25 de abril de 2024 18:12

Mãe passa filhos pela janela para salvá-los de incêndio

Mulher, que ficou em estado grave, estava com as crianças de 5 e 2 anos e um bebê de 7 meses dentro do imóvel quando o fogo teve início

Pedidos de socorro, gritos pela rua e uma casa pegando fogo em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, nesta terça-feira (13). Dentro do imóvel, uma mulher de 23 anos tentava salvar os quatro filhos das chamas: uma menina de 5 anos, um casal de gêmeos de 2 anos e um recém-nascido de apenas 7 meses. Todos ficaram feridos e precisaram receber atendimento médico.

As chamas tiveram início por volta das 7h50 em um imóvel de quatro cômodos  na rua Dezessete, no bairro Fazenda Severina. Lá, após a saída do companheiro para o trabalho, a mulher e as crianças estavam dormindo. 

“Eu estava lá em casa trabalhando quando a mãe dos meninos chegou pedindo socorro. Pensei que fosse um assalto, mas depois vi que era fogo e fui lá para ajudar. A mãe ficou desesperada para salvar os filhos, voltou para casa, eu fui atrás e um outro vizinho foi para os fundos, onde as janelas foram arrombadas”, explicou o vizinho das vítimas que ajudou no resgate, José Menezes Coutinho, de 55 anos. 

A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram acionados e isolaram a área. “A gente recebeu a chamada por volta das 8h que estaria ocorrendo um incêndio. O Corpo de Bombeiros também já tinha sido acionado. Quando nossas viaturas chegaram, o fogo já havia sido controlado pelos vizinhos. Ainda não foi possível identificar a origem desse fogo”, explicou a tenente Mariana Mendonça, do 40º Batalhão de Polícia Militar. 

Segundo a militar, a mãe e uma das filhas foram socorridas por vizinhos. Já as outras crianças foram levadas à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Justinópolis pelos primeiros policiais que chegaram ao local. 

Resgate

Mesmo com as queimaduras, a mãe conseguiu passar todos os filhos pela janela para que eles fossem salvos primeiro. As crianças, que tiveram ferimentos e inalaram muita fumaça, foram acolhidas por outros moradores.

“Duas crianças estavam queimadas e duas sufocadas com a fumaça. A mãe estava muito queimada, quando peguei (na mulher) a pele do corpo dela estava soltando toda na mão da gente. Foi um desespero danado, desespero de mãe. Pode ter sido um curto no ventilador, que passou fogo para o sofá e queimou a sala toda. O quarto fica nos fundos e a única saída era pela sala”, detalhou Coutinho. 

Após a retirada da mãe, os vizinhos esticaram uma toalha na para que pudessem colocar a mulher. O pai foi avisado do incêndio e foi para a UPA acompanhar a família. 

“Mãe pedia para Deus tirar as dores dela”, diz vizinho 

As primeiras a serem socorridas foram a mãe e a filha mais velha, que foram levadas à UPA pelo motorista Marco Antônio Vieira de Sá, de 43 anos. Durante o trajeto, que dura cerca de 15 minutos, a dona de casa gritava de dor. 

“A mãe pedia para Deus tirar as dores dela, ela estava muito queimada. A menina não chorava, mas estava com uma carinha apavorada, ficou paralisada.  Eu conversava com a mãe, pedia para ela ter forças porque tem as crianças. Levei as duas que estavam mais queimadas e depois a polícia (Polícia Militar) chegou lá com os outros três”, contou. 

Maria Ramalho Gomes, de 65 anos, é a proprietária da casa que estava alugada para a família. Ela mora no imóvel da frente e contou que o casal e os filhos moravam há pouco tempo no local. “A mãe queimou muito quando tentou salvar os filhos, ela está ruim. Fez tudo pelos filhos. Foi um susto para todo mundo, os vizinhos ajudaram demais. Os vizinhos são maravilhosos”, afirmou.

Transferência para Belo Horizonte 

Após os primeiros atendimentos na UPA, as vítimas foram encaminhadas ao Hospital de Pronto Socorro João XXIII, em Belo Horizonte, que é referência no setor de queimaduras.

Por meio de nota, a Prefeitura de Ribeirão das Neves, através da Secretaria de Saúde, alegou que “não pode informar o estado de saúde dos pacientes, segundo protocolo, mas a informação que temos é que a mulher e duas crianças já foram transferidas para o Hospital João XXIII. As duas crianças que permanecem na UPA Acrizio Menezes (Justinópolis), estão aguardando liberação de vaga no Hospital João XXIII”. 

A reportagem de O TEMPO aguarda um posicionamento da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), responsável pelo hospital da capital. 

A perícia da Polícia Civil esteve no local, e, segundo a instituição, “equipe da perícia criminal foi ao local para realizar os primeiros levantamentos e coletar vestígios. A investigação está em andamento e a PCMG aguarda os laudos periciais para a conclusão dos trabalhos”.
 
Reclamação do atendimento 

As chamas foram combatidas pelos vizinhos que quebraram um cano e emendaram duas mangueiras. Segundo eles, o Corpo de Bombeiros chegou posteriormente.  Moradores afirmaram que houve demora na chegada das viaturas. 

Procurada, a assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros informou que “conforme extraído do sistema CAD, o primeiro chamado para viatura ocorreu às 07h53, com empenho de 4 viaturas de forma imediata e mais duas viaturas que foram acionadas posteriormente para apoio. As primeiras viaturas iniciaram o combate no local às 08h20, 27 minutos depois do primeiro chamado. Embora o empenho tenha ocorrido de forma imediata e o deslocamento tenha sido ágil, a distância do endereço e a difícil condição de tráfego nesse horário (horário de deslocamento da população para o trabalho) inviabilizaram uma chegada mais rápida. Todo o atendimento foi prestado no local e as vítimas foram encaminhadas ao hospital”. 

FONTE O TEMPO

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