“Na Cidade dos Profetas, onde ferro, aço e dinheiro abundam, não sobram sucata de viga, nem resto de concreto para concluírem a passarela sobre a ferrovia que corta o Bairro Pires”. Este foi desabafo do líder comunitário Sandoval Souza Pinto Filho
Na semana passada o prefeito Zelinho assinou a ordem de serviço da passarela sobre a BR 040, na travessia do bairro para a localidade de Motas, porém a população aguarda há mais de 5 anos a conclusão de outra passarela e a construção de um viaduto para veiculo agora sobre a via férrea.
As obras a serem executadas pela MRS são objetos de dois inquéritos civis e dois processos na justiça, todos versando sobre a segurança daquele trecho de ferrovia do Pires. Uma das passarelas sobre a ferrovia se encontra pela metade. O viaduto para veículos, também obrigação de Termo de Ajustamento de Conduta, nem começou a ser construído.
Mãe chora perda do filho na linha
Em 2015, perto de completar 3 anos no próximo dia 21,um acidente com um trem vitimou o jovem Victor Emídio Matos Gomes, então com 17 anos, e trouxe de volta a discussão sobre a falta de segurança nos trilhos que cruzam o bairro Pires, em Congonhas.
Era por volta das 23:00 horas, quando o rapaz voltava da escola com mais dois colegas, e pelo que se comenta, escorregou e caiu nos trilhos, sendo atingido pelas locomotivas.
Desde então a família da auxiliar de serviços, Maria Aparecida Gomes, se transformou por completo desencadeando um trauma. hoje ela toma remédios para conter a depressão. “Não consigo mais dormir e a vida da minha família mudou. As lembranças fazem a gente sofrer”, relatou a nossa reportagem. A família acionou a MRS por descaso e omissão e cobra indenização. A ação tramita na Justiça.
À época, a mãe de Victor era líder na Associação Comunitária. e liderou um movimento para que a MRS construísse uma passarela, um viaduto e levasse iluminação e segurança aos moradores. Um termo de Ajustamento de Conduta foi assinado, porém a empresa protela as reivindicações comunitárias e população vive o medo e insegurança. “Cobramos, mas a MRS enrola todos nós”, desabafou.
O bairro
O bairro Pires existe há mais de cem anos. Na década de 90, a ferrovia o dividiu ao meio. A lei determina, na prática, que quem chegou depois – no caso a MRS, responsável pela ferrovia, assuma os encargos pela construção e manutenção das obras e instalações necessárias ao cruzamento, bem como pela segurança da circulação no local, por força do decreto 1.832,que aprova o regulamento dos transportes ferroviários.
A população teme que novos acidentes venham a ocorrer caso a demora se prolongue. “Pior ainda é saber que a legislação lhes assegura tal direito, mas somos negados, comentou Aparecida.
Nas próximas reportagens, vamos ouvir a direção da MRS, Ministério Público e a prefeitura de Congonhas.
Fotos: Sandoval Souza Pinto Filho