27 de abril de 2024 17:24

Sete pecados com o carro que fazem você virar ‘sócio’ de oficina mecânica

Todo veículo e seus respectivos componentes são projetados para durar determinado período de tempo, em condições normais de uso.

Porém, existem hábitos que aceleram o desgaste do automóvel e aumentam consideravelmente os custo de manutenção.

Muitas práticas que ameaçam a longevidade do carro estão, inclusive, descritas no manual do proprietário e podem levar à suspensão da garantia.

Algumas podem parecer inofensivas à primeira vista, mas ao longo do tempo cobram o seu preço.

Confira sete “pecados” que você deve evitar a todo o custo para não comprometer seu orçamento nem levar sustos ao visitar o mecânico.

As dicas são do engenheiro Erwin Franieck, mentor de tecnologia e inovação em engenharia avançada da SAE BRASIL.

1 – Sobrecarregar sistema elétrico

Instalar acessórios não homologados sem adequação penaliza bateria e traz risco de pane elétrica Imagem: Smith Collection/Gado/Getty Images

De acordo com Franieck, a instalação de acessórios eletrônicos não homologados pela fabricante do veículo, sem que haja a necessária adequação do respectivo sistema elétrico, é um dos maiores vilões quando se trata da integridade de um automóvel.

O especialista destaca que equipamentos de som, alarmes e outros dispositivos podem demandar mais energia do que prevê o projeto do veículo.

Alguns desses acessórios continuam ativos mesmo quando o automóvel está desligado, agravando o problema.

O efeito mais óbvio é a redução da vida útil da bateria, que passa a reter cada vez menos carga e pode “arriar”.

Contudo, antes de a bateria pifar de vez, há outras consequências.

“Ao reter menos carga, a bateria fornece menos tensão e sobrecarrega o alternador e a respectiva correia. Também ocorre maior variação de tensão no sistema. Isso eleva a incidência de pane elétrica, acompanhada por danos a uma série de componentes”, alerta Franieck.

De acordo com o engenheiro, peças como lâmpadas, ventoinha, motor de arranque e o próprio alternador podem ter a durabilidade seriamente comprometida.

2 – ‘Chipar’ o veículo

Mexer no carro em busca de mais performance pode elevar gastos com manutenção Imagem: Reprodução.

Na busca por maior performance, muitos mexem na programação original da ECU ou central eletrônica do motor, alterando o tempo de abertura da borboleta e outros parâmetros para entrega de mais potência e torque.

Essas modificações podem ir além e incluir supressão do catalisador e instalação de turbo ou compressor mecânico, por exemplo.

Para Erwin Franieck, a médio prazo a prática pode acarretar vários danos que vão elevar a conta com a oficina mecânica.

“Fazer o conjunto de motor e transmissão trabalhar acima do limite para o qual foi especificado gera muitos efeitos indesejados. O catalisador, por exemplo pode ‘derreter’ por conta das altas temperaturas, se já não tiver sido removido, gerando aumento nas emissões”, destaca o engenheiro da SAE Brasil.

Por trabalhar em regimes acima dos quais para qual foi projetado, o motor também apresenta maior incidência de carbonização, com o acúmulo de depósitos em dutos e outros componentes internos, explica.

Quem sofre com isso são itens como velas e bicos injetores, que apresentam degradação acelerada e causam funcionamento irregular do propulsor.

3 – Ignorar prazo para troca de filtros

Remover filtro de ar entupido em caso de emergência é medida de alto risco, diz especialista Imagem: Thais Roland/UOL

Os filtros do veículo são componentes relativamente baratos, porém o desleixo com eles é capaz de resultar em grande prejuízo.

Franieck orienta a seguir sem concessões os prazos para respectiva troca indicados no manual do proprietário.

“É comum perceber que o filtro de ar está saturado quando o motor começa a falhar. Em caso de emergência, muitos removem o filtro até chegarem em uma oficina, mas basta rodar alguns minutos sem ele para que haja problemas sérios no motor”.

O especialista destaca que, sem o filtro, o sistema de admissão acaba aspirando ar com poeira e outras impurezas, que vão parar no interior do propulsor – riscando as paredes dos cilindros.

“O óleo lubrificante pode ser levado pelos anéis do cilindro até a câmara de combustão, queimando juntamente com o combustível e causando a característica fumaça branca que sai do escapamento. Esse é um sintoma que exige atenção”.

Em relação ao filtro de combustível, seu entupimento faz o motor “engasgar” e sobrecarrega a bomba de combustível – que precisa trabalhar com muito mais pressão.

“Essa é a causa mais comum de queima da bomba”, esclarece o engenheiro.

4 – Usar combustível de procedência duvidosa

Com o objetivo de poupar dinheiro, é comum abastecer sempre em postos que oferecem os melhores preços.

Preço baixo não é sinônimo de adulteração, mas vale a pena desconfiar quando os valores praticados estão muito abaixo da média do mercado.

Já a obstrução do filtro de óleo igualmente compromete a correta lubrificação do motor, elevando o atrito de peças internas e acelerando seu desgaste.

Erwin Franieck orienta a dar preferência a postos conhecidos e sempre pedir a nota fiscal para comprovar a compra.

Afinal de contas, gasolina “batizada” com solvente e etanol adulterado com adição de água são capazes de afetar seriamente a saúde do motor e dos seus agregados.

“O solvente danifica componentes como dutos, vedações e peças emborrachadas, além causar a formação de depósitos no interior do propulsor. Etanol com mais água do que determina a especificação acelera a corrosão de itens e traz funcionamento irregular”.

As consequências imediatas do abastecimento com combustível adulterado são perda de performance e alta no consumo.

5 – Ignorar prazo de validade do óleo

Trocar o óleo do motor e o respectivo filtro dentro da quilometragem estipulada no manual é uma orientação básica para evitar gastos não previstos e eventualmente elevados.

No entanto, muitos ignoram que, além da distância percorrida, o fluido tem prazo de validade. Ou seja: a hora da troca é determinada pelo item que vencer primeiro.

O mentor da SAE Brasil explica que, após determinado período, os componentes do óleo se degradam e sua capacidade lubrificante fica comprometida, elevando o atrito de componentes internos do motor.

Outro detalhe: em condições severas de uso, como rodar predominantemente em vias não pavimentadas, com muita carga e sob tráfego congestionado, a quilometragem e o prazo para troca são antecipados.

O especialista recomenda, ainda, seguir fielmente a especificação de óleo recomendada no manual do veículo.

6 – Rodar sempre com o motor frio

O motor precisa atingir determinada temperatura para o calor expandir os componentes internos e, assim, proporcionar condições ideais de funcionamento e lubrificação.

Usar o carro continuamente em deslocamentos muito curtos, insuficientes para se atingir a temperatura correta, acelera o desgaste e eleva o consumo de combustível.

“Dirigir durante menos de 15 minutos nem esquenta o óleo do motor, impossibilitando a lubrificação adequada. Tem carro com baixa quilometragem que apresenta mais desgaste na comparação com um exemplar mais rodado, que no entanto funciona a maior parte do tempo na temperatura ideal”.

Franieck informa que veículos abastecidos com etanol tendem a apresentar mais problemas na “fase fria”, especialmente em localidades com temperaturas mais baixas.

“Em dias frios, a partida de motor abastecido com etanol tende a ser mais difícil em carros antigos, sem sistema de pré-aquecimento. Injeta-se mais combustível no arranque e a parte não queimada do etanol gera água como resíduo. Se o motor não esquentar adequadamente, a água não evapora e acaba contaminando o óleo, comprometendo sua performance”.

7 – Deixar o carro muito tempo parado

Automóveis foram feitos para rodar e, se permanecerem muito tempo desligados, uma série de componentes é deteriorada.

Dependendo do tempo de inatividade, os efeitos mais óbvios são a descarga da bateria e o esvaziamento e a deformação dos pneus.

Porém, problemas ainda mais graves podem surgir.

“Água e outros fluidos parados durante muito tempo no mesmo lugar aceleram processos corrosivos e contribuem para o ressecamento de borrachas, mangueiras e dutos em geral. É comum a corrosão formada dentro do tanque soltar resíduos que vão parar na bomba de combustível, danificando-a.

Além disso, o próprio combustível sofre degradação, tornando-se inadequado – a gasolina, por exemplo, dentro de cerca de seis meses já não é mais apropriada para uso.

“Se o veículo ficar sem utilização durante período prolongado, o ideal é ter alguém para rodar com ele ao menos uma vez por semana, inclusive para lubrificar rolamentos e componentes da suspensão que precisam se movimentar com regularidade”. (UOL)

Mais Notícias

Receba notícias em seu celular

Publicidade