparos e investimentos de um operador que poderia ser da iniciativa privada ou mesmo o próprio Estado.

O estudo de viabilidade, encomendado pelo Estado no ano passado e elaborado pela Universidade Federal de Minas Gerais, aponta que 4 vagões seriam viáveis para reativa o trem de passageiro ou turístico entre Lafaiete e BH. “Na verdade falta mesmo vontade política tanto do Estado como da União. Os lobys agem nas agências reguladoras como também nas secretarias como de obras públicas. No estado quando se fala em transporte só tem olhos para a rodovia”, criticou Carneiro. Para ele inversão desta lógica depende da pressão da sociedade. A principal fonte de investimento poderia vir do Estado através do repasse que as concessionárias das rodovias, como a Via 040, anualmente pagam pelo arrendamento, cerca de R$ 700 milhões ao governo federal.

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Mesa da audiência: Carlos Magno, Gildo Dutra, Dala Vedova, Vitor Pena e Pedro Loureiro

Ele também lançou dúvidas de que a MRS teria intenção em assumir a volta do transporte ferroviário. “Estas empresas concessionária somente tem olhos para o transporte do minério e de grãos pelos grandes canais ferroviários. Muitas das vezes os ramais e trechos não utilizados no malha ficam abandonados”, disse Carneiro.A audiência foi convocada após aprovação do requerimento de Carlos Magno e Gildo Dutra

 “Trem Bão de Minas” leva projeto ao governador

O Presidente da Associação “Trem Bão de Minas”, fundada em 2008 para incentivar a volta dos trens de passageiros, adiantou que a entidade vai se reunir com o Governo do Estado no próximo dia 5 de julho, na Cidade Administrativa. “Nós já temos o acervo completo das etapas, das audiências e do estudo de viabilidade e a reutilização da malha. Vamos a entregar pela primeira vez ao Estado de maneira formal e retomarmos um canal de diálogo pra fazer pressão para que nosso projeto saia do papel”, disse o Presidente da entidade e ex ferroviário, José Antônio Oliveira, um do mais entusiastas pela volta do trem de passageiro.

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Público aderiu ao projeto da volta dos trens;Região já dispõe da malha ferroviária para retomar o trem de passageiro como de carga

Segundo ele as cidades do Alto Paraopeba não manifestaram posição quando o Estado abriu o processo PMI (processo de Manifestação de Interesse) no lote entre a Capital Mineira a Lafaiete. “Faltou participação das cidades nesse sentido”, avaliou.

Estação de passageiros Lafaiete
A ferrovia está ligada ao desenvolvimento de Lafaiete desde o final do século XIX ; Volta do trem de passageiros pode impulsionar o a economia

Uma carta de intenções da audiência pública foi elaborada contendo proposições como a criação de fundo de investimento pelo Estado, criação de uma frente parlamentar pelo transporte rodoviário e criação de escolas de formação na região.

O Secretário de Desenvolvimento Econômico de Lafaiete, Alessandro Dala Vedova, frisou que o desenvolvimento regional passa pela reativação das linhas regionais da ferrovia no Estado. “Temos que conversar com a iniciativa privada ou mesmo o governo. Não precisamos falar em falta de recursos, mas em investimentos”, ponderou.

Privatização estrangulou sistema de ferroviário

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Vítor Pena, Presidente do SINTEF

Logo no início da audiência, Vítor Pena, o Presidente do Sindicato dos Ferroviários de Conselheiro Lafaiete, criticou a privatização em 1986 da malha ferroviária no Brasil.

Ele associou o trem á cultura de Minas. “O trem está no coração do mineiro e é a identidade desse povo. Pela ferrovia muitas cidades nasceram”, analisou.

Porém ao privatizar as ferrovias, o governo deixou de fiscalizar o setor. Segundo ele a malha onde opera a MRS é voltada exclusivamente para minério e soja. “O que a sociedade ganha com isso? Somente as grandes empresas”, afirmou.

Para Pena, a MRS já lucrou 5 vezes mais o valor investido na concessão.

Segundos dados do sindicato passam pela malha 500 mil toneladas por dia de produtos. A vale, a América Latina Logística e a MRS formam o maior grupo privado do mundo no setor de ferrovias. “Lógica foi abandonar o setor para justificar a privatização. Quem perdeu foi o país que apostou na construção de rodovias onerosas e caras. Na contramão perdemos o bonde da história”, disse Vítor Pena.

“Quem paga o pedágio não é dono da carreta ou de uma empresa. Quem paga é o cidadão já que o valor do pedágio será transferido para o produto que chega a mesa de todos nós”, disse Afonso Carneiro. “As ferrovias são a ligação entre pobres e ricos, entre o sonho e a utopia, entre as aldeias e as cidades”, discorreu o professor Helvécio.

Fotos;Fato Real

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