Em um discurso inflamado e emocionado, o diretor do presídio de Lafaiete, Gelsimar Neves pediu a quebra de paradigma e preconceito ao local. A declaração aconteceu na noite de ontem, dia 30, durante audiência pública para discutir a segurança pública.
O presídio foi criado há mais de 35 anos para abrigar até 100 detentos, mas hoje comporta 273m, chegando a ter 330. “Ali não bota fora ou lixeira. Somos uma família e oferecemos tratamento psicológico aos detentos e suas famílias, tratamento dentário, entre outros benefícios na tentativa de humanizar. Ali ficam pessoas humanas e a sociedade precisa visitar o local para conhecer de perto esta realidade. Gostaria que todos aqui fossem lá ou mesmo as associações e os moradores”, comentou.
Gelcimar Neves disse que todos os presos estão com seus processos em andamento. “Quando eles fazem manha ou pirraça faço como uma mãe e aplicou um castigo”, comparou. “Todos têm de visitar o presídio para saberem o quando vale a pena ser correto”, assinalou.
APAC
Ao mencionar que o país deveria adotar a pena de morte, em casos específicos, o vereador André Menezes (PP) foi retrucado por Marco Antônio da Silva, Presidente da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC). “Não podemos ter esta distinção porque estamos defendendo o direito vida, conforme diz a constituição. Temos que fortalecer os dois lados já que somos vítimas e todos temos famílias. A situação precisa ser tratada com respeito e confiança”, posicionou.
Ele enumerou os avanços conquistados pela APAC nos últimos 5 anos e adiantou que ela será certificada, entre 5 de Minas, pelo Governo do Estado. Na entidade já são oferecidas 185 vagas para os detentos em busca da ressocialização. “O estado não está dentro da cela e a APAC quebra a hierarquia do crime. A reincidência para o crime é de 10% enquanto no presídio é de 60%”, comentou, afirmando a metodologia recupera e insere novamente os detentos na sociedade.
São oferecidos diversos cursos e em breve a intenção é aumentar os assistidos com 60 novas vagas. A criação da APAC feminina começa a sair do papel e vai anteder cerca de 40 detentas. “Na APAC é o detento que paga sua refeição com o trabalho”, disse o Juiz Paulo Roberto.
Desabafo
A advogada e servidora pública, Regina Severino, usou a tribuna popular, para denunciar que a maioria dos presos é negra e em sua maioria jovens de até 25 anos. “Antes a violência estava ligada aos mais pobres. Quando debatemos este tema aqui é porque ela chegou às classe média e alta’, comentou.