Projeto inspirado na pista do falecido cantor Chorão no Guarujá-SP é dos mais completos no país e é resultado de uma grande luta dos skaitistas de Congonhas
O uso acontece ainda antes de a empreiteira realizar os últimos reparos, como forma de testar a obra. Esta é uma reivindicação antiga, que começou a ganhar força, em 2013, graças à união dos cerca de 40 praticantes de Congonhas e a Prefeitura. Construída no pátio da Rodoviária, o modelo Skate Plaza possui uma street (ou pista com várias rampas e outros obstáculos) com extensão de 600 metros e, no centro, o bowl (enorme bacia que chega a ter 3,5 m de altura), que permite aos adeptos do Skate e do BMX (modalidade praticada sobre um tipo de bicicleta especial) realizarem outras manobras radicais. Antes os garotos se arriscavam em alguns pontos da cidade, como na própria Rodoviária, ruas, avenidas, praças que acabavam danificadas e em mini ramps já desgastadas pelo uso e que não contemplavam integralmente aos anseios deles. Skatistas e os responsáveis pela obra estudam agora mais medidas que garantam segurança aos praticantes e ao público em geral.
O projeto, inspirado na pista do cantor Chorão, no Guarujá-SP, foi amplamente discutido pelos garotos da cidade com o também skatista, urbanista e arquiteto Aníbal Bravim, através de uma página do Facebook, que atingiu mais de 5 mil visualizações. Matheus Rezende Eringer, 24, congonhense que mora atualmente em C. Lafaiete, lembra que em 2013, um grupo de jovens foi até a Prefeitura pedir a construção de uma pista. “Tinha umas mini ramps pela cidade, mas que estavam deterioradas. Recebemos a promessa de que nos próximos anos nossa pista estaria funcionando. Hoje venho direto a Congonhas por outros motivos e sempre com meu skate na mochila. Ficou show. A galera de Lafaiete e de BH também está sempre com a galera daqui, trocando experiência”, comenta.
Jeff Park, 23, da Basílica, skatista desde os 12 anos, foi um dos líderes do movimento desta reivindicação, apesar de abrir mão deste título. “Não podíamos rodar pra lado nenhum, que alguém reclamava. As mini ramps não nos atendiam mais. A coisa aqui começou bem com alguns garotos, como o Rafael, Lucas, Felipe, Rian e Edgar, trabalhando na obra. A pista ficou muito boa, há ainda reparos, como no Bowl, para torná-la melhor, mas a estrutura vai possibilitar a evolução da galera e o surgimento de novos praticantes. A street tem vários obstáculos e está pronta para treinos e competições de alto nível. Josué Simplício Silva, 18, do Lamartine, também comemora a abertura da pista. “Antes o rolé era em qualquer lugar. Ficou boa demais, novidade pra Congonhas. Melhor pista da região”, diz.
Já Thiago Gonçalves, 31, do Eldorado, outro atleta engajado no movimento, ficou parado por três anos por falta de espaço adequado em Congonhas para a prática do esporte. “Teve amigo que se mudou e outros que até faleceram antes de ver uma pista como esta. Esta, sem dúvida, está entre as melhores do Brasil. Há sempre o que melhorar, claro. A pista de street ficou excelente. Agora nós vamos orientar os ciclistas que não são do BMX a não usarem a pista e o bowl, porque elas danificam a obra e causam riscos a todos nós”, comentou. Na mesma linha, Lucas Costa Oliver, 21, do Grand Park, solicita placas que orientem os praticantes a usarem capacete, cotoveleira e joelheira, que evitariam contusões. “As placas de conscientização podem evitar acidentes. Nós adultos temos de dar exemplo. Estas placas chamariam atenção também de pais e outros responsáveis para cuidados que teriam de ter com as crianças”, alerta. A Prefeitura avalia esta e outras reivindicações, como a instalação de tela grossa, separando a pista de skate da de corrida e caminhada. Do lado mais próximo do prédio da Rodoviária, uma passagem elevada também será construída. Esta ligará os passeios que compõem a pista usada por corredores e caminhantes.
Provavelmente ainda em outubro, os skatistas irão realizar a Batalha da Rodô, com competição, rap e reggae.
Fonte: Alô Congonhas