Desde o dia 1º de julho e vai até dia 15, a comunidade histórica de Bacalhau celebra o 231º Jubileu do Bom Jesus de Matosinhos, no antigo Distrito de Santo Antônio do Pirapetinga, em Piranga. A festa popular arrasta milhares de romeiros e fieis ao conhecido Jubileu do Bom Jesus de Bacalhau. No dia 30 de junho aconteceu a Romaria dos Cavaleiros saindo do Poliesportivo em direção ao Santuário do Bom Jesus abrindo o evento religioso, um dos maiores de Minas. Até dia 15 de agosto, todos os dias ocorre o Terço da Aurora sempre às 6:00 horas. De 12 a 14, adoração do Santíssimo após a Missa das 15:00 horas. No domingo, dia 6, às 5:30 horas,acontece a caminhada dos romeiros de Piranga até Bacalhau.Durante todos os dias há as celebrações das Santas Missas sempre ás 15:00 horas e 19:00 horas com as participações de diversas comunidade. Aos sábados e domingos há Missas de hora em hora. A homenagem este é favor do Arcebispo do Geraldo Lyrio Rocha pelos 50ª nos de sua ordenação. Romarias de diversas partes da região e de Minas lotam o lugarejo.
A história
Bacalhau é um local místico e mágico, situado em uma colina em meio a exuberante Mata Atlântica. No local ocorreu a última batalha campal da Guerra dos Emboabas, em 29 de novembro de 1708, na antiga estrada que ligava Piranga e os sertões do leste. A construção do Santuário de Bom Jesus, tombado pelo Instituto Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN), em 1996, que levou vários anos para ser erguido, contou com a participação de mestres do barroco brasileiro com a presença dos mestres da oficina de Mestre Aleijadinho, entre eles, o seu meio-irmão Padre Félix, a família do Mestre Ataíde que ali morava, onde seu pai, Luis da Costa Ataíde, era o delegado da confraria, o mestre pintor Francisco Xavier Carneiro, os irmãos Meireles Pinto, Vicente Fernandes, Francisco Vieira Servas, Manuel Dias. Através do Decreto Papal deu inicio oficial ao jubileu em 29/11/1786 e a partir de 1939 passou a ser comemorado entre 1º a 15 de agosto. O antigo distrito de Santo Antônio do Pirapetinga se originou a partir de 1700 quando a família dos sertanistas Cunha e Gagos começaram o avanço para chegar em Mariana e Ouro Preto, Sumidouro. A Capela Matriz de Santo Antônio do Bacalhau foi uma das primeiras de Minas. Nela foram batizados importantes pessoas da história mineira entre elas, a Matriarca Joaquina de Pompeu. Seus pais (George de Abreu Castelo Branco e Jacinta Tereza) casaram-se na Igreja.Assim como Dona Beja e Chica da Silva, Joaquina tornou-se uma personalidade da cultura popular, pois fatos reais de sua vida misturam-se a lendas, recriando uma imagem controversa. Mas sem duvidas ela foi uma das mulheres mais influentes do século XVIII e XIX. Ela casou-se com 12 anos e deixou entre seus descendentes os ex governadores de Minas Benedito Valadares e Magalhães Pinto e o embaixador e Ministro e embaixador Afonso Arinos de Mello Franco. O pesquisador do Arquivo do Conhecimento Cláudio Manoel da Costa (ACCMC), Marcos Gomes, com sede em Piranga, faz um leitura das pinturas da igreja, carregadas de amplos significados. Segundo ele, no simbolismo oculto dos mestres do barroco mineiro e ali está gravada a crônica ao vivo e a cores dos últimos momentos da Inconfidência Mineira. Bacalhau serviu de exílio ao Mestre Aleijadinho e seus oficiais, até quando ele partiu para a cidade de Rio Espera. Ali também observa-se a presença secreta de D. Pedro II e onde possuem as únicas madonas grávidas de Santa Maria Madalena.Atualmente, a estrutura do Santuário está comprometida, telhado danificado e o exemplar barroco está em estado avançado de deterioração comprometendo a sua estrutura. As pinturas estão descaracterizando devido a infiltrações. A situação geral é comprometedora e intervenções urgentes são necessárias ao imóvel do século XVIII. Uma reforma está sendo feita pela comunidade na parte frontal.A riqueza do Santuário, citado pelo atual Secretário de Estado da Cultura, Ângelo Oswaldo, como um dos 30 tempos barrocos mais importantes do Brasil corre risco e a Igreja precisa urgente de preservação, reforma e restauro para se manter viva a cultura popular e riqueza deste patrimônio histórico que guarda grande parte da história de Minas e do Brasil.
Curiosidade
Segundo uma lenda local, a capela foi construída após a descoberta da imagem do Senhor Morto, no sítio onde hoje se localiza a igreja. Por diversas vezes a população tentou guardá-la em outras igrejas da região, mas a imagem sempre voltava ao lugar em que apareceu pela primeira vez. Independente da lenda, o passeio a Bacalhau é imperdível pelo misticismo, cultura e história de Minas Gerais.
Fonte: O arquivo do conhecimento CMC – Piranga – MG – Marco de Nilo