A Semana Santa, em Entre Rios de Minas, desperta fé e arte na população. A encenação da Paixão de Cristo é uma iniciativa dos próprios moradores, que passa de geração a geração, há quase cinquenta anos. O grupo é formado por voluntários e amadores que transformam madeirites em cenários, comerciantes em atores, mecânico em sonoplasta, aposentada em figurinista, pintor em contra-regra e o que seria improviso, vira espetáculo!
As encenações começaram no início dos anos 1970, dentro da Igreja Matriz. O teatro amador foi se consolidando e virando tradição na cidade. Crescia o número de voluntários e público. As apresentações passaram para o lado de fora da Igreja e ganharam até palco. Não faltavam nem os efeitos especiais. “Certa vez, juntamos muitas latas para fazer o barulho do trovão. Na hora de sacudir as latas, saiu um rato correndo e, sem querer, o momento do trovão ficou mais apavorante”, conta Maria da Conceição Fernandes, costureira aposentada que ainda hoje ajuda com os figurinos.
Segundo Wagner Ribeiro de Paula conhecido como Faustão, que trabalhou no elenco de 1989 a 2007, só não houve apresentações em 2015 e 2016. Mas a fé não sucumbiu à escassez de recursos e um novo grupo se formou, ainda mais forte.
Em 2017, o roteiro foi reescrito e os papéis, democraticamente, divididos, sob a direção do Secretário de Cultura, Felipe Resende “Tudo foi uma construção coletiva. O roteiro foi baseado na peça de Nova Jerusalém, em Pernambuco. Todos os atores trabalharam na adaptação dos textos. Depois de assistirem a obra em vídeo, foi feito um trabalho de linguagem corporal. E, enfim, conversamos sobre os personagens que cada um queria fazer”, conta Felipe.
O ressurgimento do grupo que encena a Paixão de Cristo não somente consolidou a tradição da cidade, mas avançou seus limites, em uma corrente de ação e oração. Desde o ano passado, com o apoio da Prefeitura, o grupo se apresenta nas comunidades rurais adjacentes. O comerciante Vanderli Pinto Ferreira, mora há mais de 30 anos na Serra do Camapuã e este é o segundo ano em que assiste à Paixão de Cristo na própria comunidade e comemora: “é bom porque incentiva o pessoal que não pode ir à cidade e renova a fé”!
A professora Olívia Carolina Ribeiro Cardoso, 27, da comunidade São José das Mercês, comemora: “Eu acho maravilhoso a encenação vir até a gente. É um trabalho do nosso povo, tocante e de muita qualidade, que faz a gente pensar e repensar nos valores que Deus nos passa. É também um momento de lazer e cultura para a comunidade, quando reencontramos a família, reforçando a convivência. Reencontramos pessoas de outras comunidades aqui e isso enriquece a vida da gente”.
Esse ano, a direção é de Gui Teixeira e Wellington Lucas, que também atuam como Soldado e Herodes, respectivamente. No total o elenco conta com 44 pessoas e a apresentação é gratuita. Dia 30 de abril, Sexta-feira da Paixão, o Teatro da Paixão de Cristo de Entre Rios de Minas será apresentado ao lado da Igreja Matriz Nossa Senhora das Brotas às 19:30 horas.
Contato: Secretaria de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo de Entre Rios de Minas
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