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Geraldo Lafayette admite e projeta deixar comando do festival de teatro

Secretário Municipal de Cultura, Geraldo Lafayette/CORREIO DE MINAS

Quando se fala em produção teatral ou cênica em Lafaiete e região o nome imediatamente identificado é do Secretário Municipal de Cultura, Geraldo Lafayette. Como ele próprio reconhece foi o posto que ajudou a projetar e consolidar o Festival de Artes Cênicas (FACE) a ganhar o status de maior

evento do teatro amador de Minas quiçá do Brasil. Com a visibilidade alcançada e prestígio conquistados, o Face foi abraçado pelos lafaietenses.

Durante 17 anos de criação, apenas em 2011, o Face não aconteceu por insensibilidade do poder público mas retornou no ano seguinte com mais força, como aquela planta que tem de ser arrancada da terra para ganhar força e crescer.

O festival cresceu em estrutura e público. Projeta-se que este ano, mais de 25 mil pessoas passaram pelos 53 espetáculos com 46 grupos participantes de diversos estados representando as 5 regiões brasileiras. A qualidade das peças, em figurinos, produção, trilha sonora e o cenário ficou evidente a evolução ao longo das quase duas décadas de Face. “O evento tem público cativo e formando este público. Com isso vieram os recursos e patrocínios. Os empresários lafaietense são sensíveis e reconhecem o papel de fomentar da arte e da divulgação do nome de Lafaiete no cenário estadual e brasileiro. É hoje o evento que simboliza a cidade. Isso tudo somado trouxe prestígio ao evento”, disse.

Geraldo não esconde a vaidade artística pela idealização do Face, o que deixa orgulhoso extremamente, quando faz uma digressão de 17 anos do rebento que gerou, mas por outro lança o desafio de quem vai comandar e liderar o Face em uma possível falta ou ausência de seu criador. Esta incerteza já povoa a cabeça de Geraldo e inquieta o teatrólogo.

Uma coisa ele já deixa claro de que ele já projeta que comandará o festival até sua vigésima edição, em 2020. Geraldo fala com tranquilidade em passar o bastão do comando do festival. “Chega um momento que a gente tem de pensar na própria sobrevivência e crescimento do Face e isso passa pela divisão de responsabilidades e tarefas e até mesmo que novas lideranças artísticas tomem para si o comando do festival. Isso é uma questão de tempo e vai acontecer e estou preparando para que aconteça. A gente não pode se sentir insubstituível e reconhecer que cumprimos nossa missão”, refletiu Geraldo a nossa reportagem durante uma entrevista bem espontânea na parte da manhã de domingo, dia 23, entre as apresentações na praça do Cristo.

Com quase 100 pessoas envolvidas e voluntárias, o Face é um modelo de evento que funciona, com divisão de tarefas, e uma grande equipe por detrás da produção. “Conseguimos chegar onde chegamos e precisamos avançar, mas foi graças a este envolvimento o Face conseguiu-se manter e expandir. É um trabalho de anos de luta, dedicação, persistência e entusiasmo. Acredito que a semente foi lançada e brotou. Agora é colher os frutos. Em breve quero ajudar no festival, claro que não vou me afastar por definitivo, mas contribuir de outra maneira usando minha experiência. Deixar que outras lideranças culturais tragam sua contribuição para o manutenção do festival”,pontuou.

Mais de 25 mil pessoas estiveram no Festival de Teatro/Reprodução

Afirmando que o festival “não tem dono”, mas pertence a comunidade e ao público que o abraçou, Geraldo cita que o festival não mais depende diretamente do poder público. “Hoje invertemos esta lógica. O poder público depende do prestígio e do público que arrasta. Lafaiete tomou para si este evento e ela é a grande responsável pelo sucesso em todos os sentidos”, assinalou.

Com quase 30 anos dedicados a arte, em especial, a produção cênica, com uma larga experiência, Geraldo reflete que, como o Face, os movimentos culturais devem buscar a auto independência. “Sempre digo aos músicos, aos artistas, aos congadeiros entre outros de que eles que devem tomar a responsabilidade e a dianteira dos movimentos. Caso contrário ficaremos refém desse ou daquele prefeito”, explicou. “Não tenho dúvida que o Face inspira muitos grupos e companhias pela sua gestão compartilhada. Sozinhos um movimento não se vinga. Por isso estamos com mais de 20 anos de teatro em Lafaiete. Os desafios evoluem também de acordo com seu contexto”, finalizou.

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