Câmara denuncia que prefeitura tentou alinhar depoimentos para intimidar funcionários e abafar da CPI da Saúde

Depoimentos e oitivas ficam suspensas até decisão final da Justiça sobre sigilos de depoentes

Intimidação, interferência e desrespeito. Assim expressaram os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), criada para apurar denúncias de má gestão dos recursos do enfrentamento da Covid-19 e irregularidades em vacinação, durante entrevista coletiva, ocorrida no plenário da Câmara de Lafaiete, nesta tarde (6).

Os vereadores reagiram a uma nova decisão da Justiça em que obriga os membros da procuradoria a participar de depoimentos e oitivas, ainda assim sob ação policial, se por acaso forem impedidos.

A decisão da Juíza foi divulgada no final de semana, com exclusividade pelo site CORREIO DE MINAS, e abriu um novo capítulo no embate entre os dois poderes em tono da CPI que já revelou irregularidades diversas na saúde.

Sem brigas

O Presidente da Câmara, o Vereador João Paulo Pé Quente (DEM), abriu a reunião reforçando que “não existe briga e nem guerra entre o Legislativo e Executivo”. “Não existe perseguição, não existe racha, apenas a Câmara está cumprindo seu papel constitucional de fiscalizar.  A CPI já provocou a melhoria do atendimento no Hospital de Campanha, salvando vidas”, comentou.

O Relator da CPI, o Vereador Fernando Bandeira (DEM), fez uma leitura de nota da CPI “retratando a verdade dos fatos na condução dos trabalhos da comissão”.  Ele citou que houve desrespeito na ordem de vacinação dos grupos prioritários, o chamado fura-fila, relatou desmandos na falta de medicamentos e equipamentos no Hospital de Campanha, em Lafaiete.

Bandeira comentou que a criação da CPI foi resultado da omissão de informações da prefeitura após diversos requerimentos sequer respondidos, “O sigilo era apenas para preservar a investigação”, justificou.

Ele citou a grave de denúncia de falta de medicamentos padrão na intubação de pacientes, esclarecendo que após a divulgação do relatório parcial da CPI imediatamente a secretaria providenciou a compra dos insumos de primeira qualidade. “Nunca antes uma CPI foi alvo de desrespeito por parte da procuradoria. Nosso compromisso é com a verdade”, disparou.

A fala do presidente

O Presidente da CPI, o vereador André Menezes (PP) informou que vai suspender depoimentos e oitivas até decisão final da Justiça e que a comissão de agora em diante vai se debruçar na análise e apuração de milhares de documentos.

Ele criticou a interferência da Justiça e da prefeitura nos trabalhos da CPI e salientou que o sigilo é fundamental para chegar a verdade das graves e contundentes denúncias narradas.

Vereadores afirmaram que a Procuradoria agiu de maneira desrespeitosa/ARQUIVO

André comentou que a procuradoria teve acessos a todos os documentos e depoimentos da CPI, mas reconheceu que a participação da procuradoria intimidaria os funcionários do Hospital de Campanha.

Ele citou lisura e idoneidade da CPI. A denúncia mais grave veio quando ele comentou que 2 depoentes disseram que foram chamados a prefeitura para alinhar os depoimentos no sentido de esconder a verdade, intimidar os funcionários e abafar a CPI.

A Comissão ainda não citada da decisão judicial, mas vai recorrer.

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