Em apenas 4 dias, incêndio na unidade consumiu R$ 854 mil só em aeronaves e foram lançadas mais de 500 mil litros de água. Área queimada equivale a 1,8 mil campos de futebol
Não se mede o custo ambiental pela ótica financeira. Se os danos ambientais são incomensuráveis, os prejuízos gerados pela ocorrência de grandes incêndios durante a temporada de seca são imensuráveis, com limitação de fontes de água, destruição da fauna e da flora e deterioração do solo nos locais atingidos. Mas, se fica difícil estimar o tamanho do prejuízo ao meio ambiente, o trabalho para conter as chamas – que na maioria das vezes são causadas pela ação do homem – custa dinheiro que poderia ser investido em outras áreas.
Na última grande ocorrência do tipo, que consumiu grande parte da área do Parque Estadual da Serra do Ouro Branco e de seu entorno, em Ouro Branco, o governo de Minas gastou em apenas 4 dias cerca de R$ 1 milhão. O incêndio começou na quinta feira, dia 7, e os trabalhos terminaram na terça feira, dia 12.
Trata-se de uma estimativa conservadora, que considera apenas gastos com quatro aviões, um helicóptero e alimentação de combatentes, não computando despesas como a mobilização de bombeiros, brigadistas e de caminhões e viaturas a serviço da corporação.
Depois de um combate intenso e em várias frentes, onde as chamas fizeram arder por 4 dias a área verde foram controladas por um contingente envolvido direta e indiretamente de 316 pessoas entre funcionários do IEF, brigadistas da SEMAD, voluntários (Brigada 1 de Ouro Preto, Brigada 1 de Belo Horizonte, Brigada Carcará de Ouro Branco, bombeiros civis, bombeiros Gerdau, brigadistas AMDA/Gerdau, ARPA, Defesa Civil de Ouro Branco, Grupo de Escoteiros de Ouro Branco, entre outros) e militares do Comando de Aviação do Estado (COMAVE/PMMG) e Corpo de Bombeiros. Foram servidos 356 lanches e 258 refeições.
Para o enfrentamento aos mais de 10 focos, operação no Parque Serra do Ouro Branco, sob a Coordenação da Força Tarefa Previncêndio foram empenhados 4 aviões air tractor ( alugados pelo governo de Minas) e 1 helicóptero do Instituto Estadual de Florestas. Os aviões voaram ao todo 123 horas e fizeram 292 lançamentos de 1.900 litros de água em cada lançamento, totalizando 500 mil litros. O helicóptero voou 27 horas em 5 dias, fazendo sobretudo o transporte de brigadistas e suprimentos (água, alimento e equipamentos). A hora de voo do helicóptero custa R$ 5.800,00 enquanto a hora de voo do avião custa R$ 5.700,00. Somente estes custos chegam a R$854 mil.
Área atingida
Segundo os dados obtidos com exclusividade por nossa reportagem junto Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema), do Governo de Minas, a área queimada é estimada em cerca de 1,8 mil hectares, sendo 1,mil no interior do Parque e o restante fora da Unidade de Conservação. Todos os valores foram pré contabilizados pelo Instituto IEF. Isso quer dizer que dos 7,520 hectares do parque 24% foram queimados. É o equivalente a 1,8 mil campos de futebol.
Investimentos e preservação
As informações apontam que o incêndio teria sido criminoso, quando um bombeiro militar fotografou uma pilha de lenha preparada para colocar fogo reforçando a tese. As imagens foram captadas quando o bombeiro precisou ir a um curso d’água para encher a bomba costal, durante o combate o incêndio. As causas do incêndio estão sendo apuradas oficialmente.
Em outra vertente de reflexão o incêndio chama a atenção do Estado para as responsabilidades socioambientais para implantação efetiva do Parque Estadual da Serra do Ouro Branco. Com quase 10 anos de constituição, o parque necessita de investimento em monitoramento e segurança.
Também há a responsabilidade das empresas proprietárias de áreas no Parque Estadual da Serra do Ouro Branco. É importante a ação do Ministério Público para assegurar a defesa da unidade e cobrar do Estado investimentos para o seu ordenamento e preservação.
Solidariedade
O que viu durante foi uma ampla mobilização da população ourobranquense como também a lafaietense que se empenharam em ajudar os brigadistas. “Podemos destacar a solidariedade de várias empresas e entidades e, principalmente, da população de Ouro Branco e Conselheiro Lafaiete, que doaram uma quantidade enorme de alimentos e água potável para os combatentes”, disse a nossa reportagem Rodrigo Belo, diretor de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad)