“Eu quase morri de susto, uai. Para mim já era a barragem trazendo tudo para cá”, disse uma das moradoras
O tremor de 3,2 pontos na escala Richter (o pior seria 10) poderia passar apenas por um breve susto, não tivesse o abalo sido sentido, nesta segunda-feira, por volta de 20h30 nos bairros de Congonhas que ficam a menos de 200 metros da Barragem Casa de Pedra.
A estrutura de contenção de rejeitos de minério de ferro da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) tem problemas de estabilidade desde 2013 e é alvo de sucessivas ações do Ministério Público (MP) desde então, para garantir a segurança de cerca de 5 mil pessoas que vivem aos pés do represamento, nos bairros Cristo Rei, Residencial Gualter Monteiro e Green Park.
A ação para a remoção das famílias ainda aguarda recurso do MP, em primeira instância judicial. Na segunda-feira, várias pessoas deixaram suas residências, pois para elas o tremor seria justamente o prenúncio de um rompimento, como o que devastou as comunidades de Mariana (19 mortos em 2015) e Brumadinho (270 vítimas em 2019).
De acordo com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), a Agência Nacional de Mineração (ANM) e as mineradoras Vale e CSN não houve danos ou alterações estruturais preocupantes nas barragens da região. Vistorias são feitas desde a ocorrência e nenhuma anomalia que indicasse fragilidade das estruturas foi detectada. O epicentro do tremor se deu em Belo Vale, a 10 quilômetros de Casa de Pedra, segundo informações da Universidade Federal de Brasília (UNB).
Mas, para a dona de casa Margarida Ferreira, de 60 anos, moradora do Bairro Eldorado, que chegou a passar mal, saber se o tremor era ocasionado pelo rompimento da barragem (assista ao vídeo) não aliviou a tensão pela noite e madrugada. “Estava sentada no sofá e olhando para uma vela que tinha acendido para Nossa Senhora Aparecida e rezando. Aí a janela começou a tremer na parede, o sofá querendo andar comigo (em cima) e a estante vindo (na direção dela) balangando tudo. Aí, falei: uai, o que é que está acontecendo? Eu quase morri de susto, uai. Para mim já era a barragem trazendo tudo para cá”, disse.
‘Não queria morrer’
O susto para muitas pessoas no Bairro Residencial Gualter Monteiro foi tão grande que várias delas abandonaram suas casas e ainda não tinham retornado nesta terça-feira (26). A vizinha da doméstica Valdirene Aparecida Santana, de 49, chamada Aparecida, foi uma delas. “Quando o tremor começou foi uma correria, gente falando sem parar e vindo para o meio da rua, outros fugindo. Minha vizinha tem problema de saúde e passou mal. Ficou chorando, com medo, apavorada. Dizia que não queria morrer e a sobrinha dela veio correndo e a levou para posto de saúde. Estava com a pressão muito alta e pelo jeito não volta tão cedo, porque levou um tanto de roupas”, conta.
O estudante Gustavo Elias God de Araújo, de 22, estava em casa assistindo a uma partida de futebol quando viu sua casa tremer toda. “As janelas batiam com muita força. Tive certeza que era a barragem se rompendo. Todo mundo no whatsapp estava se perguntando o que tinha acontecendo. Tinha áudios de policiais falando. Fiquei olhando da minha porta, mas a barragem estava inteira. Mesmo assim, ninguém conseguiu dormir. A única coisa que podia fazer seria correr atrás das placas com a rota de evacuação, mas preferi esperar, igual a muitas pessoas”.
O aposentado Vicente Soares, de 76, resolveu passear pelas ruas com as netas Ana Francisca, de 7, e Alane, de 4, mesmo depois do susto. “Estava em casa assistindo ao futebol e as crianças brincado, quando ouvimos o estouro. Achei que poderia ser a barragem, mas não consegui ver. Teria de correr pela rota de fuga, mas fiquei em casa.” (EM)
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