Em uma manhã ensolarada do sábado passado, dia 19, pelo menos 70 caminhantes do grupo lafaietense, “Andarilhos Queluzianos” percorreram as íngremes estradas, em meio a uma mata exuberante, do caminho do histórico do Santuário de Bom Jesus Motosinhos, em Santo Antônio de Pirapetinga, mais comumente conhecido como Bom Jesus do Bacalhau.
A caminhada foi cercada de emoção já que a intenção do grupo era despertar a região para um dos mais importantes patrimônios históricos de Minas, hoje em estado de deterioração e conclamar para a sua urgente reforma e restauração. Ao chegar na histórica localidade os Andarilhos se deslocaram até o Santuário onde foram recepcionados com toda a simpatia pela secretaria municipal de cultura, Gislaine Dias.
Antes da foto oficial, em frente ao belo santuário, fincado no topo de uma montanha, onde longe se descortina um belo horizonte, o pesquisador e historiador, Marcos Gomes, brindou os andarilhos com um momento cultural, relatando um pouco dos mais de 230 anos de história que representa o Santuário do Bom Jesus do Bacalhau.
Marcos relatou que no dia caminhada era registrado o 231º dia do ano e em 2017 o Jubileu de Bom Jesus de Matosinhos comemorava a sua 231ª edição. Os números carregam coincidências históricas. Segundo ele este número tem ligação com as cartas de tarô e está relacionado em polegadas a base da grande pirâmide do Egito.
Marcos fez um breve relato da importância e significado do Santuário com suas pinturas de Mestre Ataíde e de outros pintores da escola de Aleijadinho que por lá morou por certa temporada. Lá foi palco da célebre batalha dos Emboabas, guerra entre mineiros e paulista que marcou o nascimento de Minas. Afirmam que a visita aos mortos da batalha no local originou a jubileu.
A igreja foi aberta quando os andarilhos que professam a fé católica fizeram suas orações e agradecimento no templo que atrai milhares de romeiros e fiéis durante o jubileu. Em uma sala ao fundo, está a imagem do Bom Jesus em tamanho considerável onde estão as lembranças, fotos, retratos, recortes de jornais que retratam os milagres alcançados por inúmeros devotos.
Enfim, Bacalhau é um lugar mágico e místico que em uma pequena passagem é pouco para se conhecer sua dimensão cultural. Exige uma visita de um tempo de reflexão para entrar no mundo daqueles que construíram e projetaram esta igreja carregada de simbolismos e mistérios.
A caminhada
Pelas estradas que chegam a Piranga, além da bela paisagem em meio as matas nativas e montanhas, o trecho de cerca de 13 km é cheio de morros mostrando a altura que estavam os caminhantes. Já antes de chegar a cidade um horizonte se debruça para um belo olhar quando se avista a imensidão das montanhas que cercam Piranga.
A Praça Coronel Amantino estava preparada com todo o capricho para receber os andarilhos. No palco armado o artista Raylan Oliveira brindou o grupo com a música popular e de raiz acompanhado pelo sanfoneiro. A presença dos andarilhos chamou a atenção dos moradores que abraçaram o grupo com hospitalidade e calor humanos, valores dignos de um povo vibrante, acolhedor com mais de 300 anos de história.
O prefeito José Carlos esteve presente ao evento e entregou uma placa comemorativa a caminhada ao presidente Mário Lúcio Caetano. Por outro lado, os andarilhos promoveram sua tradicional ação social com a entrega de donativos ao setor assistência social.
Já era quase ao entardecer, quando o ônibus deixou Piranga com um gostinho de saudade e a certeza de que a caminhada foi uma das mais animadas e simbólicas que o grupo já fez ao longo de mais de 14 anos de fundação, marcando sua trajetória.
Os andarilhos agradecem a recepção calorosa e apoio incondicional ao prefeito José Carlos, a secretária de cultura, Gislaine Dias, Cida proprietária do restaurante), pesquisador Marcos Gomes, e a todos os piranguenses.
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