A falta de dados que comprovem a eficácia da Coronovac, vacina contra a COVID-19, tem causado preocupação entre cientistas e profissionais da saúde em todo o país. A ausência de números que demonstrem a eficácia do imunizante, durante a coletiva de imprensa realizada pelo Instituto Butantan, nesta quarta-feira (23/12), não convenceu os pesquisadores.
Além disso, os sucessivos adiamentos da apresentação que, inicialmente, estava marcada para o dia 15, passou para o dia 23 e, agora, só pra daqui há duas semanas, aumentaram ainda mais a desconfiança da comunidade científica.
Em entrevista ao site da revista Exame, Maria Amélia Veras, epidemiologista da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo e do Observatório COVID-19 BR, falou sobre a questão. “O problema é que a falta de uma explicação mais consistente sobre o motivo de tantos adiamentos começa a deixar os cientistas desconfiados de que pode ter havido algum problema com a vacina”, disse.
Na coletiva desta quarta-feira, embora não tenha apresentado números, o Instituto Butantan, informou que a Coronavac atingiu a eficácia exigida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o uso emergencial.
O presidente do Butantan, Dimas Covas, explicou que os dados do estudo foram encaminhados à Sinovac para análise final e apresentação à National Medical Products Administration (NMPA), instituição chinesa responsável pela regulação de medicamentos. A partir de hoje, a Sinovac tem até 15 dias para concluir essa análise dos números.
Fernando Reinach, biológo, PHD em biologia celular e molecular pela Cornell University e autor do livro “A Chegada do Novo Coronavírus no Brasil”, outro especialista ouvido pela Exame, refutou a possibilidade de problema de divergência de testes com outros países onde o imunizante vem sendo testado simultaneamente pelo laboratório. “A maior parte dos testes aconteceu no Brasil mesmo”, disse.