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Home Colunistas>Garimpando

Uma rua encantada verdadeiramente encantada – 6

por Avelina Noronha
2017/04/28 , 17:47h
em Colunistas>Garimpando
Garimpando – Uma rua encantada verdadeiramente encantada 3
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                                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                      [email protected]

O SERVO DE DEUS

SEXTO CAPÍTULO

Imagem da Internet

Os bandoleiros continuavam com a bebedeira.

            Teodoro começou o difícil relato:

            – Primeiro vou falar do Moisés. Eu sei que sinhazinha gostava muito dele. Mesmo antes, quando criança, nunca fez pouco caso dele, mesmo ele sendo um enjeitado, porque todo exposto é um enjeitado, costuma sofrer muita humilhação. Mas sinhazinha sempre foi boa com ele. Quando apareceu na porta da casa do Coronel, pai de vosmecê, lá na cidade, do modo como fazem com os expostos dentro dum cestinho, com umas pedras de ouro amarradas num pano, muita gente pensou que fosse filho do Coronel com alguma índia que pôs o menino lá para ele criar. Ou de um amigo dele. Como o Coronel tinha muito filho bastardo, ficou por isso mesmo. Vosmecê lembra como sinhá Cândida, mãe de vosmecê, implicava com Moisés? Ela devia acreditar naquela história.

            Umas lágrimas escorreram na face de Francisca

            – Moisés… Eu só pensava nele, dia e noite. Dormia pensando nele, sonhava com ele, acordava com o seu rosto no meu pensamento. Mas ele me abandonou, em vez de me defender. Ele foi covarde. Sumiu e me deixou sozinha com minha dor…

            – Não, sinhazinha, ele não foi covarde. Vou contar pra vosmecê, mas, antes, preciso revelar um segredo que eu guardei até este momento. Moisés era meu filho.

            Francisca espantou-se. Nunca lhe passara isso pela cabeça.

            – Mas por que, seu Teodoro, o vosmecê, que é um homem tão bondoso, abandonou seu filho? Não foi cruel para ele não ter um pai a seu lado?

            – Eu sofri muito, sinhazinha, muito mesmo.

            – Mas por quê? Vosmecê sabia que já havia dois expostos na fazenda e não eram criados como os filhos legítimos, mas às vezes até com crueldade. A vida de Moisés não era tão boa assim…

            Teodoro, então, resolveu contar a história toda a Francisca:

            – Um dia, o Coronel Bento mandou que eu fosse numa fazenda pros lados da Paraopeba comprar um cavalo de raça. Foi lá que eu vi uma escrava muito bonita, morena cor de cobre, cabelos pretos e grossos, mas lisos, tão longos que iam até nas cadeiras.

            Conversando com um escravo de lá, ele me disse que era uma índia puri, pega a laço, e que morava na fazenda.

            Francisca até esquecera as suas aflições ouvindo a história de Teodoro. Mas o homem parecia ter se cansado e calou-se, perdido em seus pensamentos. A moça não resistiu:

            – E então, seu Teodoro, o que aconteceu depois?

            Antes que ele respondesse, ouviu-se uma gritaria! Parecia estar havendo uma confusão. Três homens se engalfinhavam e gritavam:

            – É minha!

            – Não! É minha!

            – De nenhum dos dois. É minha!

            Teodoro ficou apavorado. Francisca começou a chorar.

            A briga estava se aproximando deles até que… um tiro, mais outro, mais outro.

            Dois homens caíram ao chão. Pareciam mortos. O outro segurava o braço e gemia desesperadamente. Os companheiros foram acudi-los. Depois, naturalmente cansados pela confusão, sentaram-se de em volta da fogueira e os prisioneiros foram novamente esquecidos.

            Já também mais serenados, o homem e a moça retomaram a conversa. E disse Teodoro:

            – Senti que a índia também tinha gostado de mim. Quando passei na porteira da fazenda, virei-me para trás e vi que ela também me olhava. Fui andando devagarinho e percebi que ela vinha caminhando atrás, apertando o passo, até ficar pareada com o cavalo. Eu não sei o que me deu. Não pensei se era certo, ou se era errado. Num impulso, agarrei a moça e a coloquei na minha garupa. Saímos disparados, eu puxando o cavalo comprado e, quando chegamos mais longe, apeamos. Abracei a índia e vi que ela tinha gostado. Depois ela montou o outro cavalo e fomos para Queluz. Antes de ir para a fazenda, passei na casa do senhor vigário e contei tudo pra ele. Quando menino, eu tinha sido coroinha e o ajudava na limpeza da igreja e de sua casa. Ele me ensinou a ler, a escrever e muita coisa mais. Até um pouco de latim eu aprendi.

            – Mas que história mais bonita, seu Teodoro! E aí? O senhor levou a índia para a fazenda?

            – Sinhazinha, eu não podia adivinhar a reação do Coronel… Vosmecê me desculpe a falta de respeito, mas eu tive medo de que o Coronel tomasse a índia de mim. Por isso fui ao padre pedir que fizesse nosso casamento em segredo e, até que ele arrumasse tudo, Irati – foi o nome que ela me deu – ficou na casa de uma velha parenta que eu tinha no caminho do Morro do Chapéu. Acabou ela ficando por lá, mesmo depois do casamento. Toda folga que eu tinha, eu corria para lá.

            Francisca escutava interessada.

            – E ninguém desconfiou de nada?

            – Não. Ficou tudo bem escondido. Um dia Irati me disse que estava prenhe. Eu não aguentei de satisfação. Quando ela começou a passar mal para ter a criança, eu estava no rancho. O parto foi difícil e, uma dor para a minha vida inteira, ela não resistiu. E eu, além da dor, estava com uma criança nos braços, sem saber o que fazer. Foi então que esperei a sombra da noite, coloquei o menino na cesta e deixei na varanda da casa de vosmecês lá na vila. Antes, bati na porta com muita força e saí correndo. O barulho das batidas, além do choro da criança que se assustara, chamou a atenção das escravas. Foi um rebuliço só. Eu mesmo corri com elas para ver o que era e ainda carreguei o cestinho para dentro de casa.

            – Foi assim, sinhazinha, que Moisés começou a vida. Quando ele era bem pequenino, eu fingia nem ligar para ele pra não despertar suspeitas. Depois que cresceu, arranjei um jeito de ele me ajudar e assim ficou meu amigo. Eu gostava tanto de ver vosmecês brincando! Mas quando cresceram mais, comecei a ficar preocupado. Parece que eu estava prevendo o que ia acontecer…

            Francisca falou tristemente:

            – Eu nunca esqueci Moisés… Mas ele fugiu e nunca mais quis saber de mim.

            – Não é bem assim, Sinhazinha. Ainda não contei tudo.

          ………………………………………………………………………………………………

            Os homens do bando continuavam bebendo. Foi quando um sugeriu:

            – Vamos jogar, gente! Quem ganhar mata o homem e fica com a donzela.

            Seguiu-se uma gritaria de aprovação.

            Teodoro aí se apavorou mais. Tinha que fazer logo as outras revelações a Francisca. Ela tinha o direito de saber.

            – Olhe, sinhazinha, o que eu vou contar para vosmecê é muito sério. É preciso que vosmecê receba com o coração aberto. Não deixe o ódio entrar nele.

            – Minha Nossa Senhora! Vosmecê assim me assusta! Mas conte, seja o que for.

            Teodoro abaixou a cabeça e fechou os olhos, procurado forças para contar:

            – No dia em que o filho da sinhazinha nasceu, o pai de vosmecê me chamou e me deu uma ordem terrível: pegasse a criança, mandasse dois escravos amarrarem Moisés e levasse a criança e Moisés…

            Um grito interrompeu a narrativa de Teodoro:

            – Ganhei! Vou matar o desgraçado e ficar com a sinhá.

            O homem veio se aproximando de Teodoro, com a espingarda apontada para Moisés.

            Um tiro!

            Francisca fechou os olhos, com o coração dilacerado.

                                                                                              (Continua)

 

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