Dois dias após uma agressão sofrida pelo sacristão Nestor Ferreira, 67 anos, atacado por um morador de rua, o pároco da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição recebeu nossa reportagem para repercutir o fato e seus desdobramentos. Segundo ele o ato violento ocorreu antes da missa de sábado à noite, dia 24, quando o sacristão organizava algumas vestimentas religiosas e foi surpreendido pelo morador. Na defesa, ele sofreu um corte no braço. Após gritos de socorro, ele foi atendido pelos taxistas e encaminhado a policlínica. Não foi registrado Boletim de Ocorrência do caso.
A situação dos moradores de rua residindo e dormindo no adro da igreja já dura de mais de 3 meses e chegou a seu ápice neste fim de semana. O principal problema é o consumo de bebida que gera transtornos e intimidações como o assédio sexual as pessoas. O religioso também relata o uso de drogas no local. Há registros de agressão entre os moradores de rua. Cerca vez até atearam fogo em um colchão diante de uma briga.
Há tempos Padre José Maria Coelho acompanha de perto a situação. Ele conta que no início se reuniram menos de 3 moradores e que aos poucos foram se aglomerando mais pessoas já que onde eles dormiam foram retirados, como no Clube Santa Cecília, que diante da situação colocou grandes em frente a sede social na Tavares de Melo. O religioso relatou que no começo eles dormiam na entrada do escritório paroquial e aos poucos eles se transferiram para o adro.
A situação preocupa paroquianos, autoridades, o poder público e a própria igreja. Segundo o pároco, ele manifestou sua preocupação e cobrou há vários meses uma solução para drama vivido pelos moradores, principalmente em relação a falta de higiene, a falta de condições humana e principalmente a falta de segurança. “Já nos reunimos com o poder público para compartilhar uma solução. Toda a sociedade tem sua culpa e não somente a prefeitura. Sabemos que muitos que moram no adro têm famílias mas estão ali por uma situação cômoda. No geral a situação se agravou e termos que intervir de maneira conjunta já que estamos diante de drama da própria sociedade”, assinalou. “Temos que tomar uma atitude imediata, uma posição firme diante desta situação que se agrava a cada dia principalmente diante de um bem que é tombado pela municipalidade e é patrimônio histórico”, frisou.
José Maria comentou que a prefeitura já está providenciando um local para abrigar estas pessoas, a chamada Casa de Passagem, onde eles poderiam dormir e serem assistidos por diversos profissionais e retomarem o elo familiar e social. “Já temos notícia de que a prefeitura adquiriu um mobiliário em breve vai instalar estas pessoas com mais dignidade”, disse.
Padre José Maria defendeu uma retirada voluntária dos moradores pelo poder público. Ele comentou que em caso de aumento da violência não descarta o uso da força no local para a segurança das pessoas. “Só iremos usar a força em caso de extrema necessidade, mas não podemos descartar esta hipótese. Volto a frisar que o problema é de toda a sociedade e dos poderes constituídos”.