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Fé e devoção de um povo: Lamim encerra a tradicional e histórica Festa do Divino

“Lamim, tu és um jardim

de rosa e jasmim do Espírito Santo.

Terceira da Santa Trindade

que tem lealdade, tem vida e encanto”

(Hino de Lamim)

 

Terminou hoje, dia 4, os festejos e comemorações da Festa do Divino. Cercada de fé, o evento representa o ponto mais alto da religiosidade do povo laminense que há mais de 300 anos mantém viva a tradição de uma das festas mais importantes de Minas Gerais.

Durante mais de uma semana, novenas, carreata, cavalgada e shows marcaram a Festa do Divino.  A figura do Imperador, também conhecida como festeiro, foi Antônio Carlos de Morais e esposa Maria Lúcia Gomes de Morais.

O Imperador Antônio Carlos, esposa e familiares/Divulgação

No dia 28 maio, com a promoção da Igreja aconteceu o IX Encontro de Bandas tendo como anfitriã a Corporação Musical do Divino Espírito Santo.

Na quarta feira, dia 7, feriado municipal, Lamim comemorou 307 anos de fundação. A história remonta ao povoado que deu origem a cidade em 1710, de uma expedição formada por três bandeirantes, entre eles se destacou José Pires Lamim. Eles lá se instalaram à procura de ouro. Com sua morte, os amigos decidiram dar seu nome ao lugar.

No domingo, dia 4, aconteceu a celebração da Festa do Divino onde a cidade recebe milhares de romeiros e um colorido toma conta das ruas da cidades e as casas são enfeitadas para acolher os devotos, originários de várias partes de Minas, e acompanhar o belo cortejo do Imperador.

Em meio a fé e a emoção, a procissão segue pelas ruas com os cantos carregados de simbolismo das folias de reis e do congado evocando as raízes de uma cultura tricentenária. Vestido a caráter como um rei, o Imperador, cercado de amigos, familiares, e devotos, desfila pelas ruelas e chega ao Igreja matriz para o desfecho com a Santa Missa. Reza a cultura que o imperador representa uma história preservada ao longo dos séculos na liturgia católica e uma devoção portuguesa. “Também no Arquipélago dos Açores (parte do Império português, formado por nove ilhas, no Oceano Atlântico) – donde vieram os fundadores de Lamim – o Divino Espírito Santo foi cultuado como um protetor contra as calamidades por se tratarem de ilhas vulcânicas sujeitas a várias intempéries”, relata o pesquisador laminense, Ângelo Maurício Sousa Reis sobre a origem da festa do Divino.

Para 2018, o Imperador eleito foi  Paulo Pedro de Almeida Pereira e sua esposa Aparecida Souza Almeida re Festa vai acontecer no dia 20 de maio/Divulgação

Durante o dia, as celebrações se sucedem quando chega a noite, o novo Imperador é escolhido. Para 2018, o eleito foi Paulo Pedro de Almeida Pereira e sua esposa Aparecida Souza Almeida re Festa vai acontecer no dia 20 de maio.

A lenda do feijão

Quem visita Lamim não deixa de conhecer a história do feijão milagroso. Por volta de 1800, os primeiros grãos “pintados” com a imagem de uma pomba – símbolo do Divino Espírito Santo, padroeiro da cidade. De lá para cá, o “feijão milagroso”, foi passando de geração em geração e, hoje, serve de souvenir na tradicional Festa do Divino Espírito Santo.

“Em 1801, como de costume, houve um sorteio para escolher quem faria a festa do padroeiro de Lamim. Só que o sorteado, um humilde agricultor, não tinha dinheiro para pagar as despesas. Alvo de críticas, prometeu que se sua plantação de feijão vingasse, pagaria a festa com o dinheiro da colheita. A colheita foi farta e alguns grãos estampavam a imagem do divino”, conta o estudioso local José Geraldo Reis e Silva. “Assim nasceu a lenda do feijão do Divino Espírito Santo”, arrematou.

Feijão Milagroso estampa imagem do padroeiro de Lamim, a pomba, símbolo do Divino Espírito Santo/Divugação

José Geraldo diz que soube da lenda ainda na escola. Os avós lhe contaram a história e algumas sementes foram guardadas pelos pais do agricultor. A partir daí, resolveu pesquisar a história dos “grãos mágicos” até que encontrou na paróquia o livro de 1899, de autoria do professor João Francisco Medeiros Duarte. “Foi aí que descobri a história desse agricultor que plantou o feijão do divino. Segundo o autor, a lenda do feijão é um dos fatos mais importantes da história de Lamim.”

Festa profana

Quem imagina que a festa terminou se engana. No final de semana entre 9,10 e 11 acontece a Festa do laminense Ausente, promovida pela prefeitura com diversas atrações musicais como as bandas Beijo Apimentado (sexta feira), João Lucas e Diogo (sábado) e Altair e Alexandre (domingo).

 

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