29 de março de 2024 04:30

Com bolhas no pé, Ernani faz milagre e termina em 78º lugar no campeonato mundial na Itália e Brasil conquista sua melhor posição geral

Multi atleta lafaietense já corre no próximo sábado e segue para um novo pódio na Ultra Trail du Mont Blanc nos Alpes entre Itália, Suíça e França

O lafaietense Ernani de Souza participou no dia 10 de junho no Campeonato Mundial de Trail Running 2017, em Badia Prataglia na Itália. Logo que ficou sabendo que o mundial seria disputado em uma distância próxima de 50 km ele se motivou para tentar uma vaga na seleção pois a distância é a favorita de Ernani.

No dia 1º de dezembro ele iniciou os trabalhos específicos mesmo sem ter a certeza de que seria convocado. No dia 1º de dezembro foi a data dos primeiros passos em busca da sua participação e compreendeu 190 dias, na qual realizou 171 sessões de treinos, 3.155 km percorridos em pouco mais de 211 horas, queimando um pouco mais de 170 mil calorias. Para tanto uma equipe multidisciplinar o acompanhou com exames dos mais variados tipos com treinador Sidney Togumi, Gerson Leite fisiologista e Alexandre Patrus cardiologista, coordenando as ações em conjunto para ele chegasse com condições ideais para o grande dia.

Equipe brasileira chegou na décima posição geral/Divulgação

No decorrer da preparação Ernani foi comunicado que estava dentro da seleção. Com seus patrocinadores, juntamente com apoio da Confederação Brasileira de Atletismo seguiu para Itália com a intenção de fazer uma grande prova.

A equipe eram 6 atletas no masculino, 3 no feminino além de dois integrantes da comissão técnica, esposa de dois atletas que deram suporte durante a passagem pela Europa.

Chegou o grande dia, com largada no centro de Badia Prataglia e um clima festivo com mais de 30 nações sendo representadas por cerca de 300 atletas. Espanha e França eram os favoritos nas disputas individuais e também por equipes. A anfitriã Itália e Estados Unidos também eram algumas das fortes seleções que estavam no páreo por boas colocações. Os brasileiros tinham o desejo de fazer uma participação melhor do que a estreia em 2016 quando ficaram com a 13ª colocação por equipe no naipe masculino.

Desfile das nações/Divulgação

A largada aconteceu às 8: 00 horas sob um ritmo frenético, mesmo sendo os primeiros quilômetros já de uma forte subida quando todos queriam garantir uma boa posição ainda no início da prova. Ernani fez uma largada também forte no bloco inicial, mas isso não durou muito tempo, pois o perde e ganha de posições durante os primeiros minutos foi muito grande até que ele encaixou em um pelotão intermediário. “Vieram fortes descidas com muitas pedras, eram tantas que com certeza posso dizer que foi a prova mais técnica que disputei até hoje. Outro fator complicador, para este primeiro trecho, foi que além de termos muitas pedras nas descidas elas eram extremamente íngremes.Isso me tirou da prova, antes do km 10 eu já estava com uma ferida no pé direito causada por uma bolha que se formou e estourou imediatamente, causando assim um dor horrível principalmente nos trechos de descida. Fui brigando com as dores até o km 20, mas como estava muito difícil correr e eu parei e usei um esparadrapo que levei na mochila. Mas o mesmo foi insuficiente para resolver o problema, corri mais um pouco até chegar ao primeiro ponto de apoio, onde teríamos um suporte do nosso staff isso já no km 24. Parei fiz um curativo um pouco melhor e segui na prova. A ideia era tentar recuperar parte das várias posições perdidas na primeira metade da disputa”, disse o atleta.

Mesmo com bolha Ernani chegou entre os melhores atletas do mundo/Divulgação

Tudo ia muito bem e Ernani conseguiu muitas ultrapassagens até que o curativo que havia feito começou a se soltar e as dores voltaram quando começou também a sentir fraco, pois nos kms percorridos ele fez muita força tentado me posicionar melhor. “Neste momento percebi que a minha estratégia teria que mudar, comecei a pensar apenas em terminar a prova pensando na disputa por nações”, revelou.

Com todo esforço hercúleo dos grandes campeões, Ernani cruzou a linha de chegada na 78º colocação, resultado bem diferente do que ele havia planejado. “Sei que ganhar ou mesmo ir ao pódio em um mundial, na categoria elite sempre será muito difícil. A minha colocação não foi boa, mas o que mais me chateou não foi a colocação, e sim não ter conseguido colocar em prática tudo que foi desenvolvido na minha preparação. No geral as oportunidades de participar de grandes eventos internacionais, para medir forças com os melhores do mundo são poucas, desta forma nosso desejo, meu desejo sempre será de fazer uma prova perfeita, mesmo sabendo que isso não acontece sempre”, contou Ernani.

A notícia positiva foi que o Brasil melhorou sua colocação no ranking de nações do naipe feminino. Se em 2016 fomos a 13ª nação, neste ano terminou na 10º colocação, sendo a primeira nação da América Latina. No feminino o Brasil terminou na 15ª colocação neste ano sendo que em 2016  não houve atletas suficientes para pontuar.

A próxima disputa será dia 1º quando disputará o Iron Runner, em Brumadinho. A prova acontecerá dentro do Parque Inhotim e terá uma distância de 20 km e em 2016 Ernani o campeão geral. Após o Iron Runner ele focará na preparação para voltar a Europa, desta vez a meta será um segundo pódio na Ultra Trail du Mont Blanc onde irei novamente disputar a prova de 55 km.

Mais Notícias

Receba notícias em seu celular

Publicidade