Água turva: Prefeitura cobra de Mineradoras estudo sobre qualidade da água em Comunidade

A Prefeitura de Congonhas, atendendo aos moradores do Barnabé e região, promoveu uma visita técnica pela extensão do Córrego do Meio, para verificar a quantidade e qualidade da água que é consumida no bairro. Este curso d’água nasce na área da Vale e segue pela da CSN, onde fica o ponto de captação de água para abastecimento daquela comunidade. Os moradores do Barnabé alegam que depois do início da construção de um dique pela Vale, a vazão e a qualidade da água foram afetadas, gerando escassez hídrica.

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Prefeitura promove visita técnica pela extensão do Córrego do Meio, para verificar a quantidade e qualidade da água que é consumida no bairro

Participaram da visita os secretários municipais Christian Souza Costa (SDS), Rosemary Benedito (Obras) e outros servidores das duas pastas, representando a Prefeitura; o encarregado de Sistemas da Copasa, Joel Jose de Souza; e uma comissão de representantes dos moradores do Barnabé.

Esta comitiva esteve em dois pontos do córrego, na área da Vale e da CSN, e verificou que a água realmente apresenta uma turvidez excessiva para consumo humano, principalmente após a passagem por um trecho de estrada que pertence à CSN, na altura de um viaduto acima do Pires, e que estaria contribuindo para essa situação, com carreamento de material. As empresas alegam que essa alteração na cor da água estaria dentro dos limites permitidos por lei e que nem a vazão foi afetada pela construção do dique da Vale.

O Governo Municipal, através da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável (SDS), já está requisitando todos os documentos referentes à obra do dique e também laudos que atestem a manutenção da vazão original do córrego, inclusive após o empreendimento ter início, já que a Vale não possui outorga para captação e uso dessa água. Busca também junto à CSN soluções para evitar o carreamento de material, que tem aumentado a turvidez da água que chega até o Parque Ecológico da Cachoeira e a comunidade do Barnabé.

Água encanada

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A Comissão de representantes dos moradores do Barnabé também participou da visita

A Copasa informa que uma solução técnica já esta sendo buscada em parceria com a Prefeitura para que o abastecimento das casas do Barnabé seja feito a partir da rede instalada no bairro vizinho, Santa Rosa. Esta medida, segundo a concessionária garantirá água tratada para toda a população da localidade em breve. A Prefeitura se propõe a assinar um convênio para que ela mesma crie a infraestrutura necessária neste e em outros bairros para abastecimento de água e coleta do esgoto. A Copasa informa que, neste caso, não usará água do córrego que vem das mineradoras para o abastecimento das casas do Barnabé.

“Ainda que a Copasa descarte o uso da água que passa pelas mineradoras para garantir o abastecimento do Barnabé, vamos trabalhar para que essa água continue chegando até a comunidade em bom volume e estado, para que possa ser usada para outros fins, como em hortas e criação de animais, já que se trata de uma localidade com características rurais e que tem nessa água um patrimônio secular”, afirma o secretário de Desenvolvimento Sustentável, Christian Souza Costa.

Comunidade engajada

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Os moradores do Barnabé alegam que depois do início da construção de um dique pela Vale, a vazão e a qualidade da água

Um dos líderes da comunidade, Josélio Morais Osório, salienta a importância de o Governo Municipal estar articulando com a Copasa e as mineradoras a solução do problema. “Agora a coisa tende a caminhar, porque além da participação do Poder Público, a comunidade está arregaçando as mangas”, diz. Dos cerca de 250 moradores do Barnabé, 200 adultos haviam participado de um abaixo-assinado que foi entregue ao secretário Christian e ao Ministério Púbico, contendo o histórico de reclamações anteriores sobre a poluição e escassez da água do Córrego do Meio.

Josélio diz afirma, há dois anos, os moradores do Barnabé não utilizam aquela água para tomar banho, beber ou fazer comida. “Não temos observado problemas recentes de saúde relacionados ao córrego, porque buscamos água em uma mina na Fazenda Velha, de propriedade da Vale. Ou é isso ou comprar água mineral”, enfatiza.

Além dos moradores do Barnabé, dependem da água do córrego quem mora no Loteamento Vieira, onde há três famílias; no sítio que fica próximo à PRF; e oito casas do outro lado da BR-040. Na memória do líder comunitário está a semana que, nem para aguar a horta, baixar a poeira ou outro fim, puderam contar o este recurso natural:“Entre o final de agosto e o início de setembro, o nível do córrego caiu consideravelmente, não só pela falta de chuvas naquele período, mas porque uma bomba da Vale teria estragado, e parado de bombear a água do dique de volta para o leito do curso d’água”.

Sobre a medida proposta pela Copasa, de criar a rede de distribuição do bairro e ligá-la ao do Santa Rosa, Josélio, lembra que o próprio responsável pela Copasa admitiu que será necessário o bombeamento desta água para que a parte alta também seja abastecida.

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