O Centro Cultural da Romaria foi entregue novamente à classe artística e à população de Congonhas, nesta segunda-feira, 23 de novembro, após obras de restauro e requalificação. Esta é uma das ações contempladas com recursos do PAC Cidades Históricas, programa do Instituto Nacional do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (Iphan). Somente a obra da Romaria recebeu investimento de R$ 6 milhões. O projeto ainda inclui a construção, em curso, do Teatro Municipal Dom Silvério Gomes Pimenta e do Parque Natural da Romaria, totalizando um valor de R$ 19 milhões investidos apenas nestas três obras.
Alguns dos novos equipamentos da Romaria
As torres e a portada principal do Centro Cultural da Romaria são tombadas pelo IEPHA e toda a edificação está na área de ambiência história do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, tombado pelo IPHAN e reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Toda a Romaria é protegida por tombamento em nível municipal.
A musicista e empresária do ramo de quitandas, Fifi Cordeiro, participou da primeira reunião da Prefeitura com artistas antes do início das obras e diz que a expectativa se confirmou, após a conclusão dos trabalhos de restauro e requalificação do edifícil em formato circular: “Queríamos um espaço para toda a classe artística e cultural da cidade se apresentar, e é muito bacana ver que temos um espaço de primeiro mundo pronto em pouco tempo ara atender às artes e toda a nossa atividade cultural. Nós, artistas, agora temos de nos qualificar para fazer jus a este investimento. Estamos realizando um sonho. O diferencial da Romaria é que será um centro para grandes, médios e pequenos eventos, porque contamos com salas para um público menor, um anfiteatro para outros maiores e a grande praça da Romaria, onde já foram realizados por 19 anos o Festival da Quitanda”,
Fifi também comemora a construção do Teatro Municipal Dom Silvério Gomes Pimenta, homenagem ao primeiro bispo negro da Igreja Católica no Brasil, primeiro bispo da Arquidiocese de Mariana e membro da Academia Brasileira de Letras. “Congonhas deve muito a Dom Silvério. Que esta seja a primeira entre várias homenagens a ele, que deixou um imenso legado para a cidade. As novas gerações, muitas vezes, nem sabe quem ele foi. E este teatro é novamente o nosso sonho sendo realizado, porque todo artista quer um espaço para apresentar seu espetáculo com plenas condições, agora estamos com a faca e o queijo na mão. Ao prefeito Zelinho temos de reverenciar, porque a seriedade do trabalho dele foi fundamental para esta conquista. E que a nova gestão municipal também trabalhe para nos empolgar, porque a pandemia nos prejudicou muito”, conclui.
Durante a solenidade de reinauguração da Romaria, o prefeito Zelinho agradeceu todo o empenho de sua equipe durante estes oito anos, afirmando que ela foi decisiva para que recursos fossem captados e empregados na recuperação do patrimônio histórico, artístico e cultural de Congonhas. “Entregas como esta devemos muito à nossa equipe. A Secretaria de Planejamento, sob o comando de Antônio Odaque, e a Fumcult, que tinha à frente Sérgio Rodrigo Reis, elaboraram projetos que nos garantiram verbas para diversas obras por meio do PAC Cidades Históricas. No caso da Romaria, contratamos o arquiteto responsável pelo projeto de reconstrução de seu edifício, em 1995, para que contribuísse também com sua restauração e requalificação. Tiveram papeis relevantes ainda em nesta e em todas as ações deste programa nossa equipe da Diretoria de Patrimônio Histórico, coordenada pelo escultor Luciomar Sebastião de Jesus, e a Secretaria de Obras, conduzida estes anos todos pela Rosemary Benedito”.
O chefe do Executivo também exaltou a relação exitosa de seu governo com o Iphan. “A ex-presidente Kátia Bogéa, que deixou o cargo em dezembro de 2019, sempre citou Congonhas como referência em eventos de que participava no Brasil e no exterior. Devemos muito ao trabalho dela e do Robson de Almeida, ex-diretor do Departamento de Projetos Especiais. Inicialmente Congonhas iria receber R$ 22 milhões para as ações do PAC Cidades Históricas e acabaram sendo investidos pelo Governo Federal no município em torno de R$ 50 milhões para a recuperação e conservação do patrimônio histórico. Isto porque, além de elaborarmos os projetos que acabaram aprovados, nós os executamos. Captamos também recursos junto ao BNDES, via lei de incentivo a cultura, com apoio do Ihan, para produção dos moldes dos Profetas de Aleijadinho e de réplicas em pedra-sabão, que serão dispostas no Museu de Congonhas tal qual estão no adro da Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Este último foi um trabalho desenvolvido pelo ex-presidente da Fumcult, Sérgio Rodrigo e outras pessoas da equipe de governo”, lembrou.
Secretário de Planejamento da Prefeitura e presidente da Comissão do PAC CH em Congonhas, Antônio Odaque da Silva também avaliou o resultado dos esforços para a entrega da Romaria ainda este ano. “Nós conseguimos, com esta ação do PAC Cidades Históricas em Congonhas, transformar o edifício em um centro cultural de fato, que era uma vocação que ele adquiriu ao longo do tempo. Este será um palco para todo tipo de manifestação cultural de nossa cidade. Mais importante ainda é que entregamos este espaço durante um período muito difícil para a classe artística, em decorrência da pandemia do coronavírus. Ele contribuirá para que esta classe tão importante de Congonhas consiga se soerguer quando for possível a retomada dos eventos. Que todos usufruam da melhor maneira deste espaço”, concluiu.
Míriam Palhares, secretária de Cultura e diretora-presidente da Fumcult estava à frente da altarquia quando foi reconstruída a Romaria e agora é novamente a responsável pelo setor. “Minha emoção é muito grande. Vejo durante este evento tantas pessoas que trabalharam neste prédio como servidor e artista. Que a cidade faça bom uso da Romaria, este será o coração da classe artística de Congonhas”, desejou.
“O Governo Federal, mesmo em meio aos impactos da pandemia de Covid-19, manteve a agenda de investimentos no país, entendendo a essencialidade de se aprimorar as condições de infraestrutura, incluindo os nossos destinos turísticos”, destaca o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.
A presidente do Iphan, Larissa Peixoto, afirma que a iniciativa reforça o papel do instituto na preservação e garantia da história e Patrimônio Cultural do Brasil. “Garantimos a memória da nossa história e do patrimônio daquilo que temos de mais rico no país. É uma forma de devolver à população parte da sua história”, ressalta.
Presente à solenidade de reinauguração da Romaria, Débora França, superintendente do Iphan em MG, discursou: “Parabenizo à Prefeitura, porque dentro do antigo Plano de Ação das Cidades Históricas, que se chama agora Programa de Preservação das Cidades Históricas, Congonhas sempre foi referência, pela execução dessas ações. É muito gratificante entregar a Congonhas uma obra de tamanha relevância e que integra o acervo da arquitetura religiosa. Este espaço abrigará diversos usos, com uma dinâmica pautada na cultura e no turismo. Mas não vamos parar por aqui. Continuaremos realizando grandes obras, com intuito de concluir um circuito turístico, formado ainda pelo Parque Natural da Romaria, também já com recursos assegurados, e o Teatro Municipal, que serão entregue em meados do próximo semestre. Tais obras totalizarão cerca de R$ 19 milhões. O prefeito Zelinho, após elaborar todos os projetos das ações do PAC Cidades Históricas, e executá-las, encerra sua administração com chave de ouro”.
Entre outras autoridades presentes ao evento de reinauguração da Romaria estiveram o vice-prefeito eleito, Paulo Roberto Policarpo, e o ex-prefeito Gualter Monteiro, que reconstruiu a Romaria em 1995.
História
Construído em Congonhas (MG) no ano de 1932, o em formato circular, a Romaria seta inserida no Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Congonhas, tombado pelo Iphan em 1941. Até o início da década de 1960, o prédio era usado como pousada de romeiros e fiéis. Vendido a um grupo empresarial, chegou a ser demolido, restando apenas os pórticos de entrada do antigo prédio, estruturas essas tombadas pelo Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA). Mas, em 1995, novamente de posse da prefeitura, o pórtico foi restaurado, com reconstrução de algumas salas, além do Museu de Mineralogia e Arte Sacra e restaurante.
Parque Natural da Romaria
Nem só de turismo religioso vive Congonhas. Também por meio do Iphan, o Ministério do Turismo vai investir outros R$ 6 milhões nas obras de construção do Parque da Romaria de Congonhas. O parque deve ser entregue no primeiro semestre de 2022 e está sendo erguido entre os principais monumentos da cidade, como o Museu de Congonhas e o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos – reconhecido como Patrimônio Cultural Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O objetivo é aliar a conservação ambiental a atividades de lazer, culturais e turísticas, com a oferta de um borboleteio, orquidário, trilhas, entre outras atrações. De forma a interligar os espaços culturais existentes, como o próprio Centro Cultural da Romaria, o Teatro Municipal que está sendo construído e o Museu de Congonhas. A cidade, que tem uma população estimada de 55,3 mil habitantes, é cercada por belezas naturais e já conta com o Parque Ecológico da Cachoeira, banhado pela cachoeira de Santo Antônio, e que oferece estrutura completa de lazer, com piscinas, quadras poliesportivas, área de churrasco, camping e lanchonete.
Das obras do PAC Cidades Histórias, já foram entregues, além da Romaria, a requalificação da Alameda das Palmeiras e a restauração dos elementos artísticos da Basílcia do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, a Igrejas Matriz de Nossa Senhora da Conceição e a de N. Sra. do Rosário.
Cine Teatro Leon
Um espaço multiuso mais confortável e funcional, com tecnologia atual, mas que terá preservadas suas características arquitetônicas, por ser um bem de grande valor para os congonhenses e se situar na área de ambiência histórica de Congonhas. Assim será o novo Cine Teatro Leon, importante patrimônio da “cidade dos Profetas”, que a Prefeitura, por meio da FUMCULT e Secretaria de Obras, e com patrocínio do BNDES, via Lei Rouanet, entregará no primeiro semestre de 2020 à população, totalmente restaurado e requalificado.
Congonhas é uma das mais de duas mil cidades brasileiras que integram o Mapa do Turismo, iniciativa do Ministério do Turismo que identifica os municípios com vocação turística ou impactados pelo setor de viagens, mapeando as necessidades de investimento e facilitando a destinação de recursos federais para fomentar o setor.
- Créditos das demais fotos: Prefeitura de Congonhas, André Nogueira Brasil – Iphan, Wander Mendes – Educativa FM e Cíntia Martins – Prefeitura de Congonhas.