Lamim, tu és um jardim
de rosa e jasmim do Espírito Santo.
Terceira da Santa Trindade
que tem lealdade, tem vida e encanto”
(Hino de Lamim)
Termina hoje, dia 20, os festejos e comemorações da Festa do Divino. Cercada de fé, o evento representa a religiosidade do povo laminense que há 308 anos mantém viva a tradição de uma das festas mais importantes de Minas Gerais. Conta-se na tradição local que os bandeirantes desbravando a região chegaram no Dia de Pentecostes trazendo a devoção estampada em uma bandeira do Divino Espírito Santo.
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Desde a sexta feira, dia 12, a cidade se devota a sua principal tradição. Novenas e celebrações religiosas celebram a data histórica com shows variados. Na semana passada ocorreu a tradicional cavalgada atraindo centenas de cavaleiros e amazonas. Ontem, dia 18, a cidade promoveu uma corrida rústica com mais de 150 participantes. A tarde um torneio esportivo movimentou Lamim. À noite, uma missa solene encerrou a novena e em seguida carreta festiva e shows com Giovana Resende e Fernando Nogueira.
Hoje, domingo, dia 20, acontece o ponto mais alto da festa religiosa. A cidade recebe milhares de romeiros de Minas e de outras partes do Brasil.
Por volta das 6:00 horas ocorreu a alvorada festiva. Por volta das 9:00 horas, a figura do Imperador, também conhecida como festeiro, representado pelo casal Paulo de Almeida Pereira e Aparecida Sousa Pereira, segue em cortejo pelas ruas da cidade em um momento emocionante da celebração. Eles são acompanhados por amigos, familiares e devotos ao som de bandas de congados e bandas de música.
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Às 9:30 acontece a celebração do Reinado com missa festiva. Por volta das 11:00 horas acontece distribuição de balas e apresentações das bandas inclusive uma de Turmalina, Norte de Minas. Às 15:00 horas acontece a procissão, missa e escolha do novo festeiro.
Festa profana
Quem imagina que a festa terminou se engana. No final de semana entre entre 31 a 3 de junho, acontece a Festa do laminense Ausente, promovida pela prefeitura com diversas atrações musicais
Na sexta feira, dia 2, a dupla Rick & Ricardo sobe aos palcos. No sábado, dia 2, o destaque é para a nova dupla Milionário e Marciano com um vasto repertório do modão sertanejo trazendo os melhores sucessos que encantaram gerações.As comemorações iniciam no dia 31 de maio e vai até o dia 03 de, no campo de futebol.
A história
Este ano Lamim celebra 308 anos de fundação. A história remonta ao povoado que deu origem a cidade em 1710, de uma expedição formada por três bandeirantes, entre eles se destacou José Pires Lamim. Eles lá se instalaram à procura de ouro. Com sua morte, os amigos decidiram dar seu nome ao lugar.
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Em meio a fé e a emoção, a procissão do festeiro segue pelas ruas com os cantos carregados de simbolismo das folias de reis e do congado evocando as raízes de uma cultura tricentenária. Vestido a caráter como um rei, o Imperador, cercado de amigos, familiares, e devotos, desfila pelas ruelas e chega ao Igreja matriz para o desfecho com a Santa Missa. Reza a cultura que o imperador representa uma história preservada ao longo dos séculos na liturgia católica e uma devoção portuguesa. “Também no Arquipélago dos Açores (parte do Império português, formado por nove ilhas, no Oceano Atlântico) – donde vieram os fundadores de Lamim – o Divino Espírito Santo foi cultuado como um protetor contra as calamidades por se tratarem de ilhas vulcânicas sujeitas a várias intempéries”, relata o pesquisador laminense, Ângelo Maurício Sousa Reis sobre a origem da festa do Divino.
O imperador do Divino assume a tarefa de promover, de envolver o povo como participantes da grande festa, oferecendo balas, alimentos, alegria, como se vê na dança dos Congados e na figura do imperador junto ao povo.
A lenda do feijão
Quem visita Lamim não deixa de conhecer a história do feijão milagroso. Por volta de 1800, os primeiros grãos “pintados” com a imagem de uma pomba – símbolo do Divino Espírito Santo, padroeiro da cidade. De lá para cá, o “feijão milagroso”, foi passando de geração em geração e, hoje, serve de souvenir na tradicional Festa do Divino Espírito Santo.
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“Em 1801, como de costume, houve um sorteio para escolher quem faria a festa do padroeiro de Lamim. Só que o sorteado, um humilde agricultor, não tinha dinheiro para pagar as despesas. Alvo de críticas, prometeu que se sua plantação de feijão vingasse, pagaria a festa com o dinheiro da colheita. A colheita foi farta e alguns grãos estampavam a imagem do divino”, conta o estudioso local José Geraldo Reis e Silva. “Assim nasceu a lenda do feijão do Divino Espírito Santo”, arrematou.
José Geraldo diz que soube da lenda ainda na escola. Os avós lhe contaram a história e algumas sementes foram guardadas pelos pais do agricultor. A partir daí, resolveu pesquisar a história dos “grãos mágicos” até que encontrou na paróquia o livro de 1899, de autoria do professor João Francisco Medeiros Duarte. “Foi aí que descobri a história desse agricultor que plantou o feijão do divino. Segundo o autor, a lenda do feijão é um dos fatos mais importantes da história de Lamim.”