2 de maio de 2024 20:14

Gigantes dos alimentos acusados de ligação com desmatamento

Três das maiores indústrias do mundo do setor de alimentação compram soja de fornecedor multado inúmeras vezes por desmatar ilegalmente na Amazônia

Três das maiores produtoras de alimentos no mundo são acusadas de comprar soja de companhias ligadas ao desmatamento ilegal na Amazônia brasileira.

Cargil, Bunge e Cofco (com 11 mil funcionários em 35 países, baseada nos EUA) adquiriram grãos de soja da chinesa Fiagril e da multinacional Aliança Agrícola do Cerrado, fornecidas por um produtor multado inúmeras vezes depois de destruir grandes áreas de floresta tropical, de acordo com investigação liderada pelo Unharted, projeto jornalístico do Greenpeace.

Os grãos de soja são um importante ingrediente para a alimentação de frangos, porcos e gado, particularmente para animais criados em fazendas intensivas. Em 2010, a colheita de soja em Mato Grosso já tinha consumido 40% do bioma amazônico do estado.

Fiagril e Aliança, assim como Bunge e Cofco, são signatários da moratória da soja, estabelecida em 2006. Eles se comprometem a não “vender ou comprar soja de áreas desflorestadas do bioma Amazônia” desde julho de 2008.

No entanto, as companhias de alimentos podem comprar legitimamente soja dos produtores porque a terra que é embargada, e não toda a plantação. Não se sabe se a soja comprada por Fiagril e Akiança procedem de terra proibida. A Bunge diz que não comprou soja da Aliança desde 2017 e forneceu grãos de soja da região e Marcelândia.

A Aliança Agrícola do Cerrado é sócia, em parte, do conglomerado russo Sodrugestvo e exportou pelo menos 1.90 milhão de toneladas de soja brasileira desde agosto de 2015, incluindo para a Rússia, China, Polônia e outros mercados.

Moratória da Soja

A Aliança afirma que monitora dados em áreas embargadas pelas autoridades ambientais brasileiras, assim como desmatamento ilegal, trabalho semiescravo e a lista de exclusão da Moratória da Soja.

Mas o Greenpeace Brasil, membro do grupo de trabalho da moratória, frisa: “O processo de auditagem de 2019/20 ainda está em curso e alguns relatórios estão incompletos e não conclusivos. O plantador é bloqueado em nosso sistema por estar em uma destas listas, e bloqueamos outras plantações registradas pela mesmo pessoa ou entidade ou na área local ou em todo o país, dependendo da violação envolvida. Estas plantações afiliadas são desbloqueadas apenas de concluirmos uma análise para garantir que o produto ilegal não seja desviado e vendido através de uma operação afiliada”.

A derrubada de árvores está por trás da perda de 4.5 milhões de hectares de floresta – o tamanho da Dinamarca – a cada ano na América do Sul, Sudeste da Ásia e África, afirma a ONG americana Forest Trends.

Em países produtores de soja, como o Brasil, cerca de 93% da terra convertida para a plantação de terra para a produção, ou para uso doméstico ou alimentação animal é ilegal, quanto são ilegais o desflorestamento para a plantação de coco (93%) ou criação de gado (81%).

Os pequenos produtores de alimentos, por outro lado, estão em uma situação muito diferente, diz Daniel De La Torre Ugarte, professor do Departamento de Economia Agrícola da Universidade do Tennessee. Muitos deles não têm recursos necessários para investir em práticas sustentáveis.

Ele afirma que o capital financeiro tem de ser substituído por capital natural para melhor cuidado da terra. Produtos como fertilizantes e irrigação, tecnologia e acesso aos mercados são vitais para estas necessidades. “A moratória é importante porque introduz a discussão e a educação para os consumidores, mas se quisermos fazer uma mudança precisamos identificar as questões dos grandes e pequenos e trabalhar para resolvê-las. ”,

Pesquisa publicada pela Nature Climate Change no mês passado apontou que a área desflorestada na Amazônia quase quadruplicou no primeiro ano do governo Bolsonaro.

FONTE COLABORA

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